PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS (IST’S) DE PARTICIPANTES DE UM PROJETO DE EXTENSÃO DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO NO MUNICÍPIO DE ANÁPOLIS-GO.

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7988161


Drª. Luciana Vieira Queiroz Labre1
Matheus Henrique Caixeta1
Rávila Carolina Caetano Quintino1
Thiago Alves de Melo1
Thiago Gabriel de Oliveira Rosa1


RESUMO

As Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s) estão entre os problemas de saúde de maior impacto sobre os sistemas públicos de saúde e sobre a qualidade de vida das pessoas no Brasil e no mundo. Este estudo tem por objetivo caracterizar o perfil epidemiológico das infecções sexualmente transmissíveis, sífilis, hepatite C e HIV, pesquisadas nos projetos de extensão realizados por uma instituição de ensino superior do município de Anápolis – GO. Como metodologia trata-se de um estudo quali-quantitativo, aplicado, de objetivo descritivo/exploratório, tipo documental e ex-post-facto, a partir de dados obtidos de notificações de casos de sífilis, hepatite C e HIV registrados e disponibilizados pelos projetos de extensões universitárias do Curso de Farmácia da Universidade Evangélica de Goiás entre os anos de 2018 e 2019 para traçar um perfil epidemiológico traçado das notificações referentes a essas IST’s. A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019 apontam que aproximadamente 1 milhão de pessoas afirmaram ter diagnóstico médico de Infecção Sexualmente Transmissível (IST) ao longo do ano, o que corresponde a 0,6% da população com 18 anos de idade ou mais, o que é um número bastante relevante, por isso a necessidade pela busca desse diagnóstico. Foi possível ressaltar extrema importância das ações universitárias em empresas e outros locais, levando pessoas que não apresentavam idade e comportamentos de risco há realizarem testes preventivos, proporcionando-lhes o diagnóstico e um tratamento precoce.

Palavras-chaves: Testes Rápidos. HIV. Sífilis. Hepatite C.

ABSTRACT

Sexually Transmitted Infections (STIs) are among the health problems with the greatest impact on public health systems and the quality of life of individuals in Brazil and worldwide. This study aims to characterize the epidemiological profile of sexually transmitted infections, namely syphilis, hepatitis C, and HIV, based on research projects conducted by a higher education institution in the municipality of Anápolis, Goiás. The methodology used is a qualitative-quantitative, applied, descriptive/exploratory study, of a documentary and ex-post-facto nature, using data obtained from notifications of syphilis, hepatitis C, and HIV cases registered and made available by university extension projects from the Pharmacy course at the Evangelical University of Goiás between 2018 and 2019, in order to outline an epidemiological profile of these STI notifications. The 2019 National Health Survey (PNS) indicates that approximately 1 million people reported having a medical diagnosis of a sexually transmitted infection (STI) during the year, which corresponds to 0.6% of the population aged 18 years or older, a significant number that underscores the need for diagnosis. The study highlighted the crucial importance of university initiatives in reaching out to companies and other locations, enabling individuals who do not exhibit age or high-risk behaviors to undergo preventive testing, thus providing them with early diagnosis and treatment.

Keywords: Rapid tests. HIV. Syphilis. Hepatitis C.

1.INTRODUÇÃO

As Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s) estão entre os problemas de saúde de maior impacto sobre os sistemas públicos de saúde e sobre a qualidade de vida das pessoas no Brasil e no mundo (DOMINGUES et al., 2021).

São causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos que são sexualmente transmissíveis, dentre elas a herpes genital, sífilis, gonorreia, HPV, HIV/AIDS, clamídia, triconomíase, além das hepatites virais B e C, podendo, dependendo da doença, evoluir para graves complicações (BRASIL, 2021).

Elas são transmitidas, principalmente, por meio do contato sexual (oral, vaginal, anal) sem o uso de camisinha masculina ou feminina, com uma pessoa que esteja infectada. A transmissão de uma IST pode acontecer, ainda, da mãe para a criança durante a gestação, o parto ou a amamentação. De maneira menos comum, as IST também podem ser transmitidas por meio não sexual, pelo contato de mucosas ou pele não íntegra com secreções corporais contaminadas (BRASIL, 2020).

