IMPACTOS E REPERCUSSÕES DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL PARA SAÚDE DO TRABALHADOR: CONTRIBUTOS PARA ÓTICA DA MEDICINA

IMPACTS AND REPERCUSSIONS OF THE INDUSTRIAL REVOLUTION FOR OCCUPATIONAL HEALTH: CONTRIBUTIONS TO THE OPTIC OF MEDICINE

IMPACTOS Y REPERCUSIONES DE LA REVOLUCIÓN INDUSTRIAL PARA LA SALUD OCUPACIONAL: APORTES A LA ÓPTICA DE LA MEDICINA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7931466


Wanderson Alves Ribeiro1, João Luiz Ramos de Souza2, Letícia Pires de Araújo3, Bruna Porath Azevedo Fassarella4, Shirlei Lacerda de Oliveira5, Monique Grazielle de Souza Alves 6, Paula Letícia da Silva Leite Batista7, Daniel Reymol Azeredo8, Rodrigo de Moraes Dorna9, Rodrigo de Albuquerque Lins10, Ary Carlos Spacoski da Silva11, Enimar de Paula12


RESUMO

A grande Revolução Industrial começou a acontecer a partir de 1760, na Inglaterra, no setor da indústria têxtil, a princípio, por uma razão relativamente fácil de entender: o rápido crescimento da população e a constante migração do homem do campo para as grandes cidades acabaram por provocar um excesso de mão-de-obra nas mesmas. Trata-se de um estudo descritivo, qualitativo do tipo análise reflexiva, com objetivo de refletir sobre as interfaces, impactos e repercussões da saúde do trabalhador e suas contribuições para a medicina. Por meio do procedimento de busca, foram identificadas 42 publicações com potencial para fundamentar este manuscrito. Após a avaliação dos títulos e resumos, 18 artigos foram considerados para leitura na íntegra e, contemplando os critérios de inclusão, puderam subsidiar a esta reflexão. Estas interpretações foram dirigidas pela compreensão do tema no contexto do cuidado clínico de Enfermagem subsidiado por leituras, reflexões e discussão dos autores, pautado por cinco temáticas: Primeira revolução industrial: o uso do vapor na produção mecânica; Segunda revolução industrial: produção em grande escala baseada na eletricidade; Terceira revolução industrial: programação das máquinas; Quarta revolução industrial: a Indústria 4.0 e a origem de uma nova revolução; Principais impactos da revolução industrial no contexto da saúde; Efeitos da poluição atmosférica sobre o corpo humano. Conclui-se que, a Revolução Industrial teve grande relevância para a sociedade atual e principalmente para o surgimento da revolução tecnológica vivida até os dias atuais. Por fim, a saúde do trabalhador sofre todos os castigos impostos à força de trabalho. É nesse contexto, que as organizações de luta em defesa dos direitos da classe trabalhadora precisam desenvolver ações contundentes para melhorias das condições de trabalho na medicina, visando melhores condições de trabalho que, por sua vez, irão refletir em melhor assistência aos pacientes.

Palavras-chave: Medicina; Revolução industrial; Saúde do Trabalhador.

ABSTRACT

The great Industrial Revolution began to take place from 1760 onwards, in England, in the textile industry, at first, for a relatively easy to understand reason: the rapid growth of the population and the constant migration of men from the countryside to the large cities ended for causing an excess of manpower in them. This is a descriptive, qualitative study of the reflective analysis type, with the objective of reflecting on the interfaces, impacts and repercussions of workers’ health and their contributions to medicine. Through the search procedure, 42 publications were identified with the potential to support this manuscript. After evaluating the titles and abstracts, 18 articles were considered for full reading and, considering the inclusion criteria, they were able to support this reflection. These interpretations were guided by the understanding of the theme in the context of clinical nursing care supported by readings, reflections and discussion of the authors, guided by five themes: First industrial revolution: the use of steam in mechanical production; Second industrial revolution: large-scale production based on electricity; Third industrial revolution: machine programming; Fourth industrial revolution: Industry 4.0 and the origin of a new revolution; Main impacts of the industrial revolution in the context of health; Effects of air pollution on the human body. It is concluded that the Industrial Revolution had great relevance for today’s society and especially for the emergence of the technological revolution lived until the present day. Finally, the worker’s health suffers all the punishments imposed on the workforce. It is in this context that organizations fighting in defense of the rights of the working class need to develop strong actions to improve working conditions in medicine, aiming at better working conditions that, in turn, will reflect on better patient care.

Keywords: Medicine; Industrial Revolution; Worker’s health.

RESUMEN

La gran Revolución Industrial comenzó a darse a partir de 1760, en Inglaterra, en la industria textil, en un principio, por una razón relativamente fácil de entender: el rápido crecimiento de la población y la constante migración de hombres del campo a las grandes ciudades. terminó por causar un exceso de mano de obra en ellos. Se trata de un estudio descriptivo, cualitativo, del tipo análisis reflexivo, con el objetivo de reflexionar sobre las interfaces, impactos y repercusiones de la salud de los trabajadores y sus contribuciones a la medicina. A través del procedimiento de búsqueda, se identificaron 42 publicaciones con potencial para respaldar este manuscrito. Después de evaluar los títulos y resúmenes, 18 artículos fueron considerados para lectura completa y, considerando los criterios de inclusión, pudieron apoyar esta reflexión. Esas interpretaciones fueron guiadas por la comprensión del tema en el contexto del cuidado clínico de enfermería apoyado por lecturas, reflexiones y discusiones de los autores, guiadas por cinco temas: Primera revolución industrial: el uso del vapor en la producción mecánica; Segunda revolución industrial: producción a gran escala basada en la electricidad; Tercera revolución industrial: programación de máquinas; Cuarta revolución industrial: Industria 4.0 y el origen de una nueva revolución; Principales impactos de la revolución industrial en el contexto de la salud; Efectos de la contaminación del aire en el cuerpo humano. Se concluye que la Revolución Industrial tuvo gran relevancia para la sociedad actual y en especial por el surgimiento de la revolución tecnológica vivida hasta nuestros días. Finalmente, la salud del trabajador sufre todos los castigos impuestos a la fuerza de trabajo. Es en este contexto que las organizaciones que luchan en defensa de los derechos de la clase trabajadora necesitan desarrollar acciones contundentes para mejorar las condiciones de trabajo en la medicina, buscando mejores condiciones de trabajo que, a su vez, se reflejen en una mejor atención al paciente.

Palabras llave: Medicina; Revolución industrial; Salud del trabajador.

1 INTRODUÇÃO

A grande Revolução Industrial começou a acontecer a partir de 1760, na Inglaterra, no setor da indústria têxtil, a princípio, por uma razão relativamente fácil de entender: o rápido crescimento da população e a constante migração do homem do campo para as grandes cidades acabaram por provocar um excesso de mão-de-obra nas mesmas. Isto gerou um excesso de mão-de-obra disponível e barata – que permitiria a exploração e a expansão dos negócios que proporcionarão a acumulação de capital pela então burguesia emergente. Isto tudo, aliado ao avanço do desenvolvimento científico – principalmente com a invenção da máquina a vapor e de inúmeras outras inovações tecnológicas proporcionou o início do fenômeno da industrialização mundial (SILVA; KEMP, 2008; MAGALDI; NETO, 2018; SCHWAB, 2019; RIFKIN, 2021).

No século XVII, no ano de 1600, a população da Inglaterra passou de 4 milhões de habitantes para cerca de 6 milhões; no século seguinte, no ano de 1700, a população já beirava os 9 milhões de habitantes! Na Europa Continental, esse crescimento foi ainda mais rápido: na França, por exemplo, a população passou de 17 milhões, em 1700, para 26 milhões em 1800. O crescimento demográfico em tal escala proporcionou uma forte expansão dos mercados consumidores para bens manufaturados, especialmente vestuários (CAVALCANTE; SILVA, 2011; COGGIOLA, 2016).

