ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO PARA PACIENTES PORTADORES DE  TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) – REVISÃO DE LITERATURA

DENTAL CARE FOR PATIENTS WITH AUTISM SPECTRUM DISORDER (ASD) – LITERATURE REVIEW 

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7791761


Liliane da Silva Libertino1
Flavio Martins da Silva2
Leopoldo Luiz Rocha Fujii3
Pedro Ivo Santos Silva4
Bruno Coelho Mendes5
Chimene Kuhn Nobre6


RESUMO 

O autismo é um transtorno do desenvolvimento caracterizado por dificuldades com a  linguagem e interação social. As crianças com autismo podem não gostar de  multidões e atividades em grupo. Elas geralmente são hiperativas e têm um período  de atenção reduzido. Elas também podem ter transtornos de humor, tendências a  comportamento agressivo e hipersensibilidade a estímulos sensoriais. Elas  geralmente têm um mundo próprio e uma linguagem própria. dedicado à  comunicação. O conhecimento sobre atendimento odontológico para indivíduos com  TEA é importante, pois esses indivíduos são passíveis de modificações com  necessidades específicas. Portanto, os dentistas devem entender os pacientes a partir  de seu comprometimento, suas interações sociais ou comportamentais. O objetivo  desta revisão de literatura sobre os conhecimentos e cuidados que o cirurgião-dentista  deve ter durante o tratamento odontológico de uma pessoa com transtorno do  espectro do autismo é tornar os profissionais mais conhecedores da área e das  opções de atendimento em cada caso. Esta pesquisa é categorizada como de  natureza qualitativa, pois será investigado material bibliográfico para compreender os  temas em que será realizada a consulta ao livro. Essa complicação é considerada um  transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por desenvolvimento atípico,  déficits no desempenho comportamental, comunicação e interação social, padrões  comportamentais repetitivos e estereotipados e, possivelmente, interesses e  atividades limitados. 

Palavras-chave: Transtorno Do Espectro Autista; Análise Do Comportamento  Aplicada; Odontologia. 

ABSTRACT 

Autism is a developmental disorder characterized by difficulties with language and  social interaction. Children with autism may dislike crowds and group activities. They  are usually hyperactive and have a short attention span. They may also have mood  disorders, tendencies toward aggressive behavior, and hypersensitivity to sensory  stimuli. They usually have a world of their own and a language of their own. dedicated to communication. Knowledge about dental care for individuals with ASD is important,  as these individuals are subject to modifications with specific needs. Therefore,  dentists must understand patients from their commitment, their social or behavioral  interactions. The objective of this literature review on the knowledge and care that the  dental surgeon should have during the dental treatment of a person with autism  spectrum disorder is to make professionals more knowledgeable about the area and  the care options in each case. This research is categorized as qualitative in nature, as  bibliographic material will be investigated to understand the themes in which the book  will be consulted. This complication is considered a neurodevelopmental disorder  characterized by atypical development, deficits in behavioral performance,  communication and social interaction, repetitive and stereotyped behavioral patterns,  and possibly limited interests and activities. 

Keywords: Autism Spectrum Disorder; Applied Behavior Analysis; Dentistry.

1 INTRODUÇÃO 

Segundo Sant’Anna, Barbosa e Brum (2017), o autismo consiste em um  distúrbio de desenvolvimento, que é caracterizado pela dificuldade na linguagem e interação social. As crianças com TEA, podem não gostar de ambientes com muitas  pessoas e atividades em grupo, costumam ser hiperativas, com atenção reduzida,  podem apresentar também desregulação emocional com tendência a  comportamentos agressivos e hipersensibilidade aos estímulos sensoriais, costumam  ter seu próprio mundo e uma linguagem específica para se comunicar. A criança  autista começa a apresentar comportamentos diferenciados, normalmente, antes dos  30 meses de idade e os pais são os primeiros a identificarem esses sinais e informar  ao médico. Incapacidade de comunicação, ecolalia, comportamento repetitivo,  indiferença e transtornos de sono e alimentação são algumas das características  (MELLO, 2007). 

