ESTUDO DA PREVALÊNCIA DOS FATORES DE RISCO DE GESTANTES ATENDIDAS NO HOSPITAL DE BASE DR. ARY PINHEIRO, RONDÔNIA

STUDY OF THE PREVALENCE OF RISK FACTORS IN PREGNANT WOMEN ASSISTED AT HOSPITAL DE BASE DR. ARY PINHEIRO, RONDÔNIA.

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7828864


Airton Batista Falqueti1
André Luiz Ferreira da Silva2
Danilo Aureliano Almeida Geremia3
Marcos Rogério Inácio de Sene4


RESUMO

Este estudo ecológico de série temporal teve como objetivo identificar a prevalência de doenças obstétricas e fatores de risco entre gestantes atendidas no Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro, em Porto Velho, Rondônia, no período de 2012 a 2022, utilizando dados secundários do Sistema Único de Saúde. A análise estatística descritiva revelou que as cinco principais doenças que acometem as gestantes foram complicações obstétricas não especificadas, outras complicações relacionadas à gravidez, complicações pós-parto, retardo do crescimento fetal e distúrbios relacionados à gravidez de curta duração e baixo peso ao nascer. Infelizmente, limitações nos dados impediram uma correlação direta entre essas doenças e o período gestacional em que ocorreram. Apesar dessas limitações, os achados contribuem para a compreensão da prevalência de doenças obstétricas nessa população, subsidiando o desenvolvimento de políticas públicas de saúde que visem prevenir e tratar essas condições e melhorar a qualidade de vida das gestantes atendidas no Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro. 

Palavras-chave: Gestação de risco; Doenças obstétricas; Saúde da mulher.

  1. INTRODUÇÃO 

A gravidez nada mais é que um processo, na qual, a paciente passa por uma mudança fisiológica e anatômica para o desenvolvimento de um novo ser. Já no aspecto social, deve ser encarada tanto pela gestante como pelo serviço multiprofissional utilizado por ela, como, uma experiência construtiva na qual ocorre mudanças físicas, sociais e emocionais na vida dessas mulheres (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2022).

De acordo com Cunningham et al., (2000 p. 21), “A gravidez acontece em sua maioria sem intercorrências, todavia a presença de comorbidades podem alterar esse contexto e ocasionar perigo de morbidade e mortalidade tanto para a gestante como para o feto”.

Assim, ainda segundo o autor:

“as doenças que afetam a mulher durante a gravidez necessitam de todo um processo multiprofissional para o seu melhor acompanhamento, vale salientar que a gravidez não é um fator de proteção contra o desenvolvimento de doenças, logo os profissionais da área da saúde devem ter o conhecimento das doenças que podem se desenvolver em qualquer período da idade reprodutiva destas pacientes” (CUNNINGHAM et al., 2000, p. 45).

Em Rondônia os estudos acerca da prevalência das doenças relacionadas à gestação ainda são escassos, gerando um desconhecimento das doenças que atingem a população rondoniense, mais especificamente a população feminina gestante que buscam atendimento no Hospital de Base Ary Pinheiro.

Nesse sentido, este estudo justifica-se por pautar a identificação e análise da prevalência dos fatores de risco de gestantes que é importante para o desenvolvimento de políticas públicas de saúde que visam à prevenção e ao tratamento adequado de doenças obstétricas. Além disso, essa pesquisa pode contribuir para a melhoria da assistência à saúde de gestantes atendidas no Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro, em Porto Velho, possibilitando a elaboração de estratégias que visem à redução de complicações obstétricas e melhoria da qualidade de vida dessas pacientes

Diante disso, este estudo teve como objetivo analisar as prevalências das principais doenças que acometem gestantes no Hospital de Base de Porto Velho, Rondônia, no período de 2012 a 2022. O estudo utilizou um delineamento ecológico de série temporal, e dados secundários do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS) foram coletados e analisados.

