ANOMALIAS CONGÊNITAS DO TRATO URINÁRIO SUPERIOR: UM ESTUDO DE CASO – ECTÓPICA RENAL CRUZADA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7825312


Anaile de Souza Rodrigues¹
Nlay Liberato de Jesus2
Welyston Henrique Saraiva da Silva3
Profª Dra Rebeca Almendra de Andrade4


RESUMO

Durante o período embrionário há o desenvolvimento do sistema urinário e podem ocorrer as anormalidades congênitas que são todas as doenças no trato urinário. Esses problemas podem ter várias origens, como: genética, infecção ou, ainda, ocorrer devido a fatores ambientais, causando malformações nos órgãos do feto. Isto significa que cerca de 10% dos indivíduos ao nascerem trazem consigo significativas malformações no sistema que podem causar falência renal em crianças. O objetivo geral desta pesquisa foi descrever detalhes clínicos e de imagem de um caso de ectopia renal cruzada. O local escolhido para realizar esta pesquisa foi a clínica médica Dra. Andréia Serviços Medica Ltda, situada na: Rua do Cravo, nº 2748, bairro Cohab, no município de Porto Velho/RO. O referido estudo de caso apontou situação de ectopia renal cruzada à direita com fusão de seu polos. Assim, evidenciou-se a importância de exames de imagem para diagnóstico da doença, bem como avaliação do caso para determinação dos possíveis tratamentos.

Palavras-Chave: Pacientes Voluntários. Trato urinário. Tomografia computadorizadas multidetectores. Anomalias congênitas.

1. INTRODUÇÃO

Durante o período embrionário há o desenvolvimento do sistema urinário e podem ocorrer as anormalidades congênitas que são todas as doenças no trato urinário. Esses problemas podem ter várias origens, como: genética, infecção ou, ainda, ocorrer devido a fatores ambientais, causando malformações nos órgãos do feto. Isto significa que cerca de 10% dos indivíduos ao nascerem trazem consigo significativas malformações no sistema que podem causar falência renal em crianças (NETO; SOUZA, 2021).

Na perspectiva embriológica, sabe-se que os sistemas urinário e genital possuem uma correlação, visto que o cordão nefrogênico e a crista gonadal aparecem de uma elevação longitudinal do mesoderma em cada lado da aorta dorsal (LIMA, 2020).

Sendo assim, o sistema urinário tem a função de produzir, armazenar temporariamente e eliminar a urina e/ou resíduos oriundos do metabolismo. E para isso, ele possui dois rins, dois ureteres, uma bexiga e uma uretra. Esse último, é formado por um tubo que conduz a urina da bexiga para o exterior, durante o ato da micção, e aqui, percebemos as diferenças morfológicas entre feminino e masculino, uma vez que nos homens, a uretra dá passagem ao esperma na ejaculação e nas mulheres é um órgão exclusivo do sistema urinário (VIZENTAINER, 2021).

Enquanto,  a bexiga é responsável por receber a urina formada pelos rins, armazenando-a por algum tempo e a conduzindo ao exterior à medida que aumenta a quantidade de urina dentro dela, elevando a pressão endovesical e desencadeando o reflexo da micção.

Por outro lado, os ureteres conduzem a urina do rim até a bexiga. Eles são dois órgãos musculares com aproximadamente 25 cm cada um. Já o ureter atravessa obliquamente a parede da bexiga, de modo que se forme uma válvula que impede o refluxo da urina.  Sendo o rim o responsável pelo equilíbrio do meio interno, ou seja, a homeostase que filtra o plasma e remove as substâncias indesejáveis ingeridas pela pessoa ou produzidas pelo metabolismo corporal (DÓRIA et al., 2021).

