FATORES QUE CONTRIBUEM PARA O DESENVOLVIMENTO DA SÍNDROME DE HELLP NO PERÍODO GESTACIONAL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7799529


Raquel Pereira da Cruz Silva
Juciele da Conceição Pereira
Daniela De Souza Silva
Erlane Bruna da Silva Picanço
Érica Motta Moreira de Souza
Isabella Nascimento Azevedo Console
Bárbara Luiza Santos de Sousa Drosdoski
Francielle Moreira Rodrigues
Maria Gilmara de Lima Pereira
Gustavo Kennedy Pinheiro de Medeiros
Fiama dos Santos de Freitas Bessa Campos
Sara Esther Freitas Ribeiro Marques
Rafaela Oliveira Santana Pinheiro
Elem Cristina Rodrigues Chaves
Isadora Sabrina Martins Sousa
Ellen Christina Oliveira Santiago
Natália Rodrigues da Silva
Anny karoline Menezes Lima Santos
Marcela Cunha da Silva de Melo


1. INTRODUÇÃO

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) na gestação é uma doença de alta prevalência que pode acarretar em elevadas taxas de morbidade e mortalidade materna e perinatal, denominada síndromes hipertensivas gestacionais (SHG) caracterizando uma gestação de alto risco e pode evoluir para uma emergência obstétrica. Se não tratada adequadamente existe a possibilidade de evoluir para complicações graves e até mesmo fatal (VIERA et al, 2022).

As SHG são caracterizadas quando os valores para pressão arterial são iguais ou maior que 140 mmHg para a pressão sistólica e iguais ou maior que 90 mmHg para pressão diastólica. As SHG na gestação são incuráveis há apenas medicações para controle do quadro clínico e dos sinais e sintomas, a única maneira permanente de ceder o quadro é a interrupção da gestação, caso contrário pode evoluir para quadros mais graves. A SHEG é classificada como hipertensão crônica, pré-eclâmpsia/eclâmpsia, e Síndrome HELLP (SH) tendo sua manifestação mais pronunciada (RIBEIRO et al, 2017).

Entre as complicações das SHG, destaca-se a SH é um transtorno específico da gravidez caracterizada pela  pré-eclâmpsia grave que pode desencadear e o risco de vida à que mãe e bebê ficam expostos. Ocorre   devido   à   elevação   de   enzimas hepáticas   (EL),   hemólise, que é definida como o processo de quebra da membrana da hemácia liberando hemoglobina sérica o que pode causar anemias e aumento da bilirrubina no sangue, aumento da bilirrubina no sangue  (H), e plaquetopenia (LP), que é a diminuição dos níveis de plaquetas no organismo sendo que, as plaquetas tendem a bloquear hemorragias agindo na obstrução dos vasos sanguíneos que estão danificado (RIBEIRO et al, 2017).

A síndrome de HELLP, acomete   em aproximadamente 1 a 2 a cada 1.000 gestações, tendo como complicações edema agudo do pulmão, insuficiência renal e podendo ocasionar mortalidade materna e perinatal, destacando-se pela sua gravidade, sendo ela uma das principais caudas de mortalidade materna no Brasil (VIERA et al, 2022).

A principal droga utilizada para o tratamento dos distúrbios hipertensivos da gravidez é o sulfato de magnésio, indicado a fim de prevenir convulsões de forma recorrente em gestantes com eclâmpsia, assim como o surgimento de convulsões nas grávidas com pré-eclâmpsia (PERES GM, et al., 2018).

Diante da contextualização envolvendo as repercussões da SH e dada a alta morbimortalidade torna-se imprescindível a investigação de prováveis fatores de risco com o intuito de impulsionar futuras intervenções em saúde. Deste modo, o presente estudo tem como objetivo identificar os fatores associados à SH, a fim de propiciar melhor manejo reduzindo desfechos desfavoráveis para a mulher e para o feto.

2. METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, realizada em janeiro de 2023. Inicialmente foi constituída a pergunta norteadora da pesquisa: “Quais fatores associados ao desenvolvimento da Síndrome Hellp no período gestacional?”, constituída por meio de estratégia PICo (Quadro 1) (MENDES, SILVEIRA e GALVÃO, 2019).

Quadro 1. Aplicação da estratégia PICo.

AcrônimoDefiniçãoAplicação
PProblemaSíndrome de Hellp
IInteresseIdentificar os fatores associados
CoContextoGestantes que apresentam a Síndrome de Hellp
Fonte: Autores, 2023.

A efetivação da busca por literaturas se deu por meio das bases de dados, disponíveis na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), sendo elas: Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e o Índice Bibliográfico Español en Ciencias de la Salud (IBECS). A busca inicial se deu através da utilização dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) em cruzamento com o operador booleano and, da seguinte forma: Pré-eclampsia and Hipertensão and Gravidez and Síndrome HELLP, encontrando 263 artigos.

