A IMPORTÂNCIA DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL NO POSICIONAMENTO DO RECÉM-NASCIDO PREMATURO

THE IMPORTANCE OF THE MULTIPROFESSIONAL TEAM IN POSITIONING THE PREMATURE NEWBORN

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7802010


Jordane Bianchetti¹
Débora D’Agostini Jorge Lisboa²
Marina Machado Rodrigues³


RESUMO

Objetivo: é buscar na literatura os benefícios do posicionamento correto dos RNPT na UTIN, através de técnicas de posicionamento, realizadas pela equipe multiprofissional. Método: este estudo é caracterizado como revisão de literatura. Resultado: ao total foram selecionados 117 artigos, após a aplicação dos critérios de inclusão 76 artigos foram analisados, destes foram selecionados 14 artigos no total, após a leitura na íntegra. Conclusão: Portanto, os estudos demonstram que é necessário um posicionamento adequado, uma padronização para o bom DNPM, reduzindo assim os impactos negativos tanto a curto, médio e longo prazo.

PALAVRAS-CHAVES: Equipe de Assistência ao Paciente; Neonatologia; Recém-Nascido;Prematuro

ABSTRACT

Objective: to search the literature for the benefits of correct positioning of PTNBs in the NICU, through positioning techniques performed by the multidisciplinary team. Method: this study is characterized as a literature review. Result: a total of 117 articles were selected, after applying the inclusion criteria 76 articles were analyzed, of which 15 articles were selected in total, after reading in full. Conclusion: Therefore, the studies demonstrate that an adequate positioning is necessary, a standardization for the good DNPM, thus reducing the negative impacts in the short, medium and long term.

KEYWORDS: Patient Care Team; Neonatology; Infant; Premature.

1 INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são adotados dois parâmetros para a classificação dos recém-nascidos (RN): o peso de nascimento e a idade gestacional (IG). Esta correlação é importante para determinar os fatores de risco, pois é considerado prematuro, o RN com IG inferior a 37 semanas e com baixo peso, que necessita de um ambiente que proporcione sua sobrevida no meio extrauterino, sendo esta a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN)¹.

O recém-nascido prematuro (RNPT) após seu nascimento é internado na UTIN, saindo de seu habitat natural que é o útero da mãe, que o protege dos meios externos e passa a enfrentar uma nova adaptação, rodeado por luzes, ruídos, alarmes, vozes diferentes, manuseio desnecessário, procedimentos invasivos e estímulos dolorosos, estes podem desencadear graves consequências em curto, médio e a longo prazo no seu desenvolvimento¹,².

O posicionamento do RNPT também modifica-se, inicia em uma flexão onde estava protegido pela parede uterina para um meio em extensão, por ser um indivíduo imaturo, com dificuldade necessita inteiramente do auxílio da equipe multiprofissional ³,¹.

Desta forma, o RNPT é um indivíduo vulnerável, frágil, que requer muita atenção no seu cuidado, e está propenso a complicações durante o período de internação. Diante disso, é necessário o amparo da equipe multiprofissional para auxiliar no seu cuidado, a postura adequada e a mobilização correta são elementos fundamentais que favorecem o bom desenvolvimento do RNPT em UTIN4.

O posicionamento é uma técnica simples e não invasiva que envolve toda equipe favorecendo o desenvolvimento do RNPT, é um conjunto de práticas que tem como principal objetivo reduzir os impactos negativos que a internação pode vir a causar a esses bebês5.

Além disso, o cuidado prestado pela equipe multiprofissional através de técnicas terapêuticas de posicionamento são medidas simples que podem evitar possíveis agravos no quadro do RN. Para isso, respeitar as condições clínicas, prever o manuseio mínimo, conceder o horário de descanso, observar a alternância de decúbito são ações preventivas e positivas que beneficiará o RNPT 5,4,1.

2 OBJETIVO

O objetivo é buscar na literatura os benefícios do posicionamento correto dos RNPT na UTIN, através de técnicas de posicionamento, realizadas pela equipe multiprofissional.

3 METODOLOGIA

Este estudo é caracterizado como revisão de literatura, de caráter qualitativo e descritivo.
Os critérios de inclusão foram artigos dos últimos 10 anos, com as palavras-chaves encontradas no DECS (equipe de assistência ao paciente, neonatologia e recém-nascido prematuro) e artigos relacionados com o tema: posicionamento no RNPT e a atuação da equipe multiprofissional no RNPT e na UTIN. Os critérios de exclusão foram artigos que não abordavam o tema, estudos de caso e artigos publicados antes de 2012.

4 RESULTADOS

Os estudos incluídos nesta pesquisa foram publicados na base de dados como: biblioteca regional de medicina (BIREME), Scientific Eletronic Library Online (SCIELO) e artigos publicados no google acadêmico. Ao total foram selecionados 117 artigos, após a aplicação dos critérios de inclusão 76 artigos foram analisados, destes foram selecionados 14 artigos no total, após a leitura na íntegra.

