TRIAGEM DE DOENÇAS OCULARES NO PERÍODO NEONATAL: A RELEVÂNCIA DO TESTE DO OLHINHO PARA DETECTAR DOENÇAS PRECOCES E IMPACTO NA QUALIDADE DE VIDA INFANTIL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7878950


Andressa De Oliveira Aragão¹
Benedito Leandro Frances De Castro²
Brenda Maria Abreu Marques³
Victor Veras De Alencar Carvalho4
Fabio Farias Balduino5


RESUMO

O estudo considera a relevância da visão na vida do ser humano e que no Brasil a ocorrência de perda de visão é considerável, de modo que muitos problemas relacionados a visão surgem na infância e podem gerar perdas significativas para os desenvolvimentos cognitivos e físicos da criança, sendo que seu sistema visual se desenvolve no primeiro ano de vida, por isso é relevante que logo ao nascer possa ser investigações acerca da argúcia visual da criança e considera-se necessário que. Assim, é preciso que na triagem neonatal seja realizado o Teste do Olhinho, que é denominado de Teste do Reflexo Vermelho (TRV), buscando detectar possíveis doenças que atingem a visão e tratá-las precocemente. Logo, o presente estudo foi elaborado com o objetivo de identificar a relevância do teste do olhinho na triagem neonatal para detectar doenças precoces e destacar o impacto no desenvolvimento e qualidade de vida infantil. Para tanto foi realizada uma revisão integrativa da literatura, com abordagem qualitativa de caráter exploratório e descritivo. Através da pesquisa foi possível constatar a importância da triagem neonatal em estudos científicos, comprovando que o teste do olhinho é importante para que se perceba doenças oculares, para que sejam tratadas precocemente e possa-se, assim, garantir melhor qualidade de vida infantil, conhecendo o impacto que o teste do olhinho provoca na vida das crianças.

Descritores em Ciências da Saúde: Triagem neonatal. Saúde ocular.  Criança. Oftalmopatias. Qualidade de vida.

1.      INTRODUÇÃO

            Dos cinco sentidos existentes na natureza humana, a visão é a mais predominante, pois exerce uma função imprescindível nos mais diversos segmentos da nossa vida. Bem como, é elemento fundamental na comunicação face a face e relações interpessoais, de forma que mensagens são transmitidas por meio não verbal, como gesticulações e expressões (OMS, 2016), tornando a ausência desse sentido um gerador de impactos, muitas vezes negativos, na qualidade de vida de indivíduos.

            O último levantamento do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) aponta que 43% das crianças cegas no mundo perderam a visão por causas evitáveis ou tratáveis. Estima-se que no Brasil haja cerca de 1,2 milhão de casos de cegueira e mais de 5 milhões de pessoas com perda visual grave. O mesmo relatório mostra que no País mais de 33 mil crianças são cegas devido a doenças oculares tratáveis ou evitáveis (OTTAIANO, et al, 2019)

            Problemas na visão podem gerar perdas significativas para os desenvolvimentos cognitivos e físicos da criança, sendo que seu sistema visual se desenvolve no primeiro ano de vida, por isso é relevante que logo ao nascer possa ser investigações acerca da argúcia visual da criança (NASCIMENTO, et al, 2020).

            Dentre esses problemas, a catarata congênita constitui a causa mais frequente de cegueira evitável na infância, podendo atingir um percentual de 10 a 15%. A importância de sua identificação precoce está, principalmente, na necessidade de tratamento cirúrgico e correção visual o mais cedo possível, além de estar presente em várias desordens multissistêmicas. Outra condição que pode afetar a criança é a conjuntivite neonatal, que é uma condição potencialmente séria, tanto pelos efeitos locais ao olho, quanto pelo risco de disseminação sistêmica (ENDRISS, et al, 2020) Em decorrência disso, a triagem neonatal foi criada com o objetivo detectar de forma precoce algumas patologias como fibrose cística, hipotireoidismo congênito, doenças oculares, dentre outras. É, também, objetivo de a triagem neonatal é buscar a cobertura 100% dos nascidos vivos, definindo essa questão como uma abordagem ampla, de modo que venha a envolver a realização de exames, a busca ativa de casos suspeitos, a confirmação de diagnóstico e o tratamento, bem como o acompanhamento multidisciplinar. Dessa forma, entende-se que a triagem neonatal é uma ação preventiva que possibilita diagnosticar doenças que mostram assintomáticas no período neonatal, de modo que seja possível interferir e instituir um tratamento precoce, causando a eliminação, ou ao menos as sequelas que se encontram associadas as doenças específicas (MONTEIRO, 2014). Logo, um dos exames que faz parte da triagem neonatal é o Teste do Reflexo Vermelho (TRV), também conhecido como teste do olhinho.