Em 1851, já três quartos das pessoas ocupadas na manufatura trabalhavam em fábricas de médio e grande porte. Porém, a tecelagem continuou sendo uma indústria doméstica, até que surgiu a invenção de um tear mecânico, que era barato e prático. Com essas invenções, os tecelões manuais foram deslocados para as fábricas e, praticamente, com o passar do tempo, acabaram por desaparecer. As inovações introduzidas na indústria têxtil deram à Inglaterra uma extraordinária vantagem no comércio mundial dos tecidos de algodão, a partir de 1780. O tecido era barato e podia ser comprado por milhões de pessoas que jamais haviam desfrutado o conforto de usar roupas leves e de qualidade. Em 1760, a Inglaterra exportava 250 mil libras esterlinas de tecidos de algodão e, em 1860, já estava exportando mais de 5 milhões. Em 1760, a Inglaterra importava 2,5 milhões de libras-peso de algodão cru, e já em 1787 importava 366 milhões (MAGALDI; NETO, 2018; SILVA; SILVA, 2021).

É pertinente enfatizar que a Revolução Industrial, ocorrida na Inglaterra no século XVIII foi o grande precursor do capitalismo, ou seja, a passagem do capitalismo comercial para o capitalismo industrial. É fascinante, como a revolução industrial mudou a vida das pessoas daquela época e como até hoje seus reflexos continuam transformando o nosso dia a dia com a revolução tecnológica. A quem diz que a Revolução industrial foi Revolução tecnológica da época. Escritores consagrados como Adam Smith, Karl Marx, Eric Hobsbawm entre outros exploram a importância da Revolução Industrial e o surgimento do capitalismo moderno (CAVALCANTE; SILVA, 2011, MAGALDI; NETO, 2018).

Segundo alguns historiadores foram essa combinação das invenções no campo da indústria têxtil e a máquina a vapor, principalmente na indústria de mineração, dos transportes ferroviários e marítimos, que, num período de 100 anos (1770 a 1870), caracterizaram e promoveram a grande Revolução Industrial. O rápido crescimento da população no continente europeu e nas colônias, principalmente entre 1800 e 1850, fizeram com que, também, em outros países da Europa, se construísse um clima favorável à proliferação industrial. As invenções não resultam de atos individuais ou do acaso, mas de problemas concretos colocados para homens práticos (OLIVEIRA, 2004; SILVA; SILVA, 2021).

A Revolução Industrial concentrou os trabalhadores em fábricas. O aspecto mais importante, que trouxe radical transformação no caráter do trabalho, foi esta separação: de um lado, capital e meios de produção de outro, o trabalho. Os operários passaram os assalariados dos capitalistas. Uma das primeiras manifestações da Revolução foi o desenvolvimento urbano. Londres chegou ao milhão de habitantes em 1800. O progresso deslocou-se para o norte; centros como Manchester, abrigavam massas de trabalhadores, em condições miseráveis. Os artesãos acostumados a controlar o ritmo de seu trabalho, agora tinham de submeter-se à disciplina da fábrica. Passaram a sofrer a concorrência de mulheres e crianças (RIFKIN, 2021).

Na indústria têxtil do algodão, as mulheres formavam mais de metade da massa trabalhadora. Crianças começavam a trabalhar aos seis anos de idade. Não havia garantia contra acidente nem indenização ou pagamento de dias parados neste caso. A mecanização desqualificava o trabalho, o que tendia a reduzir o salário (MAGALDI; NETO, 2018).

A Revolução Industrial vai além da ideia de grande desenvolvimento dos mecanismos tecnológica aplicados à produção, na medida em que: consolidou o capitalismo; aumentou de forma rapidíssima a produtividade do trabalho; originou novos comportamentos sociais, novas formas de acumulação de capital, novos modelos políticos e uma nova visão do mundo; e talvez o mais importante, contribuiu de maneira decisiva para dividir a imensa maioria das sociedades humanas em duas classes sociais opostas e antagônicas: a burguesia capitalista e o proletariado (OLIVEIRA, 2004; RIFKIN, 2021; SILVA; SILVA, 2021).

Frente a ao supracitado, este manuscrito tem como objetivo, refletir sobre as interfaces, impactos e repercussões da saúde do trabalhador e suas contribuições para a medicina.

2 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo, qualitativo do tipo análise reflexiva, elaborado a partir revisão da literatura sobre os “interfaces, impactos e repercussões da revolução industrial para saúde do trabalhador: contributos para ótica da medicina”.

Para tanto, foi realizada uma revisão narrativa. Os estudos de revisão narrativa são publicações com a finalidade de descrever e discutir o estado da arte de um determinado assunto. Apesar de ser um tipo de revisão que conta com uma seleção arbitrária de artigos, é considerada essencial no debate de determinadas temáticas, ao levantar questões e colaborar para a atualização do conhecimento (ROTHER, 2007; BERNARDO, NOBRE JATENE, 2004).

Desse modo, a revisão foi realizada de forma não sistemática, com busca aleatória do material nas bases de dados da biblioteca virtual de saúde e Google Acadêmico, para responder a seguinte questão: quais os impactos da revolução industrial para a saúde do trabalhador?

Foram selecionados e analisados artigos publicado, com recorte temporal livre, nos idiomas português e que abordassem o tema e no intuito de adquirir maior aprofundamento e aproximação com o objeto de estudo para subsidiar as reflexões. A partir de então, foi realizada uma síntese qualitativa dos trabalhos analisados e considera-se que os critérios de busca e seleção estabelecidos foram satisfatórios para atender ao objetivo deste trabalho.

Cabe mencionar que os textos em língua estrangeira foram excluídos devido o interesse em embasar o estudo com dados do panorama brasileiro e os textos incompletos, para oferecer melhor compreensão através da leitura de textos na integra.

Por meio do procedimento de busca, foram identificadas 42 publicações com potencial para fundamentar este manuscrito. Após a avaliação dos títulos e resumos, 18 artigos foram considerados para leitura na íntegra e, contemplando os critérios de inclusão, puderam subsidiar a esta reflexão.

A apresentação das explanações e reflexões a serem tecidas se dará na forma de eixos condutores sobre o tema, advindos de interpretações da literatura e também, impressões reflexivas dos autores. Estas interpretações foram dirigidas pela compreensão do tema no contexto do cuidado clínico de Enfermagem subsidiado por leituras, reflexões e discussão dos autores, pautado por sete temáticas: Primeira revolução industrial: o uso do vapor na produção mecânica; Segunda revolução industrial: produção em grande escala baseada na eletricidade; Terceira revolução industrial: programação das máquinas; Quarta revolução industrial: a Indústria 4.0 e a origem de uma nova revolução; Principais impactos da revolução industrial no contexto da saúde; Efeitos da poluição atmosférica sobre o corpo humano.

3 ANALISE DE DADOS E RESULTADOS

3.1 Primeira Revolução Industrial: o uso do vapor na produção mecânica

A Primeira Revolução Industrial corresponde à primeira fase da Revolução Industrial, período caracterizado pelo grande desenvolvimento tecnológico iniciado na Europa e que, posteriormente, espalhou-se pelo mundo, provocando inúmeras e profundas transformações econômicas e sociais. A Primeira Revolução Industrial iniciou-se por volta de 1760, marcando a transição de um sistema feudal para o sistema capitalista, e durou até meados de 1850, quando, então, iniciou-se a segunda fase da Revolução Industrial (MOREIRA, 2005; PASQUINI, 2020).

