A IMPORTÂNCIA DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NO TRATAMENTO DO IDOSO POLIMEDICADO

THE IMPORTANCE OF PHARMACEUTICAL ASSISTANCE IN THE TREATMENT OF POLYMEDICATED ELDERLY

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7990425


Carolinne de Oliveira Marquez¹
Graciely Teixeira Santos Meireles²
Jessica de Almeida Pires Batista³


Resumo

Introdução: A assistência farmacêutica é fundamental no tratamento do idoso poli medicado, uma vez que este grupo de pacientes tem maior probabilidade de sofrer com a ocorrência de reações adversas e interações medicamentosas. Objetivo: discutir a intervenção da assistência farmacêutica para o incentivo da utilização racional de medicamentos nos casos de idosos poli medicados. Material e Métodos: Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, com aplicação do método qualitativo de pesquisa, e a utilizando as seguintes bases de dados utilizadas são: SciELO (Scientific Eletronic Lirary Online), Google Acadêmico e Lilacs – Bireme (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde). Para delimitação dos conteúdos foram utilizados critérios de inclusão: artigos disponíveis na integra, em português, publicados no período de 2018 a 2023 com acesso gratuito e que tratem sobre o tema. Resultados e discussão: Os dez artigos selecionados apresentam a assistência farmacêutica como uma das competências a ser desenvolvida pelo farmacêutico com objetivo de garantir segurança, eficácia e qualidade do tratamento medicamentoso, por meio de ações como a revisão da prescrição médica, a orientação sobre os horários, doses e forma de administração dos medicamentos, o monitoramento dos efeitos terapêuticos e adversos, além de ações preventivas visando evitar interações medicamentosas. Considerações finais: Dessa forma, a assistência farmacêutica contribui para uma melhor qualidade de vida dos idosos polimedicados e para a redução dos custos relacionados a internações hospitalares e outras complicações decorrentes do uso inadequado de medicamentos.

Palavras-chave: Polifarmácia em idosos; Assistência Farmacêutica; Senescência.

Abstract

Introduction: Pharmaceutical assistance is fundamental in the treatment of the polymedicated elderly, since this group of patients is more likely to suffer from adverse reactions and drug relaxants. Objective: discuss the intervention of pharmaceutical assistance to encourage the rational use of medicines in cases of polymedicated elderly. Material and Methods: This is an integrative literature review, applying the qualitative research method, and using the following databases used: SciELO (Scientific Electronic Library Online), Google Scholar and Lilacs – Bireme (Literatura Latino -American and Caribbean Association in Health Sciences). To delimit the contents, inclusion criteria were used: articles available in full, in Portuguese, published in the period from 2018 to 2023 with free access and that deal with the subject. Results and discussion: The ten selected articles present pharmaceutical care as one of the competences to be developed by the pharmacist with the aim of guaranteeing the safety, efficacy, and quality of drug treatment, through actions such as reviewing the medical prescription, guidance on times, doses, and form administration of medications, monitoring of therapeutic and adverse effects, as well as preventive actions aimed at avoiding drug interactions. Final considerations: In this way, pharmaceutical care contributes to a better quality of life for polymedicated elderly people and to the reduction of costs related to hospitalizations and other complications resulting from the inappropriate use of medications.

Keywords: Polypharmacy in the elderly; Pharmaceutical care; Senescence.

1. Introdução

A farmácia exerce sua assistência através conhecimento sobre os medicamentos, a assistência farmacêutica pode ser compreendida como um conjunto de ações que visa garantir a disponibilidade, segurança, eficácia e uso racional de medicamentos para a promoção da saúde e prevenção de doenças. Notadamente, a Política Nacional de Medicamentos define esta assistência como um conjunto de atividades relacionadas aos fármacos e destinadas a apoiar as ações de saúde demandadas pelas comunidades, fazendo com que abranja todas as etapas essenciais de abastecimento, armazenamento e controle de medicamentos. De modo a promover, qualidade, eficácia, monitoramento, avaliação do uso, acesso e divulgação de informações sobre os fármacos (FEDOCE; SUGIZAKI; PAZINI, 2021).

