ÓBITO FETAL NA PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE EM UM HOSPITAL DE REFERÊNCIA DE RISCO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7830137


Regina Maria Andrade de Moura Ayres1
Fernanda Paula Cerântola Siqueira2
Sandra Renata Albino Marques3


RESUMO

Objetivo: compreender a vivência dos profissionais de saúde diante da assistência às situações de óbito fetal, identificar os sentimentos e as dificuldades dos profissionais diante da assistência no óbito fetal. Método: estudo de campo de abordagem qualitativa, realizado com 18 profissionais da saúde que atuam em um hospital de referência de alta complexidade no interior paulista. Os dados foram coletados por meio de entrevista gravada, após aprovação no CEP, mediante CAAE nº 50516421.2.0000.5413, sob parecer nº 4.977.402. A análise dos dados foi fundamentada na Análise de Conteúdo na modalidade Temática proposta por Bardin. Resultados: identificaram-se quatro categorias temáticas: sentimentos despertados, dificuldades encontradas na prática, habilidades e estratégias utilizadas, e mudanças necessárias em prol de um cuidado humanizado e integral no óbito fetal. Em tais categorias afloraram o sofrimento e os sentimentos de tristeza, angústia e impotência dos profissionais de saúde diante da interrupção precoce da vida de um feto. Deparam-se com o despreparo para lidar com a finitude da vida, mas reconhecem estratégias e a necessidade de mudanças para assistir de forma integral e humanizada às mulheres e a família enlutada. Considerações finais: Os resultados deste estudo apontam para a necessidade do preparo, tanto na formação quanto no aperfeiçoamento dos profissionais de saúde, em relação a esta temática e para reorganização do processo de trabalho nos serviços de saúde visando contribuir de forma eficaz na minimização da dor da perda diante de situações de óbito fetal.

Palavras-chave: Assistência integral à saúde. Morte fetal. Humanização da assistência. Pessoal de saúde.

ABSTRACT

Objective: to understand the experience of health professionals in the face of assistance in situations of fetal death, to identify the feelings and difficulties of professionals in the face of assistance in fetal death. Method: field study with a qualitative approach, carried out with 18 health professionals who work in a high-complexity referral hospital in the interior of São Paulo state. Data were collected through recorded interviews, after approval by the CEP, through CAAE nº 50516421.2.0000.5413, under opinion nº 4.977.402. Data analysis was based on Content Analysis in the Thematic modality proposed by Bardin. Results: four thematic categories were identified: feelings aroused, difficulties encountered in practice, skills and strategies used, and necessary changes in favor of a humanized and comprehensive care in fetal death. In these categories, the suffering and feelings of sadness, anguish and impotence of health professionals emerged in the face of the early interruption of the life of a fetus. They are faced with the lack of preparation to deal with the finitude of life, but they recognize strategies and the need for changes to assist women and the bereaved family in an integral and humanized way. Final considerations: The results of this study point to the need for preparation, both in the training and in the improvement of health professionals in relation to this theme, and for the reorganization of the work process in health services to effectively contribute to minimizing the pain of loss in the face of fetal death situations.

Keywords: Comprehensive assistance to women’s health. Fetal death. Humanization of assistance. Health Personal. 

  1.  INTRODUÇÃO

O nascer e o morrer são apontados como os dois únicos fenômenos certos da vida, sendo a vida a distância entre esses dois acontecimentos. Partindo dessa perspectiva, a morte deveria ser vista como um evento fisiológico. No entanto, é perceptível que o ser humano não está preparado para lidar com o processo natural de morrer. O que se espera é a morte dos mais velhos. Porém, ninguém está preparado para perder um filho, ainda mais antes do seu nascimento (SALGADO; POLIDO, 2018). 

Observa-se na prática assistencial, assim como na literatura, que a mulher e sua família criam uma expectativa desde o desejo de terem um filho. Nesse sentido, o filho saudável é idealizado durante todo o processo gestacional. A maternidade é construída e marcada por muitos sentimentos, únicos para cada mulher que a vive (DIAS, 2012; PICCININI et al., 2008). Sendo assim, a mulher grávida cria expectativas em relação ao filho, pois a gestação é um projeto de vida ou sonho para a mulher e sua família (DIAS, 2012).

Verifica-se que essa expectativa é quebrada no momento da notícia do óbito fetal, pois se acredita que um filho não é apenas uma combinação genética dos pais, mas a soma de seus projetos de vida (SALGADO; POLIDO, 2018). 

A gestação não remete à morte ou finitude, portanto, perder um filho gera traumas aos pais enlutados. Além da experiência de luto, existe a perda com a frustração, com a quebra dessas expectativas e sonhos despertados anteriormente com a gestação (AMPESE; PEROSA; HAAS, 2007; SANTOS et al., 2012). 

O óbito fetal é sinônimo de natimorto, sendo definido como a morte do feto antes da extração completa deste do corpo da mãe. É constatado por ausência de sinais de vida como: respiração, batimentos cardíacos fetais, pulsação do cordão umbilical, contrações efetivas de musculatura voluntária (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 1993; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2016).  

Para o Ministério da Saúde, o óbito fetal é classificado como a morte do concepto com o peso fetal mínimo de 500 g. Na ausência desse dado, considera-se a idade gestacional a partir de 22 semanas ou o comprimento corpóreo a partir de 25 cm. Abaixo dos valores dos critérios anteriores, o termo denominado é aborto (BRASIL, 2010b).

O conceito de aborto é controverso na literatura, o que pode levar a interpretações divergentes na prática, pois para Kersting e Wagner (2012) o aborto é a morte de um feto antes das 20 semanas de gestação; óbito fetal ou morte intraútero ou natimorto é a morte de um feto após 20 semanas de gestação, mas antes do nascimento.

Diante da constatação do óbito fetal, a Portaria nº 72 de 11 de janeiro de 2010 normatiza a obrigatoriedade da declaração de óbito pela equipe médica e a vigilância nos serviços de saúde que integram o Sistema Único de Saúde (SUS), por serem instrumentos de investigação e subsídios para a adoção de medidas preventivas (BRASIL, 2010b). 

A temática tem sido alarmante devido a sua incidência e a complexidade que envolve a abordagem e assistência à mulher e sua família nesse contexto. Estatísticas mostram que ocorrem anualmente aproximadamente 2,6 milhões de mortes intrauterinas em todo o mundo, sendo 98% em países de média e baixa renda, por causas evitáveis (BERNIS et al., 2016). 

Em 2019, no Brasil ocorreram 29.105 óbitos fetais. Na região sudeste, a região com a maior ocorrência, o total de mortes foi de 10.815, sendo o estado de São Paulo a maior ocorrência da região com 5.085 mortes. Em comparação ao ano anterior, 2018, houve uma diminuição das ocorrências. Nessa época, o número de natimortos no país era de 30.690, sendo na região sudeste 11.260 e o estado de São Paulo 5.331 (DATASUS, 2018; BRASIL, 2021). 

A escassez de estudos sobre essa temática reflete a desvalorização em termos de políticas públicas em saúde. A taxa de natimortos não está inclusa na lista de mudanças propostas nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, nem é investigada pela Organização das Nações Unidas (ONU), não sendo priorizada politicamente (LAWN et al., 2011).

Embora os índices de óbito fetal sejam elevados, a prevenção de morte fetal não é priorizada, apesar de sua importância, considerando os problemas de saúde e sofrimento à família e à sociedade. A mortalidade, inclusive a fetal, expressa os níveis de saúde, as desigualdades sociais, a participação social e as políticas sociais na garantia de direitos (BITTENCOURT; DIAS; WAKIMOTO, 2013). 

A ocorrência de óbitos fetais foi associada ao pré-natal deficiente, à falta de associação entre pré-natal (atenção primária) e atenção terciária (hospital maternidade) e ao tempo prolongado de assistência durante o parto (LEAL et al., 2017). Diante de questões econômicas, sociais e políticas, é de extrema importância dar visibilidade ao óbito fetal e seu impacto na vida das famílias enlutadas. Esse impacto pode ser diminuído através da valorização das vivências dos profissionais que atuam nessas situações (BERNIS et al., 2016; GONÇALVES et al., 2019). Cabe ao profissional da saúde ouvir e orientar com respeito a mãe e sua família enlutada, diante da dor da perda (FARIAS et al., 2012).

A morte intraútero ou após o nascimento não é validada socialmente, devido à crença de que a morte de uma criança mais velha é mais impactante (SCOTT, 2011). A sociedade minimiza e não reconhece o luto perinatal (DOKA, 1989; CASELLATO, 2005). Além disso, as mortes perinatais, por não serem esperadas, acabam por se tornarem mais traumáticas para a família enlutada e para os profissionais que prestam cuidados, sendo a morte de uma criança, no mundo ocidental, a maior fonte de dor (PARKES, 2013).

Sentimentos de culpa podem ser despertados em mulheres que sofreram óbito fetal, levando-a a questionar sua competência em gerar uma vida saudável. O processo de luto pode durar anos e afetar as futuras gestações. Diante disso, é de extrema importância a assistência dos profissionais da saúde, em prol da integridade física e mental dessas mulheres, diante desses sentimentos negativos (MURPHY, 2012). 

Além disso, como enfatizado pelo Ministério da Saúde, os estudos sobre essa temática são escassos, o que reflete a dificuldade profissional em lidar com o luto e em dar uma assistência adequada, a falta de dados nos registros dos fatos e, principalmente, a necessidade de políticas públicas para a diminuição dessa ocorrência. Considerando o leque teórico preconizado pelo SUS, há muito que ser feito. Mais do que dar qualidade de vida, é necessário prevenir mortes e, quando não evitáveis, garantir a assistência adequada (BRASIL, 2009).