Cabe mencionar que, a Primeira Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra, em meados do século XVIII, significou um período de grandes mudanças. Essas mudanças, ao longo dessa fase, estavam limitadas ao domínio inglês. Contudo, ao longo do desenvolvimento de novas tecnologias e aprimoramentos de técnicas, essas transformações espalharam-se pelo mundo todo, sendo, portanto, fundamental para entender a atual configuração da sociedade (MOREIRA, 2005; OLIVEIRA, 2006; PASQUINI, 2020).

Geograficamente, a Inglaterra era também privilegiada, sendo, dessa forma, um dos fatores mais decisivos para que o país progredisse nesse período. A Inglaterra possuía acesso ao comércio marítimo, facilitando a exploração de novos mercados e aumentando a zona de livre comércio. Ao tornar-se uma grande potência marítima, o país acabou acumulando capital que passou a ser investido nas fábricas (ALMEIDA; MARTINS, 2018; MAGALDI; NETO, 2018; SILVA; SILVA, 2021).

Outros fatores que também fizeram com que a Revolução Industrial fosse iniciada na Inglaterra foram: A abundância de recursos naturais, como o ferro, lã, carvão; a política dos cercamentos, que mudou a configuração das áreas rurais, introduzindo cercas para a criação pecuária e para a produção de matéria-prima. Essa política provocou um intenso êxodo rural, visto que exigia dos pequenos proprietários títulos das propriedades. Muitos não possuíam e acabavam sendo expulsos de suas terras; a política de cercamentos foi responsável também pela grande disponibilidade de mão de obra e sua consequente desvalorização (MAGALDI; NETO, 2018; PASQUINI, 2020).

A principal característica dessa fase é a mudança do processo produtivo. Anteriormente, o trabalho era feito por artesãos, mulheres, homens e crianças, que o desenvolvia em suas casas ou em oficinas. Com a Revolução Industrial, esse trabalho passou a ser desenvolvido em fábricas com a utilização de máquinas. Antes, a execução de trabalho que era feita manualmente demandava muito tempo, visto que os trabalhadores precisavam realizar todas as etapas do sistema produtivo (MOREIRA, 2005; OLIVEIRA, 2006).

Com o avanço tecnológico, foi possível desenvolver máquinas capazes de otimizar o tempo, possibilitar a produção em maior escala e, consequentemente, o aumento dos lucros. Nesse período, passa a existir o que conhecemos por “divisão do trabalho. Cada trabalhador passa, então, a exercer apenas uma etapa da produção e não todas as etapas (da matéria-prima à comercialização), como era feito anteriormente (MAGALDI; NETO, 2018; SILVA; SILVA, 2021).

Surge também o trabalho assalariado, ou seja, o trabalhador que antes controlava o processo produtivo, passa a ser um funcionário que recebe uma remuneração pela sua produção. Sendo assim, a mão de obra passa a ser vendida, significando o surgimento de novas relações de trabalho (MAGALDI; NETO, 2018; PASQUINI, 2020).

As políticas econômicas liberais adotadas passaram a possibilitar o progresso tecnológico e o aumento da produtividade (MAGALDI; NETO, 2018; SILVA; SILVA, 2021).

3.2 Segunda Revolução Industrial: produção em grande escala baseada na eletricidade

No século XIX, por volta de 1860, a Revolução Industrial assumiu novas características e uma incontida dinâmica, impulsionada por inovações técnicas, como a descoberta da eletricidade, a transformação de ferro em aço, o surgimento e o avanço dos meios de transporte e, mais tarde, dos meios de comunicação, o desenvolvimento da indústria química e de outros setores. Nascia, assim, a Segunda Revolução Industrial e, com ela, na busca de maiores lucros em relação aos investimentos feitos, levou-se ao extremo a especialização do trabalho; ampliou-se a produção, passando-se a produzir artigos em série, o que barateava o custo por unidade produzida. Surgiram as linhas de montagem, esteiras rolantes por onde circulavam as partes do produto a ser montado, de modo a agilizar a produção (ALMEIDA; MARTINS, 2018; MAGALDI; NETO, 2018; SILVA; SILVA, 2021).

Taylor e Ford foram os principais expoentes dessa nova forma de produção material dos bens de consumo. Cada qual desenvolveu suas teorias e práticas numa sociedade capitalista na qual a supremacia burguesa estava estabelecida na esfera econômica, o crescimento urbano era favorecido pelo êxodo rural acelerado e, desta forma, o aumento da classe operária era consequência natural. Ainda neste período, a política e a ideologia gravitavam entre dois polos: a burguesia industrial e o proletariado. Taylor, precursor do movimento denominado taylorismo que se iniciou na virada do século XIX para o século XX, introduziu a concepção do domínio do trabalho pelo capital através do controle das decisões que eram tomadas no decorrer do processo produtivo (MAGALDI; NETO, 2018; SILVA; SILVA, 2021).

Para ilustrar seus pressupostos, pode-se observar o relato do próprio Taylor acerca de uma de suas experiências: Schimidt começou a trabalhar, e durante todo dia, e a intervalos regulares, era dito pelo homem colocado acima dele para vigiar: Agora junte a sucata e ande. Agora sente e descanse. Agora ande – agora descanse, etc. Ele trabalhava quando lhe mandavam trabalhar, e descansava quando lhe mandavam descansar, e às cinco e meia da tarde tinha carregado 47,5 toneladas de carro (BRAVERMAN, 1977).

 Reafirmando, desta maneira, o que já foi explanado, o taylorismo caracteriza-se como uma forma avançada de controle do capital para elevar a produtividade do trabalho, sobre processos de trabalho nos quais o capital depende da habilidade do trabalhador. Isto, segundo Taylor, só seria possível através do controle de todos os tempos e movimentos do trabalhador, ou seja, do controle de todos os passos do trabalho vivo. Ainda, para o movimento taylorista, o essencial seria a divisão do trabalho entre direção e execução. Não serão os mesmos que concebem e planejam que irão realizar as tarefas (ALMEIDA; MARTINS, 2018; MAGALDI; NETO, 2018; SILVA; SILVA, 2021).

Trata-se nada menos que expropriar aos trabalhadores seu saber, de confiscar o saber sistematizado em benefício do capital, traduzindo, desta forma, a separação entre trabalho manual e intelectual. Sendo assim, num momento histórico mais avançado do capitalismo, a dependência do trabalho vivo era vista pelo capital de forma adversa àquela referendada por Marx, isto é, ao invés de se subordinar o trabalho vivo ao trabalho morto como ele abordava, o taylorismo objetivava dominar o trabalho vivo, os seres humanos, e tê-los como auxiliares, como “máquinas” a serviço do capital. Desta forma, o capital ganhava dos dois lados (MAGALDI; NETO, 2018; SILVA; SILVA, 2021).

As relações estabelecidas entre os pressupostos de Marx, elaborados no contexto da primeira Revolução Industrial no século XIX, e as teorias de Taylor e Ford, direcionadas para uma situação tecnológica deveras mais avançada dos modos de produção, têm sido objeto de estudo de vários pesquisadores, quer no campo da economia, administração, psicologia e educação. Portanto, como recurso inovador, essa pesquisa recorre às proposições de Foucault (1983), filósofo francês do século XX, que trata dessas questões de forma peculiar e única, trazendo uma nova perspectiva de análise para as relações de trabalho, homem, sociedade e educação. Foucault abordou a questão da administração do homem ao trabalhar o conceito dos “corpos dóceis”. O controle do corpo e a disciplina eram um alvo a ser atingido pelos detentores do poder, quer no ambiente de trabalho, quer nos espaços educacionais (CAMARGO; LUZ, 2021).

Conforme este autor, os homens deveriam comportar-se de acordo com o tempo e espaços determinados assim como obedecerem às regras impostas pela sociedade ou pelo local em que estavam inseridos provisoriamente. Isso, para Foucault, era denominado de “normalização”. Para conseguir esse poder disciplinar, o autor abordou duas tecnologias: as tecnologias de dominação e as tecnologias do eu. As primeiras representavam as que estavam postas pela sociedade como regras e normas a serem seguidas, muitas vezes explícitas e outras dissimuladas (ALMEIDA; MARTINS, 2018).

