ARGILOTERAPIA: UMA REVISÃO DE LITERATURA SOBRE A UTILIZAÇÃO DA ARGILA NA ESTÉTICA FACIAL

CLAY THERAPY: A LITERATURE REVIEW ON THE USE OF CLAY IN FACIAL AESTHETICS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7942503


Eline Santos Ribeiro1
Caroline Almeida Barbosa2
Lighia Viana3
Mara Cecília Silva4
Aliny Oliveira Rocha5


RESUMO

A argiloterapia é uma técnica que utiliza a argila como o material principal de seus produtos. A argila é um dos compostos mais antigos conhecido pelo homem. Sabe-se que é um recurso poderoso devido à grande quantidade de minerais. Sua composição indica a sua utilização, que atua diretamente contra inflamação e remoção de toxina com ação antisséptica e antioxidante, resultando na remoção de impurezas e desintoxicação da parte externa do corpo, devolvendo à área, nutrientes e minerais. Mediante essas particularidades, o presente trabalho teve como objetivo discorrer sobre a utilização da argila na estética facial. Trata-se de uma revisão bibliográfica desenvolvida a partir da literatura disponível entre os anos de 2019 até 2023, porém, utilizou-se também, artigos com datas anteriores, devido a importância de seus conteúdos e a relativa escassez de informações a respeito da temática. A coleta de dados se deu entre os meses de janeiro a maio de 2023, através dos bancos de dados do Google acadêmico, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Biblioteca Virtual da Saúde (BVS), Scientific Electronic Library Online (SciELO) e livros relacionados ao assunto. Sendo assim, os dados de interesse desse estudo foram compilados ao programa Microsoft Office e analisados para permitir uma melhor visão sobre o uso da argiloterapia como recurso eficaz na estética facial. Conclui-se neste trabalho que as argilas trazem satisfatórios resultados quando utilizadas em tratamentos estéticos faciais. Seu resultado dependerá da cor da argila, sendo as cores verde, rosa, branca e vermelha as mais utilizadas.

Palavras-chave: Argiloterapia. Argila. Estética facial.

ABSTRACT

Clay therapy is a technique that uses clay as the main material for its products. Clay is one of the oldest compounds known to man. It is known to be a powerful resource due to the large amount of minerals. Its composition indicates its use, which acts directly against inflammation and toxin removal with antiseptic and antioxidant action, resulting in the removal of impurities and detoxification of the external part of the body, returning nutrients and minerals to the area. Given these particularities, the present work aimed to discuss the use of clay in facial aesthetics. This is a bibliographic review developed from the literature available between the years 2019 to 2023, however, articles with earlier dates were also used, due to the importance of their contents and the relative scarcity of information on the subject. Data collection took place between January and May 2023, through the databases of Google Scholar, Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS), Virtual Health Library (BVS), Scientific Electronic Library Online (SciELO) and books related to the subject. Therefore, the data of interest in this study were compiled into the Microsoft Office program and analyzed to allow a better view of the use of clay therapy as an effective resource in facial aesthetics. It is concluded in this work that clays bring satisfactory results when used in facial aesthetic treatments. Your result will depend on the color of the clay, with green, pink, white and red being the most used.

Keywords: Clay therapy. Clay. Facial aesthetics.

1 INTRODUÇÃO

Atualmente, o estilo de vida saudável está ganhando popularidade, assim como a demanda dos consumidores por produtos naturais (MISIŅA et al., 2020). A argiloterapia é um segmento da ciência, em que se utiliza a argila para o tratamento e melhoramento estético (TRUPPEL; CAMILA MARAFON; VALENTE, 2020). As argilas têm sido usadas desde a civilização egípcia como ingredientes ativos e/ou excipientes em formulações farmacêuticas para fins terapêuticos, nutricionais e de cuidados com a pele (GOMES et al., 2021).

As argilas são provenientes da decomposição de milhões de anos, das rochas feldspáticas e rochas sedimentares, que formam a caulinita, material básico das argilas, que possuem minerais, como: ferro, magnésio, potássio, silício, alumínio e outros (MACHADO et al., 2018). Esses minerais permitem que a argila tenha aplicabilidade em diversas formulações cosméticas, como protetores solares, dentifrícios, desodorantes, cremes, cosméticos capilares, maquiagens, esmaltes, máscaras faciais, xampus, entre outros (VISERAS et al., 2021).