Tendo isso em vista, um dos princípios do SUS é a integralidade do cuidado, o qual envolve ações de promoção, prevenção de agravos e recuperação da saúde. É o processo de cuidar considerando todo o contexto do paciente, o que inclui as suas necessidades econômicas, físicas e mentais, seu núcleo familiar e social, bem como as suas crenças e valores, em prol do bem-estar do paciente e sua família (HARTZ et al., 2004). 

O cuidado humanizado está atrelado ao cuidado integral, uma vez que envolve o respeito à individualidade do ser humano (PESSINI, 2004). O Ministério da Saúde desde 2001, já alertava para a necessidade de um cuidado humanizado, com a criação do Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH), sendo complementado com a Política Nacional de Humanização (Humaniza SUS), em prol de melhorias no padrão de assistência, na relação entre profissionais, destes com os usuários e do hospital com a comunidade, promovendo o acolhimento e a melhoria dos ambientes de cuidado (BRASIL, 2001, 2004).

O Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher nas últimas décadas foi uma das conquistas públicas na luta pela quebra de estereótipos, por garantia de direitos, maior visibilidade e atenção humanizada à mulher em todos os momentos de sua vida (BRASIL, 1984). O cuidado à mulher foi fortalecido pelo Aprimoramento e Inovação no Cuidado e Ensino em Obstetrícia e Neonatologia (Apice On), o qual é uma iniciativa do Ministério da Saúde, que surgiu como um modelo de qualidade de atendimento humanizado a ser seguido nos 97 hospitais de ensino adeptos no âmbito da Rede Cegonha. Engloba inclusive o atendimento ao parto, nascimento e planejamento reprodutivo pós-aborto (BRASIL, 2017).

A integralidade do cuidado na prevenção do óbito fetal envolve desde o cuidado à saúde da mulher antes da concepção. O planejamento familiar deve ser garantido na atenção primária, quando a mulher e sua família desejam ter um filho, investigando o histórico familiar de doenças, percorrendo o pré-natal completo, até o parto e puerpério no ambiente hospitalar, seguido da contrarreferência, direcionando novamente a mulher e sua família à unidade de saúde de referência (BRASIL, 2009). 

A assistência integral por parte da equipe de saúde é essencial para amenizar o sentimento de culpa por parte da família e de garantir que uma possível futura gestação sofra um risco menor de repetição do caso. À família deve ser dado o tempo e o direito de passar pelo luto de forma natural e privativa (BRASIL, 2012a; SALGADO; POLIDO, 2018). 

Ainda faz parte do cuidado integral nesse contexto a criação de comitê de mortalidade nos hospitais, o qual é considerado uma ferramenta eficaz na pesquisa e na investigação de óbitos (BITTENCOURT; DIAS; WAKIMOTO, 2013). Acredita-se que a participação dos profissionais de saúde é uma necessidade e muito pode contribuir para a reflexão da prática em prol de uma assistência humanizada. Destaca-se que os profissionais de enfermagem, os quais participam de todo o itinerário da assistência, têm papel fundamental na garantia do cuidado integral humanizado (BARBOSA; SILVA, 2007).

Toda essa problemática apresentada despertou a necessidade de conhecer a percepção dos profissionais de saúde ao atender mulheres que tiveram o óbito fetal. Diante disso questiona-se: Quais os sentimentos e dificuldades que os profissionais vivenciam ao assistir a mulher e sua família em situações de óbito fetal? As respostas desses questionamentos servirão de estímulo à conscientização profissional e aos estudos futuros, para que preparados possam promover o cuidado integral efetivo e humanizado nesse contexto. 

Os resultados desta pesquisa têm como benefício, contribuir para um maior esclarecimento e orientação dos profissionais, beneficiando o alcance do cuidado integral e humanizado à mulher e à família enlutada.

Estudar o óbito fetal e a assistência prestada à mulher e sua família em processo de luto é essencial para refletir a prática em relação à riqueza teórica preconizada pelo SUS. A dificuldade profissional diante da morte e a mecanização da rotina de procedimentos devem dar lugar à assistência humanizada, considerando a integralidade do cuidado centrado na mulher e sua família. 

  1.  OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Compreender a vivência dos profissionais de saúde diante da assistência às situações de óbito fetal.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

  • Identificar os sentimentos dos profissionais ao lidarem com o óbito fetal.
  • Identificar as dificuldades profissionais diante da assistência ao óbito fetal. 
  1.  MÉTODO

3.1 TIPO DE PESQUISA

Foi desenvolvida uma pesquisa de campo de abordagem qualitativa. O estudo de campo aprofunda uma realidade específica, sendo realizado por meio da observação direta das atividades do grupo estudado e de entrevistas com informantes-chaves (GIL, 2008).

Já a pesquisa de abordagem qualitativa tem enfoque na realidade que não pode ser quantificada, trabalhando com os significados, motivações, crenças, valores e atitudes (MINAYO, 2014). Esse tipo de pesquisa não se preocupa com representatividade numérica, mas sim com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, tendo como objetivo verificar o modo como as pessoas consideram uma experiência, uma ideia ou um evento (GOLDENBERG, 1997; CÂMARA, 2013).

Esse tipo de estudo, originado das ciências humanas, foi adaptado à realidade da área da saúde, promovendo uma discussão profunda dos acontecimentos e da subjetividade atrelada às relações, aos comportamentos e valores (DENZIN; LINCON, 2017; TAQUETTE; MINAYO, 2017). A pesquisa na área de enfermagem é a base para a prática baseada em evidências e, por ser pautada no melhor uso do conhecimento em prol da assistência à saúde, aumenta a assertividade das intervenções (CAMARGO et al., 2017).

3.2 CENÁRIO DA PESQUISA

O cenário da pesquisa foi composto pelas unidades de pronto socorro da ginecologia e nas unidades de internação de ginecologia e obstetrícia do Hospital das Clínicas Unidade Materno Infantil de Marília, denominado Departamento de Atenção à Saúde Materno Infantil, o qual é um dos cinco departamentos da autarquia HCFAMEMA. Este cenário justifica-se por ser uma unidade hospitalar para o ensino e assistência de alta complexidade à saúde materno infantil que integra a Rede Regional de Atenção à Saúde 10 do Departamento Regional de Saúde de Marília- DRS IX, sendo referência para 62 municípios (HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DE MARÍLIA, 2018).

Desde 2002 integra a Rede de Hospitais “Amigo da Criança” do Ministério da Saúde, além de realizar assistência ambulatorial nas especialidades pediátricas, onco-ginecologia, ginecologia geral e pré-natal de alto risco. Vale ressaltar que a instituição faz parte dos 97 hospitais de ensino adeptos, no âmbito da Rede Cegonha e do Apice On (HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DE MARÍLIA, 2018).

3.3 PARTICIPANTES DA PESQUISA

O número de participantes foi estabelecido por amostragem não-probabilística tipo intencional. Neste tipo de amostragem, o pesquisador decide quem irá compor a amostra (POLIT; BECK; HUNGLER, 2004). Neste tipo de pesquisa, justificou-se ainda, esta forma de amostragem pelo fato de os 18 profissionais convidados do estudo terem aproximação com o tema e por vivenciarem o objeto da pesquisa no referido cenário.

Participaram 18 profissionais de saúde, sendo quatro médicos, quatro enfermeiras, cinco técnicas de enfermagem, três psicólogas e duas assistentes sociais, os quais compõem a equipe multiprofissional que atua nas unidades de pronto socorro da ginecologia e nas enfermarias de ginecologia e obstetrícia do referido cenário de pesquisa. Para este estudo não houve critério de exclusão.

A princípio, estava prevista a realização de 15 entrevistas. Esse número foi ultrapassado, tendo em vista o interesse dos profissionais em contribuir com este estudo. Dos 22 profissionais solicitados, apenas quatro recusaram, sem comprometimento das demais entrevistas.  

3.4 COLETA DE DADOS

A entrevista contemplou dois momentos, sendo no primeiro momento a investigação dos dados sociodemográficos como o sexo do participante, idade, etnia, categoria profissional e tempo de formação. Já no segundo momento foram explorados os objetivos propostos neste estudo por meio das questões norteadoras, as quais captam o conhecimento sobre a temática, os sentimentos e as dificuldades dos profissionais diante da assistência ao óbito fetal, a visão sobre a importância do cuidado holístico e a sugestão de mudanças institucionais para promover a integralidade e humanização no processo de cuidar (APÊNDICE A).

A coleta de dados foi realizada no período de 30 de setembro a 26 de outubro de 2021 por meio da entrevista semiestruturada (modelo de entrevista com roteiro prévio, mas flexível) que agregou perguntas abertas permitindo ao profissional participante discorrer sobre sua vivência profissional e pessoal, bem como o conhecimento acerca da temática do óbito fetal, sem se prender ao questionamento realizado.

A coleta de dados foi iniciada após apreciação e aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos. Foi realizado um contato prévio com os participantes, os quais foram convidados a participarem do estudo. 

Diante do aceite ao convite, foi agendado data e horário para realização das entrevistas, considerando a disponibilidade dos mesmos e a rotina de trabalho. A entrevista foi realizada no próprio cenário em local reservado, assegurando que a realização desta não atrapalhasse o desenvolvimento das atividades profissionais. Elas foram gravadas com prévia autorização por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

3.5 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

O projeto deste estudo seguiu as recomendações previstas pela resolução 466/2012 e 510/2016 (BRASIL, 2012b, 2016) e foi apreciado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Faculdade de Medicina de Marília, mediante CAAE nº 50516421.2.0000.5413, sob parecer nº 4.977.402 (ANEXO A).