 As segundas eram aquelas em que o indivíduo construía sua identidade via discurso, no convívio com os outros, ouvindo as diversas experiências por meio do diálogo, aceitando ou não a possibilidade de transformação do seu modo de pensar e/ou agir. Para Foucault, os homens não eram o que eram; genuinamente, eram o que a sociedade construía historicamente através das tecnologias analisadas por ele. Desta forma, o controle social que antes era realizado por um sujeito determinado, gerando a heteronomia, passava a ser praticado pelo próprio indivíduo que se autorregulava, gerando a autonomia (BRAVERMAN, 1977; MAGALDI; NETO, 2018; SILVA; SILVA, 2021).

Para o contexto tratado na pesquisa, a teoria foucaultiana poderia ser apreciada como algo que estava implícito no modo de produção da segunda revolução industrial. Os operários eram vigiados, tinham que obedecer a regras e apresentar determinada produção dentro de um tempo rigidamente cronometrado. Poder-se-ia, então, afirmar que, desde esse período, a autonomia já estava legitimada enquanto tecnologia do eu, pois os homens eram educados para produzir em larga escala e condicionados seus movimentos às necessidades das máquinas. Entretanto, Foucault previu que, desta maneira, haveria maior possibilidade de resistência por parte do sujeito, já que por meio do discurso, no confronto das narrativas, das questões suscitadas e discutidas, além de formar sua identidade ele ainda teria elementos para lutar contra a dominação e a exploração social (SILVA; SILVA, 2021).

 No período da Segunda Revolução Industrial, os homens, influenciados pela ideologia de expansão dos mercados de trabalho e de necessidade crescente de mão – de – obra, submeteram-se quase sem resistência aos ditames do capital. Provavelmente estas resistências só se deram de forma mais efetiva quando os sindicatos dos trabalhadores se impuseram como uma opção para discussões e reivindicações da classe (ALMEIDA; MARTINS, 2018).

No entanto, o pensamento foucaultiano não deixou de explorar os modelos de poder nas várias sociedades e de esclarecer a arte de distribuições disciplinares. Enfatizou a estrutura espacial e a colocação dos indivíduos nesse espaço de forma a domar os corpos. Introduziu o conceito de horário como forma de controle e poder; portanto, tempo medido e pago deveria ser um tempo sem impurezas nem defeito no qual o corpo deveria estar aplicado durante todo seu transcurso. Foucault afirmou que o tempo integrado à disciplina era linear, obedecia a uma sequência, a uma seriação e a um término, porém de forma evolutiva como manifestação do poder na História (MAGALDI; NETO, 2018).

 Já o fordismo, movimento iniciado por Henry Ford no século XX, apresentava suas especificidades e caracterizava-se, como uma socialização da proposta de Taylor, pois, enquanto este procurava administrar a forma de execução de cada trabalho individual, o fordismo realizava isso de forma coletiva, ou seja, a administração pelo capital da forma de execução das tarefas individuais se dava de uma forma coletiva, pela via da esteira. Nesta concepção de desenvolvimento do trabalho, havia a submissão do trabalho vivo ao trabalho morto, como tratou Marx ao analisar as maquina faturas (MAGALDI; NETO, 2018; ALMEIDA; MARTINS, 2018).

De acordo com as considerações de Moraes Neto: Pode-se aplicar sem restrições para a linha de montagem a colocação feita por Marx para a manufatura: A maquinaria específica do período da manufatura é, desde logo, o próprio trabalhador coletivo, produto da combinação de muitos trabalhadores parciais. Sempre que a produção se fundamente no trabalho parcelado, tem-se um “mecanismo (…) que descansa sobre a premissa de que em um tempo de trabalho dado se pode alcançar um resultado dado”. A questão é, para Ford, o maior resultado possível num tempo de trabalho dado. Marx já colocava, para a manufatura, que a interdependência direta dos trabalhadores permitia o estabelecimento de uma intensidade do trabalho sem precedentes. Ford leva essa característica do trabalho manufatureiro ao paroxismo, procurando o limite da potencialidade produtiva do trabalho parcelado (ALMEIDA; MARTINS, 2018).

Estavam, portanto, fixadas as bases do progresso tecnológico e científico, visando à invenção e ao aperfeiçoamento constantes de novos produtos e técnicas para o maior e melhor desempenho industrial. De forma particular e específica, essas características se estenderam até a atualidade, na procura de atender ao sistema capitalista hegemônico de um mundo globalizado. Tanto a revolução vivenciada e analisada por Marx no século XIX, quanto a Segunda Revolução Industrial influenciada pelas concepções e especificidades das teorias de Taylor e Ford, promoveram transformações nos aspectos socioeconômicos, culturais e educacionais do período em que se deram (MAGALDI; NETO, 2018; ALMEIDA; MARTINS, 2018).

3.3 Terceira Revolução Industrial: programação das máquinas

O processo de desenvolvimento da sociedade capitalista moderna simultaneamente ao avanço tecnológico teve, até a década de 1970, capacidade de não só manter, mas aumentar o ritmo da acumulação do capital. No entanto, características diferentes se apresentam após esse período. O uso da maquinaria cada vez mais poupadora de mão de obra no setor produtivo/manufatureiro, as novas formas de organização industrial, os desdobramentos da financeirização global, a adoção em maior grau de desregulamentações financeiras e o advento das tecnologias da informação aparecem como particularidades suficientes para considerar a superação do paradigma Fordista Taylorista até o fim da década de 1970 (FALEIROS, 1999; PAULO, 2020).

A Terceira Revolução Industrial corresponde ao período após Segunda Guerra Mundial em que o aprimoramento e os novos avanços no campo tecnológico passaram a abranger o campo da ciência, integrando-o ao sistema produtivo. Essa fase da Revolução Industrial é também conhecida como Revolução Técnico-Científica-Informacional (MEDEIROS; ROCHA, 2004).

As indústrias que desenvolveram alta tecnologia começaram a se sobressair em relação às indústrias que se destacavam nas fases anteriores da Revolução Industrial, como a metalurgia, siderurgia e a indústria de automóveis (PILATTI; LIEVORE, 2018).

Assumiram posição de destaque, nesse momento, a robótica, genética, informática, telecomunicações, eletrônica, entre outros. Os estudos desenvolvidos nessas áreas acabaram modificando todo o sistema produtivo, visto que o objetivo era produzir mais em menos tempo, empregando tecnologias avançadas e qualificando a mão de obra que assumiu a liderança em todas as etapas de produção, comercialização e gestão das empresas envolvidas na fabricação e comércio dos bens produzidos (FALEIROS, 1999; PAULO, 2020; MEDEIROS; ROCHA, 2004; PAGLIONE; IORIO; CATALDI, 2021).

Além de novas invenções, muitas criadas para servir à Segunda Guerra Mundial, houve também aprimoramento de invenções mais antigas. Tudo isso associado ao processo produtivo. Máquinas mais eficientes, instrumentos mais precisos e a introdução de robôs alteraram o modo de organização da indústria, possibilitando o aumento da produção e dos possíveis lucros, diminuindo os gastos com mão de obra, bem como diminuindo o tempo que se levaria até a fabricação do produto final (PAGLIONE; IORIO; CATALDI, 2021).

A Terceira Revolução Industrial também foi responsável pelo aumento de multinacionais, o crescimento acelerado das economias e consolidou o capitalismo financeiro enquanto passou a determinar as estratégias que permeiam o mercado de finanças. As indústrias dispersaram-se pelo mundo, instalando-se em países periféricos em virtude das vantagens econômicas oferecidas (PILATTI; LIEVORE, 2021).