Levando-se em consideração a relevância da assistência farmacêutica em diversos setores, destaca-se esta atuação no contexto da velhice, pois, durante o processo natural de envelhecimento, os idosos experimentam mudanças fisiológicas, como diminuição dos mecanismos homeostáticos (processos destinados a manter as condições ambientais internas constantes e inalteradas por mudanças no ambiente externo), aumento do tecido adiposo, diminuição da atividade metabólica, alterações na farmacocinética no que diz respeito aos níveis de absorção e biodisponibilidade (POLIDORO; ALVES, 2022).

Entre outros fatores, esses fatores facilitam a adesão dos pacientes a múltiplas medicações, das quais vislumbram soluções que equilibram os déficits funcionais descritos acima. Neste aspecto, a assistência farmacêutica destaca-se por ser um conjunto de ações voltadas para garantir o acesso, a segurança, a eficácia e o uso racional de medicamentos, visando a promoção da saúde e a prevenção de doenças (CARNEIRO, 2022).

Sobretudo no envelhecimento populacional, que é um fenômeno mundial e tem levado ao aumento da prevalência de doenças crônicas e do uso de medicamentos, principalmente em idosos. Outro aspecto, necessário de ser destacado é a poli medicação, que por sua vez trata do uso simultâneo de múltiplos medicamentos, e é comum nessa população e pode aumentar o risco de interações medicamentosas e reações adversas, comprometendo a eficácia do tratamento e a qualidade de vida dos idosos (MÓ, 2020).

Diante disso, o estudo da assistência farmacêutica no contexto da poli medicação em idosos torna-se relevante tanto para a sociedade quanto para os acadêmicos da área de saúde, neste sentido, a assistência farmacêutica pode contribuir para garantir o uso racional de medicamentos em idosos poli medicados?

Neste aspecto, a assistência farmacêutica pode realizar a revisão da prescrição médica, orientação sobre os horários, doses e forma de administração dos medicamentos, monitoramento dos efeitos terapêuticos e adversos e identificação e prevenção de possíveis interações medicamentosas.

Assim, o objetivo geral deste estudo é analisar a contribuição da assistência farmacêutica para o uso racional de medicamentos em idosos poli medicados, visando à promoção da saúde e a prevenção de doenças.

2. Materiais e Métodos

Para subsidiar este estudo, foi utilizado um método de revisão integrativa da literatura para mostrar os trabalhos relacionados a importância da assistência farmacêutica no tratamento do idoso poli medicado. Para verificar a bibliografia utilizada, a pesquisa foi realizada nas seguintes bases de dados eletrônicas: SciELO (Scientific Eletronic Lirary Online), Google Acadêmico e Lilacs – Bireme (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), com os seguintes descritores: “Polifarmácia em idosos”; “Assistência Farmacêutica”; “Senescência”.

A partir desse conjunto de palavras-chave foi possível realizar as buscas de artigos, por meio do filtro da própria base de dados, foram estabelecidos os seguintes critérios de inclusão: artigos completos em português que podem ser acessados ​​gratuitamente, publicado entre os anos de 2018 e 2023 e que apresentassem afinidade com o tema. O tipo de pesquisa aceito: bibliográfica, sistemática, avaliação abrangente, relatórios e questionários, pesquisa transversal. Assim, os demais artigos que tenham fuga temática, publicados em períodos anteriores aos delimitados no critério de pesquisa não serão utilizados. 

3. Resultados

Identificaram-se no total 10 publicações, após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão pois, buscou-se filtrar ao máximo os artigos para discussão no presente trabalho, nesse aspecto foram identificados cinco artigos no Google Acadêmico, dois no Lilacs, e três na SciELO e um na plataforma do Lilacs, assim, os resultados apresentados acima são demonstrados no fluxograma abaixo:

Fluxograma 1: Fluxograma das etapas de inclusão e exclusão dos artigos.

Fonte: Autoria própria (2023).

Após a análise dos artigos foram selecionados 10 estudos produções para integrar este artigo de revisão. A Tabela 1 apresenta os textos escolhidos e sua distribuição por autoria, ano de publicação, título, objetivo geral e principal conclusão.