Estudos com relação as IST’s demonstram de relevância, visto que, ainda denotam como grave problema de saúde pública, conforme dados divulgados pela Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), que no ano de 2021 cerca de um milhão de pessoas tiveram diagnóstico de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s), o que corresponde a 0,6% da população do Brasil, que apresentem 18 anos ou mais. No caso do Estado de Goiás observou-se que em 2019 foram notificados, 2069 casos de sífilis, 461 de Síndrome de imunodeficiência aguda (HIV), de hepatite 1.188 casos notificados (BRASIL, 2021).

A sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) curável e exclusiva do ser humano, causada pela bactéria Treponema pallidum. Pode apresentar várias manifestações clínicas e diferentes estágios (sífilis primária, secundária, latente e terciária). Pode ser transmitida por relação sexual sem camisinha com uma pessoa infectada, ou ser transmitida para a criança durante a gestação ou parto. Nos estágios primário e secundário da infecção, a possibilidade de transmissão é maior. A infecção por sífilis pode colocar em risco não apenas a saúde do adulto, como também pode ser transmitida para o bebê durante a gestação. O acompanhamento das gestantes e parcerias sexuais durante o pré-natal previne a sífilis congênita e é fundamental (BRASIL,2020).

A Hepatite C, é um processo infeccioso e inflamatório, causado pelo vírus C da hepatite (HCV) e que pode se manifestar na forma aguda ou crônica, sendo esta segunda a forma mais comum. O HCV pertence ao gênero Hepacivirus, família Flaviviridae, é um RNA vírus, de fita simples e polaridade positiva. A hepatite crônica pelo HCV é uma doença de caráter silencioso, que evolui sorrateiramente e se caracteriza por um processo inflamatório persistente no fígado. Aproximadamente 60% a 85% dos casos se tornam crônicos e, em média, 20% evoluem para cirrose ao longo do tempo (BRASIL,2019).

HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana, causador da Síndrome de imunodeficiência aguda (AIDS), que ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. As células mais atingidas são os linfócitos T CD4+. E é alterando o DNA dessa célula que o HIV faz cópias de si mesmo, depois de se multiplicar, rompe os linfócitos em busca de outros para continuar a infecção. O HIV é um retrovírus, classificado na subfamília dos Lentiviridae, que compartilham algumas propriedades comuns: período de incubação prolongado antes do surgimento dos sintomas da doença, infecção das células do sangue e do sistema nervoso e supressão do sistema imune. (BRASIL,2018).

A percepção dos riscos de adquirir uma IST varia de pessoa para pessoa, e sofre mudanças ao longo da vida. A prevenção dessas infecções impulsiona a continuidade de projetos pessoais, como relacionamentos, filhos (as) e vida sexual saudável. Para que a prevenção ocorra com maior eficácia, deve-se usufruir de todos os avanços científicos existentes. O diagnóstico deve ser precoce e o tratamento imediato, com o menor tempo de espera possível, podendo esse período ser aproveitado para a realização de ações de informação/educação em saúde individual e coletiva. (BRASIL, 2020).

O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza testes rápidos imunocromatográficos para a detecção de infecções como HIV, sífilis, hepatites B e C. Esses testes são, primariamente, recomendados para testagens presenciais. Podem ser feitos com amostra de sangue total obtida por punção venosa, da polpa digital ou com amostras de fluido oral. Dependendo do fabricante, podem também ser realizados com soro e/ou plasma. O processo é simples, rápido e sigiloso em todas as etapas. (BRASIL, 2022).

Os testes rápidos são imunoensaios simples, com resultados em até 30 minutos, realizados preferencialmente de forma presencial em ambiente não laboratorial com amostra de sangue total obtida por punção digital ou amostra de fluido oral. (BRASIL,2018).

Com o intuito de ampliar as possibilidades de testagem, de acordo com a política pública de acesso ao diagnóstico para toda a população, os testes rápidos devem, prioritariamente, ser utilizados fora do ambiente laboratorial, ou seja, em serviços de saúde. (BRASIL,2018).

A importância da assistência farmacêutica se mostra efetiva na promoção do controle das ISTs, fornecendo orientações sobre essas patologias, porém, é possível perceber que ainda há um distanciamento da população para a procura desse serviço, na qual é uma ação complexa para se ter os devidos cuidados. (VIEIRA et al., 2020).