A análise estatística descritiva realizada identificou as cinco principais doenças que acometem gestantes no hospital: complicações predominantes no período puerperal e outras afecções obstétricas não especificadas, outras complicações da gravidez e do parto, outros motivos de assistência à mãe relacionados com o ciclo gravídico-puerperal, especificados ou não, retardo do crescimento fetal, desnutrição fetal e transtornos relacionados com a gestação de curta duração e baixo peso ao nascer,  e outras afecções originadas no período perinatal.

É importante destacar ainda, que a plataforma tabnet/Datasus apresentou limitações para a correlação direta entre as doenças identificadas e o período gestacional em que se manifestaram, diante disso, “A não obtenção de dados é um risco inerente a todo estudo de pesquisa. Apesar de todo esforço em planejar a coleta de dados, não é raro ocorrerem situações em que não se consegue obter informações relevantes para a análise da pesquisa” (BITTENCOURT, 2010, p. 90)

À vista disso, este estudo contribuiu para a compreensão da prevalência das doenças obstétricas no Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro em Porto Velho, o que pode auxiliar no desenvolvimento de políticas públicas de saúde para prevenção e tratamento adequado de doenças obstétricas. Além disso, pode contribuir para a melhoria da assistência à saúde de gestantes, permitindo a elaboração de estratégias que visem à redução de complicações obstétricas e melhoria da qualidade de vida dessas pacientes.

Portanto, o desenvolvimento artigo foi divido em 4 seções sendo elas, Materiais e Métodos que apresenta o percurso metodológico seguido, Resultados no qual apresenta os dados coletados na pesquisa, a Discussão que abordará a interpretação dos resultados bem como a discussão sobre sua relevância e por fim, a conclusão.

  1.  DESENVOLVIMENTO 

2.1 MATERIAL E MÉTODOS

Trata-se de um estudo ecológico de série temporal utilizando dados secundários do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) disponibilizados pelo DATASUS. Este estudo analisa as principais doenças que acometem gestantes no Hospital de Base de Porto Velho, em Rondônia, no período de 2012 a 2022

Foram considerados todos os casos de internação de gestantes no Hospital de Base de Porto Velho no período estabelecido. Os dados foram coletados por meio do preenchimento de um formulário eletrônico com as informações fornecidas pelo DATASUS, contendo as seguintes variáveis: período, doença e número total de internação. A seleção das doenças incluídas na análise foi baseada na Classificação Internacional de Doenças (CID-10).

É importante destacar que a plataforma tabnet/ Datasus apresenta algumas limitações que devem ser consideradas vitais para o cumprimento do objetivo geral deste estudo. A principal limitação se refere à falta de dados específicos sobre o período gestacional das doenças para cada caso. Embora o estudo tenha obtido uma lista das doenças que acometem gestantes organizadas por anos com seus respectivos totais de internações, não foi possível correlacionar o período gestacional em que essas doenças se manifestam por essa ausência. Vale lembrar que a plataforma está em constante processo de aperfeiçoamento e espera-se que os dados dos prontuários sejam melhor apresentados em subcategorias mais detalhadas na plataforma futuramente.

Diante disso, o estudo seguiu pautado na premissa de apresentar a prevalência das doenças obstétricas sem correlacionar diretamente o período gestacional, para tanto, foram selecionados os registros de internação hospitalar que pudessem apontar as cinco doenças com maior prevalência durante o período estudado. Foram coletadas um total de 18 doenças na plataforma do Datasus, e essas doenças foram organizadas no quadro 1 contendo informações sobre o número de internações por doença no período citado. Assim, foram utilizados programas estatísticos específicos para análise de dados, como o Microsoft Excel.

Cabe ressaltar que este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade Metropolitana seguindo as normas da Resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. Além disso, foi garantido o sigilo e a confidencialidade dos dados coletados, e os resultados foram apresentados de forma agregada, sem identificação individual dos pacientes.

Face ao exposto, o presente estudo utilizou uma abordagem estatística descritiva para analisar as 5 principais doenças que acometem gestantes no Hospital de Base de Porto Velho no período de 2012 a 2022. Os resultados obtidos serão apresentados e discutidos nas seções a seguir.