Tabela 1: Estudos selecionados segundo autoria, ano de publicação, título, objetivo geral e principais conclusões.

  Autor/Ano  Título  Objetivo geral  Principal Conclusão
Carneiro (2022)Uso indiscriminado de medicamentos e suas implicações para saúde de idoso.Realizar uma síntese crítica da polifarmácia em idososConcluiu-se que a presença do farmacêutico ajuda no desenvolvimento de um plano de intervenção e fornece treinamento ao paciente idoso polimedicado sobre as indicações e a prescrição de medicamentos adequados e como estes se utilizados de forma adequada podem melhorar a qualidade de vida do idoso, além de reduzir a incidência de eventos adversos e visar maior segurança ao paciente.
Costa, Alves & Jesus (2019)Auxiliar farmacêutico na saúde do idoso quanto ao uso do medicamento controlado.Demonstrar a percepção do idoso da sociedade brasileira em relação ao uso do medicamento controlado com o auxílio do profissional farmacêuticoO artigo demonstrou que a população idosa está mais suscetível a utilização contínua de fármacos, sobretudo os controlados, porém, não há um conhecimento claro por parte do idoso sobre quais os efeitos colaterais deste e como ele pode fazer para tomá-los de forma adequada, e visando a melhora da qualidade de vida destes pacientes, ressalta-se o papel do auxiliar farmacêutico para conscientizar sobre a utilização adequada e o impacto medicamentoso na vida do idoso.
Fedoce, Sugizaki e Pazini (2021)Análise do perfil medicamentoso de idosos polimedicados no Município de Sinop-MT.Analisar o perfil farmacoterapêutico e fatores associados a saúde de idosos polimedicados atendidos em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) e que frequentam um Centro de Convivência do Idoso (CCI) no município de Sinop-MTConcluiu-se que em Sinop-MT o perfil medicamentoso está ligado a pacientes cardíacos, com o sistema nervoso central afetado, de modo que por serem medicamentos de uso contínuo produzem interações medicamentosas por dois motivos: a polifarmácia que é inevitável e o uso irregular, de forma não controlada, sendo fundamental a conscientização do farmacêutico sobre o que é a polifarmácia e como os efeitos colaterais podem ser minorados.
Mó (2020)Adesão à terapêutica no idoso poli medicado e fatores de não adesão.Avaliar a adesão à terapêutica por parte da população idosa.Compreende-se que a falta de conhecimento sobre a medicação, dificuldades de locomoção e aquisição dos medicamentos, além dos efeitos e outros fatores podem ser impeditivos para uma adesão adequada. Nesse sentido, é fundamental que o tratamento, possa envolver os diversos profissionais de saúde, como médicos, enfermeiros e farmacêuticos, bem como a educação em saúde para pacientes e seus cuidadores sobre a importância da adesão terapêutica.
Nunes e Silva Júnior (2021)Importância do farmacêutico dentro das unidades básicas de saúde.Apresentar a importância do papel desempenhado pelo farmacêutico dentro das unidades básicas de saúde.Conclui-se que o uso racional de medicamentos está relacionado à conscientização da farmácia clínica, sempre orientar os pacientes a aderirem corretamente ao tratamento medicamentoso, e sempre colocar a saúde do paciente em primeiro lugar, sendo que as responsabilidades do farmacêutico na farmácia estão claramente definidas em suas funções: seleção, programação, aquisição, armazenamento e distribuição, que deve contribuir diretamente para a correta execução de cada etapa em um ambiente de saúde pública onde os medicamentos são a principal ferramenta de trabalho, o que por sua vez afeta diretamente a qualidade do tratamento.