É necessário estabelecer uma relação de confiança entre o profissional de saúde e a pessoa com IST para garantir a qualidade do atendimento, a adesão ao tratamento e a retenção no serviço. Para tanto, o profissional deve promover informação/educação em saúde e assegurar um ambiente de privacidade, com tempo e disponibilidade para o diálogo, garantindo a confidencialidade das informações. (BRASIL, 2020).

Entretanto, o cuidado em saúde não é realizado apenas pelo profissional capacitado, mas de forma conjunta com a sociedade e órgãos públicos. Os órgãos de saúde, devem estar cientes e contribuir para que haja um controle desse evento, sempre buscando investir nos métodos de prevenção, comunicação social sobre os riscos e consequências que essas infecções podem causar. (VIEIRA et al., 2020).

Diante do exposto este estudo tem por objetivo caracterizar o perfil epidemiológico das infecções sexualmente transmissíveis, sífilis, hepatite C e HIV, pesquisadas nos projetos de extensão realizados por uma instituição de ensino superior do município de Anápolis – GO.

2.METODOLOGIA

Trata-se de um estudo quali-quantitativo, aplicado, de objetivo descritivo/exploratório, tipo documental e ex-post-facto, a partir de dados obtidos de notificações de casos de sífilis, hepatite C e HIV registrados e disponibilizados pelos projetos de extensões universitárias do Curso de Farmácia da Universidade Evangélica de Goiás um perfil epidemiológico traçado das notificações referentes aos casos de sífilis, hepatite C e HIV registrados e disponibilizados pelos projetos de extensões universitárias do curso de farmácia da Universidade Evangélica de Goiás, entre os anos de 2018 e 2019.

Os dados utilizados referem-se às atividades realizadas no período citado nas indústrias Brainfarma, Melcon, Teuto, Fresenius Kabi, CAOA, Bio Instinto e Rancheiro, num evento esportivo no Ginásio Newton de Faria, nas UBS Vila Formosa e Vivian Parque, no Centro de Integração Escola Empresa (CIEE), no Colégio Quadrangular e nas Igrejas Assembleia de Deus Porto Rico e Pentecostal Monte Sinai.

Para a definição do perfil epidemiológico, a pesquisa utilizou-se o critério de inclusão de dados: pacientes com idade igual ou superior a 18 anos, pacientes que residem em Anápolis. E como critério de exclusão: pacientes com idade inferior a 18 anos e formulários com informações incompletas ou ilegíveis.

A pesquisa utilizou 826 formulários onde foram excluídos 5,7% (n = 47) dos formulários de acordo com os critérios exclusão aplicados, totalizando 779 formulários.

Para a interpretação e análise estatística dos dados foram utilizadas tabelas de elaboração própria a partir do Microsoft Excel (Office 2007), que fizeram uma correlação entres os números de casos totais e os números segundo cada característica. As características que foram avaliadas foram: sexo, idade, uso de drogas, doação sanguínea, número de parceiros sexuais e diagnóstico para alguma IST.

O presente estudo foi realizado nos termos da Resolução do Conselho Nacional de Saúde nº. 466/12 e aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UniEVANGÉLICA com nº de parecer: 3.081.844.

3.RESULTADOS E DISCUSSÃO

            Através da análise dos formulários dos pacientes entre 2018 e 2019, por projetos de extensão universitária do curso de Farmácia da Universidade Evangélica de Goiás, foram obtidos dados de variáveis nominais, comportamentais e resultados obtidos na realização dos testes rápidos, conforme a tabela 1 e 2:

Tabela 1 – Características da população avaliada em ações de Extensão Universitária em Anápolis/GO, 2018-2019 (n=776).

VariáveisN%
Sexo  
Feminino40251,8%
Masculino37448,2%
Faixa etária     
18-3032942,4%
31-4229538,0%
43-5913016,8%
>60182,3%
N/A*40,5%
Fez uso de drogas nos últimos 12 meses  
Sim27635,6%
Não41553,5%
N/A*8511,0%
Doou sangue nos últimos 12 meses  
Sim10813,9%
Não66685,8%
N/A*20,3%
Número de parceiro sexuais nos últimos 12 meses  
01-0767286,6%
08-1430,4%
15-2110,1%
N/A*10012,9%
Já foi diagnosticado com alguma IST  
Sim20,3%
Não76298,2%
N/A*101,3%
*Não se aplica
Fonte: Elaborado pelos autores

Analisando a tabela 1, pode-se observar que dos 776 participantes avaliados, 52% (n=402) eram do sexo feminino e 48% (374) do sexo masculino. A média de idade das mulheres avaliadas foi de 35,4 anos, variando de 18 a 73 anos. Entre os homens a idade média foi de 32,69, variando de 18 a 69 anos. E 0,5% (n=4) se recusaram a dizer suas idades.

