AGENESIA NA ODONTOLOGIA E OS PROBLEMAS ABORDADOS DENTRO DA ESTÉTICA

AGENESIS IN DENTISTRY AND THE PROBLEMS CONSIDERED WITHIN AESTHETICS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7930875


Miryan Vitória Dutra Alencar1
Rodrigo Marinho dos Santos1
Ricardo Kiyoshi Yamashita²


RESUMO

A dentição mista é caracterizada pela presença de dentes decíduos e permanentes, logo, com a erupção dos dentes permanentes podem gerar em sua formação anomalias que varia desde a má formação do germe dentário, na odontogênese, até a ausência completa do mesmo o qual é descrita como agenesia dentária.  A agenesia dentária baseia-se na diminuição qualitativa dos elementos dentários e é vista como uma das anomalias mais habituais do ser humano. É classificada em grupos distintos como hipodontia, oligodontia e anodontia. Etiologicamente é muito abordada na literatura, porém, apresenta várias controvérsias desde hereditariedade a questões ambientais, quanto mais precoces for o diagnóstico clínico, tendo em mãos radiografias completas e anamnese minuciosa, melhores serão as variedades de intervenção odontológica e posteriormente o prognóstico.  Um olhar multidisciplinar é fundamental para o estudo e planejamento do tratamento proposto, tendo como objetivo alcançar um ótimo resultado que satisfaça os pacientes e familiares. O cirurgião dentista com especialidade em ortodontia deve avaliar as possibilidades de resolução do caso clínico para eleger qual a melhor conduta, seja fechamento ortodôntico do espaço com restaurações estéticas ou abertura de espaço para inserção de implantes unitários ou prótese fixa. 

Palavras-Chave: Agenesia dentária. Anodontia. Ortodontia. 

ABSTRACT

The mixed dentition is characterized by the presence of primary and permanent teeth, therefore, with the eruption of the permanent teeth can generate anomalies in its formation anomalies ranging from the malformation of the dental germ, in odontogenesis, to the complete absence of the same which is described as dental agenesis. Dental agenesis is based on the qualitative decrease of the dental elements and is seen as one of the most common anomalies of the human being. It is classified into distinct groups such as hypodontia, oligodontia, and anodontia. Etiologically it is much addressed in the literature, however, it presents several controversies from heredity to environmental issues, the earlier the clinical diagnosis, having in hand complete radiographs and detailed anamnesis, the better the varieties of dental intervention and later the prognosis. A multidisciplinary approach is fundamental for the study and planning of the proposed treatment, aiming to achieve an optimal result that satisfies the patient and family members. The dental surgeon with a specialty in orthodontics should evaluate the possibilities of resolution of the clinical case to choose the best conduct, either orthodontic closure of the space with aesthetic restorations or opening of space for insertion of unit implants or fixed prosthesis.

Keywords: Dental agenesis. Anodontia. Orthodontics.

1 INTRODUÇÃO

 É comum, no dia a dia do Cirurgião Dentista, depara-se com atendimentos diversos, tratando-se nos casos de anomalias e doenças congênitas em diferentes pacientes e em várias modificações. Dessa forma, requer uma atenção dobrada do profissional para elaboração de um minucioso exame clínico. Dentro dessas alterações podem ser encontradas de retardo na cronologia da erupção até a ausência completa do germe dentário, anomalia conhecida como agenesia dentária, que é caracterizada com ausência de um ou mais dentes na arcada dentária, acarretando complicações funcionais e estéticas para o indivíduo (RODRIGUES; CATALDO, 2021).

A etiologia da agenesia dentária é multifatorial, os fatores mais citados são: síndromes, casos isolados de origem familiar (hereditariedade) e fatores adquiridos (trauma). Porém, vários autores concordam que a predominância da agenesia dentária está relacionada a fatores genéticos. Os casos mais frequentes são diagnosticados em indivíduos do sexo feminino, embora a distribuição por gêneros apresente variações de acordo com as localizações geográficas das populações (MOREIRA, 2017).