Polidoro e Alves (2022)Automedicação entre idosos e a importância do profissional farmacêutico: Revisão de Literatura.Destacar os fatores de risco que estão relacionados ao uso irracional de medicamentos em pessoas idosas, e a importância dos cuidados farmacêuticos frente a este ato.Destacou-se que o processo de envelhecimento leva as alterações biológicas que por sua vez podem ocasionar o aumento do consumo medicamentoso, neste sentido, a automedicação por orientação própria ou de terceiros, torna-se um problema, pois, ao chegar no atendimento de saúde é fundamental a interação com o farmacêutico, pois, ele pode retirar dúvidas e orientar o uso consciente de fármacos. 
Santana (2021)Cuidado farmacêutico em idosos: os riscos da polifarmácia e o acompanhamento farmacoterapêutico na promoção da saúde do idoso.Delinear ações de cuidado farmacêutico ao idoso polimedicado.Constatou-se que os principais medicamentos utilizados na polimedicação em idosos são aqueles necessários para o tratamento de doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes, hipertensão arterial e dislipidemia, menos comuns nessa faixa etária devido ao processo natural de envelhecimento associados a eles é muito comum. Além do estilo de vida sedentário e má alimentação, desta forma o acompanhamento da terapia medicamentosa geriátrica tem se mostrado de grande relevância como meio de possibilitar a detecção precoce, prevenção de possíveis interações de fármacos.
Silva et al., (2019)Assistência farmacêutica em casos de polifarmácia entre a população idosa.Discutir as possíveis contribuições da assistência farmacêutica para o paciente idoso polimedicado.Em resumo, os idosos do estudo consumiam muitos medicamentos e faziam uso de vários medicamentos e MPIs ao mesmo tempo. Isso pode ser caracterizado por diversos fatores, como doenças crônicas, baixa escolaridade, automedicação e idade avançada sem alguém morando com eles. Independentemente dos fatores socioeconômicos e do policonsumo, os idosos que mais usaram MPI apresentaram maior risco de morte, sugerindo que certos aspectos sociais e condições de saúde desempenham um papel importante no policonsumo entre os idosos.
Silva et al., (2023)A importância do acompanhamento farmacêutico na promoção da qualidade de vida da população idosa polimedicada.Compreender a importância do farmacêutico no seguimento farmacoterapêutico na população idosa polimedicada.Concluiu-se que os idosos são mais propensos a imprevistos devido ao uso de medicamentos potencialmente inapropriados, resultando em aumento de comorbidades e tempo de internação, e que a assistência farmacêutica é essencial como estratégia de saúde eficaz para reduzir o risco. Conscientização sobre o uso adequado de medicamentos e melhoria da qualidade de vida dessa população.
Santos et al., (2021)Atenção farmacêutica ao idoso na polifarmácia.Revisar sobre a importância da atenção farmacêutica ao uso da polifarmácia em pessoas acima de 60 anos.Concluiu-se que dos 30 artigos, 15 foram selecionados para análise, observando que o uso concomitante e crônico de medicamentos é cada vez mais comum entre os idosos, o que aumenta a probabilidade de efeitos colaterais, criando assim interações medicamentosas, reduzindo a adesão e toxicidade, entre outros externos.  A polifarmácia varia muito no Brasil e é utilizada por muitos idosos. O acompanhamento farmacológico é, portanto, um dos pontos-chave no uso da polifarmácia, pois podem ser avaliadas prescrições e medicamentos que as pessoas usam de forma inadequada.
Fonte: Autoria própria (2023).