Sobre o uso de drogas, 53,5% (415) relataram não usarem drogas, em contrapartida 35,6% (276) relataram que usam drogas e 11% (85) não quiseram responder a esta pergunta e 85,8% (n=666) relataram não ter ido ao banco de sangue nos últimos 12 meses.

Em relação ao número de parceiros nos últimos 12 meses 86,6% (n=672) relataram ter fruído de relações sexuais em uma faixa de 01 a 07 pessoas, 0,4% (n=3) relataram ter fruído de relações sexuais em uma faixa de 08 a 14 pessoas, 01% (n=1) relatou ter fruído de relações sexuais em uma faixa de 15 a 21 pessoas e 12,9% (n=100) recusaram responder a esta pergunta.

Em relação a presença já diagnosticada anteriormente de IST apenas 0,3% (n=2) relataram já ter sido diagnosticados com alguma IST e 1,3% (n=10) não responderam a esta pergunta.

Tabela 2 – Dados obtidos com a realização de testes rápidos para IST’s em ações de Extensão Universitária em Anápolis/GO, 2018-2019 (n=776).

VariáveisN%
Sífilis  
Realizou o teste65183,9%
Não Reagente65083,8%
Indeterminado10,1%
Hepatite C     
Realizou o teste28136,2%
Não Reagente28136,2%
HIV  
Realizou o teste64983,6%
Não Reagente64799,7%
Reagente20,3%
Fonte: Elaborado pelos autores

Com relação aos testes para sífilis dos 776 participantes avaliados apenas 83,9% (n=651) realizaram o teste. Dentre os testes realizados 98,8% (n=650) testaram não reagente e 0,2% (n=1) testaram como indeterminado. Com relação aos testes para Hepatite C dos 776 participantes apenas 36,2% (n=281) realizaram o teste e 100% dos resultados foram não reagentes. 

Com relação aos testes para HIV dos 776 participantes apenas 83,6% (n=649) realizaram o teste. Dentre os testes realizados 99,7% (n=647) testaram não reagente e 0,3% (n=2) testaram reagente.  Ambos os testes realizados que testaram reagente para HIV se tratava de mulheres, com idade na faixa etária de 43 a 59 anos de idade, não utilizavam drogas e usufruíam apenas de 1 parceiro sexual nos últimos 12 meses.

Os resultados desse estudo vão de encontro aos apontados no estudo de Nunes et al (2019) que também avaliaram triagens sorológicas para HIV, Sífilis, Hepatites B e C realizadas nas ações de extensão na Universidade, sendo que, poucos casos foram identificados, mas tendo alguns fatores de risco, como ter mais de um parceiro sexual. Ainda em relação ao estudo é possível observar a diferença da procura pelos testes em relação a sexo, onde é possível observar o aumento do percentual de pessoas do sexo masculino que buscaram pelos testes rápidos em relação ao estudo comparado.

De acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019, a proporção de mulheres (82,3%) que consultaram médico foi superior à dos homens (69,4%), isso demonstra uma diferença em relação ao estudo, retratando que a procura maior da testagem por participantes do sexo masculino pode se dar pelo acesso facilitado a esses testes por meio de programas de extensão universitárias, que leva essa oportunidade de promoção da saúde ao seu local de trabalho.

Segundo o estudo de Godoy et al (2021), nos anos de 2018 e 2019 houve a prevalência de resultados reagentes no exame laboratorial confirmatório para diagnóstico de sífilis adquirida foram de pacientes com faixa etária de 18 a 29. Relacionando com o presente estudo onde 42,4% (n=329) foram de participantes com idades de 18 a 30 anos, significando que pacientes dessas idades procuram por testes rápidos para a possível detecção de alguma IST e também buscam por realizar testes confirmatórios para obter o diagnóstico de alguma infecção. A busca pelos testes, de participantes dessa faixa etária pode se dar ao fato da maior exposição desses a fatores de risco, como a maior quantidade de parceiros sexuais e o uso de drogas.