2.2 RESULTADOS

Com base nos dados coletados na plataforma Datasus sobre as doenças que acometem gestantes no Hospital de Base em Porto Velho, Rondônia, no período de 2012 a 2022, foram identificados 18 tipos de patologias e condições clínicas que merecem destaque.

O quadro 1 a seguir apresenta o número total de internações para cada doença durante o período em questão:

Quadro 1 – Número de internações por doença no Hospital de Base de Porto Velho, de 2012 a 2022

DoençaNúmero de internações
Aborto espontâneo311
Aborto por razões médicas6
Anticoncepção113
Complicações predominantes no período puerperal e outras afecções obstétricas não especificadas6679
Placenta prévia com descolamento prematuro de placenta e hemorragia anteparto461
Doença hemolítica do feto e do recém-nascido38
Doenças infecciosas e parasitárias congênitas1709
Hemorragia pós-parto35
Hipóxia intrauterina e asfixia ao nascer140
Outros motivos de assistência à mãe, relacionados com o ciclo gravídico-puerperal, especificados ou não10724
Outras afecções originadas no período perinatal1485
Outras complicações da gravidez e do parto13944
Outras gravidezes que terminam em aborto1037
Outras infecções específicas do período perinatal183
Outros transtornos respiratórios de origem no período perinatal2421
Retardo do crescimento fetal, desnutrição fetal e transtornos relacionados com a gestação de curta duração e baixo peso ao nascer4707
Trabalho de parto obstruído1232
Trauma durante o nascimento6

Fonte: Dados coletados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), disponibilizados pelo DATASUS. (2023)

Das 18 doenças identificadas no quadro 1 foram selecionadas para análise e discussão as 5 doenças obstétricas que mais afetaram as gestantes que buscaram atendimento no hospital no período supracitado, sendo elas:

  1. Outras complicações da gravidez e do parto – 13.944 casos; essa categoria inclui doenças como a pré-eclâmpsia (O14), hemorragia pós-parto (O72), descolamento prematuro da placenta (O45) e trabalho de parto prematuro (O60) (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2016).
  2. Outros motivos de assistência à mãe, relacionados com o ciclo gravídico-puerperal, especificados ou não – 10.724 casos; essa categoria contém doenças como infecções puerperais (O86), complicações obstétricas não classificadas em outra parte (O85) e distúrbios da lactação (O92) (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2016).
  3. Complicações predominantes no período puerperal e outras afecções obstétricas não especificadas – 6.679 casos; compreendem doenças como hemorragias pós-parto não classificadas em outra parte (O72), transtornos mentais e comportamentais relacionados com o puerpério, não classificados em outra parte (O90) e outras complicações especificadas do ciclo gravídico-puerperal (O98) (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2016).
  4. Retardo do crescimento fetal, desnutrição fetal e transtornos relacionados com a gestação de curta duração e baixo peso ao nascer – 4.707 casos: incluem doenças como baixo peso ao nascer, especificado ou não (P07), restrição do crescimento fetal e desnutrição fetal (P05), hipóxia intrauterina e asfixia neonatal (P20) e outras complicações especificadas do período perinatal (P96) (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2016).
  5. Outros transtornos respiratórios de origem no período perinatal – 2.421 casos: incluem doenças como a síndrome do desconforto respiratório do recém-nascido (P22), a apneia do recém-nascido (P28.3), a hipertensão pulmonar persistente do recém-nascido (P29.3) e outras afecções respiratórias especificadas do período perinatal (P28.8) (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2016).

Assim, a variação das cinco 5 doenças com maior prevalência de internações por ano será apresentada no gráfico 1 a seguir:

Gráfico 1 Variação a cada ano das 5 doenças com maior prevalência

Fonte: Dados coletados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), disponibilizados pelo DATASUS. (2023)

É possível perceber no gráfico 1 a presença do ano de 2011, essa ocorrência, é justificada pelas internações feitas ao final do ano de 2011 que foram notificadas somente em 2012.