5 DISCUSSÃO

O posicionamento do RNPT é um cuidado de extrema importância, realizado pela equipe multiprofissional, embora muitos profissionais não tenham o conhecimento dos seus beneficios para o desenvolvimento do bebê. Foi comprovado em um estudo, que há falta de conhecimento por parte da equipe multiprofissional. O profissional que auxilia no cuidado do RN na UTIN, não reconhece as técnicas de posicionamento como uma forma de cuidado humanizado, que pode interferir no desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) deste RN5.

A equipe multiprofissional de acordo com Ribeiro (2021) é definida como profissionais de diferentes áreas, com um mesmo propósito: prestar atendimento humanizado, trabalhar com responsabilidade e entrosamento em grupo. Desta forma, a equipe multiprofissional na UTIN visa através do posicionamento correto de RNPT, evitar atrofias, prevenir alterações na integridade da pele, manter e restaurar a força e o tônus muscular, evitar rotação de membros, melhorar a função respiratória, melhorar a circulação, ajudar na função gástrica, possibilitando a redução do estresse e auxiliando no ganho calórico, essa estratégia é preconizada pelo Ministério da Saúde 6,2.

Além da postura adequada proporcionar benefícios para o DNPM, também pode auxiliar na redução do nível de estresse, diminuição da dor e auxiliar no ganho de peso. Para o mesmo   autor, uma técnica que também pode ser utilizada em conjunto com o posicionamento, é o enrolamento, este proporciona um melhor bem estar ao RN, pois ele se sente protegido, mantém-se alinhado em posição de flexão, com os membros juntamente ao corpo, mantendo a linha mediana que auxilia a auto regulação durante os procedimentos dolorosos, auxiliando no suporte postural, facilitando a organização dos RNPT, diminuindo o estresse e minimizando a dor aguda 7.

Para XAVIER et al. (2012), o posicionamento realizado deve seguir critérios específicos, analisando a situação clínica, a idade gestacional e o uso de aparelhos que possam interferir no posicionamento. Outro ponto em destaque, é no momento da alta hospitalar, onde à equipe multiprofissional deve exercer o papel fundamental de educador realizando orientação aos pais sobre o posicionamento adequado no pós alta, orientando sobre os cuidados para evitar a asfixia neonatal e transmitindo os cuidados realizados dentro da UTI para a família 3,8.

O RNPT pode apresentar expressões e sinais fisiológicos/comportamentais de dor quando identificados pela equipe multiprofissional, deverão ser estabelecidas medidas para alívio dos sintomas, podendo ser farmacológicos ou não farmacológicos. Para uma resposta positiva em relação às medidas não farmacológicas são utilizados métodos como posicionamento terapêutico adequado considerado assim uma medida de intervenção não medicamentosa. Estudos mostram que a posição prona em bebês diminui significativamente o quadro de estresse, por meio de dosagem de cortisol salivar 9. Para SOARES e SANTOS. (2020) o posicionamento adequado além de alívio da dor pode ser usado como medida preventiva no procedimento de extubação 10.

Na vida intrauterina a flexão fisiológica é a posição mais apropriada do RN, pois promove simetria articular e alinhamento postural, além de favorecer no seu desenvolvimento neuromuscular. Estudos comprovam que o posicionamento prona (PP) ou decúbito ventral (DV) reduz o estresse, menos gasto energético, melhora a saturação(Spo2), melhora na função respiratória e diminuição do débito cardíaco. Para o mesmo autor, a posição prona também está associada a uma diminuição dos casos de apneia da prematuridade5..

Um estudo realizado na China com 30 RN internados observou que a posição prona e decúbito lateral melhora a função fisiológica 5. No Brasil um estudo com 24 RNPT mostrou que tanto o decúbito lateral direito, supina e prona, teve como achados a diminuição da frequência cardíaca e da frequência respiratória 11. Um estudo comparativo realizado na Índia com 40 RN PMT, verificou que na posição prona há uma melhora na saturação de oxigênio em relação à posição lateral 4,12.

Outro estudo realizado na Turquia, demonstrou que o decúbito lateral direito ou o RN pronado melhora o esvaziamento gástrico, tendo um menor volume de resíduo gástrico em relação à posição supina e favorece também ao ganho de peso 4,5,13.

No Brasil, estudo realizado no Paraná demonstrou que os RN apresentam melhora no sono e vigília, menor estresse e dor com o uso de redinha de descanso, comparado com outros posicionamentos tradicionais. Outra estratégia utilizada é o uso de ninhos que também reduzem o estresse e o nível de dor, enquanto o decúbito lateral tem potencial para a qualidade de sono e reduz o choro e o posicionamento com uso de ninhos favorece o desenvolvimento postural. 4,14

Portanto, apesar de não existir um consenso sobre o posicionamento adequado tanto na literatura nacional quanto internacional, os estudos demonstram que é necessário um posicionamento único, uma padronização para o bom DNPM, reduzindo assim os impactos negativos tanto a curto, médio e longo prazo.