Apesar de todos os pontos positivos citados, essa fase da revolução também trouxe consequências negativas. O avanço tecnológico também mudou a relação do homem e o meio ao passo que transformou o processo produtivo. Produzir mais em menor tempo demanda o uso cada vez mais intenso dos recursos naturais (SAKURAI; ZUCHI, 2018).

Essa nova característica do sistema produtivo tem preocupado muitos ambientalistas e estudiosos. Os recursos naturais estão sob ameaça, dessa forma, as gerações futuras podem sofrer as consequências. É necessário buscar um desenvolvimento sustentável e aplicá-lo ao sistema produtivo (PILATTI; LIEVORE, 2018).

A desvalorização da mão de obra também pode ser vista nessa fase. A substituição da manufatura pela máquina fatura foi responsável por uma maior exploração do trabalho, possibilitando a existência de novas relações entre empregador e empregado. Aumentou-se, então, o desemprego, assim como os trabalhos informais (PAULO, 2020; MEDEIROS; ROCHA, 2004; PAGLIONE; IORIO; CATALDI, 2021).

Entretanto, o declínio das taxas anuais do aumento da produtividade do trabalho aparece como um problema aos setores produtivos das economias modernas. Assim, considerando o advento da terceira revolução industrial, o que se nota é uma maior dificuldade à sustentação dos níveis históricos da taxa de lucro, tendendo à ocorrência de uma estagnação secular desta última, como foi descrito por Marx n’O Capital ao tratar da lei tendencial da queda da taxa de lucro. Como consequência dessa questão o que se percebe é a ocorrência de problemas socioeconômicos cada vez mais frequentes para a sociedade moderna (PILATTI; LIEVORE, 2018; PAULO, 2020).

Com a ascensão da microeletrônica notamos uma reestruturação produtiva no emprego da tecnologia de forma diferenciada que se mostra impactante nas relações sociais atuais, por meio, principalmente, de um menor emprego da força humana diretamente nos processos produtivos, sendo esta substituída com facilidade pela robótica. Essa reestruturação produtiva diz respeito à terceira revolução industrial, caracterizada aqui pela visão convencional de autores brasileiros que descrevem as novas práticas e técnicas (além dos efeitos gerados com tais alterações) na esfera produtiva, provenientes dessa nova fase da organização industrial mundial (PAULO, 2020).

3.4 Quarta Revolução Industrial: a Indústria 4.0 e a origem de uma nova revolução

O conceito de Quarta Revolução Industrial foi dado em 2016 por Klaus Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial, em uma obra homônima. Portanto, nada melhor do que ir às suas páginas para encontrar uma definição: Quarta Revolução Industrial gera um mundo no que os sistemas de fabricação virtuais e físicos cooperam entre si de uma maneira flexível a nível global.Porém, não consiste somente em sistemas inteligentes e conectados. Seu alcance é mais amplo e vai desde o sequenciamento genético até a nanotecnologia, e das energias renováveis à computação quântica. É a fusão destas tecnologias e sua interação por meio dos domínios físicos, digitais e biológicos que fazem com que a Quarta Revolução Industrial seja diferente das anteriores (MAGALHÃES; VENDRAMINI, 2018; SCHWAB; DAVIS, 2019).

Pouco mais de 200 anos desde a primeira Revolução Industrial, significativos avanços tecnológicos vêm alterando a organização econômica, política e social das sociedades ao redor do globo. A quarta Revolução Industrial – com progressões de tal ordem que impactarão a escala, o escopo e a complexidade dos negócios – soma-se às pressões por sustentabilidade, alterando profundamente os drivers de competitividade dos negócios no século XXI. Para a economia brasileira, os desafios da sustentabilidade e da quarta Revolução Industrial representam importantes fontes de riscos e de oportunidades. O país possui políticas públicas associadas a questões socioambientais, como, por exemplo, a Política Nacional de Mudança do Clima e as metas de redução de gases do efeito estufa, assumidas no âmbito do Acordo de Paris. Além disso, sua relação entre economia e meio ambiente é fundamental: o agronegócio é responsável por 40% do faturamento das exportações. O Brasil também conta com a maior extensão de florestas tropicais e a segunda maior cobertura florestal do mundo. Por outro lado, questões estruturais têm dificultado o crescimento da produtividade e levado ao declínio da capacidade industrial no país (MAGALHÃES; VENDRAMINI, 2018).

Por volta de 2014, a indústria vivencia outro giro de 180º: surgem as fábricas inteligentes e a gestão online da produção. Retornando a Schwab, no seu livro A Quarta Revolução Industrial, o economista alemão traduzia em palavras o que se aproximava: “Estamos à beira de uma revolução tecnológica que modificará a forma que vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Em uma escala de alcance e complexidade, a transformação será diferente de qualquer coisa que o gênero humano já experimentou antes. E efetivamente está sendo assim por três motivos com os quais os especialistas estão de acordo: sua velocidade, seu alcance e seu impacto sem precedentes (SCHWAB; DAVIS, 2019).

Qualquer revolução, de qualquer natureza, implica vantagens e desvantagens, desafios e oportunidades, incertezas e certezas. As vantagens, no caso da Quarta Revolução Industrial, são evidentes: melhoria da produtividade, a eficiência e qualidade nos processos, da segurança para os trabalhadores pela redução de empregos em locais perigosos, ao contar com ferramentas que nos permitem tomar decisões baseadas em dados, da competitividade ao desenvolvermos produtos personalizados que satisfazem as necessidades dos consumidores (MAGALHÃES; VENDRAMINI, 2018).

Em relação aos inconvenientes, os especialistas apontam: a enorme velocidade das mudanças e sua adaptação às mesmas, os crescentes riscos cibernéticos que obrigam a redobrar a cibersegurança, a alta dependência tecnológica e a denominada exclusão digital, a falta de pessoal qualificado, etc. Em relação a este último ponto, convém lembrar o profundo impacto da Indústria 4.0 sobre o emprego como um dos grandes desafios da Quarta Revolução Industrial. No início do processo, um relatório da McKinsey Global afirmava que até 2030 seriam perdidos 800 milhões de trabalhos como consequência da robotização. No entanto, isso também pode se converter em uma oportunidade, já que com o aparecimento de novas tecnologias surgem novas profissões que criam milhões de postos de trabalho em setores emergentes (PEDROZA FLORES, 2018; FÜHR, 2022).

3.5 Principais Impactos Da Revolução Indutrial No Contexto Da Saúde

As determinações sociais da saúde (DSS) são um conjunto de fatores sociais, econômicos, culturais, étnico/raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e os fatores de risco na população. Os estudos em DSS buscam entender os mecanismos de produção das iniquidades em saúde (BUSS; FILHO, 2007).

Reforçada na histórica lei nº 8.080 de 19 de setembro de 1990 ,conquista do Movimento Sanitário Brasileiro, e amplamente discutido na 8a Conferência Nacional de Saúde, “a saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais; os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do País (BRASIL, 1990).