Esclarece que dentre as diversas funções do rim, pode-se citar: regulação do equilíbrio hidroeletrolítico água e eletrólitos, regulação da osmolalidade e das concentrações de eletrólitos dos líquidos corporais, regulação da Pressão Arterial excreção de sódio e de água, secreção de renina, regulação do Equilíbrio Ácido-Básico excreção de ácidos e regulação das reservas de tampões dos líquidos corporais, gliconeogênese síntese de glicose a partir de aminoácidos e outros precursores durante o jejum prolongado, secreção, metabolismo e excreção de hormônios secreção de eritropoietina (estimula a produção de eritrócitos), produção da forma ativa da vitamina D (1,25-diidroxivitamina D3 ou calciferol), excreção de produtos de degradação do metabolismo e de substâncias químicas estranhas ureia, creatinina, ácido úrico, produtos finais da degradação da hemoglobina (bilirrubina), dentre outros. Porém, vale destacar a hidronefrose, uma das patologias que ocorrem nos rins, a qual consiste no aumento da pressão sobre as estruturas internas e dilatação dos rins devido a obstrução do fluxo da urina (SOARES et al., 2022).

Quanto aos ureteres vale ressaltar que podem haver anomalias, tais como: o refluxo vesicoureteral, “inserção lateral do ureter na bexiga, sem constrição adequada durante a contração do detrusor, permitindo refluxo da urina durante a micção e manutenção de posterior volume residual”, favorável a “proliferação de bactérias”. Dentre elas, pode-se citar a nefrite e/ou a pielonefrite (VAZ, 2019).

Quanto às anomalias congênitas no trato urinário superior, percebe-se que envolvem modificações morfofuncionais com espectro clínico variável, desde manifestações assintomáticas até falência renal e incompatibilidade com a vida. Nesse aspecto, tem-se as anomalias do tamanho, anomalias da forma, anomalias da posição, anomalias de rotação, anomalias de número, anomalias da anatomia lobar, anomalias dos cálices e das papilas, e anomalias da pelve renal e do ureter. Dentre as mais comuns destacam-se as anomalias da posição e da forma dos rins (CRISTOVAM et al., 2019).

 Sendo assim, analisaremos a anomalia do trato urinário superior, a ectopia renal cruzada. Ectópico (do grego ektopos, fora de lugar) é um termo médico usado para descrever o deslocamento ou localização anormal de um órgão ou tecido. Assim, o rim ectópico ou rim ectópico é uma anormalidade que ocorre quando um ou ambos os rins se movem além de sua localização habitual no corpo, a área retroperitoneal (a área atrás dos órgãos abdominais e abaixo das costelas) (SOARES et al., 2022).

A ectopia renal cruzada (RCE) foi descrita por Pannorlus em 1654. Um RCE fundido ocorreu em 1 em 7.500 autópsias, representando 90% dos casos, enquanto um RCE não fundido foi observado em 1 em 75.000 autópsias. ERC foi mais comum em homens (H/M 1,4/1,0) e foi 2 a 3 vezes mais comum no lado direito. A maioria dos casos é assintomática e os casos são diagnosticados incidentalmente. Este relato descreve um caso em que um rim esquerdo ectópico foi encontrado no lado direito (BARRETO et al., 2019).

A heterotopia renal é uma alteração congênita, ou seja, está presente ao nascimento e ocorre como resultado de uma anormalidade genética durante o desenvolvimento fetal. A heterotopia renal cruzada é uma malformação congênita presente ao nascimento. Muitos casos de heterotopia renal cruzada fundida permanecem sem diagnóstico, mas o número exato é desconhecido. Os rins ectópicos localizados no lado oposto do abdome geralmente formam a parte inferior de uma massa renal fundida (ALENCAR et al., 2022).

Considerada uma anomalia congênita rara, 1:1.000 nascidos vivos com um rim em posição incomum e fusão dos rins ocorrem em aproximadamente 90% dos casos. Geralmente está associada a anormalidades intestinais congênitas, sendo raros os tumores malignos de rins ectópicos com fusão cruzada, sendo os sarcomas os mais comuns (DUARTE, 2020).

A fusão renal ectópica é o segundo tipo de fusão renal e ocorre em 0,01% da população geral. Existem até seis rins ectópicos cruzados e fundidos, que se acredita serem decorrentes de distúrbios vasculares ou migração de néfrons alterada devido a fatores genéticos ou teratogênicos. Geralmente está associada a outras alterações nos tratos gastrointestinal e motor (SILVA et al., 2020).