A agenesia dentária é uma anomalia congênita, uma malformação ou não formação do germe dentário. A ausência do incisivo central superior é de extrema importância, pois pode causar diversos problemas, sejam eles funcionais devido à má oclusão e, disfunção na articulação têmporo-mandibular. Entretanto, a queixa primordial dos pacientes é o desconforto estético. A ausência do incisivo lateral superior é passível de provocar mesialização dos caninos e diastemas, esses que podem encontrar-se entre os incisivos centrais superiores, ou entre um incisivo central e um canino. Além disso, se a agenesia do incisivo lateral for unilateral pode provocar o desvio da linha média dentária (JEANNIN, 2021).

Ter um diagnóstico precoce da agenesia dentária é de extrema importância, pois na maioria dos casos é feito através de radiografias. Assim, é importante que as crianças sejam acompanhadas por um odontopediatra desde a primeira irrupção dos dentes decíduos. A agenesia dentária pode causar impactos psicossociais, já que a aparência dos dentes e da face podem afetar relações interpessoais desde a infância até a fase adulta (RODRIGUES; CATALDO, 2021).

O tratamento proposto para agenesia de incisivos laterais, sendo uni ou bilateral, deve ser multidisciplinar. A maioria dos casos seguem duas eleições de tratamento, sendo ele apenas ortodôntico ou aliado ao tratamento de implante unitário. A escolha do tratamento deve permitir ao profissional analisar e considerar o maior número de alternativas de tratamento possíveis, para evitar que problemas de oclusão e funcionamento se agravem, levando em consideração, é claro, as preferências do paciente (RODRIGUES; CATALDO, 2021). 

Nesse contexto, este artigo revisa a literatura pertinente ao tema em estudo, tendo como propósito expor os aspectos gerais relacionados à agenesia dentária, além de, que a ausência do incisivo lateral superior, ser um tema atual e que traz problemas estéticos, funcionais e psicológicos para jovens acometidos com essa anomalia.

2 METODOLOGIA

O presente estudo se apresenta como uma Revisão de Literatura, com caráter descritivo. A estratégia de identificação e seleção dos estudos foi por busca na base de dados MEDLINE, PUBMED, LILACS e Google School. Os critérios de seleção admitidos para seleção dos artigos de base foram: As formas de apresentação de artigos de Revisão de literatura, Revisões Sistemáticas, Revisões Integrativas, Atualizações, Relatos de experiência; Aqueles desenvolvidos nos idiomas português, inglês ou espanhol. Os critérios de exclusão dos artigos foram: os estudos que não atendessem os critérios de inclusão exclamados, artigos pagos e artigos em outros idiomas. 

Fluxograma 1. Estratégias para Seleção de estudos; N= número de artigos.

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 Sobre a Agenesia Dentária

De uma perspectiva evolutiva genética, a dentição dos mamíferos é vista como um sistema de órgãos articulados, com um número específico de dentes distribuídos em posições definidas ao longo do eixo linear da mandíbula (CURY, 2015).

A agenesia dentária apresenta significativa complexidade e suas características heterogêneas são evidentes. Em relação a outras alterações dentárias. A etiologia da agenesia dentária inclui certos genes como MSX1 e PAX9 e genes como WNT10A parecem desempenhar um papel importante para a formação dos dentes (BORALI et al., 2019)

A Agenesia em Odontologia se configura em uma anormalidade relacionada ao número de dentes na dentição decídua ou na permanente, e pode acontecer em ambas. Na espécie humana, esse tipo de afecção é relativamente comum, sendo mais comum ainda na dentição permanente, sendo associados diretamente a condicionamentos de natureza genética ou mesmo fatores isolados (DOS SANTOS et al., 2020).

Estudos revelam que na maioria dos casos estabelecidos, a agenesia do elemento dental de maior frequência ocorre em nível dos 2º pré-molares inferiores, em seguida do incisivo lateral superior e do 2º pré-molar superior (DOS SANTOS et al., 2020). Em termos de etiologia, o processo da agenesia dental, decorre quando um ou mais botões epiteliais primitivos não são gerados tendo como molde a lâmina dentária (DOS SANTOS et al., 2020). 

