A IMPORTÂNCIA DO CICLO SONO-VIGÍLIA PARA A METODOLOGIA DA PESQUISA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7930227


Victor Pereira Câmara¹
Maria Esther Alencar Advíncula D’Assunção²


RESUMO

Ab initio, o presente artigo científico trata de analisar semanticamente o termo da expressão “metodologia da pesquisa”, como o estudo do método, o estudo do caminho a ser percorrido em um trabalho científico. Desmistifica a matéria e amplia o axioma comum de que a metodologia da pesquisa se restringe a expressão do pesquisador transcrita no trabalho científico, ou apenas na forma de um trabalho científico. Preleciona que também é parte da metodologia da pesquisa os fatores físicos e exógenos do pesquisador, que deve sempre manter seu corpo são para também manter sua mente sã, apta a produzir, a pesquisar, a focar e a buscar conhecimento científico. Planejar organizar o tempo do pesquisador fora da produção do conteúdo científico é essencial para manter sua capacidade de produção e faz parte da própria metodologia da pesquisa. Neste diapasão, o artigo conclui pela importância da manutenção de um ciclo sono-vigília regular e suficiente, sendo comprovado através de outros artigos científicos mais especificamente da área da psicologia e da medicina que o desleixo com uma rotina de sono regular pode acarretar sérios problemas de saúde mental do pesquisador, o que, por conseguinte, abaixa o seu desempenho acadêmico.

Palavras-chave: Metodologia da pesquisa. Método. Conhecimento científico. Produção acadêmica. Ciclo Sono- Vigília. Saúde mental.

ABSTRACT

Ab initio, this scientific article seeks to semantically analyze the term of the expression “research methodology”, as the study of method, the study of the path to be followed in a scientific work. It demystifies the subject and expands the common axiom that the research methodology is restricted to the expression of the researcher transcribed in scientific work, or just in the form of a scientific work. He explains that the researcher’s physical and exogenous factors are also part of the research methodology, as he must always keep his body healthy in order to keep his mind healthy, able to produce, research, focus and seek scientific knowledge. Planning to organize the researcher’s time for the production of scientific content is essential to maintain their production capacity and be part of the research methodology itself. In this vein, the article concludes for the importance of maintaining a regular and sufficient sleep-wake cycle, being proven through other scientific articles, more specifically in the areas of psychology and medicine, that neglect with a regular sleep routine can cause serious problems with researcher’s mental health, which, as a consequence, lowers their academic performance.

Keywords: Research methodology. Method. Scientific knowledge. Academic production. Sleep-wake cycle. Mental health.

1. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

Para identificar qual a relação entre atos tão comuns e automáticos em nossas vidas como dormir e acordar com a metodologia da pesquisa, é pertinente o entendimento da semântica por trás do próprio termo “metodologia da pesquisa”.

Método3, segundo o dicionário possui alguns significados, dos quais é pertinente ao presente artigo a citação de quatro deles: i) Modo usado para realizar alguma coisa; Técnica; ii) Processo de pesquisa organizado lógica e sistematicamente; Investigação; iii) Razão ou planificação que determina ou organiza certa atividade; Ordem; iv) O que se emprega para vencer uma dificuldade, problema;

Quando método (da palavra grega méthodos, que significa ao longo do caminho) vem acompanhado do sufixo “Logo”, entendemos que a metodologia é na realidade o estudo por trás dos métodos aplicados pelos pesquisadores em sua busca pelo conhecimento científico.

Entretanto, a metodologia da pesquisa, ou o caminho percorrido no ato de pesquisar algo, não está exclusivamente atrelado ao formato em que trabalhos científicos são redigidos.

Bem verdade, a padronização e uniformização dos trabalhos redigidos pelos pesquisadores, como por exemplo, aquela realizada pelas Normas Brasileiras [NBR] e pela Associação Brasileira de Normas Técnicas [ABNT], são apenas alguns dos objetos da metodologia da pesquisa, e segundo ZANELLA (2011):

A palavra metodologia é utilizada no meio acadêmico de forma errônea e equivocada. Comumente, compreende-se metodologia como conjunto de regras que tratam da apresentação de um trabalho científico, isto é, da forma e do formato, que envolve o tamanho das margens, o tipo de letra, o espaço entre linhas, a numeração de seções e a colocação dos títulos das seções, dentre outros. É preciso esclarecer que isso não é metodologia, mas sim padronização e uniformização da apresentação de trabalhos científicos, como as Normas Brasileiras [NBR] de apresentação de projetos de pesquisa [NBR 15287 de 2005], de trabalhos de conclusão de curso [NBR 14724 de 2005] e de artigos científicos [NBR 6022 de 2003], que são determinadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que é o Fórum Nacional de Normalização.