            Nesse contexto, o Teste do Olhinho, que é denominado de Teste do Reflexo Vermelho (TRV), consiste num exame simples e rápido que é feito em um consultório pediátrico ou oftalmológico. Alguns estados brasileiros realizam o Teste do Olhinho na maternidade, considerando sua relevância na triagem neonatal das doenças oculares (NASCIMENTO, et al, 2020).

            O Teste do Olhinho decorre da necessidade de tentar reduzir as doenças oculares, detectando causas de possível cegueira. Esse teste permite diagnosticar alterações oculares, como a catarata, glaucoma congênito, toxoplasmose, retino blastoma, descolamentos de retina, tumores intraoculares grandes, inflamações intraoculares importantes ou hemorragias intravítreas, dentre outras alterações visuais que comprometem o desenvolvimento e qualidade de vida das crianças (NASCIMENTO, et al, 2020). 

            É preciso considerar que muitas crianças que são cegas ou têm baixa visão, pode ser decorrente de causas que são evitáveis, ou seja, a realização do Teste do Olhinho é importante para que seja possível prevenir a cegueira, sendo ideal realizá-lo após 48 horas e o sétimo dia de vida da criança.

            Em suma, corroborando com o que foi explanado e considerando a relevância da temática, realizou-se o seguinte questionamento como problema da pesquisa: Qual a relevância da realização do Teste do Olhinho na triagem neonatal e qual seu impacto na qualidade de vida das crianças?

            Portanto, esta pesquisa tem como objeto de estudo identificar a relevância do teste do olhinho para detectar doenças precoces e destacar o impacto na qualidade de vida infantil, através de uma revisão integrativa da literatura.

            Diante deste problema de pesquisa, o estudo define a hipótese de que a realização do Teste do Olhinho na triagem neonatal é importante para avaliar doenças que podem comprometer tanto a saúde visual, quanto o desenvolvimento e qualidade de vida da criança, de modo que é essencial que este seja realizado para garantir a integridade física e psicológica das crianças, sendo comprovada a eficácia e importância desse teste, de modo que estimula-se que Políticas Públicas sejam construídas para fazer com que os sistemas de saúde brasileiro ofertem o Teste de Olhinho.

            Estima-se que existam 1,5 milhões de crianças cegas em todo o mundo, e que a maioria destas se deva a causas preveníveis. Em vista disso, entre as principais causas de cegueira tratável em idade pediátrica, estão as cataratas (MOREIRA, et al, 2017)

            Por isso, o Teste do Olhinho é essencial para detectar doenças oculares precocemente, fazendo com que seja possível seguir o tratamento adequado que possibilite melhores resultados e que colabore para a saúde ocular das crianças e sua qualidade de vida. 

            O Teste do Olhinho vem sendo cada vez mais valorizado na triagem neonatal e surgem estudos que debatem o tema, buscando enriquecer o campo de pesquisa e trazer cada vez mais conhecimento. Assim, a pesquisa justifica-se por enriquecer a temática, trazendo novos olhares à medida que corrobora com o conhecimento de diferentes autores. E, o tema em questão vem ganhando cada vez mais visibilidade no meio acadêmico e na sociedade em geral, por isso é relevante aprofundar seus conhecimentos através da pesquisa.