Estabelecidos os critérios de inclusão, considerando: artigos publicados na íntegra em texto completo nos últimos cinco anos (2018-2023), na língua portuguesa, inglesa e espanhola, encontrando 54 artigos. Em seguida, foram constituídos os critérios de exclusão, desconsiderando: estudos que não contemplassem o objetivo do estudo, artigos na modalidade de tese, dissertação e revisões, sendo que artigos duplicados não foram contabilizados. Deste modo, foram selecionados X artigos para o desenvolvimento do estudo.

Figura 1. Fluxograma de estudos analisados.

Fonte: Autores, 2023.

O presente estudo dispensou a submissão ao Comitê de Ética e Pesquisa (CEP), logo que não realizou pesquisas clínicas em seres animais e humanos. Desta forma, assegura-se e cumpre os preceitos dos direitos autorais dos autores vigentes.

3. RESULTADOS E DISCUSÕES

Segundo Adorno (2022), a SP apresenta-se de forma repentina e está relacionada a alguns fatores como multiparidade e idade acima de 30 anos. Ademais, a nuliparidade é um fator de risco comum para o desenvolvimento de distúrbios hipertensivos da gravidez, mulheres com história prévia de síndrome HELLP e gestações múltiplas estão comumente em risco.

Acredita-se que a etiologia da Síndrome de HELLP enquadra-se no espectro da patogênese da pré-eclâmpsia e inclua desenvolvimento placentário anormal no início do primeiro trimestre da gravidez, disfunção endotelial e liberação vasoativa (com pressão arterial elevada). No entanto, o papel da resposta imune, incluindo o do sistema complemento, também tem sido enfatizado. Endotélio danificado disfuncional e vasos sanguíneos contraídos levam à degradação dos glóbulos vermelhos (hemólise e anemia hemolítica). Os coágulos sanguíneos se formam em pequenos vasos sanguíneos (acúmulo de plaquetas), levando a danos nos órgãos. Na síndrome HELLP, o fígado é o principal órgão danificado, mas os rins também são frequentemente danificados (mais de 50% dos casos de HELLP) (LEWANDOWSKA, MAŁGORZATA et al. 2022).

Contudo, deve-se monitorar esta puérpera de forma cuidadosa e avaliar os valores laboratoriais maternos relevantes para a SP, incluindo contagem de plaquetas e enzimas hepáticas, deve ser realizado pelo menos a cada 12 horas durante o parto e continuar durante o período pós-parto. Normalmente, com a síndrome HELLP, os níveis de enzimas hepáticas continuarão a aumentar à medida que os níveis de plaquetas continuam a diminuir, mesmo após o parto. Espera-se que as plaquetas atinjam seu nadir em média 23 horas após o nascimento, e espera-se que os sintomas da síndrome HELLP (ADORNO, 2022)

Segundo o estudo de PETCA et al. (2022) a Síndrome HELLP, também conhecida como hemólise, que são enzimas hepáticas elevadas e a trombocitopenia é uma complicação grave da gravidez frequentemente associada à pressão alta. Isso está associado a um risco aumentado de complicações adversas para a mãe e o feto. A HELLP ocorre em 0, 2-0 ,8 % das gestações e coexiste com pré-eclâmpsia (PE) em 70-80 % dos casos. Ambas as condições mostram um padrão familiar. Uma mulher com histórico de gravidez HELLP corre alto risco de desenvolver essa entidade em gestações subsequentes. Não podemos apontar uma única causa genética universal para o aumento do risco de HELLP. Acredita-se que as combinações de múltiplas variantes de genes, cada uma com risco moderado, acompanhadas de fatores maternos e ambientais sejam os mecanismos causadores.

A associação de edema com baixa proteína sérica e até mesmo hipertensão leve pode ser um sinal de alerta. Especificamente, na síndrome HELLP, a hipertensão é leve em 15-50% dos casos, ausente em 12-18% dos casos, e a proteinúria está ausente em 13% dos casos. Na síndrome HELLP com nenhum ou apenas sintomas clínicos leves, o diagnóstico e a terapia apropriada podem ser adiados, levando a resultados adversos. Portanto, dada a rápida progressão e complicações graves desta condição, qualquer indicação clínica ou biológica que possa prever a síndrome HELLP merece reconhecimento imediato para apoiar o tratamento oportuno (CARBILLON et al. 2022).

É muito importante avaliar a melhor via de parto, pois é a única forma de interromper os efeitos da doença. Assim, a avaliação da estabilidade materna e fetal é fundamental, pois o comportamento em relação à gestante pode variar desde a antecipação até a indução do trabalho de parto dependendo da idade gestacional e da estabilidade materna. Para gestações que atingiram 34 semanas ou mais, a conduta mais difundida é a indução do parto que é uma abordagem mais comum, e para aquelas que não o fizeram, a alternativa é uma abordagem conservadora, recomendando-se o uso de corticosteroides para maturação pulmonar fetal devido às evidências, nesses casos, melhorando a mortalidade neonatal quando esses tipos de condições estão presentes (MARTINEZ et al, 2018).