A heterotopia renal é uma das anormalidades renais mais comuns. No entanto, apenas alguns casos de heterotopia renal cruzada fundida foram relatados na literatura. A heterotopia renal cruzada geralmente é clinicamente assintomática, mas às vezes está associada a infecções recorrentes do trato urinário e nefrolitíase, e pode estar associada a uma alta incidência de obstrução da junção ureteropélvica, refluxo vesicoureteral e displasia renal policística (BARRETO et al., 2019).

Ocorre em 3 a 4% dos nascidos vivos. Geralmente é uma anormalidade assintomática, mas em alguns casos pode ser complicada por infecções do trato urinário, cálculos renais e possivelmente obstrução da junção ureteropélvica (33%), refluxo vesicoureteral (20%) e associada a alta incidência de displasia renal policística (15%) (DUARTE, 2020).

Os rins ectópicos são frequentemente complicados por infecção e cálculos, que podem comprimir as estruturas circundantes, especialmente vasos sanguíneos e nervos. Pode simular tumores e inflamações de órgãos da região (apendicite, tuberculose ileocecal, cistos ovarianos). A heterotopia pélvica aumenta a incidência de obstrução da junção ureteropélvica (devido à inserção alta do ureter na pelve renal), refluxo vesicoureteral e displasia renal policística (MINUZZO et al., 2021).

Pacientes com heterotopia renal cruzada fundida geralmente são assintomáticos até a idade de 4 e 5 anos, quando apresentam infecções do trato urinário, cálculos, massas abdominais ou dor que simula um problema gastrointestinal. Em 20% a 30% dos casos, essa condição é detectada incidentalmente, em outros casos, os sintomas relatados são: dor abdominal ou lombar, hematúria, infecção do trato urinário, massa palpável e disúria (BARRETO et al., 2019).

Os rins ectópicos são vulneráveis a traumas e podem se apresentar como uma massa abdominal ou pélvica palpável. O aumento da incidência de urolitíase em rins ectópicos é resultado da estase causada pela geometria alterada da drenagem urinária. Saldana et al. (2022), afirma que o ureter do rim ectópico é inserido através da linha média em sua posição normal na bexiga. A incidência de híbridos não fusionados é de 1:2.000 nascidos vivos, representando 10 a 15% dos casos, e a incidência de híbridos é de 1:1.000, correspondendo a 85 a 90%. É mais prevalente no sexo masculino na proporção de 2-3:1, sendo o lado direito 3 vezes mais prevalente que o esquerdo.

A heterotopia renal cruzada sem fusão é uma exceção. Dentre suas diversas manifestações clínicas, sua aparência não é considerada uma massa abdominal intermitente. A heterotopia renal reflete a presença do rim fora de sua localização habitual. A condição mais comum é um rim pélvico ectópico baixo em uma posição pré-sacra abaixo da bifurcação aórtica. Também pode ser a coluna lombar quando está acima da crista ilíaca, mas abaixo do plano L2-L3. A ectópica pode ser ipsilateral (simples) ou contralateral (cruzada). Pode ser unidirecional ou bilateral. Sua origem foi um acidente, hereditário ou não, que impediu a migração cranial dos rins durante a gravidez. A ectopia é frequentemente acompanhada de má rotação renal (BARRETO et al., 2019).

Portanto, há necessidade de fazer um correto diagnóstico da alteração morfológica, bem como a correta avaliação de possíveis complicações, não apenas o acompanhamento clínico. Tem-se no uso da tomografia computadorizada (TC) e da ressonância magnética (RM) como uma das formas de adquirir um diagnóstico e tratamento mais preciso quando se trata de avaliar o trato geniturinário, superando assim as radiografias simples do abdome e a urografia excretora (UE). Um outro ponto a ser ressaltado é que no uso TC é uma ótima medida na detecção das massas renais e em detectar litíase do trato urinário, isso só consta que seu uso está bem além da ultrassonografia (US). A TC só perde nos diagnósticos para os avanços da tomografia computadorizada com multidetectores (TCMD), como por exemplo na avaliação da superfície mucosa do sistema coletor renal e de ureteres (RABINOWITZ et al., 2021).