A revolução industrial iniciada no século XVIII moldou as sociedades industriais contemporâneas, cenário no qual a população está inserida, sendo portando um dos fatores sociais que determinam a saúde (ONU BRASIL, 2020). No momento em que os produtores artesanais passam a formar a classe de trabalhadores assalariados e novas fontes de energia são instauradas, como a vapor; a combustão, proveniente de fontes renováveis ou não (carvão, petróleo); entre outras, temos alterações nas relações sociais e nas bases técnicas das atividades, que envolvem a ciência, a tecnologia e a mercantilização (FRANCO; DRUCK, 1998; NEDER, 1994; OLIVEIRA et al., 2020). Há uma relação histórica muito forte entre os riscos industriais, o meio ambiente e a saúde da população (FRANCO; DRUCK, 1998). Podemos citar o primeiro caso que levou às autoridades em saúde a tomarem medidas em relação à qualidade do ar: em 1952 a cidade de Londres ficou encoberta por uma densa névoa de fumaça proveniente das fábricas, sendo responsável por matar mais de 12 mil pessoas por envenenamento, esse fenômeno ficou conhecido como smog (LONDRES, 2020; POTTI; ESTRELA, 2017). Tendo como premissa

A relação entre o ambiente intra e extrafabril sempre foi muito estreita, e essa noção se evidência ainda mais nos países periféricos onde há um desprovimento generalizado de informação, bem como uma cultura de segurança ambiental e industrial mais vulnerável, ou seja, os danos causados pelas fábricas vão além da sua estrutura física e os efeitos não se limitam ao tempo do acidente. E os principais problemas ambientais em razão de poluentes químicos são frutos dos padrões de industrialização iniciados nesse período (FRANCO; DRUCK, 1998; OLIVEIRA et al., 2020). Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgados também pela Organização das Nações Unidas (ONU, 2019), doenças relacionadas à poluição do ar matam 7 milhões de pessoas por ano.

Em 2016, 600 mil crianças perderam a vida em decorrência de infecções respiratórias agudas causadas por poluição do ar. Já em 2018 foi constatado que 93% das crianças do mundo – menores de 15 anos – são expostas a graves riscos de saúde e desenvolvimento por respirarem um ar tão poluído. Esse setor da sociedade se torna mais vulnerável a esse fator por respirar mais rápido que os adultos, além de se manterem mais próximos ao solo onde há maior concentração desses poluentes (OPAS, 2018). Neste mesmo ano foi realizada a primeira Conferência Global sobre Poluição do Ar e Saúde, sendo organizada pela OMS em conjunto com a ONU, Meio Ambiente e outros parceiros (ONU, 2019).

Se os padrões de consumo e produção forem mantidos não haverá sustentabilidade para esse sistema, e a reestruturação destes padrões depende da existência e da participação de membros da sociedade que se reconheçam com tal e que possuam visibilidade (FRANCO; DRUCK, 1998; OLIVEIRA et al., 2020). As relações de co-desenvolvimento entre homem e natureza precisam ser redefinidas e a verdadeira escolha se dá entre as formas de desenvolvimento que são sensíveis ou não às questões ambientais (NEDER, 1994; OLIVEIRA et al., 2020).

Apesar dos efeitos da poluição terem sido descritos desde a antiguidade, somente com o advento da revolução industrial a poluição passou a atingir a população em grandes proporções. A rápida urbanização verificada em todo o planeta trouxe um grande aumento no consumo de energia e também de emissões de poluentes provenientes da queima de combustíveis fósseis por fontes fixas, como as indústrias, e por fontes móveis, como os veículos automotores. Atualmente, aproximadamente 50% da população do planeta vivem em cidades e aglomerados urbanos e estão expostas a níveis progressivamente maiores de poluentes do ar. A outra metade, principalmente nos países em desenvolvimento, utiliza combustíveis sólidos derivados de biomassa (madeira, carvão vegetal, esterco animal seco e resíduos agrícolas) e combustíveis líquidos, em menor proporção, como fonte de energia para cocção, aquecimento e iluminação.

Na década de 80, a taxa de urbanização brasileira atingiu a marca de 68,9%. Hoje, esse fato pode ser percebido por meio de diversos fatores, sendo um deles a qualidade do ar e sua possível repercussão nas doenças respiratórias. Devido à grande área de contato entre a superfície do sistema respiratório e o meio ambiente, a qualidade do ar interfere diretamente na saúde respiratória. Além disso, uma quantidade significante dos poluentes inalados atinge a circulação sistêmica através dos pulmões e pode causar efeitos deletérios em diversos órgãos e sistemas, além das infecções de vias aéreas (SANTOS et al., 2019).

Para o Brasil, a Organização Mundial da Saúde estima que a poluição atmosférica cause cerca de 20 mil óbitos/ano, valor cinco vezes superior ao número de óbitos estimado pelo tabagismo ambiental/passivo, e 10,7 mil óbitos/ano decorrentes da poluição do ar em ambientes internos (SANTOS et al., 2019).

A poluição atmosférica tem afetado a saúde da população, mesmo quando seus níveis se encontram aquém do que determina a legislação vigente. As faixas etárias mais atingidas são as crianças e os idosos, grupos bastante suscetíveis aos efeitos deletérios da poluição. Alguns estudos mostraram uma associação positiva entre a mortalidade e também entre a morbidade devido a problemas respiratórios em crianças (SANTOS et al., 2019).

3.6 Efeitos Da Poluição Atmosférica Sobre O Corpo Humano

A poluição atmosférica gera uma enorme degradação da qualidade de vida da população, provocando uma série de doenças respiratórias, cardiovasculares e neoplasias. Deve-se ressaltar que essas três categorias de morbidade compõem as principais causas de morte nos grandes centros urbanos. Além disso, ainda acarretam um decréscimo no sistema imunológico do indivíduo, tornando-o mais susceptível às infecções agudas (SANTOS et al., 2019).        

Os mais afetados pela baixa qualidade do ar são as crianças, os idosos e as pessoas com problemas respiratórios (bronquite, asma e alergias). Hoje vale mencionar que boa parte da população dos grandes e médios centros urbanos é composta por idosos e crianças, justamente o grupo mais suscetível aos efeitos nocivos da poluição. Em crianças, a poluição atmosférica pode resultar em significativas ausências à escola, diminuição nas taxas de peak flow (Eficácia da função pulmonar, indicando quão abertas estão as vias respiratórias ou quão difícil é respirar), e aumento do uso de medicamentos em indivíduos que sofrem de asma. Nas pessoas normais, sejam elas adultas, crianças, ou idosos, a poluição ocasionara mudanças no sistema imunológico (Martins, 2002), além da deterioração da qualidade de vida, ocasionando mais idas a centros médicos, faltas na escola e/ou trabalho, além da restrição a prática de atividades físicas ao ar livre (SANTOS et al., 2019).

Mas quais doenças e/ou sintomas em específico podemos adquirir ao estarmos diariamente expostos ao ar poluído dos grandes centros urbanos. Vejam-se alguns deles listados abaixo:

Espirro, Tosse e ativação do aparelho muco-ciliar – ocorre quando inalamos material particulado, que atinge as vias aéreas inferiores, por ser uma partícula inalável. É um tipo de poluente com capacidade de transportar gases adsorvidos até as porções mais distas das vias, onde são efetuadas as trocas de gases no pulmão. Os mecanismos de defesa próprio dos organismos são o espirro, tosse e o aparelho muco-ciliar, causando assim um mal-estar ao indivíduo (SANTOS et al., 2019).

Lesões nas células das Vias Aéreas – Causadas pelo Ozônio (O3), que é um potente oxidante, estas lesões se dão nas mais distas porções das vias respiratórias, gerando três respostas pulmonares: tosse, dor retroesteral à inspiração e decréscimo da capacidade ventilatória forçada (SANTOS et al., 2019).

Irritações do Trato Respiratório – Causadas pelos aerossóis ácidos, ocasionam dor, tosse e desconforto ao indivíduo (SANTOS et al., 2019).

Altos Níveis de Carboxihemoglobina – Causado pelo acúmulo de monóxido de carbono, tem como sua principal fonte o transito urbano. É comumente associado a intoxicações, focando seus efeitos principalmente sobre o coração (SANTOS et al., 2019).

Câncer do Pulmão – Ocasionado não apenas pelo hábito de fumar, mas também pelo simples fato de viver em locais onde os índices de poluição atmosférica são acima do suportado pelo organismo. É uma das doenças com maiores índices de mortalidade e também um dos tipos de câncer mais comuns em todo o mundo;

Asma – Asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas. O pulmão do asmático é diferente de um pulmão saudável, como se os brônquios dele fossem mais sensíveis e inflamados – reagindo ao menor sinal de irritação (SANTOS et al., 2019).