Além disso, às suas excelentes propriedades depurativa, hidratante, calmante, regeneradora, anti-inflamatória, sedativo, antisséptico e desintoxicante, proporcionam as argilas função antienvelhecimento, antirrugas, proteção solar e limpeza. Sendo assim, eficazes para o tratamento de doenças dermatológicas, como furunculose, acne, eczemas, psoríase e dermatite seborreica (MISIŅA et al., 2020).

As formulações das argilas variam em composição e consequentemente nas suas finalidades, as cores são fatores contribuintes para esta diferenciação, no entanto, para uma aplicação específica, é necessário o conhecimento da estrutura e da composição química das argilas (TRUPPEL; CAMILA MARAFON; VALENTE, 2020).  

Diante do contexto, o objetivo deste artigo é discorrer sobre a utilização da argila na estética facial. Sendo assim, foi desenvolvido um levantamento sobre características, tipos, composições e funções da argila, visando à correlação entre o tipo de argila e o tratamento facial indicado.

2 METODOLOGIA

2.1 Natureza de estudo

Constitui-se de uma revisão de literatura sistemática realizada de modo descritivo e exploratório do tipo retrospectivo, com abordagem qualitativa, no qual foram analisadas o objetivo do estudo pela ótica de diversos autores sobre o tema, com o poder de trazer à tona reflexões relevantes acerca da argiloterapia.

2.2 Coleta de dados

Para estratégia de busca, utilizaram-se os descritores: “argiloterapia”, “argila”, “estética facial”, que compuseram duas estratégias de busca: (a) “argiloterapia” AND estética facial e; (b) “argila” AND estética facial.

A coleta de dados se deu entre os meses de janeiro a maio de 2023, através dos bancos de dados do Google Acadêmico, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Biblioteca Virtual da Saúde (BVS), Scientific Electronic Library Online (SciELO) e livros relacionados ao assunto, publicados no período de 2019 a 2023, porém, utilizou-se também, artigos com datas anteriores, devido a importância de seus conteúdos e a relativa escassez de informações a respeito da temática.

2.3 Critérios de inclusão e exclusão

Considerando como resultados válidos estudos completos publicados em português ou inglês e como critério de exclusão, estudos incompletos, não disponíveis na íntegra e que não integravam a delimitação do estudo.

2.4 Análise dos dados

Após aplicação dos critérios para elegibilidade mediante leitura de títulos, resumos e palavras-chave, os artigos foram lidos na íntegra para extração dos dados de interesse desse estudo. Em seguida, os dados com ideias centrais, conclusões e recomendações foram compilados ao programa Microsoft Office para permitir uma melhor visão e analise sobre o uso da argiloterapia como recurso eficaz na estética facial.

Fluxograma 1. Fluxograma sobre a metodologia aplicada ao estudo

Fonte: Autoria própria (2023)

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 História da argila

Embora ainda hoje pense-se que tratamentos estéticos com argilas sejam novidades, registros históricos mostram que eles são milenares, uma vez que foram encontrados registros de que os Egípcios já os utilizavam em 3000 A.C. Cleópatra, conhecida como a antiga deusa egípcia, utilizava máscaras de argila para tratamento facial, buscando limpeza e conservação da pele (GOMES et al., 2022).       

Na Idade Média, a população fazia cataplasmas de argilas, tanto na medicina popular, quanto no uso da veterinária, até o final do século XIX (MARQUES; SANTOS, 2020). O unificador da Índia, Mahatma Gandhi, instruía a cura pela argila e, graças a ele, naturólogos alemães, como Luis Kuhne e Adolf Just, deixam relatos importantes sobre tratamentos utilizando a argila no século XX (TRUPPEL; CAMILA MARAFON; VALENTE, 2020).

Atualmente, vários médicos naturalistas de diferentes países (Alemanha, Suíça, Israel, Espanha, EUA, Sudão, Etiópia, China, Chile e Índia) têm utilizado princípios ativos naturais, inclusive os da argila, para o tratamento de diversos sintomas e doenças (GOMES et al., 2022).

3.2 Composição e o uso das argilas em tratamentos faciais

Para fazer uso da argiloterapia de maneira correta e com garantia de seus benefícios, são necessários estudos científicos sobre sua utilização, afim de obter-se um tratamento seguro e eficaz. Portanto, é importante compreender e identificar cada tipo de argila e suas propriedades, as cores são fatores contribuintes para esta diferenciação. A utilização da argila correta depende da avaliação de um profissional que indicará a cor correta a ser utilizada, bem como a necessidade de utilizar-se sinergias para o objetivo do tratamento (MEDEIRO; LANZA, 2013; TRUPPEL; CAMILA MARAFON; VALENTE, 2020). Diante deste contexto, a seguir destacam-se os tipos de argilas, cores e sua composição com os seus respectivos benefícios na estética facial (Quadro 1).  