Foi elaborado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido em duas vias, sendo que foi entregue uma das vias aos participantes do estudo após o aceite do convite para a participação nesta pesquisa (APÊNDICE B). O sigilo e o anonimato dos participantes foram garantidos utilizando a sigla “Pe” e numerados sequencialmente, como por exemplo “Pe1”, “Pe2” etc.

Aos participantes foi explicado o objetivo desta pesquisa, que sua participação seria voluntária e livre de custos e sem riscos previsíveis à vida humana, considerando os direitos inerentes a sua condição biológica, social, cultural, pois foi realizada apenas uma entrevista gravada. Destaco que foram respeitadas as orientações preconizadas pelo cenário da pesquisa e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) com relação à Covid-19, portanto as entrevistas foram realizadas de forma individual com distanciamento recomendado, uso de máscaras cirúrgicas, álcool em gel para desinfecção das mãos e não foram compartilhados objetos.

3.6 ANÁLISE DOS DADOS

Os dados coletados foram analisados pela técnica de Análise de Conteúdo, que é um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter a descrição do conteúdo das mensagens. Essa análise deve ser minuciosa e aprofundada, realizada de modo sistematizado, considerando que o objetivo da pesquisa qualitativa é estudar os fenômenos e os significados atribuídos aos mesmos. A utilização da análise de conteúdo engloba três fases: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados – a inferência e a interpretação (BARDIN, 2011; MINAYO, 2014).

A primeira fase, a pré-análise, pode ser identificada como a fase de organização. Envolve a leitura e escolha dos documentos que serão analisados, a formulação de hipóteses e objetivos, a elaboração dos indicadores que orientarão a interpretação e a preparação formal do material. As entrevistas foram transcritas e constituíram o corpo da pesquisa (BARDIN, 2011).

Na segunda fase, ou fase de exploração do material, ocorreu a classificação em blocos que expressaram determinadas categorias, que confirmam ou modificam as hipóteses e os referenciais teóricos inicialmente propostos (BARDIN, 2011).

A terceira fase desse processo é denominada tratamento dos resultados visando a sua interpretação. Baseado nos resultados, o pesquisador procurou torná-los significativos e válidos. A interpretação foi além do conteúdo manifesto dos documentos, pois, os conceitos produzem sentido, derivam da cultura estudada e da linguagem dos informantes, e não de definição científica, o que permite a comparação entre enunciados e ações (BARDIN, 2011). 

  1.  RESULTADOS

4.1 PERFIL DOS PARTICIPANTES

Foram entrevistados 18 profissionais da equipe multiprofissional, sendo: quatro médicos, quatro enfermeiras, cinco técnicas de enfermagem, três psicólogas e duas assistentes sociais. 95% dos entrevistados eram do sexo feminino. A faixa etária variou de 27 a 56 anos. Quanto ao tempo de formação, sete profissionais tinham entre um ano e meio e cinco anos, cinco com seis a dez anos, quatro com 11 a 15 anos, um entrevistado com 17 anos e um com 29 anos. 

4.2 CATEGORIAS TEMÁTICAS

Tema 1- Sentimentos despertados nos profissionais diante da assistência no óbito fetal

Ao vivenciar situações de óbito fetal, afloram nas falas dos profissionais diversos sentimentos, entre eles o de compaixão por essas mulheres. Tal sentimento é reforçado pela ausência ou a lembrança do filho, o que é reconhecido como um sentimento vazio por essas mães.

“[…] eu sinto compaixão por essas mães, imagino o tamanho da dor delas […] essa mãe vai ter um buraco dentro dela” (Pe1)

A tristeza ao ver a família enlutada em sofrimento é relatada pelos profissionais.

“O sentimento de tristeza de ver a mãe em sofrimento, a família…” (Pe9)
“[…] eu vi que é muito sofrimento, a mãezinha fica muito triste, a família toda e acaba envolvendo a gente nisso. A gente fica muito sentido sobre o que está acontecendo […]” (Pe14)
“Eu fico triste, porque eu me coloco muito no lugar do outro, no lugar do paciente […], porque […] ela se programa, […] quando ela descobre que ela está grávida, ela começa a se preparar […] para receber o bebê, para ser mãe, principalmente quando é mãe de primeira viagem. E de repente, ela se depara com uma situação dessa, que ela não vai ter oportunidade de pegar o seu bebê no colo, de poder amamentar, de ver crescer, de muitas coisas, são muitas faltas” (Pe15)

São despertados os sentimentos de angústia e tristeza, somados à desesperança e a impotência, nos profissionais que dão a notícia e prestam assistência à família. 

“É bem angustiante ver a família, porque sempre é uma notícia muito ruim de se dar […] ter que falar sobre isso com a família é muito triste. É difícil dar uma esperança” (Pe11)
“[…] é muito difícil, porque mexe muito com nosso psicológico, gera uma tristeza, uma angústia, um sentimento de tentar ajudar e não ter o que fazer” (Pe18)

A dor emocional é sentida por profissionais que também passaram pela situação de óbito fetal e que compreendem a idealização das mães que sofreram o luto.

“[…] Os sentimentos quanto a essa temática, em relação ao óbito, é dolorida, porque foi um sonho e dentro desse sonho já tem perspectivas de uma vida toda construída e que nem nasceu. […]. A dor, do óbito fetal no caso, é uma relação conhecida por mim também […]”. (Pe12)

A tristeza é citada diante da assistência ao óbito fetal, porém, é reforçado que lidar com a finitude da vida é inerente à profissão. 

“É uma coisa muito triste a gente vivenciar isso, ainda mais quando se vê […] que já estava tudo programado para ter o filho. […] mas é uma coisa que faz parte do mundo e da profissão a qual escolhemos, lidar com vida e com morte”. (Pe10)

Profissionais referiram que estar diante de situações de óbito fetal desperta um sentimento ruim e o fato de ser um processo doloroso e difícil, requer dos profissionais de saúde empatia e habilidade na comunicação de más notícias. 

“[…] nesse momento existe uma certa empatia em relação à gestante, no sentido de […] entender que isso é um processo doloroso e difícil, […] eu penso que é um sentimento muito ruim” (Pe5)
“Essa é uma das piores notícias que a gente dá para uma gestante […] principalmente daquelas que desejam intensamente essa gestação e esse neném.” (Pe13)

Os profissionais sentem-se convalescidos, ainda mais por serem mulheres e referem piora dos sentimentos quando é o primeiro filho das mães enlutadas.

“A gente fica convalescido com a situação. […] não tenho a experiência própria, mas o sentimento como mulher, ele aflora na gente. […] principalmente quando é o primeiro nenezinho, isso afeta a gente […].” (Pe8) 

Os participantes desta pesquisa, os quais eram mães, demonstraram ser mais sensibilizados e mobilizados diante da assistência no óbito fetal.   

“Emocionalmente é péssimo. É a coisa mais horrível que tem, porque chorar você, chora a família, chora todo mundo junto. É muito ruim até de falar, ainda mais quando a gente é mãe. É pior ainda” (Pe2)
“A gente se sensibiliza, eu tenho filho […]. A gente sempre pensa no paciente, no que é melhor […]” (Pe17)

O sentimento de perda é apontado como difícil, ainda mais por quem já é mãe. Explicam que o sentimento de perda é doloroso porque as mulheres idealizam o filho, independente da idade gestacional. 

“É o sentimento da gente, sentimento de perda é difícil, eu acho para todo mundo. Perder um filho é terrível para qualquer mãe. […] não interessa o tempo de gestação, eles imaginam o nenezinho.” (Pe8)
“De muita tristeza, ainda mais eu que sou mãe, eu sei o tanto que a gente espera, que a gente almeja, a família. A gente cria muita expectativa […]. Eu me coloco muito assim no lugar […]” (Pe14)

Tal fato é tão intenso e difícil para alguns profissionais, que ao terem que lidar com a dor e sofrimento dessas mulheres os leva a não se identificar tanto com essa área de trabalho.   

“Dentro dos setores que eu trabalho, foi o que eu menos me identifiquei […] (é um) contexto que mexe muito comigo apesar de ser psicóloga. […] por algum tempo ela gestou uma criança, ela se encheu de sonhos, de expectativas, e, de repente aquele bebê não está mais ali. […] é uma temática bastante difícil […]. A gente trabalha, mas mobiliza bastante, principalmente pensando no nosso lado feminino, da mulher, por ser mulher” (Pe6)

Entretanto, há profissionais que, comovidos diante do luto das famílias atendidas, e, em virtude das demandas do hospital de alto risco, se sentem motivados a buscar mais conhecimento para prestar um atendimento mais humanizado. 

“Considerando que o contexto aqui do hospital é de gestação de risco, então, o abortamento, os óbitos são, […] infelizmente, um pouco mais frequentes do que em outras instituições, me despertou a questão de curiosidade, de buscar mais conhecimento para poder fazer um atendimento mais digno da pessoa, mais humanizado. E também eu tenho a questão assim de suportar a dor do próximo, […] me emociona bastante, né?! Me comove. […] Mas eu consigo contornar isso e dar o suporte para a mãe, para o pai, no momento da perda ali, do luto”. (Pe16)

O sentimento de incapacidade também esteve presente nas falas dos profissionais. A inabilidade, o fato de se sentirem vulneráveis diante da notificação do óbito fetal, entre outras dificuldades, como o processo moroso para constatação radiológica desperta entre os participantes, angústia e ansiedade.