E conforme Vasconcelos (2016, p. 18), o “diagnóstico precoce das uropatias reveste-se de especial importância devido a sua natureza progressiva e seu potencial de irreversibilidade”. Nesse contexto, o trabalho mostrará como o estudo da temática “anomalias congênitas do trato urinário superior” se faz necessário devido a relevância para compreensão da funcionalidade, danos, anomalias, instabilidade do sistema, bem como estabelecer relações com os principais órgãos do sistema, sua função e deficiência em frente a uma patologia congênita.

E fazer a teorização dos principais conceitos através do estudo de caso em um paciente com anomalias e outro paciente sem anomalias, segundo dados computadorizados em tomografias que tem um maior desempenhado no diagnóstico das anomalias congênitas tanto em paciente com anomalias como em paciente sem anomalias, orientando melhor nas decisões terapêuticas clínicas e cirúrgicas, além de atuar como ferramenta fundamental na identificação de complicações associadas e bem como apontar para o uso de técnicas operatórias menos invasiva. Considerando que a heterotopia renal pode levar à formação de cálculos, infecções recorrentes do trato urinário, danos estruturais renais e problemas de fluxo urinário, seu tratamento se mostra crítico. Uma condição especial é chamada de refluxo vesicoureteral, na qual a urina flui de volta da bexiga para o ureter (DUARTE, 2020).

Neste sentido, quanto mais pesquisas como esta forem realizadas, mais informações serão disseminadas sobre o assunto, proporcionando assim mais conhecimento e consequentemente qualidade de vida para as pessoas que portam esta anomalia.

O referido estudo de caso foi feito na clínica médica Dra. Andréia Serviços Medica Ltda, situada na: Rua do Cravo, nº 2748, bairro Cohab, no município de Porto Velho/RO. O objetivo geral desta pesquisa foi descrever detalhes clínicos e de imagem de um caso de ectopia renal cruzada. Para tanto, seus objetivos específicos foram conceituar a ectopia renal cruzada, enfatizar os possíveis sintomas da ectopia renal cruzada e analisar um estudo de caso de uma pessoa portadora de ectopia renal cruzada.

2. ECTOPIA RENAL CRUZADA

As anomalias congênitas do trato urinário superior implicam em alterações morfológicas e funcionais, com manifestações clínicas que variam desde assintomáticas até insuficiência renal e incompatibilidade com a vida (VAZ, 2019). Além dos métodos de imagem além da urografia excretora, a tomografia computadorizada tem desempenhado um papel fundamental no diagnóstico de anomalias congênitas, fornecendo melhor orientação para decisões de tratamento clínico e cirúrgico, e uma importante ferramenta para identificação de doenças relacionadas. Complicações e melhor desempenho. Técnicas cirúrgicas minimamente invasivas (SILVA et al., 2020).

Ectópico é o termo usado para indicar que um órgão não está em sua posição normal. A ectopia renal refere-se ao posicionamento anormal dos rins. Os rins são dois órgãos localizados mais ou menos simetricamente em ambos os lados da coluna lombar, abaixo das costelas, na parte superior do abdome, próximo ao diafragma e acima do psoas, mas fora da cavidade abdominal, da qual são excluídos pôr o peritônio (DELGADO et al., 2016). Abaixo segue a figura 2 que representa a ectopia renal cruzada com e sem fusão.

Figura 1 – ectopia renal cruzada com e sem fusão
Fonte: Collar e Ramos (2020)

Eles são mantidos nessa posição por uma série de estruturas anatômicas, incluindo ligamentos, fáscia muscular, vasos sanguíneos e a própria almofada de gordura. O rim ectópico é um defeito congênito que está presente no nascimento. Nasce com uma frequência de 1:900 e, por não produzir sintomas, muitas vezes é desconhecido ou descoberto apenas ocasionalmente (VIZENTAINER, 2021).