            É, ainda, relevante, que se investigue a temática, levantando dados sobre esta, propiciando discussões pautadas em diversos autores que estudaram sobre o tema, trazendo conhecimentos e realizando comparações entre estudos, extraindo seus principais resultados. Também, a pesquisa relacionada acerca deste tema permite enriquecer o conhecimento e sintetizar estudos, ainda possibilita que surjam novas perguntas sobre o assunto, estimulando pesquisas futuras que tragam formulações teóricas a seu respeito.

            Contudo, a realização da pesquisa é importante ainda pela necessidade de que o Teste do Olhinho ganhe cada vez maior visibilidade no âmbito da saúde e passe a ser oferecido em todas as maternidades, garantindo que seja realizado no período neonatal, antes de a criança sair da maternidade. Portanto, abre-se pauta para a necessidade de construção de uma política pública que tenha como foco o Teste do Olhinho no período neonatal, sendo importante que a realização do teste seja uma prioridade do Sistema Único de Saúde e que este possa ofertá-lo, favorecendo, assim, maior segurança a vida de crianças, contribuindo para seu desenvolvimento.

2. METODOLOGIA

            Para a realização do estudo foi desenvolvida uma revisão integrativa da literatura, de abordagem qualitativa, de caráter exploratório e descritivo, que segundo Souza; Silva e Carvalho (2010) consiste em um método que proporciona uma síntese de conhecimento, bem como incorpora a aplicação de resultados de estudos que na prática são significativos.

            A revisão integrativa, finalmente, é a mais ampla abordagem metodológica referente às revisões, permitindo a inclusão de estudos experimentais e não-experimentais para uma compreensão completa do fenômeno analisado. Combina também dados da literatura teórica e empírica, além de incorporar um vasto leque de propósitos: definição de conceitos, revisão de teorias e evidências, e análise de problemas metodológicos de um tópico particular (SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010, p.8).

            Dessa forma, a revisão integrativa permite um estudo amplo e a combinação de dados tanto de literatura teórica, quanto estudos empíricos, ela atende a um leque diverso de propósitos e permite um estudo bastante aprofundado.

            A pesquisa integrativa teve como questão problema: “Qual relevância da realização do Teste do Olhinho na triagem neonatal e qual seu impacto na qualidade de vida das crianças?” Esta pergunta foi elaborada utilizando a estratégia PICO, acrônimo para P: população/pacientes; I: intervenção; C: comparação/controle; O: desfecho/out come, para que fosse possível especificar de fato o interesse da pesquisa.

P – Crianças recém-nascidas

I – Triagem neonatal e teste do olhinho.

C – Relevância do teste do olhinho

O – Qualidade de vida das crianças

            Trata-se de uma pesquisa de cunho bibliográfico, uma revisão integrativa, portanto, não envolve pessoas, ficando limitada a análise de fontes teóricas que servem de conhecimento científico para o estudo. Os critérios de Inclusão foram: Estudo científicos completos; Artigos disponibilizados em português, inglês, espanhol; Artigos publicados entre 2018 e 2023; Estudo indexado em bases de dados.

            Já os critérios de Exclusão consistiram em: Artigos duplicados; Artigos que não tenham seu texto completo; Estudos anteriores a 2018; Artigos em língua estrangeira que não seja inglês e espanhol; Trabalhos pagos.

            As bases de dados utilizadas para a pesquisa serão:  Biblioteca virtual em saúde – BVS; Scientific Electronic Library Online – SciELO; Medical Literature Analysisand Retrieval System Online – MEDLINE/PUBMED; Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde – LILACS.

            O período de busca foi março do ano de 2023. A pesquisa utilizou os descritores em idioma inglês e português, com base nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), além de seus respectivos descritores em inglês com base no Medical Subject Headings (Meshterms): Triagem neonatal. Saúde ocular.  Criança. Oftalmopatias, Qualidade de vida e seus respectivos sinônimos.

            Os textos foram selecionados após a leitura do título e do resumo, considerando o interesse da pesquisa e os critérios de inclusão e exclusão. Em seguida os artigos selecionados foram reunidos para avaliação e lidos em sua integra, de modo que neste momento alguns foram descartados por não corresponderem aos objetivos da pesquisa e não colaborarem para responder a problemática apresentada.