A argila branca ou caulim, possui em sua composição mineralógica uma mistura de quartzo e caulinita. Proveniente da transformação de rochas lavadas da água da chuva. Além disso, possui diversos compostos minerais, dentre eles, o alumínio, o que lhe confere propriedades cicatrizantes e o silício que estimula a formação de colágeno e elastina rejuvenescendo a pele (AWOYAMA; VIEIRA; CARVALHO, 2021; BUENO; RODRIGUES, 2018; GOPINATH; CRUZ; FREIRE, 2003).

A argila verde ou acinzentada, fonte do argilomineral montmorilonita, possui composição mineralógica qualitativa correspondente a uma mistura de quartzo, esmectita, illita e caulinita. É formada essencialmente de óxido de ferro, silício e zinco oferecendo atividade adstringente e purificadora. Sendo assim, eficaz na regulação da oleosidade na pele (AMORIM; PIAZZA, 2012; BUENO; RODRIGUES, 2018; GOPINATH; CRUZ; FREIRE, 2003; SANTANA et al., 2021).

A argila vermelha é rica em óxido de ferro e cobre, o que lhe oferece propriedades tensoras e ionizantes. Sua composição mineralógica qualitativa correspondente a uma mistura de quartzo, esmectita, illita e caulinita. Sua aplicabilidade na estética facial concentra-se, na ação reguladora do fluxo sanguíneo e vascular, garantindo tratamento da flacidez e rejuvenescimento, pois suaviza as linhas de expressões e aumenta o brilho da pele (BUENO; RODRIGUES, 2018; SANTANA et al., 2021).

A argila rosa é uma mistura de argila branca e vermelha, rica em hematita vermelha, que costuma ser menos absorvente e mais suave que a argila verde. Sua composição especial pode incluir quartzo, esmectita, lillita e caulinita, sendo que a cor rosa está geralmente relacionada com a presença de ferro. Assim, a argila rosa promove notáveis efeitos antioxidantes e calmantes na pele e é comumente utilizado em peles secas e sensíveis (BUENO; RODRIGUES, 2018; CHURA et al., 2022).

A argila ou lama negra possui composição mineralógica de montmorilonita, caulinita e mica. Rica em silício, alumínio e titânio, contém propriedades anti-inflamatórias, cicatrizante, antitumoral e antiartrítica. Em especial, a lama negra é aplicada em procedimentos de fangoterapia, ou seja, terapia com preparações de argilas maturadas em tanques contendo águas termominerais, as quais denominam-se peloides ou fangos (BUENO; RODRIGUES, 2018; SANTANA et al., 2021).

A argila amarela, sua composição mineralógica apresenta montmorilonita, caulinita e mica. Rica em silício e potássio apresenta importantes efeitos na reconstituição do colágeno, aliviando os sinais de envelhecimento tissular (BUENO; RODRIGUES, 2018; SANTANA et al., 2021).

Argila roxa, sua composição mineralógica apresenta montmorilonita, caulinita e mica. Rica em magnésio, induz à síntese regeneradora do colágeno, mantendo a nutrição celular e o rejuvenescimento (AMORIM; PIAZZA, 2012; BUENO; RODRIGUES, 2018) .

Quadro 1. Características gerais das argilas divididas por cores, composição e seus respectivos benefícios na estética facial.

Tipo de argilaComposição mineralógicaPrincipais compostos mineraisAplicabilidade na estética facialReferências
Argila branca ou caulimQuartzo CaulinitaAlumínio SilícioCicatrização Rejuvenescimento(AWOYAMA; VIEIRA; CARVALHO, 2021; BUENO; RODRIGUES, 2018; GOPINATH; CRUZ; FREIRE, 2003)
Argila verde ou acinzentadaMontmorilonita Quartzo Esmectita Illita CaulinitaÓxido de ferro Silício ZincoRegulação da oleosidade na pele(AMORIM; PIAZZA, 2012; BUENO; RODRIGUES, 2018; GOPINATH; CRUZ; FREIRE, 2003; SANTANA et al., 2021)
Argila vermelhaQuartzo Esmectita Illita CaulinitaÓxido de ferro CobreCombate flacidez Rejuvenescimento(BUENO; RODRIGUES, 2018; SANTANA et al., 2021)
Argila rosaQuartzo Esmectita Illita CaulinitaFerroAntioxidante Calmante(BUENO; RODRIGUES, 2018; CHURA et al., 2022)
Argila ou lama negraMontmorilonita Caulinita MicaSilício Alumínio TitânioAnti-inflamatória Cicatrizante Antitumoral Antiartrítica(BUENO; RODRIGUES, 2018; SANTANA et al., 2021)
Argila amarelaMontmorilonita Caulinita MicaSilício PotássioReconstituição do colágeno(BUENO; RODRIGUES, 2018; SANTANA et al., 2021)
Argila roxaMontmorilonita Caulinita MicaMagnésioNutrição celular Rejuvenescimento(AMORIM; PIAZZA, 2012; BUENO; RODRIGUES, 2018)
Fonte: Autoria própria (2023)