A ectopia renal cruzada refere-se a alterações embriológicas nas quais o rim está localizado do outro lado do ureter que entra na bexiga. Ao longo da história, várias teorias embriológicas foram propostas para explicar sua origem, até que se verificou a existência de uma determinação genética para esta deformidade. A ectopia renal cruzada (CFRE) é uma anormalidade da elevação embrionária deste órgão, na qual um rim está localizado do outro lado da bexiga onde está inserido o ureter. Geralmente assintomático, mais comum em homens, mais comum no lado esquerdo (VAZ, 2019).

Rim ectópico refere-se a um rim localizado em qualquer lugar que não seja a fossa renal. Ocorre em cerca de 1 em 1.000 nascimentos, mas apenas 1 em 10 deles são diagnosticados. Não requer tratamento a menos que haja complicações ou outra patologia associada, sendo a abordagem laparoscópica uma opção viável para o tratamento dessa anormalidade com todas as vantagens da cirurgia minimamente invasiva. No entanto, mesmo que o paciente seja assintomático, exames de imagem são necessários devido à gravidade das possíveis complicações dessa deformidade (DUARTE, 2020).

Na ectópica mais comum, um ou ambos os rins não estão em sua posição normal. Portanto, um deles pode estar localizado abaixo ou acima do normal, ambos de um lado (heterotopia transrenal) ou unidos entre si de um lado (fusão renal). Os rins ainda podem estar conectados na linha média como se fossem um rim (rim em ferradura) ou permanecer em sua posição original na pelve (VAZ, 2019).

2.1 Possíveis sintomas

Os sintomas mais comuns foram: dor, disúria, micção frequente, hematúria e massa palpável. Essa anormalidade tem sido associada a infecções do trato urinário, cálculos renais, tumores uroteliais e refluxo vesicoureteral e, como nos casos acima, estenoses concomitantes na junção ureteropélvica são raras.

Barreto et al., (2019), nos lembrou que, na maioria dos casos, o rim intratorácico é uma massa incidental encontrada na radiografia de tórax. Geralmente não apresentam sintomas, em outros casos, podem causar problemas respiratórios ou urinários. Embora não estejam em seu local habitual, eles ainda funcionam.

Na ectopia renal cruzada, um rim cruza a linha média para o lado contralateral, caracterizando um defeito na migração do broto ureteral. A fusão renal ocorre em 85% a 90% dos casos. Geralmente, a posição do rim ectópico é mais baixa do que a do rim usado externamente, e o polo superior do rim ectópico é fundido com o polo inferior da unidade externamente usada (VIZENTAINER, 2021).

Quanto às causas, Duarte (2020), afirma que outros fatores que podem contribuir para a heterotopia renal são a displasia do “broto” renal, doença do tecido renal, anormalidades genéticas ou doença materna. Os rins ectópicos podem estar associados a alterações na coluna ou no trato digestivo, como atresia anal.

O rim ectópico pode ser um rim pélvico, ilíaco, abdominal, intratorácico, contralateral ou cruzado. Destes subtipos, o subtipo pélvico é o mais comum, e o subtipo intratorácico tem a menor incidência, com menos de 5% dos casos, e uma incidência relatada de menos de 5 por 1 milhão de nascimentos. Na literatura médica, até 2012, apenas 13 casos de rins intratorácicos foram relatados na faixa etária pediátrica (BARRETO et al., 2019).

O rim passa por três fases durante o seu desenvolvimento, na ordem de aparecimento, o pronefro, o mesonefro e, finalmente, o metanefro. Este último, o metanefro, é o rim permanente e pode ser detectado entre 5 e 6 semanas de gestação (Figura 2).

Figura 2 – Pronefro, Mesonefro e Metanefro
Fonte Collar e Ramos (2020).

A cirurgia é necessária apenas para sintomas ou piora do trato urinário superior, mais comumente associada a cálculos renais e refluxo vesicoureteral. No caso relatado, houve necessidade de intervenção devido à função renal alterada em unidades ectópicas secundárias a estenoses na junção ureteropélvica (DELGADO et al., 2016).