4. Discussão Teórica

No primeiro artigo analisado desta discussão, destaca-se Carneiro (2022) que apresenta conceitos fundamentais para esta discussão. A polimedicação, é caracterizada pelo uso de medicamentos múltiplos, é comum em idosos, principalmente em casos de doenças crônicas. No entanto, o uso indiscriminado de medicamentos pode levar a uma série de complicações, como medicamentosas relaxantes, reações adversas e intoxicação.

Além disso, o uso inadequado de medicamentos pode comprometer a eficácia do tratamento e aumentar a morbidade e mortalidade em idosos. Por isso, é importante que o uso de medicamentos seja sempre orientado por um profissional de saúde, que avaliará a necessidade e a dose adequada para cada caso. O artigo destaca ainda a importância da educação em saúde para os idosos e seus cuidadores, visando conscientizá-los sobre os riscos do uso indiscriminado de medicamentos e a importância de seguir corretamente as orientações médicas e farmacêuticas (CARNEIRO, 2022).

Dessa forma, é fundamental que haja uma abordagem mais integrada e individualizada no tratamento medicamentoso em idosos, envolvendo a participação de diversos profissionais de saúde, como médicos, enfermeiros e farmacêuticos. A conscientização e a orientação sobre o uso correto dos medicamentos são cruciais para prevenir possíveis complicações e garantir uma melhor qualidade de vida aos idosos (CARNEIRO, 2022).

Para Costa, Alves & Jesus (2019), ao destacar a importância do papel do auxiliar farmacêutico no monitoramento e orientação do uso de medicamentos controlados em idosos, constatou-se que o uso de medicamentos controlados é comum em idosos, principalmente no tratamento de doenças crônicas, e requer cuidados especiais, como a dosagem correta e o monitoramento constante dos efeitos e efeitos adversos.

Neste contexto, o auxiliar farmacêutico pode desempenhar um papel importante na assistência farmacêutica aos idosos, orientando sobre a forma de administração dos medicamentos, identificando as possíveis interações medicamentosas e efeitos colaterais, e monitorando a adesão ao tratamento. Além disso, o artigo destaca a importância da comunicação entre os profissionais de saúde envolvidos no cuidado ao idoso, como médicos, enfermeiros e farmacêuticos, para uma abordagem mais integrada e individualizada (COSTA; ALVES; JESUS, 2019).

Outro ponto importante enfatizado no artigo é a necessidade de conscientização do idoso sobre o uso correto dos medicamentos, incentivando a participação ativa do paciente no processo de tratamento e prevenindo possíveis problemas decorrentes do uso inadequado de medicamentos. Dessa forma, é possível concluir que a atuação do auxiliar farmacêutico na saúde do idoso quanto ao medicamento controlado é de extrema importância, visto que o uso de medicamentos nessa população requer cuidados especiais (COSTA; ALVES; JESUS, 2019).

Neste aspecto, a conscientização e a comunicação entre os profissionais de saúde e o paciente são fundamentais para garantir o uso racional de medicamentos e a promoção da saúde em idosos (COSTA; ALVES; JESUS, 2019).

No estudo de Fedoce, Sugizaki e Pazini (2021), que teve como objetivo avaliar o perfil de uso de medicamentos em idosos polimedicados, a fim de identificar potenciais problemas relacionados ao uso de medicamentos múltiplos, demonstrou em seus resultados que a maioria dos idosos avaliados faz uso de pelo menos cinco medicamentos diferentes, o que configura a polimedicação. Além disso, foi observado que muitos desses medicamentos são prescritos para o tratamento de doenças crônicas comuns em idosos, como hipertensão arterial, diabetes e doenças cardiovasculares.

Embora a polimedicação possa ser necessária em alguns casos, é importante ressaltar que o uso de medicamentos múltiplos pode aumentar o risco de doenças psicossomáticas, interações medicamentosas, reações adversas e comprometimento da adesão ao tratamento. Nesse sentido, a assistência farmacêutica pode desempenhar um papel fundamental na prevenção de problemas relacionados à polimedicação em idosos. O farmacêutico pode realizar uma revisão da prescrição médica, avaliar a necessidade de cada medicamento, orientar o paciente sobre horários, doses e forma de administração, monitorar os efeitos terapêuticos e adversos, identificar e prevenir possíveis alívios medicamentosos (FEDOCE; SUGIZAKI; PAZINI, 2021).

Assim, é necessário que haja uma integração entre os profissionais de saúde e a assistência farmacêutica, a fim de garantir uma abordagem mais completa e individualizada para o tratamento medicamentoso em idosos polimedicados. Isso pode contribuir para uma melhor qualidade de vida e prevenção de complicações decorrentes do uso inadequado de medicamentos nessa população (FEDOCE; SUGIZAKI; PAZINI, 2021).

Segundo Mó (2020) a adesão terapêutica é um dos principais aspectos da polimedicação refere-se à capacidade do paciente em seguir corretamente as orientações médicas e farmacêuticas, incluindo a dosagem, horários e tempo de tratamento. No caso de polimedicamentos em idosos, a adesão terapêutica é especialmente importante, visto que o uso de medicamentos múltiplos pode aumentar o risco de reação medicamentosa e efeitos colaterais.