“[…] o sentimento que fica quando a gente perde um bebê intraútero, sinto como se fosse uma incapacidade […]” (Pe4)
“[…] surgem vários sentimentos de incapacidade, de não ter feito mais […] sentimento de fraqueza diante dessa situação, a dificuldade de dar uma notícia para um casal, às vezes causa revolta […]. A gente tenta humanizar isso, porque sabe que é um diagnóstico difícil e, […] às vezes na cabeça da paciente, essa demora no ultrassom, ela acha que morreu pela espera do ultrassom, e, muitas vezes a gente já passa o ultrassom aqui para fazer um diagnóstico prévio para já ir preparando a paciente, […] essa angústia, ansiedade de toda a equipe é bem difícil”. (Pe7)

Em contrapartida, há profissionais que se preocupam com o estado emocional de uma mulher que está com um óbito fetal. Esses profissionais racionalizam a situação vivenciada, tratando-a com naturalidade e buscando explicações de cunho religioso e de outras possíveis perdas futuras para a mulher. 

“[…] A demanda que chega, infelizmente, é uma coisa que a gente sempre recebe, sempre vivência no nosso dia a dia aqui na instituição […] Mas é a mãe que fica, e, a gente se preocupa com o psicológico da mãe em relação aquele momento da perda do filho […] Eu não chego a ficar nervosa/ emocionada, porque eu falo que é uma coisa natural da vida. Se Deus não quis, algum motivo tem […] Ele te livrou, te poupou de algum sofrimento lá na frente, porque tem sofrimento maior do que seu filho vir com algum problema de saúde […] Ou às vezes tem que sair do emprego, porque é uma criança que necessita de cuidados e a gente não sabe as condições financeiras” (Pe3)
“[…] Então é deixar ela viver esse momento […] e mostrar para ela que esse sentimento quem cura, diante de uma perspectiva espiritual, é Deus. […] e fazer um olhar para o futuro, […], sem exigir “ai, você vai ter mais filhos”. Isso é muito dolorido[…]. Mas um sentimento de futuro: “ó, você está viva, a vida segue”” (Pe12)
“[…] eu converso com ela, falo […] que às vezes não era o momento, para ter fé em Deus […], que no momento certo Deus vai preparar novamente para ela […] A fé ajuda muito e a pessoa se sente acolhida.” (Pe15)

Tema 2 – Dificuldades encontradas na prática profissional diante do óbito fetal

Os profissionais relataram a dificuldade na forma de realizarem a abordagem das mulheres enlutadas, sem que sejam invasivos. Enfatizam a importância do diálogo com essas mulheres para que possam externalizar suas expectativas e emoções.

“[…] a dificuldade nessa questão é saber como abordar sem ser invasivo […] também de mostrar para a pessoa que falar é bom, que colocar expectativas, sonhos, fantasias para fora é importante” (Pe1)
“[…] querer tirar uma dor que não se tira (emocional). Fisiologicamente eu não vejo dificuldade na prática assistencial, emocionalmente sim, porque a primeira coisa que a gente quer é: “precisa de um psicólogo?”. O Psicólogo não vai tirar a dor dela e nem vai fazer ela sentir menos dor. O que a gente pode oferecer é: “o que eu posso te ajudar?” (Pe12)

Apontam também como uma das dificuldades como delimitar o melhor momento para a abordagem da mulher, se na admissão ou após a expulsão do feto. 

“[…] a dificuldade está na abordagem, em qual momento […]. Pensando na humanização, qual seria o momento adequado de você abordar? […] após também à expulsão do feto acho que é uma dificuldade. […] Então, muitas vezes a gente verifica assim se tem alguém da família próximo […] é muito questão do atendimento, da assistência e de orientação […] sepultamento, de Declaração de Óbito. Então acho que a dificuldade é essa: em qual momento a pessoa está preparada para ouvir essas orientações?” (Pe5)

Alguns profissionais relataram a dificuldade em lidar com o processo de aceitação familiar do diagnóstico do óbito fetal e elaboração do luto deles. 

“O mais difícil é que a família, a paciente aceite a situação. […] tem contração, então é difícil aceitar, acha que é o bebê mexendo. Então assim, aceitar o diagnóstico é o pior”. (Pe11)
“[…] a resistência da família com a gente, porque está naquele período de ira […] e acabam descontando na gente […]” (Pe14)
“Na prática, a maior dificuldade é a aceitação. […] Para mim, o mais difícil é ver a pessoa estar sofrendo ali e eu não poder fazer nada para ajudar. Eu tento ajudar com as minhas palavras, com o pouco que eu sei, mas é difícil […]” (Pe15)

Os profissionais participantes vivenciam dificuldades desafiadoras na assistência, como cuidar de forma integral e realizar o acolhimento de forma adequada. Acreditam que quando não conseguem considerar a singularidade do contexto dessas mulheres e cuidar com privacidade, isso interfere na elaboração do luto delas. 

“Eu acho que o mais difícil é a gente dar uma assistência global para essa gestante, porque muitas delas já têm patologias […] que pode acarretar isso, às vezes uma má formação fetal, então tem algumas patologias que podem levar a esse óbito. […] eu sinto que a gente não consegue acolher ela de uma forma adequada, conseguir colocar ela num quarto isolado, porque ela ver e ouvir choro de outros bebês, torna isso mais angustiante, mas triste. […] ver mulheres grávidas, dificulta mais ainda o processo de luto delas” (Pe4)

Há situações, como a superlotação dos hospitais, que dificultam assistir e acolher essas mulheres de forma individual e privativa. Destacam ainda que o número reduzido de profissionais nos serviços de saúde, principalmente nos finais de semana, dificulta a realização do acolhimento que os profissionais almejam. 

“[…] eu acho que tinha que ter um lugar especial para essa mãe ser atendida, com apoio psicológico, com apoio de uma equipe multidisciplinar, que é muito importante. Na prática atual […] às vezes está tão lotado e a gente não tem leito […]. Então se tivesse um leito pré-determinado para esse tipo de situação […] para a mulher que teve uma perda, eu acho que seria muito melhor assistida. Ter uma psicóloga, pois de fim de semana a gente não tem psicóloga hospitalar […]” (Pe4)

Na fala dos profissionais, a dificuldade se torna ainda maior, quando o óbito fetal ocorre no final da gestação e quando ocorre a demora para dar um diagnóstico definitivo às famílias. Somado a isso, se deparam com a espera por um leito para a indução do parto, a falta de medicamentos e a falta de integração da equipe.

“[…] É muito difícil, porque a gente precisa ter um laudo definitivo para ficar no sistema arquivado […]. A gente prepara a paciente, mas não dá o diagnóstico, enquanto não sai esse ultrassom. […] a gente sabe que vai ter que ter um acolhimento para essa família, […] às vezes já está perto de nascer, já está de nove meses, 40 semanas, já tem tudo preparado e dar um notícia dessa não é fácil […]. O problema da acomodação, que muitas vezes não tem leito para elas, elas acabam […] esperando um leito, para se preparar para o parto. […] Quando está tumultuado, não tem leito, elas ficam aqui [no Pronto Atendimento] e acaba gerando mais ansiedade, porque tem aquele nenê em óbito dentro do útero. […] a falta de sintonia com toda a equipe”. (Pe7)
“[…] tem muita dificuldade de leitos […] e a gente depende dela entrar na nossa enfermaria para a gente conseguir iniciar uma conduta mais ativa para a mãe. […] a gente não tem como utilizar algumas medicações e isso acaba atrasando a resolução. Isso acaba sendo um pouco mais doloroso ainda […]. Faltam medicamentos para a gente dar o melhor para a nossa paciente, porque é isso que a gente sempre deseja”. (Pe13) 

No processo de cuidar também relatam a dificuldade no momento do preparo do corpo do feto e a aferição das medidas antropométricas dele. 

“[…] Na hora de preparar o corpinho. Na hora de você medir, de você pesar” (Pe2)

Os profissionais acreditam que a maior dificuldade é o despreparo da equipe para cuidar de forma humanizada, pois muitas vezes não conseguem abordar, acolher e garantir a privacidade da mulher e sua família. 

“[…] a maior dificuldade de trabalhar com os casos de óbito fetal eu acho que é o despreparo da equipe, em todos os sentidos. […] em como dizer essa notícia para essa mulher, quais os cuidados que a gente deve ter, a questão de privacidade, os tipos de recursos também  que a gente pode possibilitar a ela, na questão do atendimento humanizado, um espaço adequado. Tem profissionais, a gente vê situações, que não sabem nem se essa mulher tem algum componente religioso ou não […]. E a gente não sabe quais os sentimentos e como era conduzida essa gestação, é uma coisa muito íntima” (Pe6)
“[…] encontrar profissionais que não estão preparados para poder fornecer o atendimento, prestar um atendimento humanizado no momento do óbito. Muitos não têm capacidade de suportar a dor do outro. […] a equipe precisa estar preparada para acolher essa demanda, para acolher esses pais enlutados e dar um atendimento humanizado para esse casal” (Pe16)

O controle emocional por parte de alguns dos profissionais também é uma dificuldade na prática assistencial. 

“É difícil controlar o emocional da gente! A gente quer chorar junto!” (Pe9)

Foi perceptível nas falas de alguns participantes o desconhecimento conceitual entre aborto e óbito fetal. 

“[…] Às vezes a gente pega o óbito fetal no início da gestação, de 15 semanas, 20 semanas, que já está com a formação, mas que infelizmente o corpo não segura e tem o aborto do feto, tendo o óbito fetal” (Pe3)

Os profissionais sentem a deficiência da temática do óbito fetal ao longo de suas formações acadêmicas, o que reflete o receio na abordagem das famílias enlutadas, e, tem fomentado a necessidade de conhecimento. 