Rinite e Bronquite – Rinite é um tipo de alergia que se manifesta no nariz e nos olhos, enquanto que a bronquite, que pode ser aguda ou crônica, é uma inflamação dos brônquios (SANTOS et al., 2019).

Distúrbios de Ansiedade, Mal de Parkinson e Alzheimer – A inalação a longo prazo de partículas de metais poluentes e tóxicos, como mercúrio, cádmio e compostos de chumbo, podem dar origem a distúrbios de ansiedade e doenças como Alzheimer e Parkinson (SANTOS et al., 2019).

Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) – Os pacientes com DPOC grave têm falta de ar ao praticarem atividades físicas, necessitando de internação hospitalar com certa frequência. Entre as complicações da doença estão o desenvolvimento de arritmias, necessidade de máquina de respiração e oxigenoterapia, insuficiência cardíaca no lado direito ou cor pulmonale (inchaço do coração ou insuficiência cardíaca devido à doença pulmonar crônica), pneumonia, pneumotórax, perda de peso ou desnutrição grave e osteoporose (SANTOS et al., 2019).

Poluição e DPOC – Os pacientes portadores de DPOC são particularmente vulneráveis ao estresse adicional em vias respiratórias causado por diferentes agentes agressores. O tabagismo é reconhecido como o mais importante fator para o desenvolvimento da DPOC, principalmente nos países desenvolvidos. Entretanto, nos últimos 10 anos, cresceu o número de estudos que sugerem que há outros fatores de risco além do tabagismo na gênese da DPOC (SANTOS et al., 2019).

Esses fatores incluem a exposição aos poluentes do ar em ambientes internos e externos, ambientes de trabalhos com poeira e fumaça, história de infecções respiratórias de repetição na infância, assim como história de tuberculose pulmonar, asma crônica, retardo do crescimento intrauterino, alimentação deficiente e baixo nível socioeconômico. A exposição ao ar poluído associa-se ao aumento de morbidade respiratória por DPOC, que inclui aumento de sintomas respiratórios e diminuição da função pulmonar, sendo causa frequente de exacerbações que provocam visitas aos serviços de emergência ou hospitalização. A queima de biomassa em ambientes internos é uma causa significante de DPOC em mulheres tabagismo apresentam enfisema e metaplasia das células caliciformes mais frequentemente do que aquelas expostas à queima de biomassa, essas últimas apresentam maior espessamento do septo interlobular, maior deposição de pigmentos no parênquima pulmonar, mais fibrose nas paredes das pequenas vias aéreas e maior espessamento da camada íntima da artéria pulmonar (SANTOS et al., 2019).

3.7 Interfaces Da Revolução Industrial Para Saúde Do Trabalhador Na Ótica Da Medicina

O campo da Saúde do Trabalhador (ST) no Brasil é resultante de um patrimônio acumulado no âmbito da Saúde Coletiva, com raízes no movimento da Medicina Social latino-americana e influenciado significativamente pela experiência operária italiana (SANTANA; NOBRE, 2019).

O avanço científico da Medicina Preventiva, da Medicina Social e da Saúde Pública, durante os anos 1960/70, ampliou o quadro interpretativo do processo saúde-doença, inclusive em sua articulação com o trabalho. Essa nova forma de apreender a relação trabalho-saúde e de intervir no mundo do trabalho introduz, na Saúde Pública, práticas de atenção à saúde dos trabalhadores, no bojo das propostas da Reforma Sanitária Brasileira. Configura-se um novo paradigma que, com a incorporação de alguns referenciais das Ciências Sociais – particularmente do pensamento marxista – amplia a visão da Medicina do Trabalho e da Saúde Ocupacional. Algumas publicações referem essa trajetória sistematizam determinadas práticas ou expõem diferenças conceituais e metodológicas da Saúde do Trabalhador com a Medicina do Trabalho e a Saúde Ocupacional (SANTANA; NOBRE, 2019).

As questões advindas da relação saúde-trabalho evoluíram de maneira exacerbada, impulsionando a mudança capazes de solucionar as demandas das classes sociais e operarias. Em paralelo com a Revolução Industrial, a Medicina do Trabalho surge como uma especialidade médica. Onde o serviço prestado pela medicina do trabalho era realizado por pessoal de inteira confiança do proprietário da empresa, defendendo seus interesses acima de tudo (MONTEIRO, 2020)

A saúde do trabalhador configura-se como um campo de práticas e de conhecimentos estratégicos interdisciplinares – técnicos, sociais, políticos, humanos -, multiprofissionais e interinstitucionais, voltados para analisar e intervir nas relações de trabalho que provocam doenças e agravos. Seus marcos referenciais são os da Saúde Coletiva, ou seja, a promoção, a prevenção e a vigilância (SANTANA; NOBRE, 2019).

Durante a Revolução Industrial os locais onde os trabalhadores exerciam suas atividades eram lugares degradantes, não possuíam as mínimas condições de higiene e segurança. Os operários das fábricas não possuíam direitos, recebiam salários irrisórios, os locais de trabalho não tinham as mínimas condições de higiene; as crianças tinham que trabalhar e não havia regulamentação das jornadas de trabalho (MONTEIRO, 2020; GUADALUPE, 2021).

Desta forma o surgimento da medicina do trabalho, centrada na atuação médica se mantém até os dias atuais, dentro de um enfoque biologicista e individual, buscando a causa das doenças e acidentes de trabalho com uma abordagem uni causal (SILVA; FERNANDES, 2022).

A medicina do trabalho antes vista como um mecanismo para tratar apenas as doenças que surgiam em decorrência das atividades laborais, tratava a doença, recuperado a saúde do trabalhador ou diminuindo as sequelas com o objetivo de melhorar a produtividade, ou seja, tratava as doenças e acidentes provenientes dos riscos (GUADALUPE, 2021).

No período pós-guerra, a economia estava se reacendendo e, a mão de obra antes em declínio, assumia novamente os postos de trabalho, surgindo assim, uma nova relação de saúde e trabalho, nomeada de saúde ocupacional ((ESTANISLAU et al., 2019; GUADALUPE, 2021).

Com as transformações iniciadas pela Revolução Industrial, a era da informatização vem se expandindo de modo bastante acelerado e, ao longo da última década, nota-se um grande crescimento no mercado de dispositivos móveis como smartphones e tablets. O aparecimento de modelos com preços mais acessíveis, grande poder computacional, a mobilidade oferecida e o imediatismo das informações possibilitaram a popularização desses dispositivos em diversas camadas da sociedade, o que os transformou em uma importante ferramenta atualmente (ESTANISLAU et al., 2019).

Nesse novo paradigma de saúde, onde a tecnologia é inserida como instrumento de auxílio a médicos, pacientes e gestores, os dados de um enfermo não são mais inscritos em papel  e enviados  ao  arquivo pessoal do  médico,  mas  inseridos  num  prontuário  eletrônico unificado, onde são compartilhados com outros profissionais em tempo real, permitindo uma análise preditiva da situação da pessoa em consulta; cidadãos que precisam de atendimento de urgência poderão ser orientados com maior precisão por serviços que consideram seu perfil de saúde e encaminhados aos centros de saúde mais próximos, por terem seus dados on-line; os novos profissionais precisarão conhecer e compreender como a inteligência artificial funciona e os auxilia  na  realização  de  suas  atividades,  exigindo  uma  remodelagem  das  escolas  de medicina  e  dos  métodos  de  ensino  até  aqui  adotados;  a  remuneração  de  médicos  e enfermeiros  terá  de  ser  reavaliada,  para  considerar  as  novas  práticas  que  estão  se desenhando (ALMEIDA LUDOVINO; ALMEIDA; AZEVEDO; 2021).