A história familiar e a escolaridade das primíparas diferenciam os resultados entre mulheres com e sem síndrome hipertensiva, nesses casos, aspectos nutricionais, atividade física, tempo entre as gestações e uso de anticoncepcionais auxiliam na compreensão do estado de saúde dessa mulher, preocupação em cuidar que permitem o investimento na qualidade do pré-natal (NETO et al, 2022).

Gestações múltiplas, baixo nível de escolaridade e número de consultas de pré-natal afetam diretamente o curso da gravidez. O estudo constatou que os problemas de gravidez muitas vezes começaram no segundo trimestre e foram exacerbados pela baixa escolaridade e parto e cuidados infantis deficientes. Além disso, os marcadores químicos aumentam com o aumento da idade gestacional, o que afeta um pior prognóstico (XIONG, Tao et al, 2020).

Portanto, mulheres com histórico de pré-eclâmpsia que desejam engravidar também devem fazer acompanhamento com nefrologista para diagnóstico precoce e investigação de disfunção renal ou hipertensão, além de passar por avaliação multidisciplinar. doenças maternas subjacentes ou correção, levando em consideração outros fatores predisponentes, como desnutrição, obesidade, alterações hormonais, internação de mulheres com pré-eclâmpsia prévia em um centro de atendimento terciário e redução do ácido acetilsalicílico podem ter efeito protetor para um quadro hemorrágico. Um procedimento rápido também é retirar o bebê o quanto antes, para que a pressão seja reduzida durante a retirada da placenta (DE BARROS SILVA et al. 2022).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com a literatura científica, a síndrome de HELLP é um conjunto de condições que representa  as gestantes que precisam de toda atenção do serviço de saúde, sendo que, a doença é caracterizada pela hemólise, plaquetopenia e elevação de enzimas hepáticas. Em síntese, percebe-se que através das leituras dos artigos selecionados, que todos descrevem a Síndrome HELLP como um agravamento da pré-eclâmpsia e eclâmpsia, podendo causar morte materna e fetal se os sintomas não forem identificados precocemente.

REFERÊNCIAS

RIBEIRO, J. F. et al. Síndrome hellp: caracterização obstétrica e modalidade de tratamento. Revista de Enfermagem UFPE on line, v. 11, n. 3, p. 1343-1348, 2017. Disponível

PERES GM, et al. Pre-Eclampsia and Eclampsia: An Update on the Pharmacological Treatment Applied in Portugal. J Cardiovasc Dev Dis. 2018; 5(1): 3.

MENDES, K. D. S.; SILVEIRA, R. C. C. P.; GALVÃO, C. M. Uso de gerenciador de referências bibliográficas na seleção dos estudos primários em revisão integrativa. Texto & Contexto-Enfermagem. v. 28, 2019.

MIRANDA, F. K. et al. Atuação da Enfermagem na Síndrome de HELLP: uma Revisão de Literatura. Revista GestÃo & SaÚde, Brasilia, v. 15, n. 1, p.39-45, 2016.

VIEIRA, T. et al. Use of sedatives and analgesics and hospital outcomes in pediatric intensive care: a cohort study. BrJP [online]. 2022, v. 05, n. 02, p. 105-111, 2022.

ADORNO; GRIFFITHS; ABADIE,. HELLP Syndrome Critical Care Nursing. Clinics of North America, v. 34, n. 3, p. 277-288, 2022.

LEWANDOWSKA, Małgorzata et al. A Rare Case of HELLP Syndrome with Hematomas of Spleen and Liver, Eclampsia, Severe Hypertension and Prolonged Coagulopathy—A Case Report. International Journal of Environmental Research and Public Health, v. 19, n. 13, p. 7681, 2022.

PETCA, Aida et al. HELLP syndrome—holistic insight into pathophysiology. Medicina, v. 58, n. 2, p. 326, 2022.

CARBILLON, Lionel; BOUJENAH, Jeremy. Edema associated with low plasma protein level and any gestational hypertension as warning signs of HELLP syndrome. The Journal of Maternal-Fetal & Neonatal Medicine, v. 35, n. 25, p. 7395-7398, 2022.

MARTINEZ-CASTELLON, Nerea; FERNANDEZ-ORDÓÑEZ, Eloísa; SANCHEZ-RUIZ, Patrícia. Manejo da síndrome HELLP em uma gravidez prematura. Parteiras prof. , v. 19, não. 2 p. e17-20, 2018.

NETO, João Cruz; DOS SANTOS, Paula Suene Pereira; DE OLIVEIRA, Dayanne Rakelly. Risk factors and primitive elements in the development of hypertensive syndromes in prenatal care: integrative review.

XIONG, Tao et al. Association between ambient temperature and hypertensive disorders in pregnancy in China. Nature communications, v. 11, n. 1, p. 2925, 2020.

DE BARROS SILVA, Maria Eduarda Wanderley et al. A atuação dos profissionais de saúde frente a identificação do diagnóstico de síndrome de HELLP e suas complicações. E-Acadêmica, v. 3, n. 2, p. e5932229-e5932229, 2022.