            Finalizando a seleção foram filtrados os dados dos artigos dos últimos seis anos e construída uma tabela para sistematizar os dados, apresentando base, autor e ano de publicação, título do artigo, objetivos, a metodologia utilizada e os resultados, verificando a importância verificada do teste do olhinho e impactos que o teste pode gerar na qualidade de vida da criança.

            Tendo passado pela extração de dados, em que estes foram retirados de artigos, sendo realizada a síntese de seus resultados, estes foram organizados conforme a temática de estudo, em seguida ocorreu a análise de dados através da análise temático-categorial, que é proposta por Bardin (1977) sendo dividida em três etapas, a primeira corresponde a pró-análise, a segunda etapa diz respeito a exploração do material e a terceira é o tratamento dos dados, inferência e interpretação. Assim, ocorre a leitura de artigos, identificou-se a relevância do teste do olhinho na triagem neonatal e o impacto que pode gerar na qualidade de vida infantil, extraiu-se os dados e as ideias centrais dos artigos, o que corresponde a primeira e segunda fase, na terceira fase divide-se as categorias temáticas, os núcleos de análise, e fez-se uma reflexão das categorias.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO      

            Este capítulo traz os resultados da revisão integrativa, realizada nas bases de dados da Biblioteca virtual em saúde – BVS; Scientific Electronic Library Online – SciELO; Medical Literature Analysisand Retrieval System Online – MEDLINE/PUBMED; Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde – LILACS, com artigos publicados de 2018 a 2023, sendo que os resultados se encontram expressos em tabelas com base de dados, autores, título, objetivo, metodologia e resultados.

3.1 Detecção precoce do teste do olhinho

            Para o item Detecção precoce do teste do olhinho foram encontrados apenas dois estudos que correspondiam ao interesse da pesquisa, indo de encontro aos critérios de inclusão previamente estabelecidos na pesquisa, sendo os dois estudos provenientes da base de dados SciELO e apresentados na tabela 1 a seguir:

Tabela 1: Detecção precoce do teste do olhinho

Base de dadosAutoresTítuloObjetivoMetodologiaResultados
SciELOMallmann; Tomasi; Boing (2020)Realização dos testes de triagem neonatal no Brasil: prevalências e desigualdades regionais e socioeconômicasIdentificar prevalência e fatores associados à realização dos testes do pezinho, da orelhinha e do olhinho no Brasil.  Estudo transversal analítico de base populacional que analisou os dados de 5.231 crianças menores de dois anos participantes da Pesquisa Nacional de Saúde (2013).A prevalência de realização do teste do olhinho de 60,4%.
SciELOFinizola; Sousa; Morais (2020).Perfil do teste do olhinho: estudo em instituição de referência no Estado da ParaíbaAnalisar o perfil do teste do olhinho em instituição de referência no Estado da Paraíba, além de identificar os munícipios que encaminham seus pacientes, prevalência dos atendimentos e distribuição do teste de acordo com faixa etária e sexo.Pesquisa documental, retrospectiva, descritiva com abordagem quantitativa. A coleta dos dados envolveu todos os atendimentos aos recém-nascidos (RNs), população de 418 pacientes. Os critérios de inclusão foram RNs que nasceram ou foram encaminhados para a instituição lócus da pesquisa, ambos os sexos.O serviço conseguiu traçar e analisar o perfil dos pacientes pediátricos que realizaram o teste do reflexo vermelho, esses tiveram seus resultados satisfatórios, mesmo assim foi fundamental na possibilidade de tratamento precoce, eficaz e seguro, tendo seu desenvolvimento cognitivo e físico assegurado.

Fonte: Dados da pesquisa 2023.

            O estudo de Mallmann; Tomasi e Boing (2020) buscaram conhecer como está sendo a triagem neonatal no Brasil, através de um estudo transversal analítico de base populacional com crianças menores de dois anos de idade, contando com os dados de 5.231 crianças provenientes da Pesquisa Nacional de Saúde do ano de 2013. Em relação aos resultados referentes a realização do teste do olhinho, a prevalência de 60,4%.