“É um assunto que a gente não tem vivência durante o período acadêmico. […] tem um certo tabu, fica com medo de falar, de como falar […] então esse é o ponto mais difícil: a falta de ensino e comunicação sobre esse tema.” (Pe18)

Diante da dificuldade em lidar com o sofrimento e a tristeza do outro, aflora nas falas a importância do preparo dos profissionais para cuidar de tal situação.

“[…] a gente tem que estar bem preparado para ajudar na hora, porque é triste. A gente tem que se colocar realmente como profissional, porque a dor do paciente/ cliente é bem mais difícil que a nossa. É uma perda!” (Pe10)

Tema 3 – Habilidades e estratégias dos profissionais que prestam assistência às mães e suas famílias enlutadas

O acolhimento e a escuta ampliada foram apontados como algumas das habilidades extremamente importantes na assistência ao óbito fetal, pois essa ferramenta possibilita aos profissionais conhecerem a história de cada uma dessas mulheres e com isso a criação de vínculo. Essa relação de confiança possibilita que as mulheres se sintam seguras para compartilhar com os profissionais seus planos de vida e os sentimentos, inclusive o sentimento de culpa, o qual é frequente em situações de óbito fetal. 

“Eu busco compreender, ao escutar a história, a gente vai se aproximando da pessoa, criando um vínculo e esse vínculo possibilita que a pessoa se sinta mais à vontade para contar os sonhos, os planos. […] Aparecem sentimentos de culpa pelo que aconteceu, conhecendo a história da pessoa” (Pe1)
“[…] conhecendo isso, você consegue abranger de uma forma diferente, […] pedir para ela expor os sentimentos dela. […] de uma primeira gestação, eu acho que é muito mais dolorido, até para a gente […], porque parece uma gravidez totalmente desejada, esperada, mesmo que ela não estava preparada para isso. Então, eu acho que é bem importante a gente conhecer esse histórico, para a gente saber de que forma abordar esse tema com ela” (Pe18)

Os participantes reconhecem que as habilidades para dialogar com o outro, para apoiar, consolar, respeitar, buscar compreender a dor da mãe enlutada, ter empatia e valorizar o apoio familiar são ferramentas que podem contribuir para prevenir a depressão nessas mulheres. 

“[…] quando você conversa, o respeito que você tem que ter por aquela mãe, que teve uma perda, saber entender a dor dela, se preocupar em dar apoio (o máximo que você puder), as palavras […] mas eu como mãe, penso que se perdesse um filho a dor que eu sentiria. […]E a gente vai tentando conversar, dar um consolo. A família é importante para estar lá […]Então, quanto mais cuidado, mais você souber dar apoio, mais deixar a pessoa confortável, mais palavras de carinho, de acolhimento você dará, e ela sentindo isso da família, da parte médica, é um ponto positivo para a pessoa não entrar em uma depressão”. (Pe8)

Destacam o quanto é relevante o reconhecimento da história de vida e o contexto no qual essas mães estão inseridas, pois isso contribui para o suporte à mulher e também à sua rede de apoio diante do luto. 

“[…] pensando que houve todo um tempo de gestação, todo um preparo para esse bebê chegar, vários sentimentos, vários contextos, então eu busco conhecer cada uma […]. Pensar que cada uma que aparece aqui é muito diferente da outra condição socioeconômica, como essa gestação aconteceu, a questão do parceiro, da família ou apoio, recurso financeiro, moradia, […] a gente tenta olhar cada uma de um jeito sim.” (Pe6)
“[…] para saber quem vai dar esse suporte para a mulher, para a família como um todo”. (Pe7)
“[…] a relevância do cuidado é realmente cuidar mentalmente dessa pessoa […] que teve seu sonho roubado, […] o cuidado tem que ser necessário, porque ela vai voltar para o seio familiar […].” (Pe12)
“[…] busco conhecer a família, o histórico dela, a relação dela com o parceiro, que vai ser quem vai estar junto dela. […] Por isso, a importância de conhecer o histórico da família, o contexto que ela vive, até para a gente encontrar a melhor assistência para ela. A gente sempre procura solicitar o apoio multidisciplinar […], para evitar ao máximo, por exemplo, colocá-la junto com outras mães, […] com choro dos bebês, que pode ser o gatilho para a piora dos sintomas, do aumento da tristeza da paciente”. (Pe13)
“A gente sempre pensa em viabilizar a vontade dela e os direitos. […] tem algumas crenças, algumas questões familiares que a gente tem que respeitar […] a gente precisa viabilizar as crenças dela e fazer da melhor forma possível, o que for melhor para ela nesse momento tão difícil” (Pe17)

Ao conhecer o contexto e a singularidade de cada mulher diante do óbito fetal é possível confortá-la e tranquilizá-la. Isso ainda possibilita identificar as condições emocionais do casal, bem como as diferenças reacionais e sentimentais da mulher e as do seu parceiro. 

“[…] dar um pouco de conforto para ela […]. A gente tenta tranquilizar a paciente um pouco mais nesse momento […]”. (Pe10)
“[…] saber quantos filhos que ela tinha, se fazia tempo que ela era casada, quanto tempo que estava de gestação. Eu acho que é mais emocional […] o pai chorava demais, ele chorava drasticamente e a mãe não derramava quase nenhuma lágrima” (Pe2)
“[…] sobre o histórico de vida dela, sobre o histórico da gestação, para a gente poder entender qual o sentido daquela perda, […] entender um pouquinho do histórico deles, da história do pai, da história da mãe, o desejo pela gestação, […] com essas informações a gente consegue prestar uma assistência melhor, […] a gente consegue fazer algumas pontuações para que aquele processo seja o menos doloroso possível. […] mas a gente trabalha no sentido de minimizar esse sofrimento e fazer um luto, elaborar o luto de maneira menos dolorida” (Pe16)

O conhecimento da história clínica é estratégia importante no processo de cuidado dessas mulheres e sua família, pois auxilia na delimitação do tratamento, seguimento do cuidado e no planejamento de uma futura gestação. 

É muito importante você saber o histórico pregresso dessa paciente, porque é onde você descobre muita coisa (mães que já são trombofílicas…), então tem uma comorbidade, tem um caso que levou a esse óbito […] Pré-Eclâmpsia, Síndrome de Hellp […]. Ou de agressão […] a história pregressa, que você sabe o porquê desse óbito e das condições […] para você saber como delimitar o tratamento dessa mãe frente ao quadro clínico […] para delimitar um cuidado melhor” (Pe3)
“A gente sempre tem que procurar todo o contexto e toda a história, […] quando a gente já tem uma patologia, algo que justifique esse óbito, é muito mais fácil a gente confortar essa família, que a gente pode explicar, orientar, orientar numa próxima gravidez para evitar esse tipo de problema. […] Tem que cuidar dela e da rede de apoio dela […] para poder dar melhor assistência” (Pe4)
“[…] saber um pouco da questão familiar, se ela teve algum problema de saúde, alguma patologia que talvez resultou nisso […] para a gente estar depois orientando” (Pe5)
“[…] isso é importante porque a gente precisa dar um seguimento, para eu entender porque isso está acontecendo, e, até assim, se precisa de algum tratamento, alguma coisa para não acontecer de novo […]” (Pe11)

Além disso, conhecer a história clínica e o contexto da mulher, de forma ampliada, é importante para correlacionar a alteração no organismo dessa mulher, investigar causas, apoio familiar, tais reflexões ajudam a direcionar a orientação, a prevenir outras situações como esta.

“[…] É de suma importância a gente conhecer se ela teve mais que um nenê (que ela perdeu mais de um), para ver se isso tem uma correlação, em relação ao próprio organismo dela. […] por que está acontecendo isso, investigar melhor, e, a família por causa do apoio que a família pode dar, das orientações, […] ela tem que ter um suporte familiar, […] o organismo da mulher tem que ter um tempo para se preparar para uma nova gestação”. (Pe8)
“[…] para não ficar repetindo, ela busca uma assistência, um auxílio médico e está investigando o porquê.” (Pe9)
“[…] porque depois você consegue cuidar melhor, você entender melhor tudo o que aconteceu […]” (Pe14)
“[…] é muito importante o histórico familiar, o porquê da gravidez ter causado tudo aquilo, […] se teve momentos difíceis na gravidez […] para a gente ter como também trabalhar e ajudar.” (Pe15) 

Ressaltam também que a habilidade clínica é valiosa na avaliação das gestantes para a identificação precoce de anormalidades no desenvolvimento do feto. 

“[…] esse olhar clínico do que é urgente, urgentíssimo mesmo […] como está o bebê, se ele está ativo ou hipoativo […] você vê que tem uma coisa mais anormal […] então a gente tem que ter esse olhar mais refinado” (Pe3)

Os profissionais participantes reconhecem a ambiência como estratégia importante para proporcionar um cuidado, a essas mulheres e seus familiares, mais humanizado em seus atendimentos.

“[…] propiciar um atendimento, um espaço um pouco mais humanizado” (Pe5)

Além do ambiente, destacam estratégias para melhorar o cuidado, entre elas o acolhimento, atender com amor e ter apoio da equipe de saúde, principalmente da psicologia. 

“[…] para a mulher, que está ali internada no hospital, com a medicação colocada para expulsar o filho morto, tem que ter um apoio psicológico muito bom. […] a equipe tem que dar apoio, tratar com amor […]. A gente tem que ter esse acolhimento” (Pe3)

Tema 4 – Mudanças institucionais sugeridas pelos profissionais em prol de um cuidado humanizado e integral no óbito fetal

Foi citada a necessidade de mudança para manter a uniformidade da conduta profissional em prol de uma assistência pautada na empatia, na comunicação efetiva e respeito.