Destaca-se que a não adesão terapêutica é um problema frequente em idosos, que pode estar relacionado a diversos fatores, como falta de conhecimento sobre a medicação, dificuldades de locomoção e aquisição dos medicamentos, efeitos colaterais, entre outros. Para melhorar a adesão terapêutica em idosos polimedicados, é importante que haja uma abordagem mais integrada e individualizada no tratamento, envolvendo a participação de diversos profissionais de saúde, como médicos, enfermeiros e farmacêuticos (MÓ, 2020).

A orientação e o monitoramento constante dos pacientes são fundamentais para garantir a administração correta dos medicamentos e a prevenção de possíveis complicações. Além disso, o artigo destaca a importância da educação em saúde para os idosos e seus cuidadores, buscando conscientizá-los sobre a importância da adesão terapêutica e os riscos da não adesão. Assim, é possível concluir que a adesão terapêutica em idosos poli medicados é um desafio importante na assistência farmacêutica, mas que pode ser superado através de uma abordagem mais integrada e individualizada, envolvendo a participação de diversos profissionais de saúde e a conscientização dos pacientes e seus cuidadores (MÓ, 2020).

Dentre as possibilidades de atuação do farmacêutico, destaca-se aquela exercida no meio público, conforme Nunes e Silva Júnior (2021) a importância da farmácia clínica nas Unidades Básicas de Saúde, pois, o farmacêutico tem um papel fundamental na orientação e explicação sobre o uso racional de medicamentos aos pacientes da rede pública. Especialmente no caso de pacientes idosos, que são mais polimedicados e têm maior risco de insônia medicamentosa, é essencial que o farmacêutico monitore seu uso de medicamentos e intervenha em casos de possível relaxamento.

Além disso, a intervenção farmacêutica pode contribuir para eliminar medicações desnecessárias e identificar erros de prescrição, protegendo a saúde e a integridade do paciente. A farmácia clínica também pode ajudar a melhorar a adesão do paciente ao tratamento correto, aumentando a taxa de sucesso dos processos de tratamento medicamentoso e confiante para a recuperação da saúde (NUNES; SILVA JÚNIOR, 2021).

Esta área de atuação dos farmacêuticos pode ainda enfrentar outro problema recorrente no domínio público, nomeadamente a presença de doentes em politerapia por apresentarem maiores fatores de risco relacionados com o sistema respiratório, cabendo ao farmacêutico uma monitorização mais criteriosa deles, no caso de um paciente está tomando vários medicamentos ao mesmo tempo devido ao seu frágil estado de saúde, é responsabilidade do farmacêutico evitar que o paciente tome dois ou mais medicamentos que produzam o mesmo efeito, informar o paciente sobre possíveis desconfortos em tempo hábil em caso de intervenção, e informar ao paciente idoso quais os tipos de profissionais estão qualificados para desempenhar um papel fundamental na melhoria da saúde pública (NUNES; SILVA JÚNIOR, 2021).

Outro aspecto importante, é a questão da automedicação que é um dos principais fatores de risco para idosos. Segundo, Polidoro e Alves Filho (2022) a automedicação é uma prática comum entre a população idosa, que muitas vezes busca soluções rápidas para sintomas ou doenças, sem a orientação profissional. Isso pode resultar em problemas de saúde mais graves, como intoxicação ou reações adversas aos medicamentos. Nesse sentido, a figura do farmacêutico torna-se essencial para a orientação adequada ao idoso, a fim de garantir o uso racional de medicamentos, evitar medicamentos inseguros e contribuir para a prevenção de doenças.

Além disso, o farmacêutico pode realizar a reconciliação medicamentosa e garantir que o idoso esteja utilizando as medicações prescritas de forma correta e segura. Ainda, para Polidoro e Alves Filho (2022) a polimedicação em idosos pode ocorrer tanto mediante orientação médica, quanto mediante a automedicação, ambas oferecem risco ao paciente, pois a possibilidade de interação medicamentosa é um dos principais riscos ao paciente, por isso a relevância da intervenção farmacêutica, que também realiza um acompanhamento mensal, pertinente à verificação dos fármacos consumidos, dentre outras substâncias que podem ocasionar a interação.