            Mallmann; Tomasi e Boing (2020) chamam atenção para a relevância do teste do olhinho na detecção precoce de problemas oculares e mostram que existem desigualdades na realização desse teste na triagem neonatal no país, mais do que em relação ao teste do pezinho e da orelhinha. O teste do olhinho é importante para que seja possível evitar ou mitigar distúrbios futuros e, também, para diminuir a carga de morbimortalidade.

            Finizola; Sousa; Morais (2020) construíram um estudo a respeito da realização do teste do olhinho em uma instituição de referência na Paraíba, entrando em contato com a documentação de 418 recém-nascidos que nasceram ou que foram encaminhados para a instituição lócus da pesquisa, ambos os sexos. Excluíram-se os RNs nascidos fora do período de janeiro a dezembro de 2018. Nesse estudo, a maior prevalência de índice do teste do reflexo vermelho foi na faixa etária de 1 a 2 meses, a maioria no século masculino, o teste do olhinho foi realizado em 100% das crianças.

            O estudo acima mencionado mostra que o teste de olhinho teve resultados satisfatórios, pois evidenciou que este é fundamental para o tratamento precoce, de forma eficaz e segura, para que então tenha o desenvolvimento cognitivo e físico assegurado.

            Ações como a do serviço em Santa Luzia, Estado da Paraíba, são relevantes para que haja melhor qualidade de vida, colaborando para o desenvolvimento integral da criança, evitando futuras complicações oculares e já indicando, caso haja necessidade de tratamento.

            É no primeiro ano de vida que o sistema visual da criança se desenvolve potencialmente, sendo indispensável a realização do teste do olhinho nos primeiros dias de vida. O exame é simples e muito rápido, de sua importância ao considerar que a visão é indispensável para a qualidade de vida da criança.

Imagem 01: Teste do olhinho

Fonte: http://www.sdoftalmologia.com.br/blog/item/132-teste-do-olhinho-o-primeiro-exame

            Dessa forma, considerando que a visão é responsável pela captação de tudo que está em volta do sujeito e que anomalias na visão prejudicam a vida, o teste do olhinho é primordial para que problemas na visão possam ser detectados previamente e possam ser mitigados para que não comprometam o desenvolvimento integral da criança. Assim, o item a seguir aborda a prevenção da cegueira infantil, para qual é indispensável o teste do olhinho.

3.2. Prevenção da cegueira infantil                         

            Para o tema prevenção da cegueira infantil, apenas um estudo foi condizente com os critérios de inclusão, denotando que as bases de dados da área da saúde não têm estudos atualizados sobre cegueira infantil e, assim, deixam de fomentar o conhecimento sobre a temática. O único estudo encontrado com os descritores utilizados que correspondem a área de interesse encontra-se descrito na tabela 2 a seguir:

Tabela 2: Prevenção da cegueira infantil

Base de dadosAutoresTítuloObjetivoMetodologiaResultados
LILACSMayer et al (2022)Retinopatia da prematuridade: fatores de risco para seu desenvolvimento em duas unidades de terapia intensiva neonatais do Paraná-BrasilAvaliar duas unidades de terapia intensiva neonatais do Paraná e identificar os fatores de risco que levam ao desenvolvimento da retinopatia da prematuridade nestas unidades neonatais.Foi realizado um estudo de coorte, prospectivo, com avaliação dos bebês prematuros examinados no período de 12 meses com idade gestacional ≤32 semanas e/ou com peso de nascimento ≤1500 gramas, internados na unidade de cuidados intensivos neonatais do Hospital do Trabalhador e do Hospital infantil Waldemar Monastier, que recebe neonatos transportados das maternidades de todo o estado do Paraná.A incidência de retinopatia da prematuridade foi maior no Hospital Infantil Waldemar Monastier, entre os prematuros que necessitaram de transporte do local de nascimento para a unidade de cuidados intensivos (52,2% vs 29,6%). Os cuidados neonatais precoces e o transporte do recém-nascido pré- termo podem influenciar a ocorrência e o prognostico da retinopatia da prematuridade.