A função mastigatória pode sofrer alterações significativas devido a presença de tais anormalidades na quantidade dentária, em soma a modificações na fonação e na estética do paciente acometido, a afetar diretamente sua vida no âmbito social. Há uma diversidade no manejo terapêutico relativo à agenesia dental, sendo tratamentos como; tratamento ortodôntico, implantes, próteses fixas, a depender da necessidade e desejo direto do paciente, tudo isso com intuito de retomar a deficiência do elemento dentário e ofertar melhor qualidade de vida (DOS SANTOS et al., 2020).

3.2 Classificação das Anomalias de Número Dentário

Regezi (2013) relata que a agenesia dos elementos dentários se constituem em umas das mais frequentes anomalias dentárias no ser humano, sendo resultante direta de perturbações nos estágios de iniciação e proliferação dentária.  Anomalias numéricas apresentam como classificação, segundo Regezi (2013);

  1. Hipodontia: O termo redução dentária é usado para descrever a agenesia de um a seis dentes, excluindo o terceiro molar (REGEZI et al., 2013).
  2. Oligodontia: falta de 6 ou mais dentes (REGEZI et al., 2013).
  3. Anodontia: Escassez total de todos os dentes (REGEZI et al., 2013).

3.3 O Tratamento Ortodôntico

A ortodontia como manejo terapêutico em pacientes com ausência dentária congênita se apresenta como desafiadora dentre as opções de tratamento se pode objetivar a manutenção dos dentes decíduos, extraí-los e possibilitar que os espaços originados se fechem com espontaneidade, realizar um autotransplantes e substituição por prótese com posterior vedação do espaço ortodôntico. A escolha específica do método terapêutico e seu planejamento dependem da má oclusão, da relação tamanha dentária e sua estética (DOS SANTOS et al., 2020).

3.4  A Relação entre Agenesia Dentária e a Estética 

A agenesia dentária pode gerar sequelas para o indivíduo, onde se pode citar como exemplo; alteração das funções mastigatórias, mal-oclusões, fonética prejudicada na pronúncia de palavras e não menos importante perfil estético alterado. Tais sequelas podem repercutir diretamente sobre a autoestima, comprometimento de relações sociais e afetivas, na vida laboral e diretamente no comportamento individual. Influencia negativamente no bem-estar e qualidade de vida do paciente (FERREIRA; FRANZIN, 2014).

O plano terapêutico apresenta como um dos objetivos principais, restabelecer a função estética do paciente. Isso gera uma demanda de conhecimento por parte do profissional encarregado, a saber, sobre as causas, etiologias e manifestações clínicas relativas às agenesias dentárias. É fundamental a presença multidisciplinar junto às profissionais especialistas como Periodontia, Dentística, Prótese e Implantodontia, associado a Ortodontia (RIBAS, 2014).

Nessa vertente, quando o profissional estabelece que haja possibilidade do implante, para não haver interferências nas características estéticas, é crucial saber que há algumas prerrogativas para instalação dos implantes, como; quantidade do rebordo alveolar remanescente, o tamanho das papilas, a extensão de espaço resultante, a proximidade das raízes dos dentes vizinhos, altura da gengiva que pode estar desigual e a idade do paciente.  Posterior à implantação do dente no lugar da agenesia se faz necessário um processo de reanatomização, considerando a fisionomia e a estética do paciente. (FERREIRA; FRANZIN, 2014).