Outro resultado importante é a porcentagem entre as 5 doenças com maior prevalência de internações no período será apresentado no gráfico 1 a seguir:

Gráfico 2 Percentual entre as 5 doenças com maior prevalência de internações

Fonte: Elaborado pelos autores, (2023)

A partir da visualização do gráfico 2 é possível ter uma percepção clara do tamanho das 5 amostras apresentadas.

Por outro lado, de acordo com os dados disponibilizados pelo Datasus para o Hospital de Base Dr. A plataforma não apresentou especificação quanto ao período gestacional para cada caso, nesse sentido, os dados não permitem correlacionar essas doenças com o período gestacional em que elas ocorrem. 

Dessa forma, a identificação e correção de possíveis subnotificações de casos na plataforma pode contribuir para uma compreensão mais precisa da realidade da saúde obstétrica na região e para a melhoria da qualidade da assistência prestada às mulheres grávidas e puérperas.

No entanto, será apresentado na seção a seguir um levantamento realizado a partir das cinco doenças com maior prevalência neste estudo com objetivo de apresentar genericamente um possível norte que contribua para a atenção do período gestacional a partir da literatura incentivando futuras pesquisas.

2.3 DISCUSSÃO

Ao analisar os dados, dos 18 dados coletados na plataforma datasus  foram selecionadas e analisadas as cinco doenças com maior prevalência que foram: Outras complicações da gravidez e do parto – 13.944 casos; Outros motivos de assistência à mãe, relacionados com o ciclo gravídico-puerperal, especificados ou não – 10.724 casos; Complicações predominantes no período puerperal e outras afecções obstétricas não especificadas – 6.679 casos; Retardo do crescimento fetal, desnutrição fetal e transtornos relacionados com a gestação de curta duração e baixo peso ao nascer – 4.707 casos; Outros transtornos respiratórios de origem no período perinatal – 2.421 casos

A doença com o maior número de casos entre as gestantes foi “Outras complicações da gravidez e do parto”, com 13.944 casos. O que representa um total de 66,75% do total de doenças obstétricas registradas no período e local estudado.
De acordo com a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10), “Outras complicações da gravidez e do parto” é uma categoria de diagnóstico que abrange diversas condições médicas que podem afetar a mãe e/ou o feto durante a gravidez, parto e pós-parto (BRASIL, 2017).

Essas complicações podem variar desde condições mais leves até situações que apresentam risco de vida para a mãe e/ou o feto, e incluem hipertensão gestacional, hemorragia pós-parto, infecções do trato urinário durante a gravidez, aneuploidias fetais, descolamento prematuro da placenta, diabetes gestacional e complicações do trabalho de parto e parto (BRASIL, 2017)

Diante disso, é essencial que essas condições sejam diagnosticadas corretamente e tratadas adequadamente para garantir a saúde e o bem-estar da mãe e do feto durante e após a gravidez.

O segundo problema mais comum foi “Outros motivos de assistência à mãe, relacionados com o ciclo gravídico-puerperal, especificados ou não”, com 10.724 casos. O que significa 51,36% do total de internações. De acordo com (CID-10), essa é uma categoria de diagnóstico que inclui uma ampla variedade de condições médicas relacionadas à saúde da mãe durante e após a gravidez, que não são classificadas em outras categorias específicas da CID-10 (BRASIL, 2017).

Esses motivos podem variar desde condições médicas menores até situações mais graves que ameaçam a vida da mãe. Vale destacar ainda, que a falta de especificação de cada doença na plataforma Datasus torna difícil identificar com precisão qual doença específica é responsável pela maioria dos casos. Nesse sentido, o diagnóstico e tratamento adequados dessas condições são essenciais para garantir a saúde e o bem-estar da mãe durante e após a gravidez.

A terceira doença mais comum foi “Complicações predominantes no período puerperal e outras afecções obstétricas não especificadas”, com 6.679 casos. O que representa 31,96% das internações totais no período e hospital estudado. São uma categoria de diagnóstico que inclui uma variedade de complicações médicas que ocorrem durante o período pós-parto, incluindo as que não foram especificadas em outras categorias da CID-10 (BRASIL, 2017).