3. MATERIAL E MÉTODOS

Esta pesquisa é de natureza bibliográfica, bem como também um estudo de caso. A pesquisa bibliográfica foi realizada por meio da revisão da literatura identificando trabalhos publicados entre o período de 2019 a 2023, ou seja, nos últimos 5 anos. A coleta do material para a pesquisa foi realizada no período de 2023 entre os meses de janeiro e fevereiro. Lima e Mioto (2007), afirmam que a pesquisa bibliográfica implica em um conjunto ordenado de procedimentos de busca por soluções, atento ao objeto de estudo, e que, por isso, não pode ser aleatório.

O estudo de caso é um método de pesquisa que utiliza, geralmente, dados qualitativos, coletados a partir de eventos reais, com o objetivo de explicar, explorar ou descrever fenômenos atuais inseridos em seu próprio contexto (BRANSKI, FRANCO; LIMA JUNIOR, 2016).

Na etapa relacionada ao estudo de caso foram evidenciados dados específicos do paciente, bem como entregue ao mesmo documentações pertinentes a autorização da pesquisa, assim como também foi enviado ao CEP (Comitê de Ética em Pesquisa). De acordo com a Resolução nº 466/2012 e a Resolução nº 510/2016, “toda pesquisa envolvendo seres humanos deve ser submetida à apreciação de um Comitê de Ética em Pesquisa (CEP)”, de forma que, caso receba sua aprovação, possa ser iniciada em seguida a coleta de dados, conforme preveem ambas resoluções.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A paciente do sexo feminino, Kercia Costa Ferreira Sales, de 45 anos solicitou por conta própria exame de tomografia computadorizada do abdome superior na data de 14 de agosto de 2021 no qual foi Realizado estudo multiplanar em Tomógrafo Helicoidal Multislice, com contraste venoso.

Neste exame constatou-se que o fígado encontrava-se com forma, volume e densidade preservada. No entanto, localizou-se um clip metálico situado no leito da vesicula biliar.  O baço estava homogêneo e com volume normal. Não existia sinais de dilatação das vias biliares intra-hepáticas. Os pâncreas foram bem visualizado e de aspecto anatômico.

Figura  3 – Estudo de caso com anomalias congênitas do trato urinário superior
Fonte: Clínica médica Dr. Andréia (2021)

Figura 4 – Estudo de caso com anomalias congênitas do trato urinário superior
Fonte: Clínica médica Dr. Andréia (2021)

Figura 5 – Estudo de caso com anomalias congênitas do trato urinário superior
Fonte: Clínica médica Dr. Andréia (2021)

Foi encontrada situação de ectopia renal cruzada à direita com fusão de seu polos. Notou-se cisto cortical simples medindo 5,4 x 4,9 cm (Bosniak I) no polo inferior do rim situado mais superiormente e cistos corticais simples menores que 1,1 cm (Bosniak I) no polo inferior do rim situado mais caudalmente. Os supra-renais estavam visíveis e sem anormalidades evidentes, e aorta de calibre normal.

Segundo Cristovam et al. (2019), as anomalias congênitas do trato urinário e rim (CAKUT), que envolvem os rins e o trato urinário, ocorrem em 20% a 30% dos casos.  Entre 40% a% 50% das crianças com DRC têm CAKUT como causa.  Além disso, essas anomalias causam entre 40 e 50% de todas as anomalias congênitas.

Para entender melhor como abordar anomalias na bexiga urinária, Vaz (2019) destaca que os rins e sua posição e forma precisam ser minuciosamente estudados por profissionais especialistas.  Além disso, o número e o volume do rim devem ser compreendidos, bem como quaisquer anomalias no sistema coletor.

Soares et al. (2022), apontam que as anomalias do aparelho urinário compreendem 20% a 30% dos diagnósticos pré-natais.  Estes variam de problemas menores a condições com risco de vida, sem sintomas externos.  O acesso a um problema diagnosticado no pré-natal é fundamental para a intervenção precoce que evita mais danos renais.

Segundo Dória et al. (2021), as margens mínimas de segurança sempre devem ser obtidas ao realizar PN.  Este procedimento pode ser executado quando os critérios forem atendidos.  Esses critérios são encontrar tumores no rim com menos de 4 centímetros, ter lesões que afetem apenas um rim ou ambos os rins e ter lesões que apareçam nas partes periféricas do órgão.