Neste diapasão, como parte extremamente importante do processo de pesquisa, qual seja na ordem de organização do trabalho acadêmico em si, existem fatores físicos e exógenos à própria redação dos trabalhos que são naturais a rotina do pesquisador.

MORESI (2003) em seus estudos da metodologia da pesquisa cita os atributos pessoais definidos por GIL (1999) que seriam desejáveis para você ser um bom pesquisador.

Para um bom pesquisador precisa, além do conhecimento do assunto, ter curiosidade, criatividade, integridade intelectual e sensibilidade social. São igualmente importantes a humildade para ter atitude autocorretiva, a imaginação disciplinada, a perseverança, a paciência e a confiança na experiência.

É imperiosa a concordância com os autores, mas acrescenta-se que um bom pesquisador não somente possui aspectos cognitivos e racionais significativos, mas também precisar estar preparado fisicamente para o desenvolvimento de seus estudos, de sua rotina de pesquisa, com o objetivo de manter sua mente sempre focada e atenta aos detalhes inerentes a um trabalho científico.

Antes de mais nada pesquisadores são seres humanos com diversas necessidades físicas da natureza de seu corpo.

Por sua vez, a humanidade experimenta uma sociedade que cada vez mais exige dos indivíduos o seu máximo de esforço, físico e mental, o que leva o homem a uma era onde doenças psicológicas como depressão, síndrome de burnout, ansiedade, TDH, se tornaram cada vez mais recorrente no cotidiano social.

Como parte da realidade dos tempos atuais, na aula de inauguração do presente curso de pós-graduação e mestrado da UFRN, iniciado no segundo semestre de 2021, o professor e coordenador do curso advertiu aos ingressantes que o principal motivo para pedidos de prorrogação e trancamento do mestrado advinham de laudos de psicólogos e psiquiatras, e possuíam justificativas vinculadas a saúde mental dos alunos.

Diante da infinidade de necessidades físicas que o corpo humano necessita para a regular manutenção de suas funções, o estudo em epígrafe pede auxílio à área da medicina para focar sua atenção em um estado fisiológico específico, como característica funcional especial para uma boa pesquisa científica.

Não haveria, pois, “methos”, ou caminho para o conhecimento, menos tortuoso e mais produtivo sem que o pesquisador dedique para isto boas noites de sono.

2. O CICLO SONO-VIGÍLIA E A IMPORTÂNCIA DE SUA REGULARIDADE PARA A FISIOLOGIA DO CORPO HUMANO.

Dentre as necessidades fisiológica de um ser humano, é evidente que dormir é fundamental para a manutenção de um plano de vida saudável, especialmente quando se exige do pesquisador foco e atenção na busca do conhecimento científico.

Segundo o filósofo brasileiro, professor e doutor Mario Sérgio Cortella4, a vida e o universo são cíclicos, permeados de constantes ciclos. Movimentos de rotação e translação dos planetas, o ciclo solar e lunar, os anos e estações, o dia e as noites. Dentre este ciclo, para o corpo humano, temos o acordar e dormir.

O tempo médio de vida do ser humano é de setenta e cinco anos. Um humano dorme em média oito horas por dia, o que grosseiramente representa um terço do dia de vinte e quatro horas. Assim, é possível concluir que em uma vida (setenta e cinco anos), uma pessoa passa vinte e cinco anos dormindo.

Para WALKER (2018) dois terços dos adultos em países desenvolvidos não seguem a recomendação de ter oito horas de sono por dia.

Na realidade, ainda nas palavras do filósofo, um ser humano do zero aos vinte e cinco anos de idade está em fase de montagem de sua estrutura física, psíquica, relacional, cognitiva, reprodutiva, hormonal. Na idade dos vinte e cinco anos aos cinquenta anos está reproduzindo outros humanos e trabalhando em alta intensidade.