“[…] dá para ser modificado as pessoas que sentem curiosidade” (Pe1)
“Eu acho que precisa de muita comunicação, […] acho que todos os profissionais precisam abrir os olhos um pouco mais para isso e ter mais empatia com essas mães, porque é uma vida que a mãe ficou ali esperando um bom tempo e a gente que convive com dificuldades por bastante tempo, a gente não consegue viver esse momento, que é um momento difícil, quem dirá para uma mãe. Então, […] às vezes falta um pouco de entendimento, ou de empatia, por parte dos profissionais que presenciam o óbito fetal […]. Então, eu acho que tem que ser uma coisa muito bem conversada entre todos da equipe, deixar a mãe no momento dela” (Pe18)

Os profissionais relatam que buscam realizar a humanização da assistência ao casal e um cuidado mais atento, especialmente à mulher porque ela fica muito fragilizada ao viver tal situação.  

“[…] A gente tenta fazer o processo humanizado mais com o casal, que seria no caso mais afeto, mais atenção. […] aumentar era o cuidado com a mãe, porque emocionalmente ela está “zero”” (Pe2)

Outras recomendações citadas foram o diálogo e a humanização do cuidado, como maneiras de aliviar o sofrimento dessas mães. 

“[…] que tem que ter a Psicologia ali mais junto dessa mãe […]. Às vezes só precisa de uma conversa […] um olhar mais humanizado mesmo […] e humanização da enfermagem, […] ali falando palavras de conforto. Eu falo que não soluciona, mas alivia às vezes” (Pe3)

O acolhimento é sugerido por contribuir para a percepção dos sentimentos e das necessidades das mães.

“[…] O acolhimento. Tentar ver quais são os reais valores que ela tem ou os reais sentimentos que ela tem em relação a esse óbito. […] Então eu acho que o que tem que ser modificado é: Qual é a necessidade que essa mulher realmente tem […]”. (Pe12)

Como uma das melhorias foi citada a necessidade de um lugar privativo para a assistência multiprofissional, o qual possibilitasse atendimento individualizado a essas mulheres e sua família.

“[…] se tivesse um lugar separado com toda a assistência que elas precisam (psicóloga, assistente social), de orientação para essa família, eu acho que seria o adequado” (Pe7)
“[…] não deixar essa paciente junto na Maternidade. […] o principal é o acompanhamento multidisciplinar […].” (Pe11)

A necessidade de um espaço físico adequado e privativo para essas mulheres, com acompanhamento da família e da psicologia, é ressaltada principalmente pela presença de sinais e ruídos, em setores hospitalares, que remetem à lembrança do filho perdido. Além disso, a psicologia foi apontada como necessária inclusive no período pós-hospitalar.

“[…] tem que ter a parte psicológica junto, ela tem que ter a pessoa da família […], ela não pode estar sozinha. […] tem que ter uma sala ou quarto que ela possa ficar individualizado das outras mães. […] a gente vê a dificuldade nisso, dela estar com uma gestante (que o nenê está lá), ouve fazer os cardiotocos (batimentos cardíacos de outro bebê uma mãe), isso acho que complica ainda mais o quadro da gestante […] tem gente que demora mais tempo para aquilo ser absorvido. […] independente de ter assistência psicológica dentro do hospital, a mãe que sofreu um óbito fetal tem que ter um acompanhamento psicológico fora da instituição […]”. (Pe8)
“[…] final de semana não tem psicóloga. […] a gente conversa, […] a gente não tem a mesma experiência para conseguir ajudar tanto […]” (Pe11)
“Eu acho que um espaço para ela seria importante […] conseguir agilizar. […] um local reservado que elas podem ficar junto dos familiares, que acolha elas […] para elas conseguirem passar por esse momento o mais leve possível […]. Acredito que isso poderia amenizar um pouco a dor da paciente”. (Pe13)
“[…] tem que melhorar […] a estrutura física do hospital, um ambiente mais acolhedor […], um ambiente que a pessoa possa se sentir segura, conversar, para falar do que ela está sentindo naquele momento […]” (Pe16)

Os participantes desta pesquisa sentem a necessidade de terem mais informações sobre esta temática e de terem espaços de discussão compartilhada entre os membros da equipe multiprofissional em saúde. Acreditam que isso ajudaria no alcance do cuidado integral e na comunicação entre os profissionais. 

“[…] que os profissionais tenham mais informações do que é o óbito fetal, e, […] um espaço, em que cada profissional pudesse saber o que o outro faz diante disso, como se fosse uma questão multi. […] eu sabendo que o colega faz ajudaria na questão da comunicação. […] essa discussão do caso com os colegas para poder pensar no que seria mais integral para aquela realidade em si” (Pe5)

Diante das demandas do processo de trabalho, investir na capacitação dos profissionais é uma necessidade para viabilizar um atendimento mais humanizado.

“[…] investir na capacitação dos funcionários […] e oferecer um trabalho mais humanizado […]” (Pe16) 

Foi sugerido pelos profissionais a criação de um Protocolo institucional do óbito fetal, constando a definição, os procedimentos e o fluxograma a ser seguido por toda a equipe, em prol de melhorias, inclusive para a família enlutada. 

“[…] tem que ter um Protocolo por escrito de como é o óbito fetal […], o que vai acontecer, como a mulher chega […] e que todo mundo seguisse esse Protocolo, mas pensando no que é melhor para a mulher e para a família […]” (Pe17)

Além disso, foi citada a necessidade de atenção e cuidado às mulheres participantes desta pesquisa que vivenciaram o óbito fetal e que mobilizam o sofrimento e os diversos sentimentos ao atuar no referido cenário.

“[…] A gente tem colegas que já sofreram isso (colegas de trabalho) e já faz anos e aquilo ainda mexe com eles até hoje de certa forma. Então eu acho que deveria levar um pouco mais a sério”. (Pe8)

Quanto à burocratização inerente ao óbito fetal, foi citada a demora da liberação do corpo, devido ao atestado de óbito e ao Sistema de Verificação de Óbito inclusive, para viabilizar o velório e o enterro, o que gera angústia na família e poderia ser agilizado. 

“[…] em relação ao atestado de óbito, o tempo que demora para liberar o corpo do nenê, tudo isso às vezes é angustiante para a família também, porque tem que fazer velório, enterro. Poderia ser mais rápido. […] depende de SVO também […]. É tudo assim muito complicado […] demora para liberar para a família”. (Pe11)

  1.  DISCUSSÃO

Os profissionais entrevistados referiram diversos sentimentos despertados diante da assistência ao óbito fetal, dentre eles: compaixão, tristeza, angústia, desesperança, impotência, incapacidade, dor emocional, convalescença e sentimento de perda. Alguns, embora preocupados, se conformam diante da finitude da vida; outros se sentem motivados a buscar maior conhecimento sobre essa temática e preparo. 

Observa-se que na morte perinatal o cuidado é voltado às famílias enlutadas, mas os profissionais de saúde, principalmente os que têm pouca experiência, também podem sentir angústia e tristeza, necessitando também de suporte (BRUNELLI, 2005). A morte de um bebê, seja intraútero, durante o parto ou pós-parto é traumática para a mãe e sua família e para os profissionais que prestam assistência (SCOTT, 2011; HOMER; MALATA; HOOPE-BENDER, 2016). 

Os profissionais podem sentir: tristeza, ansiedade, culpa, fracasso e desamparo, por não saberem lidar com tal situação. Estudos mostram que os profissionais podem sentir: angústia, ansiedade, raiva, renúncia, culpa, além de sintomas físicos (GANDINO et al., 2019; MARTOS LÓPEZ; SÁNCHEZ GUISADO; GUEDES ARVELO, 2016; NUZUM; MEANEY; O’DONOGHUE, 2014; SHOREY; ANDRÉ; LOPEZ, 2017; MCNAMARA; MEANEY; O’DONOGHUE, 2018). A morte gera o sentimento de culpa e estresse nos profissionais de saúde. Pode haver manifestação de impotência, decepção, estresse, frustração, tristeza e em casos extremos até a Síndrome de Burnout (VALENZUELA MUJICA; SALAS URZÚA; RIVERA MARTÍNEZ, 2017; VEGA et al., 2017; JONES; SMYTHE, 2015; HERNÁNDEZ; SÁNCHEZ; ECHEVERRÍA, 2017; DÍAZ-SÁNCHEZ, 2011; WALLBANK; ROBERTSON, 2013; BRIERLEY-JONES et al., 2018; PETRITES et al., 2016).

A morte é vista como algo inevitável no processo de trabalho dos profissionais. Muitos se sentem inseguros e incomodados quanto à forma de interagir com as famílias enlutadas (RICHARDS et al., 2016). Isso está atrelado às marcas da antiga ideia de que o profissional de saúde deve ter postura firme e fria diante dessas situações (COSTA; LIMA, 2005). 

Entretanto, a morte fetal desperta nos profissionais reações e atitudes que refletem inclusive as suas limitações pessoais. Muitos não sabem agir diante das emoções das famílias enlutadas (AMTHAUER, 2017), o que fica marcado pela fuga de abordar e comunicar-se diante de sua ansiedade, medo e tristeza, sentindo-se impotentes diante da finitude da vida (CANELLA; MALDONADO, 2003). 

Assim, os profissionais tendem a focar nos cuidados físicos e evitar a assistência emocional às famílias. Diante disso, para prestar um cuidado de qualidade, os profissionais devem reconhecer suas fragilidades e dificuldades perante da perda (PASTOR MONTERO et al., 2011).