3.3 Propriedades das argilas em pesquisas cientificas

Avanços recentes na pesquisa sobre o uso argilas apontam que algumas argilas possuem atividade microbicida. Como descrito por Ma´or et al. (2006) que utilizou lama negra, não processada, do Mar Morto, com composição mineralógica qualitativa correspondente a esmectita, caulinita, ilita, calcita, quartzo, clorita e palygorskita em ensaios microbiológicos convencionais através de zonas de inibição ao redor dos discos em placas inoculadas com Aspergillus niger, Candida albicans, Escherichia coli, Propionibacterium acnes e Staphylococcus aureus, incubadas por 2 dias a 30°C. A seguir, mediu-se o diâmetro das zonas de inibição ao redor dos discos e observou-se inibição de 10mm, 10mm, 7mm, 7mm e 5mm, respectivamente. Podendo explicar o efeito antiacne atribuído às máscaras faciais de lama do Mar Morto (MAOR et al., 2006).

Williams (2008) relatou estudos de caso detalhados sobre a capacidade de argilas verdes francesas com composição mineral de quartzo, feldspato e micas, curarem pacientes com a úlcera de Buruli, uma infecção necrótica ou carnívora causada por Mycobacterium ulcerans (WILLIAMS et al., 2008). Um dos estudos documentados por Williams foi da filantropa francesa chamada Line Brunet de Courssou que estava em missão diplomática com o marido na Costa do Marfim (Cote d’Ivoire), na África Ocidental e observou indígenas sofrendo de úlcera de Buruli. Courssou sabia que as argilas de cor verde onde cresceu na França (perto do Maciço Central) ajudavam a curar arranhões e picadas rapidamente, então ela importou as argilas verdes francesas e as aplicou nas feridas causadas pela úlcera de Buruli na África. A infecção por M. ulcerans, que não respondia aos antibióticos conhecidos na época, foi curada pelo tratamento com argila. A documentação fotográfica (por Thierry Brunet) foi feita do progresso da cicatrização à medida que cataplasmas de argila (argila misturada com água) foram aplicados e trocados diariamente com solução salina (Figura 1). A aplicação inicial de argila desbridou a infecção em 24 horas com cicatrização completa das feridas em um período de alguns meses. Antes de 2002, não havia cura antibiótica para a infecção, sendo a excisão ou amputação da área infectada o único remédio, e muitas vezes a infecção reaparecia após meses. No entanto, após o tratamento com argila, a infecção não voltou a ocorrer (WILLIAMS, 2019).

Figura 1. Documentação da cicatrização da úlcera de Buruli em pacientes da Costa do Marfim, usando cataplasmas franceses de argila verde aplicados diariamente e limpos com solução salina entre os curativos.

Fonte: Adaptado de Williams (2008)

Garrido et al. (2012) utilizaram a haloisita, que é um argilomineiral do grupo da caulinita, em experimentos conduzidos com macrófagos peritoneais primários de camundongos e mostraram que a haloisita possui propriedades anti-inflamatórias comparáveis ​​ao medicamento indometacina (GARRIDO et al., 2012). Silva et al. (2015) estudaram argilas naturais, bentonitas, coletadas da Índia (Bent-India), Hungria (Bent-Hungria), Argentina (Bent-Argentina) e Indonésia (Bent-Indonesia). Todas as bentonitas coletas inibiram o edema da orelha de camundongos após 4 horas. Sendo assim, eficazes contra inflamações (SILVA et al., 2015).