Um pesquisador científico trabalha em alta intensidade e é possível inferir que longas jornadas de um trabalho exclusivamente mental é tão cansativo e extenuante quanto alguns trabalhos braçais.

Neste diapasão, para a promoção da manutenção de algumas funcionalidades do corpo humano, existe um ritmo biológico cicardiano de vinte e quatro horas onde “o relógio interno de 24 horas no cérebro transmite o sinal diário do ritmo” (WALKER, 2018).

O ciclo sono-vigília, se trata exatamente do momento do dia em que um ser humano dorme e passa acordado, visto que a expressão “vigília” ainda é referente aos antepassados que necessitavam do sono para recuperar e manter funções vitais, e passam o período acordado em uma espécie de vigília para proteção e caça.

O sono é um estado comportamental complexo de natureza cíclica e recorrente, de redução fisiológica do nível de consciência no qual o indivíduo pode despertar-se por vários estímulos, sendo os sensoriais os mais importantes.

Para o presente estudo, cuja finalidade é o envolvimento com a matéria de metodologia da pesquisa não se faz necessário entender a fisiologia médica ou biológica do corpo humano por trás do sono, ou como ele acontece, mas é pertinente apontar as funcionalidades do sono que são múltiplas segundo a medicina.

Embora a função do sono ainda não seja totalmente conhecida, estudos realizados nas últimas décadas mostraram que o sono é um estado de consciência fundamental para a regulação do metabolismo energético, consolidação da memória, termorregulação e plasticidade neural. Alterações metabólicas, déficit de memória e redução do desempenho cognitivo são algumas das consequências da sua privação.
Além do conhecimento sobre as alterações cognitivas e comportamentais decorrentes da privação de sono, as quais têm impacto negativo no desempenho acadêmico de crianças e adolescentes, a redução das horas de sono também tem sido identificada como um dos fatores associados ao transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) em crianças e adolescentes.
(ANACLETO, LOUZADA, PEREIRA, 2010)

Porém, em se tratando do órgão processador de informações do corpo humano, é no cérebro que o sono é configurado e que o sono também possui uma funcionalidade essencial.

Uma das principais consequências para o cérebro é que é durante o sono que se gravam as memórias e experiências vividas durante o dia a dia. É durante o sono que as informações importantes são armazenadas e as consideradas desnecessárias são descartadas. O sono funciona como uma espécie de reboot da máquina orgânica que é o corpo humano.

Assertivo o entendimento, pois, de que o sono é uma necessidade fisiológica fundamental para um bom pesquisador, visto que faz parte do processo e da ordem de pesquisa científica a assimilação de muitas informações ao mesmo tempo.

3. OS    DISTURBIOS    MENTAIS    DESENVOLVIDOS    OCASIONADOS    PELA IRREGULARIDADE OU PRIVAÇÕES DO CICLO CARDIANO DE SONO-VIGÍLIA.

Para se concluir pela importância do sono é possível demonstrar através dos resultados de pesquisas científicas na área médica os diversos malefícios que a privação do sono ou um ciclo sono-vigília irregular pode acarretar para a saúde psicológica de um indivíduo.

Os pesquisadores médicos SANTOS, CASTRO, RUBACK, TRIGO, ROCHA (2014) em atenção ao manual de diagnóstico e estatística dos transtornos mentais (DSM IV) definiram para suas pesquisas os seguintes diagnósticos para transtornos do ciclo circadiano do sono:

Critérios diagnósticos do DSM IV para transtornos do ciclo circadiano do sono
A. Padrão persistente ou recorrente de distúrbio do sono, levando a sonolência excessiva ou insônia devido a um desajuste entre o horário de sono- vigília exigido pelo ambiente e o padrão circadiano de sono-vigília do indivíduo.
B. O distúrbio do sono causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
C. O distúrbio não ocorre exclusivamente durante o curso de um outro Transtorno de Sono ou outro transtorno mental.
D. O distúrbio não é devido aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou de uma condição médica geral.