Destaca-se que dentre as ações de cuidados farmacêutico direcionadas ao idoso polimedicado, destacam-se a avaliação de todas as medicações utilizadas pelo paciente, verificação da possibilidade de ingestão medicamentosa e identificação de potenciais problemas relacionados aos medicamentos; além da orientação quanto ao uso correto das medicações, incluindo horários, doses, duração do tratamento e possíveis efeitos colaterais; monitoramento frequente da terapia medicamentosa e da resposta do paciente ao tratamento; intervenção em caso de problemas relacionados a medicamentos; identificação de situações que podem afetar a adesão do paciente à terapia medicamentosa; e comunicação efetiva com outros profissionais de saúde envolvidos no cuidado do paciente (SANTANA, 2021).

Neste aspecto, segundo Santana (2021) o objetivo dessas ações é garantir que os idosos polimedicados recebam um tratamento medicamentoso adequado e seguro, com orientação profissional adequada, minorando os riscos existentes na polimedicação, mas, também levando em consideração a necessidade de controle de outras patologias sejam elas pré-existentes ou decorrentes da idade.

A intervenção farmacêutica deve consistir em etapas definidas para atendimento do paciente, sendo a primeira promoção do acolhimento do idoso criando um vínculo de confiança com o paciente, para na segunda etapa coletar os dados conseguindo extrair do paciente de fato a sua rotina medicamentosa tanto farmacológica quando automedicação fitoterápica. Na terceira etapa deve ocorrer o processo de avaliação de modo a levar em consideração quais as doenças do paciente, se existem problemas já ocasionados pela polifarmácia, quais as interações presentes no quadro do paciente, se há necessidade de ajustar a dose, além de encaminhar o paciente para atendimento médico (SANTANA, 2021).

E por fim, na última etapa, cabe ao farmacêutico estabelecer o plano de cuidado que deve levar em consideração a orientação farmacológica, o plano de medicamento, cronograma de consultas, avaliações, condutas médicas e farmacológica e a estratégia multiprofissional de acompanhamento deste idoso. Promovendo assim o cuidado farmacêutico amplo e eficaz (SANTANA, 2021).

Neste mesmo sentido, Silva et al., (2019) em relação à orientação, os profissionais da farmácia podem contribuir explicando ao paciente sua patologia e os medicamentos a serem tomados. As orientações incluem instruções para seu uso adequado, possíveis efeitos adversos, atitudes a serem adotadas em caso de esquecimento de uma dose, alertas sobre os riscos da automedicação e interrupção precoce do tratamento. Se um farmacêutico achar que um tratamento medicamentoso prescrito é problemático, ou mesmo difícil de aderir, ele ou ela deve entrar em contato com um médico para discutir possíveis intervenções.

Para tanto, Silva et al., (2023) a polimedicação em idosos pode ter efeitos adversos diversos, como o aumento do risco de reações adversas a medicamentos, efeitos colaterais, toxicidade, hospitalizações e mortalidade. Além disso, a polimedicação pode levar à diminuição da qualidade de vida, limitações funcionais, dificuldade de adesão ao tratamento e aumento dos custos com saúde. Os idosos, em particular, são mais observados aos efeitos da polimedicação devido a alterações reguladas propriamente do envelhecimento, maior probabilidade de doenças crônicas e uso de medicamentos múltiplos para o controle de condições múltiplas de saúde.

Por fim, Santos et al., (2021) ressaltou que o profissional de farmácia busca melhor fundamentar o uso correto de medicamentos através de seu conhecimento sobre medicamentos, para que possa fornecer informações privilegiadas e segurança aos pacientes como posologia, forma de uso dos medicamentos prescritos, administração ideal desses medicamentos. Além, de esclarecer dúvidas sobre em qual categoria terapêutica se enquadra e através destas estratégias, os farmacêuticos visam fornecer planos de tratamento eficazes, desta forma conhecer o perfil do idoso pode auxiliar no planejamento do atendimento farmacêutico mais adequado e orientar intervenções específicas à medida que ele progride no tratamento.