Além disso, os profissionais de saúde participantes desta pesquisa, apontam diversas dificuldades na prática assistencial, desde o diagnóstico de morte fetal até as implicações do cuidado à família enlutada. Identificam as fragilidades da equipe em relação ao preparo e à formação profissional diante da morte, ao conhecimento sobre essa temática, à forma de abordagem, ao acolhimento, à integralidade do cuidado e à humanização da assistência, além da dificuldade em lidar com as reações da família. A falta de recursos físicos, humanos e materiais institucionais, a superlotação, o espaço inapropriado a essa demanda de cuidado e a burocratização diante do óbito fetal também têm sido entraves à assistência aos profissionais. 

A literatura reitera as limitações encontradas na prática profissional, como: falta de habilidades de comunicação diante do luto, falta de conhecimento sobre a temática, barreiras emocionais e estrutura física inadequada dos serviços (ELLIS et al., 2016). Muitos hospitais não foram projetados para oferecer um espaço adequado e acolhedor no processo de expulsão no óbito fetal, o que acarreta espaços improvisados. É essencial que as instituições de saúde propiciem espaços adequados, com preparo e cuidado culturalmente sensíveis, possibilitando o ritual de despedida por parte das famílias (KELLEY; TRINIDAD, 2012). 

A literatura aponta que apesar das diferenças sociais, culturais e econômicas, todos têm dificuldade em lidar com a finitude da vida e, no processo de luto, somos tomados pela dor, mas somos obrigados a lidar com ela (BUTLER, 2004, 2016). 

Diante disso, dar a notícia da morte para a família requer empatia e apoio futuro (CALDERER et al., 2018). Isso gera estresse, tanto pela morte, quanto pela sensação de fracasso profissional diante dela (AMTHAUER, 2017). O momento de dar a notícia e o diagnóstico do óbito fetal é apontado como desconfortável e é gerada uma ansiedade devido à dificuldade em delimitar a melhor maneira para fazer isso (LEMOS; CUNHA, 2015). 

Assim como sugerido pelos participantes deste estudo, os profissionais devem criar estratégias de comunicação para enfrentar essa dificuldade a fim de acolher as famílias (BARLEM et al., 2014). Portanto, ao noticiar o óbito os profissionais devem acolher a família em um local reservado, onde ela possa expressar suas emoções, de forma a proporcionar um vínculo entre profissional e família enlutada (AMTHAUER, 2017).

Com relação à dificuldade em lidar com o processo de luto da família, é percebido certo obstáculo dos profissionais e das pessoas ao redor da mãe, enlutada em reconhecerem a importância e a intensidade da perda, o que acaba por banalizar a perda. Por mais que o filho perdido não tenha vivido fora do útero da mãe, é importante valorizar a intensidade da relação criada com a expectativa na gestação e seu sentido para a mãe e sua família (AMPESE; PEROSA; HAAS, 2007).

A falta de discussão sobre essa temática na formação dos profissionais gera um despreparo na rotina profissional, atitudes inadequadas, ansiedade, frustração, afetando o sentimento de competência (PASTOR MONTERO et al., 2011). Há uma correlação entre a idade e a experiência profissional no sentido de gerar confiança ao dar assistência à família enlutada (VEGA et al., 2017; GANDINO et al., 2019). O manejo em situações de morte é influenciado pelo déficit na formação profissional, falta de apoio institucional e a falta de estratégias interpessoais (CALDERER et al., 2018; MARTOS LÓPEZ; SÁNCHEZ GUISADO; GUEDES ARVELO, 2016; HUTTI et al., 2016).

A literatura mostra a lacuna dessa temática no processo de formação dos profissionais em se tratando de problematização da prática do cuidado. Os estudantes não se sentem preparados para atuar profissionalmente diante da perda e de se comunicarem com as famílias enlutadas. Lidar com a finitude da vida é um desafio, o qual exige postura profissional, voltada ao atendimento das necessidades da mulher e seu contexto (ALGHAMDI; JARRETT, 2016; NUZUM; MEANEY; O’DONOGHUE, 2018). 

Aflora nas falas dos participantes desta pesquisa o desejo de superarem as dificuldades vivenciadas e apontam estratégias e habilidades que acreditam serem essenciais para o cuidado às famílias enlutadas. Ressaltam a importância da escuta qualificada e da comunicação, pautadas no respeito e na empatia. Isso proporciona o vínculo e possibilita a externalização de emoções, para garantir o apoio e o conforto e minimizar a dor da perda. 

Os profissionais buscam estratégias de enfrentamento e gerenciamento de emoções no processo de cuidado diante da morte (GOLD; KUZNIA; HAYWARD, 2008; ERLANDSSON et al., 2013). Na prática do cuidado é importante saber diferenciar a vida pessoal da profissional e manejar as emoções (WUTHNOW, 2012). 

A forma como os profissionais dão assistência à família, desde o diagnóstico de óbito fetal, pode interferir no processo de luto e as consequências psicológicas do trauma (PETERS et al., 2015). As habilidades de comunicação e atitudes adequadas na assistência possibilitam a resiliência, a tomada de decisão e o bem-estar prolongado da família enlutada (ELLIS et al., 2016; FLENADY et al, 2014; GOLD, 2007; HUGHES; RICHES, 2003; LANG et al., 2011; LEON, 2008).

Atender essas famílias exige habilidades de comunicação, técnicas de relacionamento interpessoal, para assim criar um ambiente terapêutico e cuidado de qualidade (VALENZUELA MUJICA; SALAS URZÚA; RIVERA MARTÍNEZ, 2017; GANDINO et al., 2019; PASTOR MONTERO et al., 2011; GANDINO et al., 2017; HUTTI; LIMBO, 2019; SHAKESPEARE et al., 2019; HERNÁNDEZ, 2019). A religiosidade e a espiritualidade dos profissionais também ajudam na ressignificação para a superação da perda (HUTTI et al., 2016; MARTIN; ROBB; FORRETS, 2016; CHAN; ARTHUR, 2009; FORSTER; HAFIZ, 2015; STEEN, 2015).

Em vista disso, os profissionais necessitam ser capacitados e ter um espaço de escuta e de reflexão da prática, pois têm um papel fundamental na construção de uma relação de confiança com essas famílias. O tempo de assistência destinado pode auxiliar na elaboração do luto e na manifestação das necessidades emocionais pelos profissionais e pela família (GERGETT; GILLEN, 2014). O objetivo do cuidado, nesse sentido, é respeitar a diversidade de lutos das famílias, ajudando na recuperação e minimizando o impacto da perda (HEALTH SERVICE EXECUTIVE, 2016; NATIONAL BEREAVEMENT CARE PATHWAY FOR PREGNANCY AND BABY LOSS, 2018).

Os profissionais de saúde destacaram neste estudo a relevância do conhecimento da mulher enlutada em todo o seu contexto histórico, biológico, psicológico, socioeconômico, cultural e espiritual. Esse conhecimento foi considerado um meio de proporcionar um cuidado de qualidade inclusive à rede de apoio, diferenciando as condições emocionais da família. Além disso, o conhecimento da história clínica pode muito contribuir para a investigação das possíveis causas do óbito fetal, para o tratamento dessas causas, para o planejamento reprodutivo e familiar e prevenção de possíveis futuros natimortos. 

Estudos mostram que as mulheres têm risco até cinco vezes maior de ter repetição de morte intraútero após a ocorrência de óbito fetal em gestações subsequentes, além de efeitos adversos (GETAHUN et al., 2009; HEINONEN; KIRKINEN, 2000; LAMONT et al., 2015; MONARI et al., 2016). 

Algumas diretrizes recomendam que seja reconhecida e validada a dor da família. No geral, preconizam que deve haver cuidados pós-natais adequados à família, para atender as necessidades físicas e psicológicas, com contato e apoio contínuo, fornecendo informações inclusive para o planejamento de uma futura gestação (SHAKESPEARE, 2020).

Entre os resultados, também houve a percepção dos profissionais em relação às diferenças de sentimentos entre a mulher e o homem. Tal fato é relevante, pois muitos homens mantêm seus sentimentos restritos, o que pode acarretar luto crônico (ARMSTRONG, 2001). Há diferenças de lutos entre os pais (TSENG; CHEN; WANG, 2014; AVELIN et al., 2013), o que pode ocasionar conflitos conjugais (GOLD; SEN; HAYWARD, 2010; DYREGROV; GJESTAD, 2011). A morte de um bebê pode gerar sintomas psicológicos negativos nos pais e nos profissionais que prestam cuidados. Além disso, isso traz consequências futuras às famílias e suas relações, suas finanças, inclusive problemas de saúde e interferir nas gestações posteriores (HEAZELL et al., 2017; BURDEN et al., 2016; ELLIS et al., 2016).

O luto das famílias pode ocasionar isolamento social (por falta de apoio e por estigmatização) e diminuição da autoestima, prejudicando as gestações subsequentes e o processo de criação dos filhos (KAVANAUGH; HERSHBERGER, 2005), além das implicações econômicas (custos sociais e em saúde), afetando a qualidade de vida (AVELIN et al., 2013; FOTTRELL et al., 2010; O’LEARY; WARLAND, 2013). 

Há associações significativas entre a percepção do apoio e das informações recebidas pelas mães enlutadas diante da assistência prestada e a repercussão emocional, além da construção e compartilhamento da memória após o óbito fetal (DOWNE et al., 2013; CRAWLEY; AYERS; LOMAX, 2013). Os profissionais também podem ter a recordação das famílias, das quais prestaram cuidados do óbito fetal, estendida por anos (GOLD; KUZNIA; HAYWARD, 2008; KELLEY; TRINIDAD, 2012; MODIBA, 2008; PUIA; LEWIS; BECK, 2013).