Para a conclusão dos pesquisadores, as alterações do ciclo circadiano de sono-vigília estão vinculadas a alterações clínicas significativas que prejudicam o funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida dos indivíduos, sendo essencial que o médico responsável por pacientes com transtornos de sono reconheça a deficiência do sono de maneira precoce e escolha o tratamento adequado reduzindo o impacto das privações na qualidade de vida dos pacientes. (SANTOS, CASTRO, RUBACK, TRIGO, ROCHA. 2014).

Assim, não dormir conforme a quantidade de tempo recomendada de oito horas diária tem reflexos importantes na rotina de um indivíduo, lhe prejudicando o seu desempenho geral como pessoa.

Para os pesquisadores ANACLETO, LOUZADA, PEREIRA (2010), embora haja uma pequena divergência entre os dados, é possível visualizar uma relação direta entre o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) e as privações de sono pela movimentação das crianças enquanto dormem, bem como uma relação de que tais privações de sono são causa da consequência de sonolência diurna das crianças acometidas por TDAH.

O referido transtorno do TDAH foi inicialmente descrito em 1902, quando George Still relatou o comportamento impulsivo e hiperativo de 43 crianças. Desde então, sofreu diversas mudanças de nomenclatura até 1994, quando chegou à denominação atual. Hoje, o TDAH é considerado o distúrbio neurocomportamental mais comum e socialmente importante em crianças e adolescentes na idade escolar (ANACLETO, LOUZADA, PEREIRA, 2010).

A partir dos dados apresentados anteriormente, constata-se que a associação entre padrões de sono e atividade motora ainda necessita ser investigada, pois alguns achados corroboram a ideia de que, pelo menos em um subgrupo de pacientes, o TDAH pode ter duração de 24 horas, ou seja, os sintomas de hiperatividade poderiam permanecer durante o sono, com maior movimentação nesse período. Outros, entretanto, sugerem que a perturbação do sono causada pelos movimentos executados pela criança adormecida poderia contribuir para a sintomatologia diurna do TDAH. Segundo a teoria proposta por Weinberg e Harper, a manifestação de sintomas de hiperatividade seria uma forma de contornar a sonolência excessiva que as crianças com TDAH apresentam, dados os diversos problemas de sono que possuem

Como resultado do estudo, aproveita-se para o presente artigo científico a informação de que a sonolência diurna causada pela privação do sono pode acarretar o desenvolvimento do TDAH em pesquisadores, ou funcionar como uma espécie de gatilho. O TDAH é distúrbio psicológico extremamente prejudicial a um pesquisador científico, visto que a atenção aos detalhes é um diferencial entre uma descoberta científica ou a ausência de resultados empíricos.

Outro distúrbio mental relacionado à irregularidade do ciclo sono-vigília é a ansiedade, conforme concluem os pesquisadores ALMODES e ARAÚJO (2003)

Os resultados permitem sugerir que o traço de ansiedade, como característica de personalidade do indivíduo, influencia o padrão do ciclo sono-vigília, pois os sujeitos com maiores escores de traços de ansiedade apresentaram menor labilidade na alocação temporal do ciclo sono-vigília aos estímulos temporais do ambiente. Por outro lado, aqueles estudantes (que não têm a característica de personalidade ansiosa) que mantiveram o seu ciclo sono-vigília com maior irregularidade em resposta às demandas acadêmicas e a outros estímulos sociais, apresentaram maior estado de ansiedade. Desta forma, sugere-se que o traço de ansiedade como fator endógeno que influencia a expressão temporal do padrão do ciclo sono- vigília, e que a irregularidade do ciclo sono-vigília devido aos horários escolares e as demandas acadêmicas (fatores exógenos) parece contribuir para aumentar o estado de ansiedade.

Dentro do meio acadêmico, a manutenção de um bom ciclo de sono-vigília é fundamental para o desempenho escolar, o aprendizado e para o desenvolvimento científico.