Assim, os farmacêuticos têm autoridade e conhecimento para intervir em questões de prescrição de medicamentos com o objetivo de auxiliar na administração de terapia medicamentosa segura e eficaz e desempenhar um papel na orientação de pacientes e familiares dos paciente idosos, de modo que as atividades importantes do farmacêutico estão relacionadas à melhoria da qualidade de vida do idoso, a saber: realizar o acompanhamento da terapia medicamentosa, revisar a terapia medicamentosa para avaliar se os medicamentos prescritos são necessários, eficazes e seguros e proporcionar adesão ao tratamento; monitorar reações adversas; realizar acompanhamento de saúde e triagem para diabetes, dislipidemia, hipertensão arterial e outros problemas de saúde; realizar atividades de educação em saúde relacionadas ao uso racional de medicamentos, prevenção de doenças e orientações gerais sobre medicamentos.

CONCLUSÃO

A polimedicação em idosos é uma realidade que requer atenção e cuidado por parte dos profissionais da saúde, em especial dos farmacêuticos. A automedicação e a falta de adesão ao tratamento são fatores que contribuem para esse cenário, trazendo consequências negativas para a saúde dos idosos. Nesse sentido, a atuação do farmacêutico em ações de cuidado farmacêutico é essencial para garantir o uso racional de medicamentos e a prevenção de possíveis complicações.

Ações de cuidado farmacêutico específicas para idosos polimedicados, como a revisão da terapia medicamentosa, o acompanhamento da adesão ao tratamento e a identificação de possíveis interações medicamentosas, são fundamentais para garantir a segurança e a eficácia do tratamento. Além disso, a orientação e o esclarecimento de dúvidas sobre os medicamentos contribuem para a promoção da saúde e a prevenção de possíveis efeitos adversos.

No entanto, é importante destacar que a falta de conscientização sobre a importância da adesão ao tratamento e da orientação adequada pode contribuir para a persistência da polimedicação em idosos. Nesse sentido, é necessário que os profissionais da saúde, em especial os farmacêuticos, estejam engajados em campanhas de conscientização sobre o uso racional de medicamentos e a importância do cuidado farmacêutico.

Outra implicação negativa da polimedicação em idosos é o risco de intoxicação por medicamentos. A sobrecarga do organismo com a administração de múltiplos medicamentos pode levar a efeitos colaterais graves e até mesmo à morte. Por isso, é fundamental que o farmacêutico atue na identificação de possíveis riscos e na adoção de medidas preventivas, como a eliminação de medicamentos desnecessários e a redução de doses excessivas.

Além disso, a polimedicação em idosos pode ter impactos financeiros significativos, especialmente para aqueles que dependem do sistema público de saúde. A falta de adesão ao tratamento, a automedicação e a prescrição de medicamentos desnecessários podem gerar custos excessivos e comprometer a efetividade do tratamento. Nesse sentido, a atuação do farmacêutico na gestão da terapia medicamentosa contribui para a otimização dos recursos financeiros e para a melhoria da qualidade do atendimento.

Por fim, é importante ressaltar que a polimedicação em idosos não pode ser vista como uma questão isolada, mas sim como um problema de saúde pública que requer ação integrada dos profissionais da saúde e da sociedade em geral. A promoção do envelhecimento saudável, com medidas preventivas e de cuidado adequado, é um desafio que deve ser enfrentado por todos. Nesse contexto, a atuação do farmacêutico em ações de cuidado farmacêutico é um importante passo para garantir a saúde e o bem-estar dos idosos polimedicados.

REFERÊNCIAS

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SANTANA, P. Cuidado farmacêutico em idosos: os riscos da polifarmácia e o acompanhamento farmacoterapêutico na promoção da saúde do idoso. Repositório Institucional do Centro Universitário – UniAGES, p.1-35. 2021.

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¹ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6556-5094
Faculdade Integrada Carajás (FIC)
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