Nas ações de extensão realizadas, foram obtidos apenas 2 testes positivos para HIV, de mulheres com idade de 43 a 59 anos, relataram ter apenas um parceiro sexual e não faziam o uso de drogas. Casos como esses ressaltam a importância das ações universitárias empresas e outros locais, pois facilitam o acesso a estes testes, sendo assim pessoas que não possuem comportamentos de risco para serem contaminados por uma IST podem descobrir a infecção e assim realizar exames confirmatórios e iniciar o tratamento adequado.

O estímulo de programas de extensão universitária e a parceria com empresas privadas para realização dessas testagens é de grande importância para o cuidado da saúde dos colaboradores da empresa e para a obtenção de dados representativos para estudos acadêmicos e para o exercício de ações de assistência farmacêutica para os participantes desses programas.

Conforme Miranda et al (2021) reiteraram em seu estudo que as IST ainda persistem como problema de saúde pública mundial, mesmo com tanta ênfase em informações, visando prevenção, o aumento de casos ainda é uma preocupação, e, isso tem mitigado o intuito de eliminar tais casos até o ano de 2030, conforme era esperado pela Organização Mundial de Saúde.

Os testes rápidos são imunoensaios simples, com resultados em até 30 minutos, realizados preferencialmente de forma presencial em ambiente não laboratorial com amostra de sangue total obtida por punção digital ou amostra de fluido oral. (BRASIL, 2018).

Com o intuito de ampliar as possibilidades de testagem, de acordo com a política pública de acesso ao diagnóstico para toda a população, os testes rápidos devem, prioritariamente, ser utilizados fora do ambiente laboratorial, ou seja, em serviços de saúde. (BRASIL, 2018). Conforme também reitera Leite (2019) que a triagem sorológica pode se tornar uma ferramenta de prevenção quanto a sorologias para doença como sífilis, hepatite B, hepatite C e HIV.

E, diante de estudos e projetos de ações ressalta-se a importância de ações voltadas para a realização de testes rápidos na população, e com isso, buscar diagnóstico precoce, bem como promover educação em saúde, orientando população quanto a prevenção de ISTs. Bem como, atender aos regulamentos estabelecidos pelos órgãos reguladores de saúde, que é buscar análise quanto a marcadores sorológicos para doença como sífilis, hepatite B, hepatite C e HIV, isso devido à representatividade que essas patologias representam no cenário de saúde pública (PASSO et al 2020).

A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019 apontam que aproximadamente 1 milhão de pessoas afirmaram ter diagnóstico médico de Infecção Sexualmente Transmissível (IST) ao longo do ano, o que corresponde a 0,6% da população com 18 anos de idade ou mais, o que é um número bastante relevante, por isso a necessidade pela busca desse diagnóstico, e cada vez mais a descentralização da testagem para as IST’s.

Por fim, é importante relatar a dificuldade da realização do levantamento, tendo em vista que diversos formulários continham informações ilegíveis ou incompletas e na grande maioria dos eventos de extensão não estava disponível os testes rápidos para as três IST’s, sendo assim, 5,7% (n=47) foram excluídos, gerando a perda de dados importantes para o estudo.

4.CONCLUSÃO

Diante dos resultados é possível concluir que não há diferença significativa entre o sexo masculino e feminino em relação à procura dos serviços de testagem, visto que houve uma facilidade de acesso de ambos os sexos por meio do programa de extensão universitária. A população mais jovem, entre 18 a 30 anos, que nunca apresentaram diagnóstico para IST’s estão buscando realizar os testes rápidos. Isso demonstra o interesse e preocupação de pessoas desse perfil em realizar essas testagens, pois se trata de um grupo com exposição a fatores de risco, como a maior quantidade de parceiros sexuais e o uso de drogas. 