Para os pesquisadores GALVÃO, PINHEIRO e GOMES (2017) a regularidade no padrão ciclo sono-vigília é fundamental para o ser humano pelos motivos fisiológicos e corporais já exemplificados no presente trabalho em tópico anterior. Entretanto, para estudantes universitários existem dois grupos de fatores que agem de forma antagônica no processo as demandas escolares tendem a influenciar na irregularidade dos padrões do ciclo sono-vigília:

o ciclo claro-escuro e os fatores endógenos (necessidade de sono e as preferências quanto à alocação do horário de dormir e de acordar – cronotipo), que tendem a sincronizar o ciclo sono-vigília em um ritmo regular e com período de 24 horas e, por outro lado, as demandas acadêmicas que tendem a reduzir o sono e os horários escolares que tendem a sincronizar o ciclo sonovigília com um padrão diferente do ciclo claro-escuro. Esta oposição entre estes dois fatores pode ser considerada como uma situação de conflito, em que os estudantes precisam decidir entre manter a regularidade do ciclo sono-vigília e satisfazer as necessidades de sono, e responder aos esquemas escolares e as demandas acadêmicas, podendo provocar alterações no estado afetivo.

Na pesquisa de GALVÃO, PINHEIRO, GOMS E ALA (2017) a transição para o meio acadêmico e as demandas mais exigentes que o ensino superior influência na regularidade de sono de seus alunos e podem não somente acarretar no surgimento dos distúrbios já citados no presente artigo científico, mas também incentivar o aumento do estresse e o consumo de álcool, trazendo aos alunos a possibilidade de desenvolver alcoolismo, em que pese a dificuldade de medir com exatidão os resultados.

O presente estudo, tal como vários outros estudos, conclui que a qualidade de sono entre os estudantes do ensino superior é má e que está relacionada com perturbações mentais como o stress, ansiedade e depressão, bem como com um comportamento de risco no que diz respeito ao consumo de álcool. Não obstante poder-se questionar a adequação dos instrumentos de medição para medir com exatidão todas as dimensões da qualidade do sono, não se poderá ignorar a relação existente entre as variáveis estudadas.
A transição normativa do ensino secundário para o ensino superior apresenta vários desafios, nomeadamente a saída da casa familiar, o aumento de independência e responsabilidade académica, alterações nos grupos sociais e um acesso aumentado a álcool e drogas. Alguns dos estudantes com estratégias decoping menos adaptativas para lidar com estas alterações, em muitos casos estressantes, podem estar em risco de desenvolver uma má qualidade de sono e comportamentos de risco no que diz respeito ao consumo de álcool. (GALVÃO, PINHEIRO, GOMES, ALA. 2017)

Por fim, no livro de WALKER (2018) que é uma análise completa do sono e dos sonhos, o estudioso é direto quanto aos malefícios que um sono irregular pode acarretar um indivíduo:

Duvido que esse dado tenha surpreendido você, mas talvez suas consequências o espantem. O hábito de dormir menos de seis ou sete horas por noite abala o sistema imunológico, mais do que duplicando o risco de câncer. Sono insuficiente é um fator de risco de vida decisivo para determinar se um indivíduo desenvolverá doença de Alzheimer. Sono inadequado – até as reduções moderadas por apenas uma semana – altera os níveis de açúcar no sangue de forma tão significativa que pode fazer a pessoa seja classificada como pré-diabética. Ele também aumenta a probabilidade de as artérias coronárias ficarem bloqueadas e quebradiças, abrindo assim o caminho para doenças cardiovasculares, derrames cerebral e insuficiência cardíaca congestiva. Confirmando a sabedoria profética de Charlotte Bronte de que “uma mente agitada faz travesseiro inquieto”, a perturbação do sono também contribuiu para todas as principais enfermidades psiquiátricas, incluindo depressão, ansiedade e tendência ao suicídio.

4. CONCLUSÃO

Um bom pesquisador não somente foca nos métodos de pesquisa empíricos para fundamentar suas teses, ou nas formalidades previstas pela ABNT ou NBR na transcrição de seus trabalhos, mas também está preocupado com seu momento de praticar esportes, de ir à uma academia para manter seu corpo saudável.

É característica de um bom pesquisador compreender que destinar parte do seu tempo em para o lazer e confraternizações com amigos, para assistir uma série, ir à praia ou ao campo com o objetivo de desopilar e limpar a mente é importante para seu desempenho acadêmico.

Ora, a famosa expressão latina ‘Mens sana in corpore sano’ origem latina que significa “uma mente sã num corpo são” atribuída autoria ao poeta romano Juvenal, ainda continua atual e validade.