Londhe et al. (2021) testaram mascaras de argila que foram formuladas com  Arjuna bark, que reduz cicatrizes de acne; Amba haldi, poderoso antifúngico e antibacteriano; babosa, que é um agente hidratante reduzindo manchas escuras, rugas e sinais de envelhecimento; pó de pétala de rosa, usado como um toner para o rosto; Rubia cordifolia, usado para clarear a pele; metilcelulose, para um efeito espessante; água destilada, usada como veículo; bentonita, conhecido como agente suspensor e coloidal, com propriedade adsorvente; caulino, que absorve a oleosidade e previne o entupimento dos poros;  propilenoglicol, um umectante; lauril sulfato de sódio, usado como emulsificante ou surfactante; e metilparabeno para conservação. A formulação apresentou boa capacidade de espalhamento (Figura 2) e estabilidade até 40°C. As máscaras foram testadas em voluntárias saudáveis ​​do sexo feminino, e observou-se que a fórmula tem a capacidade de dilatar os poros e melhorar a limpeza da pele, removendo a pele morta na superfície e deixando a pele limpa, clara, luminosa e mais brilhante, sem causar irritação ou edema na pele. Erupções cutâneas e manchas também foram observadas, para remoção de marcas após 20-30 dias; retendo umidade e nutrientes dentro da pele (LONDHE et al., 2021).

Figura 2. Apresentação da máscara de argila fabricado por Londhe e colaboradores.

Fonte: Londhe et al. (2021)

Em 2012 houve um estudo cientifico desenvolvido por Valenti e seu grupo de pesquisa, que realizaram durante 14 dias um tratamento com argila em camundongos machos, observou-se neste estudo, que o tratamento com argila por 7 dias aumentou o conteúdo de colágeno (Figura 3b; coloração vermelha e Figura 4) e ao estender a duração para 14 dias o tratamento melhorou o número de fibras de colágenos (Figura 3b; coloração vermelha e Figura 4) em comparação com a pele controle, sem tratamento (Figura 3a e Figura 4). Sendo assim, o uso de argilas uma boa opção terapêutica para o rejuvenescimento facial (VALENTI et al., 2012).

Figura 3. Biópsias de pele representativas não tratadas (a) e tratadas com argila (b) por 7 dias e 14 dias, com apresentação de rede de fibras colágenas birrefringentes (seta)

Fonte: Adaptado de Valenti (2012)

Figura 4. Quantidade de colágeno em porcentagem (c) em pele representativas não tratadas e tratadas com argila por 7 dias e 14 dias,

Fonte: Adaptado de Valenti (2012)

A seguir, para uma melhor visualização, foi elaborado um quadro resumo (Quadro 2), com os estudos citados a cima sobre as propriedades das argilas e seu uso para o tratamento de diversas doenças.

Quadro 2. Estudos científicos sobre as propriedades das argilas

AutoresAnoTipo de argilaPropriedades
Ma´or et al.2006Lama negra do Mar Morto (rica em sulfeto)Propriedades antimicrobianas contra Aspergillus niger, Candida albicans, Escherichia coli, Propionibacterium acnes e Staphylococcus aureus
Williams2019Argilas verdes francesasPropriedade antimicrobiana na cura de pacientes com a úlcera de Buruli
Garrido et al.2012HaloisitaPropriedades anti-inflamatórias
Silva et al.2015Argilas naturais, bentonitas, coletadas da Índia (Bent-India), Hungria (Bent-Hungria), Argentina (Bent-Argentina) e Indonésia (Bent-Indonesia).Todas inibiram o edema da orelha de camundongos após 4 horas. Sendo assim, eficazes contra inflamações.
Londhe et al.2021Mascaras de argila caulimResultados surpreendentes, eliminando vários problemas de pele, como desobstruir os poros e remoção de espinhas e marcas de acne, revelando uma a pele clara e mais brilhante
Valenti et al.2012Argilas sem especificaçõesArgilas com propriedades de rejuvenescimento facial
Fonte: Autoria própria (2023)    

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A utilização da argila em procedimentos estéticos faciais tem recebido atenção especial nas áreas da cosmetologia e da estética, devido suas inúmeras propriedades, sendo aplicadas para tratamentos de pele. As propriedades das argilas variam conforme sua composição, podendo ser ativadoras da microcirculação periférica, absorventes, antioxidantes, calmantes, analgésicas, cicatrizantes, descongestionantes, purificadoras, refrescantes, regeneradoras ou bactericidas, conferindo assim, diversos efeitos sobre os tratamentos estéticos, tais como: retardo do envelhecimento; alívio da tensão, da fadiga muscular, da insônia e da má circulação; eliminação de toxinas; entre outros. Sendo assim, as argilas apresentam resultados satisfatórios quando utilizadas para tratamento estético facial.

REFERÊNCIAS

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