O TEA é um transtorno invasivo do desenvolvimento que persiste durante toda a vida e não tem cura nem causas claramente conhecidas. No entanto, sabe-se que  intervenções e métodos educacionais com base na psicologia comportamental têm  apontado reduzir os sintomas do espectro do autismo e promover uma variedade de  habilidades sociais, de comunicação e comportamentos adaptativos. Esse método de  intervenção e ensino é conhecido como a análise do comportamento aplicada ou ABA,  sigla em inglês para Applied Behavior Analysis (HOWARD et al., 2005). 

O conhecimento acerca do tratamento odontológico para pacientes com TEA  (Transtorno do Espectro Autista), é de extrema importância, visto que são pacientes  que se enquadram nas alterações de necessidades especiais. Segundo Fourniol  (1998), paciente especial é todo o indivíduo que possui alteração física, intelectual,  social ou emocional – alteração essa aguda ou crônica, simples ou complexa – que  necessita de educação especial e instruções suplementares temporárias ou  definitivamente. 

Crianças com TEA podem não gostar de ambientes com muitas pessoas e  atividades em grupo, costumam ser hiperativas, com atenção reduzida e propensas  automutilação. Além disto, podem ocorrer desregulação emocional com tendência a  comportamentos agressivos e hipersensibilidade aos estímulos sensoriais. Costumam  ter seu próprio mundo e uma linguagem específica para se comunicar, o que requer  um tratamento especializado (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014). 

Sendo assim, o Cirurgião Dentista deve compreender o paciente, desde seu  comprometimento, suas interações sociais ou comportamentais. Buscando  alternativas que agilize o atendimento, através de métodos e meios de interação para  atrair atenção do paciente para o tratamento odontológico, sempre e respeitando suas limitações (MATOS, 2020). 

Para Zink (2012) o atendimento ao paciente autista se dificulta, pois as ações  dos cirurgiões dentistas são consideradas invasivas pelo paciente, devido este possui sensibilidade aumentada aos estímulos odontológicos, como: odores, luz, sons do sugador e canetas de alta e baixa rotação. A recusa ao tratamento odontológico pode ser menor se o paciente se acostumar desde detalhes como ambiente, ser atendido pelo mesmo profissional no mesmo consultório e de preferência sempre no mesmo horário e dia da semana, mantendo assim uma rotina. O atendimento do paciente no espectro autista deve ter grande foco em cuidados preventivos e educação em saúde,  é individualizado e deve ser adaptado às necessidades do paciente. Existem inúmeros aspectos que devem ser considerados ao atender o paciente TEA, questões como o ambiente, a comunicação com o paciente, o manejo e técnicas auxiliares, o tipo de  procedimento a ser executado, as características comportamentais do paciente, etc.  O consultório odontológico ideal para atendimento do paciente com TEA precisa ser um ambiente confortável e que transmita tranquilidade. 

Desta forma, o presente projeto, objetiva uma revisão de literatura quanto aos  conhecimentos e cuidados que o Cirurgião-Dentista deve ter durante o tratamento  odontológico em pacientes portadores do Transtorno do Espectro Autista, possibilita  ao profissional um maior conhecimento na área, como também os protocolos de  atendimento em cada caso. 

Dessa forma, tendo como objetivo geral o de revisar a acerca da abordagem  odontológica as crianças portadoras do Transtorno do Espectro Autista. Além disso,  tem como objetivo específico o de abordar sobre o Transtorno do Espectro Autista,  assim como seu desenvolvimento e suas limitações, descrever quais os melhores  manejos e abordagens odontológicas para realizar o tratamento odontológico nos  pacientes com Transtorno do Espectro Autista. 

2 REVISÃO DE LITERATURA 

A formação dos tecidos dentários é um fenômeno complexo e delicado  (KUMAR; GOPAL, 2013). Dentes supranumerários ou hiperdontia é uma anomalia  dentária de O transtorno de Espectro Autista, segundo a American Psychiatric Association (2014), é um grupo de distúrbios do desenvolvimento neurológico de início  precoce, caracterizado por comprometimento das habilidades. Candeias (2013) definiu o autismo como uma deficiência mental específica, suscetível de ser  classificada nas Perturbações Pervasivas do Desenvolvimento. 

Com Base na definição dada pela Associação Americana de Autismo, Candeias  (2013) relatou que o autismo se caracteriza por um desalinho neurológico,  influenciador do raciocínio, das interações sociais e das habilidades comunicativas,  que pode ser traduzida em problemas de aprendizagem e alterações de  comportamento. 