Portanto, é possível inferir que faz parte do método de pesquisar, e pode ser área da metodologia da pesquisa todos os cuidados adotados pelo pesquisador com sua própria higiene e saúde (física e mental) na sua vida pessoal fora da própria pesquisa científica em si.

Dentre esses cuidados pessoais e necessidades fisiológicas a serem respeitadas, restam demonstrada a necessidades de um ciclo sono-vigília para a fisiologia do corpo humano, sendo o sono uma parte natural do ciclo humano.

Quanto aos malefícios das privações de sono ou de um ciclo sono-vigília irregular, estes foram exaustivamente expostos pelos pesquisadores da área da saúde e são causa-consequência de diversos distúrbios mentais como TDAH, ansiedade, alcoolismo e até mesmo de suicídio.

5. REFERÊNCIAS

GALVÃO, Ana. PINHEIRO, Marco. GOMES, Maria José. ALA, Sílvia. ANSIEDADE, STRESS E DEPRESSÃO RELACIONADOS COM PERTURBAÇÕES DO SONO-•VIGÍLIA E CONSUMO

DE ÁLCOOL EM ALUNOS DO ENSINO SUPERIOR. Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental, ESPECIAL 5, 2017

ALMONDES, Katie Moraes de. ARAÚJO, John Fontenele de. PADRÃO DO CICLO SONO- VIGÍLIA E SUA RELAÇÃO COM A ANSIEDADE EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS.

Estudos de Psicologia. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal, 2003.

ANACLETO, Tâmile Stella. LOUZADA, Fernando Mazzilli. PEREIRA, Érico Felden. CICLO VIGÍLIA/SONO                            E    O    TRANSTORNO    DE    DÉFICIT    DE    ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE.

Laboratório de Cronobiologia do Departamento de Fisiologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Curitiba, 2010

BEIJAMINI, Felipe. AVALIAÇÃO DO CICLO SONO/VIGÍLIA, DA SONOLÊNCIA DIURNA E DO DESEMPENHO PSICOMOTOR DE ADOLESCENTES SUBMETIDOS A UM PROGRAMA DE

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CORTELLA,       Mario       Sérgio.       O       TEMPO       E       A       VIDA.       Disponível       em <https://www.youtube.com/watch?v=Ek2LmQ5d6Jo>. Acesso em 24 de nov. de 2021. 2019

SANTOS, Lucas Cardoso. CASTRO, Neylon José. RUBACK, Olívia Rêgo. TRIGO, José Biccas Thyago. ROCHA, Paulo Marcos Brasil. TRANSTORNOS DO CICLO SONO-VIGÍLIA/ CIRCADIANO – UMA REVISÃO DE LITERATURA. Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research – BJSCR. Vol.7. 2014.

GIL, Antônio Carlos. MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA SOCIAL. São Paulo: Atlas,1999.

MORESI, Eduardo. METODOLOGIA DA PESQUISA. Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gestão do Conhecimento e Tecnologia da Informação, Brasilia: 2003.

ZANELLA, Liane Carly Hermes. METODOLOGIA DE PESQUISA. Departamento de Ciências da Administração/ UFSC, Florianópolis: 2. ed. rev. atual. 134 p. 2011.

WALKER, Matthew. WHY WE SLEEP: UNLOCKING THE POWER OF SLEEP AND

DREAMS. Editora Intrínseca, 1ª ed. Digital. 2018


¹ Mestrando em Direito Constitucional com ênfase em Processo Civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Especialista Lato Sensu em direito tributário pela UNIFAI – IBET. Bacharel em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Advogado. E-mail: vpcamara@hotmail.com. Lattes: http://lattes.cnpq.br/9121341225669098. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4643-4173.
2 Mestranda em Direito Constitucional com ênfase em Processo Civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN); Especialista Lato Sensu em Direito Constitucional e Tributário pela Universidade Potiguar (UNP). Graduação em Direito (UFRN); Professora Substituta do Curso de Direito da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN); Advogada. E-mail: esther.dassuncao@gmail.com. Lattes: http://lattes.cnpq.br/5160892082241213. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5338-0543.
3 Disponível em <https://www.dicio.com.br/metodo/>. Acesso em 23 de nov. de 2021.
4 Disponível em < https://www.youtube.com/watch?v=Ek2LmQ5d6Jo>. Acesso em 24 de nov. de 2021.