Foi possível ressaltar extrema importância das ações universitárias em empresas e outros locais, levando pessoas que não apresentavam idade e comportamentos de risco há realizarem testes preventivos, proporcionando-lhes o diagnóstico e um tratamento precoce. Através dos dados obtidos dessas ações universitárias, foi possível identificar que a população da faixa etária de 43 a 59 anos precisa de mais incentivos e que sejam foco para campanhas de conscientização pela busca de exames para diagnostico de IST’s, e de ações de políticas públicas de conscientização e de cuidados da saúde.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais. Manual Técnico para o Diagnóstico da Infecção pelo HIV em Adultos e Crianças. Brasília; 2018. 149p.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para manejo da infecção pelo HIV em adultos.  Brasília; 2018. 416p

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para atenção integral às pessoas com infecções sexualmente transmissíveis (IST). Brasília; 2020. 250p.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para Hepatite c e coinfecções. Brasília; 2019. 250p.

BRASIL. Ministério da Saúde. Cerca de 1 milhão de pessoas contraíram infecções sexualmente transmissíveis no Brasil em 2019. Brasília: Ministério da Saúde, 07 mai. 2021. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2021-1/maio/cerca-de-1-milhao-de-pessoas-contrairam-infeccoes-sexualmente-transmissiveis-no-brasil-em-2019 Acesso em: 01 mar. 2023.

DOMINGUES, C. S. B; LANNOY, L. H; SARACENI, V; CUNHA, A. R. C; PEREIRA, G. F. M. Protocolo brasileiro para infecções sexualmente transmissíveis 2020: vigilância epidemiológica. Consenso. Epidemiol. Serv. Saúde, v. 30, n. 1, set, 2021.

GODOY J.A; LIMA J.A.S; BORGES L.L; MESQUITA M.M; COSTA I.R; ROCHA SOBRINHO H.M. Perfil epidemiológico da sífilis adquirida em pacientes de um laboratório clínico universitário em Goiânia-GO, no período de 2017 a 2019. Revista Brasileira de Análises Clínicas, v. 53, n. 1, p. 50-57, 2021. Disponível em: https://www.rbac.org.br/artigos/perfil-epidemiologico-da-sifilis-adquirida-em-pacientes-de-um-laboratorio-clinico-universitario-em-goiania-go-no-periodo-de-2017-2019/#:~:text=Esse%20aumento%20foi%20observado%20no,casos%20de%20s%C3%ADfilis%20adquirida%20registrados. Acesso em 05 mai. 2023

IBGE. Pesquisa nacional de saúde: 2019: Informações sobre domicílios, acesso e utilização dos serviços de saúde: Brasil, grandes regiões e unidades da federação. Coordenação de Trabalho e Rendimento. Rio de Janeiro: IBGE; 2020. 85p. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=2101748. Acesso em: 04 mai. 2023.

LEITE, E. Como é feita a prevenção da transmissão de doenças por transfusão de sangue? 2020. Disponível em: https://blogs.unama.br/noticias/biomedicina/veja-como-e-feita-prevencao-da-transmissao-de-doencas-por-transfusao-de-sangue. Acesso em 25 abr 2023.

NUNES, G. M. S; SILVA, C. R; SEGATI, K. D; MOURA, R. S; VASCONCELOS, F. G; PINTO, E. M. E. Triagem sorológica para HIV 1 e 2, sífilis, hepatites B e C proveniente de ações de extensão universitário no município de Anápolis GO.    XII Simpósio em Estudos Farmacêuticos, v. 2, 2018.

MIRANDA, A. E; SAMPAIO, L. S; PASSOS, L; LOPEZ, A; PEREIRA, M. Políticas públicas em infecções sexualmente transmissíveis no Brasil. Revista Serviço Saúde Epidemiologia. v. 30, n. 1, 2021.

PASSO, D. C. D; COELHO, M. A; VIGO, D. C; RIBEIRO, A.S; PASSO, R. M; ZAMITH, H. P. S. Revalidação do painel sorológico positivo para sífilis – uma ferramenta no controle da qualidade de kits para diagnóstico da sífilis. 2020. Disponível em: https://www.redalyc.org/journal/5705/570567431016/html/. Acesso em 23 abr 2023.

VIEIRA, M. S; COELHO, J. L. G; NEVES, S. A; TELES, H. G. P. P; FERNANDES, E. A. M. D; SANTANA, W. J. Assistência Farmacêutica na Orientação e Prevenção das Infecções Sexualmente Transmissíveis. Id on Line Rev.Mult.Psic., Outubro/2020, vol.14, n.52, p. 105-110. ISSN: 1981-1179.


1Universidade Evangélica de Goiás – UniEvangélica. Anápolis – Goiás