Fonte: Dados da pesquisa 2023.

            O estudo de Mayer et al (2022) tratou da retinopatia prematura, uma doença vaso proliferativa secundária à inadequada vascularização da retina imatura dos recém-nascidos prematuros, que pode levar a graves sequelas visuais, como a cegueira. No estudo foram averiguados nas unidades de terapia intensiva neonatais do Paraná, identificando fatores de risco, em que os fatores de risco se relacionaram a maior número de dias de internamento, baixa idade gestacional ao nascimento, maior tempo de uso de oxigênio, uso de drogas vasoativas, ausência de uso de corticoide pré-natal, presença de hemorragia intracraniana e qualquer tipo de alteração da glicemia.

            Na situação descrita é de suma importância a relevância do teste do olhinho, pois os cuidados neonatais precoces são indispensáveis para que seja possível mitigar os resultados da doença que afeta a retina de recém-nascidos.

            Um estudo publicado no Brazilian Journal of Health Review em 2021 por Galvão et al, que não se encontra nas bases de dados pesquisadas, denota que a cegueira é mais comum em adultos, mas que é uma prioridade o seu cuidado na infância, já que podem ser evitadas as suas causas, que podem ser detectadas no teste do olhinho.

            Desse modo, é recomendado que o teste do olhinho seja realizado nos primeiros dias de vida da criança, possibilitando que possíveis problemas que interferem na visão sejam detectados e, assim, possa ser evitada a cegueira infantil. No tópico a seguir é realizada uma discussão a respeito da importância do teste do olhinho no período neonatal.

3.3 Importância do teste do olhinho no período neonatal    

            O presente tópico busca evidenciar através da pesquisa nas bases de dados a importância do teste do olhinho no período neonatal, correspondendo está a última categoria de análise desenvolvida nesse estudo.

Tabela 3: Importância do teste do olhinho no período neonatal

Base de dadosAutoresTítuloObjetivoMetodologiaResultados
LILACSBatistti et al (2018)Conhecimento do enfermeiro sobre a importância e operacionalização do Programa Nacional de Triagem NeonatalDescrever o conhecimento do enfermeiro sobre a importância e operacionalização do Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN).Estudo de abordagem qualitativa, do tipo descritivo, realizado com dez enfermeiros em um município do Mato Grosso, no período de agosto e setembro de 2016. Os dados foram coletados por meio de entrevista semiestruturada, e após foram submetidos à análise de conteúdo do tipo temática.A simplificação das respostas referentes à Triagem Neonatal (TN) demonstrou certa insegurança em sua operacionalização, embasamento teórico superficial e fragmentado por parte dos participantes em retratar o PNTN. Considerações finais verificou-se que os participantes possuíam conhecimentos sobre TN, porém não os apresentavam de forma completa e concisa de acordo com a PNTN, o que remete a falta de programas de educação permanente e motivação para buscar mudanças.
PubmedBaldino et al (2020)Teste do reflexo vermelho na maternidade: resultados de um hospital terciário e variáveis ​​associadas a exames inconclusivoDescrever os resultados do teste do reflexo vermelho em recém-nascidos a termo, bem como identificar os fatores associados ao resultado do teste do reflexo vermelho e comparar o tempo de internação entre pacientes com teste do reflexo vermelho inconclusivo e normal.Estudo transversal descritivo dos resultados do teste do reflexo vermelho realizado em uma maternidade de hospital terciário entre 2014 e 2018. Também foi realizado um estudo de caso-controle aninhado para buscar variáveis ​​antropométricas, gestacionais e neonatais associadas ao desfecho do teste do reflexo vermelho.Foram identificados 121 casos de teste do reflexo vermelho inconclusivo em 11.833 recém-nascidos. Dezesseis alterações foram confirmadas, quatro consideradas graves: dois casos de glaucoma congênito, um de catarata e um de Coloboma. As médias de peso ao nascer (p = 0,04), comprimento (p = 0,03) e perímetro cefálico (p = 0,02) foram menores em pacientes com teste do reflexo vermelho inconclusivo; porém sem um tamanho de efeito relevante (d = −0,21, −0,22 e −0,25, respectivamente). A proporção de pacientes brancos, pardos e negros foi significativamente diferente entre os grupos (p < 0,001), com maior chance de resultados inconclusivos em pacientes pardos (OR = 2,22) e negros (OR = 3,37) quando comparados aos brancos. Um teste do reflexo vermelho inconclusivo levou a um aumento no tempo de internação de 62 para 82 horas (p < 0,001).