Essas complicações podem incluir infecções puerperais, hemorragias, distúrbios do ciclo menstrual pós-parto, problemas de cicatrização, lesões do trato urinário, entre outros (MONTENEGRO & REZENDE, 2011).

O diagnóstico e tratamento adequados dessas condições são essenciais para garantir a saúde e o bem-estar da mãe durante o período pós-parto e prevenir complicações a longo prazo. É necessário salientar ainda que a falta de especificação torna difícil identificar com precisão qual doença específica é responsável pela maioria dos casos.

O retardo do crescimento fetal, desnutrição fetal e transtornos relacionados com a gestação de curta duração e baixo peso ao nascer foram responsáveis por 4.707 casos. O que corresponde a 22,57% do total de internações estudadas. São uma categoria de diagnóstico que inclui uma série de transtornos relacionados ao desenvolvimento fetal inadequado durante a gestação (BRASIL, 2017).

Esses transtornos podem levar a um baixo peso ao nascer, que é definido como um peso de nascimento inferior a 2.500 gramas. As causas incluem fatores maternos, fatores placentários e fatores fetais (GONÇALVES et al., 2019).

Por fim, “Outros transtornos respiratórios de origem no período perinatal” foram responsáveis por 2.421 casos. O que De acordo com a (CID-10) é uma categoria de diagnóstico que inclui uma variedade de distúrbios respiratórios que se desenvolvem no período perinatal, incluindo o nascimento e as primeiras semanas de vida (BRASIL, 2017).

Esses transtornos podem incluir a síndrome do desconforto respiratório, hipertensão pulmonar persistente do recém-nascido, aspiração de mecônio, pneumonia congênita e outras condições que afetam o sistema respiratório do recém-nascido (SIMÕES et al., 2018).

A síndrome do desconforto respiratório é uma das principais condições incluídas nesta categoria e é causada pela deficiência de surfactante pulmonar, que é uma substância que ajuda a manter os alvéolos pulmonares abertos (ALMEIDA et al., 2019).

O diagnóstico e tratamento adequados dessas condições são essenciais para garantir a saúde e o bem-estar do recém-nascido e prevenir complicações a longo prazo.

Em relação ao período gestacional em que essas doenças ocorreram, os dados disponibilizados pelo DATASUS não permitem uma análise mais detalhada. É importante destacar que cada doença tem sua própria relação com o período gestacional, e essa informação pode ser de grande relevância para a saúde materna e fetal. Para complementar essa análise, futuros estudos poderiam ser realizados utilizando outras fontes de dados, como prontuários médicos e registros hospitalares, para que se possa compreender melhor a relação entre as doenças e o período gestacional em que elas ocorrem.

Assim, a partir da análise desses dados, podemos destacar a importância de se investir em políticas públicas voltadas para a saúde materno-infantil, a fim de prevenir e tratar essas doenças. Além disso, é necessário enfatizar a necessidade de um acompanhamento adequado durante a gestação e no pós-parto, para identificar precocemente qualquer complicação e realizar o tratamento necessário.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as principais causas de morte materna são hemorragia, infecção, pré-eclâmpsia, complicações no parto e aborto inseguro (OMS, 2019). Esses dados reforçam a importância de se investir em políticas de saúde voltadas para a prevenção e tratamento dessas doenças, a fim de reduzir a mortalidade materna.

Outra pesquisa realizada por Gouvêa et al. (2018) apontou que a realização de consultas de pré-natal e a adoção de medidas para prevenção e tratamento de doenças obstétricas são fundamentais para a redução da morbidade e mortalidade materna. Além disso, os autores destacam a importância de se investir em capacitação e treinamento dos profissionais de saúde, para que possam prestar uma assistência de qualidade às gestantes e puérperas.