Todos estes  pontos  não  procuram  fazer  substituir  os  profissionais  de  saúde  pela tecnologia,  mas de fazer dela um instrumento real de eficiência naquilo que é o propósito máximo da medicina: tratar o paciente na sua integralidade, com qualidade, equidade e de maneira sustentável, de modo que os instrumentos tecnológicos não sejam utilizados com o único propósito de cortar custos e gerar lucro, mas sim integrar os avanços digitais a um processo mais abrangente de acesso aos recursos da medicina e promoção da saúde.

O avanço da tecnologia contribuiu para um aumento da capacidade de processamento de dados e uma diminuição dos custos desse processamento e, como isso, auxilia o desenvolvimento da inteligência artificial da criação do prontuário eletrônico de saúde e da telemedicina.  Explicando cada um desses elementos, demonstram como sua aplicação na saúde vem promovendo uma mudança de paradigma e contribuem para a implementação de políticas de prevenção e acompanhamento de morbidades (ANDRADE; MENDONÇA CRUZ, 2021).

A utilização dessas ferramentas, tanto por profissionais como estudantes, tem como finalidade auxiliá-los nos atendimentos diários, minimizando possíveis falhas que possam vir a ocorrer na tomada de decisão clínica por falta de acesso a informações atualizadas6,9,10. Além disso, muitos estudantes utilizam os aplicativos para aumentar a experiência perante determinado assunto acadêmico ou fazer anotações de casos, com o intuito de melhorar seu aprendizado no ambiente clínico e apresentar um bom desempenho. Inclusive, foi observado em um estudo com graduandos em medicina, que quase 90% dos participantes usavam aplicativos de celular (ESTANISLAU et al., 2019).

O uso de aplicativos quando feito de forma consciente pode trazer ótimos benefícios na conduta perante um paciente. No entanto, quando esses recursos passam a ter uma importância maior do que os pacientes em si, diminuindo assim a atenção dada aos mesmos, prejudicam a relação profissional paciente, sendo apontados como negativos por, diminuir o acolhimento e humanização do profissional médico (ESTANISLAU et al., 2019; ALMEIDA LUDOVINO; ALMEIDA; AZEVEDO; 2021).

4 CONCLUSÃO

A Revolução Industrial teve grande relevância para a sociedade atual e principalmente para o surgimento da revolução tecnológica vivida até os dias atuais. É certo que além de toda tecnologia, produção em massa, entre outros avanços trouxeram grandes problemas e o mundo conheceu o capitalismo e a busca pelo lucro, sem respeito às vidas humanas. Em face aos problemas surgiram movimentos revolucionários, para tentar melhorar as condições de vida dos trabalhadores, movimentos estes inspirados na Revolução Francesa e nos ideais iluministas. É certo que Revolução industrial marcou toda uma história e seus reflexos são vividos até os dias atuais com grande Revolução tecnológica que parece não ter fim, e até o seu lado negativo, foi positivo, pois para os trabalhadores foi uma forma de lutar pelos seus ideais e despertar da exploração aos quais eram submetidos.

O mundo conheceu a industrialização a produção em massa, as pessoas tinham o conforto de usar produtos que anteriormente lhes eram restritos, entretanto, os seus reflexos negativos também são reconhecidos até hoje, além do capitalismo desenfreado, também doenças relacionadas ao cotidiano de stress e agitação, desemprego devido a substituição do homem pelas máquinas. Enfim é de suma importância conhecer a Revolução Industrial em todo seu desdobramento para entendermos o avanço tecnológico e todos os problemas de uma sociedade industrializada.

Por sua vez, no que se refere a Saúde do Trabalhador teve grande avanço, principalmente depois da promulgação da   Constituição   Federal   do   Brasil   em   1988.   Mas, a   despeito   das   críticas   à   sua institucionalização e ao desenvolvimento de suas ações, ainda são insuficientes para dar conta do cenário dramático do mundo do trabalho no Brasil, pois vários trabalhadores continuam trabalhando de forma inadequada no seu ambiente profissional. Todavia, as ações nos cotidianos institucionais, às vezes marcadas por disputas e preconceitos técnicos institucionais, ocasionam confrontos no campo do planejar, fazer, e executar, podendo levar ao adoecimento dos trabalhadores. Resta superar esses desafios explicitando possibilidades de análise e reflexão sobre os avanços, frequentemente interrompidos, por instabilidades e fragilidades do Estado, redutores do grau de direito à saúde dos trabalhadores brasileiros.

A saúde do trabalhador sofre todos os castigos impostos à força de trabalho. É nesse contexto, que as organizações de luta em defesa dos direitos da classe trabalhadora precisam desenvolver ações contundentes para melhorias das condições de trabalho na medicina, visando melhores condições de trabalho que, por sua vez, irão refletir em melhor assistência aos pacientes.

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1Enfermeiro. Mestre e Doutorando pelo PACCS/EEAAC pela Universidade Federal Fluminense. Docente do curso de graduação em enfermagem da Universidade Iguaçu; Pós-graduação em
CTI e Emergência; Neonatologia e Pediatria; Obstetrícia da Universidade Iguaçu – UNIG; Docente na Pós-graduação em Enfermagem em Terapia Intensiva na Faculdade Bezerra de Araújo – FABA; Docente na Pós-graduação em Estomaterapia na Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ; Acadêmico de medicina pela Universidade Iguaçu. E-mail: enf.wandersonribeiro@gmail.com
2Enfemeiro; Pós graduado em Processos educacional na saúde com ênfase em Metodologia ativa IEP Sírio Libanês; Acadêmico de medicina pela Universidade Iguaçu. E-mail: joaoluiz_100@yahoo.com.br
3Enfermeira; Acadêmica de medicina pela Universidade Iguaçu. E-mail: Leelapires@hotmail.com
4Enfermeira. Mestranda em Ciências Aplicadas em Saúde da Universidade de Vassouras. Docente do Curso de Graduação da UNIG. Acadêmica de medicina pela Universidade Iguaçu.  Email: brunaporath@gmail.com
5Enfermeira. Acadêmica de Medicina pela Universidade Iguaçu. E-mail: shirleilacerda1@hotmail.com
6Acadêmica de medicina pela Universidade Iguaçu. E-mail: moniquegalves03@gmail.com
7Enfermeira. Pós-graduada em Enfermagem Estética. Acadêmica de medicina pela Universidade Iguaçu. E-mail: paulinhaleitte48@gmail.com
8Psicólogo. Acadêmico de Medicina pela Universidade Iguaçu. E-mail: danielreymolazeredo@gmail.com
9Graduado em Tecnólogo em Sistema de Informação; Graduado em Ciências Jurídicas. . Acadêmico de Medicina pela Universidade Iguaçu. E-mail: rodrigodorna@hotmail.com
10Enfermeiro. Pós-graduado em emergência e terapia intensiva. Acadêmica de medicina pela Universidade Iguaçu. E-mail: rlins.rl@gmail.com
11Enfermeiro. Docente da disciplina de paciente crítico do UniFOA – Volta Redonda; Docente das disciplinas de Anatomia, Semiologia e paciente crítico da Universidade Iguaçu – UNIG campo Nova Iguaçu; 1⁰SGT do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro. Mestre em ciências da saúde e do meio ambiente (UniFOA, 2014). Acadêmico de medicina pela Universidade Iguaçu. E-mail: aryspacoski@hotmail.com.
12Enfermeiro. Mestre em Saúde Materno-Infantil pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense – UFF; Docente do curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Iguaçu – UNIG. Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Enfermagem Obstétrica da Universidade Iguaçu – UNIG. E-mail: enimar.obst@hotmail.com.