De acordo com Bdulrahman et al (2019) e Barbosa et al (2017) estabelecer um sorriso com ampla harmonia em casos de pacientes com agenesia dentária, se transmuta em grande desafio à medicina dental, dado que, os dentes apresentam efeito crucial na construção da estética dentária e fácil do indivíduo. Logo, os benefícios do tratamento ortodôntico promove melhor qualidade de vida dos pacientes e lhes proporcionam retorno da autoestima, felicidade e confiança em termos psicossociais.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Embora as causas da agenesia dentária ainda não sejam totalmente compreendidas, a sua prevalência nos consultórios dentários torna a sua investigação relevante e interessante, auxiliando a compreender o seu impacto nos indivíduos. Para o efeito são necessárias consultas e diagnóstico e intervenção precoces. Logo, a busca ativa da intervenção odontológica se faz crucial para reestabelecer a dádiva dos dentes enquadrados em sua forma original, a proporcionar um sorriso harmonioso, revitalizando a estética e reestabelecer ao paciente uma autoestima maior, com novas perspectivas relacionais. Portanto tais objetivos se tornam o foco magno para o alcance de uma melhor qualidade de vida.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABDULRAHMAN, Nuha Abdulazeem Mohammed; KHALIFA, Nadia; ALHAJJ, Mohammed Nasser. Preferências dos dentistas no tratamento de incisivos laterais superiores ausentes congênitos. Ciência Odontológica Brasileira , v. 22, n. 2, pág. 243-251, 2019.

BARBOSA, Darkle Ferreira Modesto et al. Agenesias múltiplas, planejamento e hereditariedade. Revista Faipe, v. 6, n. 2, p. 14-27, 2017.

BORALI, Rodrigo et al. Associação entre agenesia e a morfologia radicular de dentes anteriores. Revista de Odontologia da UNESP, v. 48, 2019.

CURY, Sérgio Elias Vieira et al. Hipodontia de dentes permanentes: prevalência e distribuição numa População Brasileira. Cadernos UniFOA, v. 10, n. 29, p. 137-147, 2015

DOS SANTOS, Bárbara Medrado et al. Uma Uma nova possibilidade para o tratamento da Agenesia dental: Relato de um caso clínico. Revista da Faculdade de Odontologia-UPF, v. 25, n. 1, p. 118-124, 2020.

FERREIRA, Rosana Fátima; FRANZIN, Lucimara Cheles Da Silva. Agenesia dentária: importância deste conceito pelo cirurgião-dentista. Uningá Review, v. 19, n. 3, 2014

GREGÓRIO, Teresa Isabel Lopes. Agenesia dentária congênita como fator de risco na predisposição ao cancro: uma abordagem bioquímica. EGAS MONIZ, p. 1-62, outubro, 2022.

JEANNIN, Salomé Huguette. Tratamento ortodôntico da agenesia dos incisivos laterais superiores. CESPU, Gandra, p. 1-32, junho, 2021.

MARQUES, Miguel Diogo. Tratamento da agenesia do incisivo lateral superior- revisão sistemática. CATÓLICA, Viseu, p. 1-92, 2022.

MOREIRA, Fernanda Alves. Agenesia dos incisivos laterais superiores, prevalência, diagnóstico e tratamento. Porto, p. 01-29, 2017.

NISHIDA, Marcelo Yoshiaki de Sousa. Agenesia de Incisivos Laterais Superiores: Alternativas de Tratamento. FACSETE, Araçatuba, p. 5-44, 2021.

REGEZI, J, A; SCIUBBA.J.J; JORDAN. R.C.K. Patologia Oral: correlações clinicopatológicas. 6ª ed: Rio de Janeiro: Elsevier, 2013

RODRIGUES, Letícia da Luz; CATALDO, Giovana Bryan Gonçalves. Diagnóstico e tratamento da agenesia dentária dos incisivos laterais superiores: revisão de literatura. São Paulo, p. 1-25, 2021.

SIRIANNI, Luiza Ourique. Avaliação da prevalência de agenesia de segundos pré-molares dos pacientes do curso de Odontologia do Centro Universitário da Serra Gaúcha. JOURNAL OF ORAL INVESTIGATIONS, Caxias do Sul, vol. 8, n. 2, p. 7-18, novembro, 2018.


1Discente do Curso de Odontologia – Centro Universitário Tocantinense Presidente Antônio Carlos – UNITPAC, Araguaína/TO, Brasil. E-mail: miryanvitoria834@gmail.com; odontorapa@gmail.com
2Docente do Curso de Odontologia. Mestre em Prótese Dentária – Centro Universitário Tocantinense Presidente Antônio Carlos – UNITPAC, Araguaína/TO, Brasil. E-mail: ricardo.yamashita@unitpac.edu.br