Portanto, os dados apresentados pelos casos de doenças obstétricas no período supracitado reforçam a necessidade de se investir em políticas públicas de saúde voltadas para a prevenção e tratamento dessas doenças, bem como para a redução da mortalidade materna. É fundamental que haja um acompanhamento adequado durante a gestação e no pós-parto, bem como a adoção de medidas preventivas e de tratamento, além de capacitação dos profissionais de saúde, para que possam prestar uma assistência de qualidade às gestantes e puérperas.

2.4 CONCLUSÃO

Diante da análise estatística descritiva realizada neste estudo ecológico de série temporal utilizando dados secundários do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), foi possível identificar as cinco principais doenças que acometem gestantes no Hospital de Base de Porto Velho, em Rondônia, no período de 2012 a 2022. As doenças foram complicações predominantes no período puerperal e outras afecções obstétricas não especificadas, outras complicações da gravidez e do parto, outros motivos de assistência à mãe, relacionados com o ciclo gravídico-puerperal, especificados ou não, retardo do crescimento fetal, desnutrição fetal e transtornos relacionados com a gestação de curta duração e baixo peso ao nascer, e outras afecções originadas no período perinatal.

Apesar das limitações encontradas na plataforma tabnet/Datasus, que não permitiu a correlação direta entre as doenças identificadas e o período gestacional em que se manifestaram, este estudo contribui para a compreensão da prevalência das doenças obstétricas no Hospital de Base de Porto Velho. É importante destacar que a identificação dessas patologias e condições clínicas pode auxiliar os profissionais de saúde na adoção de medidas preventivas, na elaboração de protocolos de atendimento, no planejamento de recursos humanos e na alocação de recursos materiais para a assistência às gestantes.

Dessa forma, é fundamental que sejam implementadas políticas públicas que visem a melhoria das condições de saúde materna, a fim de reduzir a ocorrência de complicações obstétricas. Ademais, este estudo reforça a importância da coleta e análise de dados epidemiológicos para a promoção da saúde e prevenção de doenças em populações específicas, como as gestantes. Espera-se que os resultados deste estudo possam contribuir para a elaboração de estratégias de prevenção e atenção à saúde materna em Rondônia e em outras regiões do país.

Por fim, futuros estudos poderiam ser realizados para aprofundar a compreensão sobre as relações entre as doenças e o período gestacional em que elas ocorrem, bem como para avaliar a efetividade das medidas preventivas e de cuidado adotadas. Com isso, será possível melhorar ainda mais a qualidade da assistência obstétrica e neonatal e reduzir a morbimortalidade materna e perinatal no Hospital de Base em Porto Velho.

REFERÊNCIAS

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BITTENCOURT, P. R. Metodologia da Pesquisa em Saúde: conceitos e técnicas para a elaboração de projetos de pesquisa. 2. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010.

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GOUVÊA, M. V. C. et al. A importância do pré-natal na prevenção da mortalidade materna: uma revisão integrativa. Revista de Enfermagem da UFPI, v. 7, n. 3, p. 48-54, 2018.

MINISTÉRIO DA SAÚDE (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Área Técnica de Saúde da Mulher. Prevenção e tratamento de complicações obstétricas e das anemias em gestantes e puérperas: manual técnico [recurso eletrônico]. Brasília: Ministério da Saúde, 2018.

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MONTENEGRO, C. A. B.; REZENDE FILHO, J. Complicações pós-parto. In: REZENDE, J.; MONTENEGRO, C. A. B.; KAHHALE, S.; ZUGAIB, M. Obstetrícia fundamental. 12. ed. São Paulo: Artmed, 2011. p. 419-427.

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SIMÕES, V. M. F. et al. Manual de neonatologia. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2018.


1Discente do curso de Medicina. Faculdade Metropolitana, Porto Velho Rondônia, Brasil.
2Discente do curso de Medicina. Faculdade Metropolitana, Porto Velho Rondônia, Brasil.
3Discente do curso de Medicina. Faculdade Metropolitana, Porto Velho Rondônia, Brasil.
4Prof.