Os artigos avaliados salientam que os profissionais envolvidos no cuidado do RNPT têm conhecimento técnico sobre qual o melhor posicionamento através da prática diária, porém falta embasamento teórico e científico para um atendimento de qualidade. Cada instituição de saúde deveria ter Padronização Operacional Padrão (POP), porém falta um consenso mundial sobre posicionamento tanto no período de internação como durante as orientações aos familiares no pós alta hospitalar.

REFERÊNCIAS

1 ALBUQUERQUE, T. M.; ALBUQUERQUE, R. C. Estratégias de posicionamento e contenção de recém-nascido pré-termo utilizadas em unidades de terapia intensiva neonatal. Revista Interinstitucional Brasileira de Terapia Ocupacional, v.1, n. 1, p. 40-51, 2017.

2 MARQUES, L.F et al. Cuidados com o recém-nascido prematuro extremo: mínimo manuseio e humanização. Ver fim Care online.2017 out/dez; 9(4); 927-931. DOI: http://dx.doi.org/109789/2175-536.

3 XAVIER, S. O. et al. Estratégias de posicionamento do recém-nascido prematuro: reflexões para o cuidado de enfermagem neonatal. Revista de Enfermagem UERJ, v. 20, n. 8, p. 14-18, 2012.

4 SOARES, Y.K.C. SANTOS, P.O. posicionamento do recém-nascido prematuro em unidade de terapia intensiva neonatal. Revisão integrativa. Enferm.foco 2020; 11(4)49-56.

5 PANHONI. et al., Conhecimento de profissionais da saúde sobre o posicionamento do recém-nascido prematuro em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. 19, N. 2, P 84-120, 2019.

6 RIBEIRO, A.A. Importância das ações da equipe multidisciplinar no desenvolvimento neuropsicomotor infantil Universidade federal de s.Paulo(24/fev2021. https://ares.unasus.gov.br/acervo/static/files/Termos HYPERLINK”https://ares.unasus.gov.br/acervo/static/files/Termos%20de%20uso%20do%20 ARES.pdf”de uso do ARES.pdf

7 CHRISTOFFEL, M. M. et al. Atitudes dos profissionais de saúde na avaliação e tratamento da dor neonatal. Escola Anna Nery, v. 21, n. 1,2017. DOI https://doi.org/10.5935/1414-8145.20170018.

8 GIORDANI, A.T.K. Cuidados essenciais com o prematuro extremo: Elaboração do protocolo mínimo de manuseio. V3,n2(2017).

9 CÂNDIA, M.F. et al. Influência do posicionamento em prona sobre o estresse no recém-nascido prematuro avaliada pela dosagem de cortisol salivar: um estudo piloto. Rev Bras Ter Intensiva. 2014; 26(2): 169-175.

10 SOARES, Y.K.C. SANTOS, P.O. posicionamento do recém-nascido prematuro em unidade de terapia intensiva neonatal. Revisão integrativa. Enferm.foco 2020; 11(4)49-56

11 SEVERINO, A. P. S.; RIBEIRO, L.F. Efeitos do método canguru no recém-nascido pré termo e de baixo peso, Revista eletrônica saúde e ciência, v. 07, n. 02, ISSN 2238-4111, 2017.

12 TOSO, B.R.G.O. et al. Validation of newborn positioning protocol in intensive Care      unit. Rev Bras Enferm. 2015; 68(6):835-41. DOI: http: dx.doi.org/10.1590/00347167.2015680621

13 ARIS, C. et al. Nicu nurses’ knowledge and discharge teaching related to infant sleep position and risk of SIDS. Advances in Neonatal Care, v. 6, n. 5, p. 281-294, 2006.

14 GASPARDO. C, M.; MARTINEZ. F, E. LINHARES. M, B, M. Cuidado ao desenvolvimento: intervenções de proteção ao desenvolvimento inicial de recém-nascidos pré-termo. Artigo de Revisão. Rev . Pediatria.28(1). Mar 2010 https://doi.org/10.1590/S0103-05822010000100013


¹Discente do curso de Enfermagem, da Anhanguera Educacional, Passo Fundo (RS).
²Fisioterapeuta, Doutoranda em Envelhecimento Humano, Hospital de Clínicas de Passo Fundo (HCPF), Passo Fundo (RS). ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4338-108.
³Fisioterapeuta, no Hospital de Clínicas de Passo Fundo (RS), Passo Fundo (RS). ORCID https://orcid.org/0000-0002-9127-3359.