Fonte: Dados da pesquisa 2023.

            O estudo de Batistti et al (2018) analisa o conhecimento do profissional de enfermagem a respeito da triagem neonatal, momento em que deve acontecer o teste do olhinho, nesse contexto, é possível perceber a importância do teste do olhinho para a saúde da criança, para evitar

complicações relacionadas a visão, pela forma como a triagem neonatal é apresentada no estudo, colocado em pauta a necessidade de segurança do enfermeiro para operacionalização da triagem neonatal, que requer profissionais multidisciplinares capacitados, de modo que sintam-se seguros para guiar o processo, bem como para que seja possível alertar os pais da necessidade de realizar o exame.

            Apenas mais um estudo foi encontrado nas bases de dados analisadas a partir dos descritores combinados e dos critérios de inclusão. O estudo de Baldino et al (2020) ressalta a relevância do teste do olhinho, ao apontar que este foi capaz de identificar quatro alterações graves em 11.833 recém-nascidos (0,03%), de modo que contribuiu para que estas logo fossem tratadas e, assim, as crianças tivessem mais chances de terem sua visão preservada, sendo esta tratada no início de sua vida, evitando maiores complicações.

            A realização do teste do olhinho é primordial logo após o nascimento da criança, pois possibilita a detecção precoce e, portanto, o tratamento de doenças congênitas que comprometem a visão. Assim, é preciso que a triagem neonatal aconteça antes mesmo da criança sair da maternidade, realizando o teste do olhinho, tendo em consideração que a visão ocular é de suma importância para que as crianças possam se integrar a sociedade, desenvolverem-se integralmente e terem qualidade de vida.

5 CONCLUSÃO

            Os resultados encontrados neste estudo mostram que é preciso a realização de mais pesquisas e construção de estudos que tenham como foco o teste do olhinho na triagem neonatal e sua importância para evitar futuras complicações na visão das crianças, que comprometem a sua qualidade de vida, à medida que o Teste do Reflexo Vermelho pode identificar doenças que comprometem a visão e levar ao seu tratamento precoce.

            Contudo, os poucos estudos encontrados evidenciaram que doenças oculares são comuns em crianças e o teste do olhinho costuma ser eficaz para que possam ser identificadas e tratadas precocemente, colaborando, assim, para o desenvolvimento integral da criança, diminuindo suas sequelas e evitando até mesmo a cegueira.

            De modo que é possível compreender que o teste do olhinho tem colaborado para identificar alterações graves em recém-nascidos e assim oferece mais chances de que sua visão seja preservada, pois desde que tratado no início da vida as chances de evitar complicações são maiores. Portanto, o teste do olhinho se mostra de grande importância na triagem neonatal, evidenciando a necessidade de que aconteça antes da criança sair da maternidade, o que requer políticas públicas de atenção neste âmbito.

            Indica-se que novos estudos sejam construídos a fim de enriquecer a temática aqui trabalhada e que possam colaborar para propagar a importância da realização do teste do olhinho. logo nos primeiros dias de vida da criança, contribuindo assim para evitar a cegueira infantil.

REFERÊNCIAS

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1Bacharel em Ciências Biológicas (UEPB). Especialização em Saúde Pública com ênfase na Atenção Básica (UNAMA). Mestrado em Doenças Tropicais pelo Núcleo de Medicina Tropical (UFPA). Doutora em Genética e Biologia Molecular (UFPA) com ênfase em Bioinformática. Docente do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas do Pará – FACIMPA
2Discente do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas do Pará – FACIMPA
3Discente do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas do Pará – FACIMPA
4Discente do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas do Pará – FACIMPA
5Discente do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas do Pará – FACIMPA