Diante disso, o papel dos profissionais é essencial para que, ao conhecer e oferecer um espaço acolhedor e privativo, possam proporcionar um cuidado voltado às necessidades de saúde das mulheres e suas famílias (AMTHAUER, 2017). O apoio e a habilidade profissional proporcionam uma melhor elaboração do luto, de forma saudável, de forma que a família reorganize seus projetos de vida ao aceitar a situação (LOPES; GRAVETO, 2010). 

Os participantes desta pesquisa sugerem algumas mudanças institucionais, as quais são necessárias para o alcance do cuidado integral e humanizado como a conduta profissional pautada no respeito, na empatia e na comunicação efetiva. Ter acolhimento, apoio psicológico mais intenso, espaço privativo com assistência multiprofissional, capacitação e treinamento da equipe, espaços de discussão e partilha de experiências e conhecimentos, melhora no fluxo de trabalho e a criação de um Protocolo institucional sobre o óbito fetal e suas implicações. 

Identifica-se na literatura que para assegurar a humanização do cuidado em saúde, entre outros aspectos, é necessário proporcionar o vínculo entre os profissionais e usuários, a corresponsabilidade do cuidado, a autonomia e a solidariedade. Portanto, refletir sobre a assistência, desde o acolhimento, dentro dessa temática é essencial para a viabilização de mudanças (BRASIL, 2010a; FERREIRA, ARTMANN, 2018). O vínculo entre o profissional e o paciente/família, é essencial para uma relação de referência e continuidade do cuidado (CAMPOS, 2003; ARTMANN, RIVERA, 2006). 

Para tanto, a ambiência, preconizada pela Política Nacional de Humanização, é um conjunto de atividades e ideias que promovem espaços acolhedores no processo de cuidar, considerando a integralidade do contexto dos pacientes, dotados de direitos, valores culturais e suas implicações sociais (BRASIL, 2010a). O acolhimento deve ser ofertado com uma escuta qualificada, considerando as preocupações dos usuários dos serviços de saúde (BRASIL, 2008). 

A literatura mostra que espaços inadequados pela falta de privacidade têm impacto negativo no processo de luto (NUZUM; MEANEY; O’DONOGHUE, 2018; SHOREY; ANDRE; LOPEZ, 2017). A prática da ambiência possibilita, inclusive, tanto a ciência e a busca pelos direitos das mulheres, quanto à necessidade de acompanhante e espaço privativo (NUZUM; MEANEY; O’DONOGHUE, 2018). 

Através da ambiência, é possível que através de atitudes profissionais as famílias tenham a recordação, tendo o contato e a possibilidade de prestar cuidados ao filho, chamá-lo pelo nome, ter registro fotográfico, ter acesso às informações (ROYAL COLLEGE OF OBSTETRICIANS AND GYNECOLOGISTS, 2010).

Cuidar de forma integral também requer uma visão abrangente do paciente e suas necessidades de saúde (MATTOS, 2001, 2009). Desta forma, os profissionais ao assistir a mulher e sua família podem utilizar como ferramenta, a clínica ampliada, a qual considera o sujeito além de sua patologia, valoriza as suas singularidades e o contexto em que vive (CAMPOS, 2003). 

A prática da humanização considera as tecnologias das relações e o conceito está relacionado ao cuidado integral e a qualidade da assistência em saúde (MATTOS, 2009; BENEVIDES; PASSOS, 2005; DESLANDES, 2006). Para garantir a prática da humanização é necessário unir gestão e assistência em prol da qualidade do cuidado. O processo de trabalho transforma a realidade da prática e os profissionais envolvidos (ARTMANN; RIVERA, 2006; BENEVIDES; PASSOS, 2005). 

O papel dos profissionais deve ser considerado, pois enfrentam o estresse de lidar com a família enlutada, ainda mais quando faltam protocolos institucionais que norteiam o cuidado (SETUBAL et al., 2018). A vivência dos profissionais que atuam diante do óbito fetal demonstra que faltam protocolos que norteiam o processo de trabalho (SERAFIM et al., 2021). No cenário desta pesquisa, o referido serviço de saúde conta apenas com a utilização do Procedimento Operacional da Enfermagem, o qual não contempla a descrição de ações para todos os profissionais da equipe multiprofissional.  

Além disso, o registro de informações e a vigilância dos casos possibilitam a investigação, interação entre a equipe multiprofissional, prevenção e melhorias (RÊGO et al., 2018; KERBER et al., 2015).

Têm-se como referência protocolos e diretrizes internacionais que orientam a assistência ao óbito fetal, como o guideline do Royal College of Obstetricians & Gynecologists. Nesse documento é abordada a necessidade de os profissionais perceberem os aspectos emocionais, as vontades e as necessidades das mães e suas famílias enlutadas, além da continuidade do cuidado. Para isso, a atenção deve se nortear pela empatia (SHOREY; ANDRE; LOPEZ, 2017; ROYAL COLLEGE OF OBSTETRICIANS AND GYNECOLOGISTS, 2010). 

Para um atendimento de qualidade, os profissionais precisam de apoio, capacitação e conforto (HOMER; MALATA; HOOPE-BENDER, 2016). Lidar com essas famílias é um desafio profissional, considerando as diferenças culturais e as singularidades envolvidas (PASTOR-MONTERO et al., 2011; FLENADY et al., 2014; HOMER; MALATA; HOOPE-BENDER, 2016). 

Ao dar assistência a essas famílias, o profissional pode reviver suas questões internas, o que necessita de uma educação permanente com a equipe de saúde. Além disso, são necessários uma supervisão e um suporte aos profissionais para que eles entendam o sentido da perda para essas famílias. É preciso cuidar de quem cuida (AMTHAUER, 2017). A capacitação das equipes de saúde e um protocolo institucional podem empoderar os profissionais diante das inseguranças na assistência diante da perda perinatal (MACCONNELL et al., 2013; CHAN et al., 2008; YIN-LING; HOI-YAN; FONG, 2016). 

A partilha de experiências e a reflexão da prática entre a equipe multiprofissional são apontadas como algumas das ferramentas para melhorar a qualidade da assistência (VALENZUELA MUJICA; SALAS URZÚA; RIVERA MARTÍNEZ, 2017; NUZUM; MEANEY; O’DONOGHUE, 2014; MCNAMARA et al., 2017; O’CONNELL; MEANEY; O’DONOGHUE, 2016; NOGUERA ORTÍZ; PÉREZ RUIZ, 2014). Os profissionais que prestam assistência no óbito fetal necessitam de espaços de discussão e reflexão da prática com a equipe, de modos formais e informais, além de encorajamento para o autocuidado frequente (BECK, 2011; JONAS-SIMPSON et al., 2010).

Estudos mostram que o arcabouço literário tem sido insuficiente para fornecer informações práticas e essenciais ao cuidado à morte perinatal e ao manejo do luto (CAMERON; TAYLOR; GREENE, 2008). Sendo assim, investimentos em pesquisas sobre óbito fetal são, portanto, necessários no Brasil (BARBEIRO et al., 2015).

  1. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo atingiu os objetivos propostos. Os resultados desta pesquisa apontam, o quanto é perceptível para os profissionais de saúde, a dificuldade em lidar com a finitude da vida, particularmente com o óbito fetal. Pois ao assistirem a mulher grávida e sua família, reconhecem a idealização do filho saudável e o seu futuro, entretanto, se deparam com a dor e sofrimento da mulher, da família e com os seus próprios sentimentos, com a tristeza, angústia e desesperança diante da interrupção precoce da vida de um feto. 

Para os profissionais de saúde está implícito em sua função terem que salvar vidas e, diante de situações de óbito fetal, embora se sensibilizem tendo compaixão pelas mulheres, sentem-se impotentes diante das dificuldades que vivenciam no cenário de cuidados à saúde. Ressaltam como dificuldades o despreparo dos profissionais de saúde, a escassez de pesquisas sobre esta temática, o déficit de cuidado com o próprio profissional, questões relacionadas ao processo de gestão e organização do processo de trabalho nos hospitais, como a superlotação, déficit de recursos humanos e materiais, falta de uniformidade e sensibilidade da equipe de saúde. Reconhecem e afloram em suas falas a importância de cuidar de forma integral e humanizada, mas que ainda é um desafio.  

Para tanto, propõem estratégias e destacam a necessidade de mudanças nos cenários de cuidado à saúde, entre elas o cuidado ampliado e singular da mulher/família pautado no diálogo em ambiente privativo, de forma empática, acolhedora e com escuta qualificada. 

Embora este estudo seja local, evidencia lacunas no processo de formação, atuação dos profissionais de saúde, bem como a ausência de espaços para os profissionais dialogarem sobre suas experiências pessoais e profissionais sobre o objeto aqui estudado. Desta forma, os resultados desta pesquisa enaltecem a importância de cuidar também de quem cuida, a necessidade da organização do trabalho integral, humanizado e em equipe, o desenvolvimento de protocolos institucionais e de ferramentas como a educação permanente dos profissionais de saúde. Assim será possível contribuir de forma mais eficaz para a minimização da dor da perda e até mesmo para a prevenção de outros óbitos na história das famílias enlutadas. 

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1Enfermeira pós graduada em Saúde Materno Infantil pela Faculdade de Medicina de Marília (2022). E-mail: regina.andrade.ayres@hotmail.com/regina.andrade.ayres08@gmail.com
2Doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (2012) e docente da Faculdade de Medicina de Marília. 
3Mestra em Enfermagem Fundamental pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (2003) e Enfermeira da Faculdade de Medicina de Marília.