Cristovam et al. (2019), destaca que quando um carcinoma renal recorre após passar por PPAR, de 4% a 6% dos pacientes apresentam recorrência.  Isso equivale às taxas de recorrência de procedimentos cirúrgicos envolvendo casos multicêntricos de câncer renal.

Vizentainer (2021), afirma que para tratar adequadamente uma doença, o médico primeiro precisa determinar a causa, observando a epidemiologia local ou os resultados de uma análise de laboratório.  Como alternativa, eles podem começar experimentando novos tratamentos, como o uso de cranberry.  As infecções do trato urinário causam problemas de saúde significativos em todo o mundo.  Para estudar esse fenômeno, as regiões locais precisam repetir continuamente suas análises para verificar os aspectos epidemiológicos de sua área.

Lima (2020), destaca que a bexiga hiperativa é o sintoma mais comum de doenças não neurológicas em crianças.  Crianças mais velhas com complicações de elevação da pressão intravesical devido ao mau funcionamento da bexiga são mais propensas a essa condição.  Os sintomas incluem incontinência urinária de esforço, urgência, disúria, fluxo diminuído, enurese e gotejamento pós-miccional.  Complicações adicionais causadas pelo mau funcionamento da bexiga incluem produção inadequada de urina e mau funcionamento da bexiga.

De acordo com Neto e Souza (2021), as infecções do trato urinário podem levar a complicações como LUTD ou obstrução vesical (RVU).  Muitas pessoas com LUTD e RVU desenvolvem uma condição do trato urinário chamada subluxação ureteral.  Um método de investigação de cima para baixo é recomendado para esses casos.  As pessoas que investigam esses casos também podem considerar ITU febril no contexto da melhora do ultrassom.

5. CONCLUSÃO

Vários defeitos congênitos no trato urinário podem variar de efeitos colaterais leves a graves.  Isso inclui complicações como insuficiência renal e incapacidade de viver uma vida normal. A tomografia computadorizada provou ser uma ferramenta diagnóstica inestimável para muitas anomalias congênitas. Substituiu a urografia excretora como método de imagem para avaliação de anomalias urinárias.

Também desempenha um papel importante na detecção de complicações associadas a defeitos congênitos, além de fornecer uma melhor compreensão de como tratar esses defeitos de maneira mais eficaz.  Existem também inúmeras opções de tratamento menos invasivas. Defeitos congênitos no trato urinário superior raramente são vistos em casos leves.  Isso foi comprovado por meio de pesquisas.

A ectopia renal é uma anormalidade no desenvolvimento renal que aflige muitas crianças.  No entanto, apenas alguns casos publicados de ectopia renal cruzada foram registrados.  Essa condição envolve a fusão da pelve renal, produzindo uma anormalidade anatômica normalmente silenciosa.  No entanto, às vezes pode causar cálculos urinários e bloqueio obstrutivo da junção ureteropélvica.

Além disso, a displasia renal multicística e o refluxo vesicoureteral às vezes estão associados à ectopia cruzada.  Pedras nos rins e infecção do trato urinário podem causar ectopia renal mesclada.  Relatamos dois novos casos desta condição juntamente com uma revisão dos mecanismos e características clínicas comuns.  Uma vez que complicações podem aparecer se forem necessários cuidados de acompanhamento, os nefrologistas devem estar cientes dessa anormalidade de desenvolvimento nos rins.

O referido estudo de caso apontou situação de ectopia renal cruzada à direita com fusão de seu polos. Assim, evidenciou-se a importância de exames de imagem para diagnóstico da doença, bem como avaliação do caso para determinação dos possíveis tratamentos.

REFERÊNCIAS

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¹Anaile de Souza Rodrigues – estudante de medicina da Faculdade Metropolitana de Rondônia.
2 Nlay Liberato de Jesus – estudante de medicina da Faculdade Metropolitana de Rondônia.
3 Welyston Henrique Saraiva da Silva – estudante de medicina da Faculdade Metropolitana de Rondônia.
4 Profª Dra. Rebeca Almendra de Andrade – docente/orientador – Faculdade de Metropolitana de Rondônia..