De acordo com a OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde), o TEA se  refere a uma série de condições que são caracterizadas por apresentarem algum grau  de comprometimento no comportamento social, na comunicação e na linguagem  (BRASIL, 2014). Atualmente, conforme dito por Coimbra et al. (2020), o diagnóstico  do TEA, é baseado de acordo com as definições do Manual Diagnóstico e Estatístico  de Transtornos Mentais de 2014, que consiste no agrupamento de diferentes  transtornos dentro do TEA. 

Segundo a American Psychiatric Association (2014) o grau de autismo é  medido pela gravidade do comprometimento. A maioria das pessoas com TEA têm  algum nível de deficiência intelectual e o grau varia de leve (nível 1) à severo (nível  3), passando pelo moderado (nível 2), conforme Tabela 1. 

Quadro 1 Grau de autismo 

Grau leve (nível 1)Nesse grau de autismo, a pessoa necessita de pouco suporte, tem  dificuldades na comunicação, mas sem que isto limite sua interação social.  Problemas de organização e planejamento podem prejudicar a  independência.
Grau moderado (nível 2)O grau de autismo moderado apresenta déficits nas habilidades de comunicação verbais e não verbais, mas com menos intensidade do que o  nível 3 (severo). Devido às dificuldades de linguagem, necessitam de suporte para o  aprendizado e interação social.
Grau severo (nível 3)As pessoas com grau severo de autismo precisam de ainda mais suporte,  pois apresentam déficits de comunicação graves. Também têm muita  dificuldade nas interações sociais e capacidade cognitiva prejudicada.  Tendem ao isolamento social e podem apresentar alta inflexibilidade de  comportamento.
Fonte: Adaptado de FERNANDES, TOMAZELLI E GIRIANELLI, 2020.

De acordo com as Diretrizes de atenção a reabilitação da pessoa com  Transtorno do Espectro do Autista, o diagnóstico é essencialmente clínico, realizado  por meio de observações das crianças e entrevistas com pais ou responsável  (BRASIL, 2014). Para se chegar ao diagnóstico do TEA, a American Psychiatric  Association (2014), diz que precisa compreender até onde vai o comprometimento do  paciente, tanto nas interações sociais quanto comportamentais, nas quais não  conseguem demonstrar habilidades para um controle emocional. 

Camargo e Rispoli (2013) relatam que é um transtorno invasivo do  desenvolvimento que persiste por toda a vida e não possui cura e causa conhecida.  Santana et al. (2020), informa que as crianças com TEA, podem não gostar de  ambientes com muitas pessoas e atividades em grupo, costumam ser hiperativas, com  atenção reduzida, podem apresentar também desregulação emocional com tendência  a comportamentos agressivos e hipersensibilidade aos estímulos sensoriais,  costumam ter seu próprio mundo e uma linguagem específica para se comunicar. 

Para Coimbra et al. (2020), o compromisso do cirurgião-dentista é lidar com as  limitações do paciente autista, e oferecer condições seguras e focadas na  humanização do atendimento e acolhimento diferenciado. Ressaltam também que, o  tratamento dentário em crianças, apresentam-se extremamente sensíveis a estímulos  externos, como barulhos diferentes, sons fortes e comportamentos inesperados. Na qual devem receber um tratamento interdisciplinar priorizando a prevenção de doenças bucais e as orientações relacionadas a dieta e higiene oral. As formas de abordagens psicológicas do paciente autistas são as mesmas  usadas em Odontopediatria como: dizer-mostrar-fazer, distração, dessensibilização,  controle de voz, reforço positivo ou recompensa, e modelação. Portanto, esses  métodos são mais difíceis de serem aplicados em pacientes autistas, mas devem ser  encorajados. Também é possível usar a linguagem corporal, de modo que o  profissional, por meio de suas expressões faciais, consiga transmitir para a criança  sua satisfação pelo bom comportamento, ou não (JOSGRILBERG; CORDEIRO,  2005). 

Para realizar atendimentos ao paciente portador de TEA, o Cirurgião-Dentista  deve buscar alternativas (Figura 1) para agilizar seu atendimento, utilizando métodos  subjetivos, com estratégias de interação, para atrair a atenção do paciente para o ratamento odontológico, sendo importante a compreensão do profissional sobre as condições desses pacientes (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014). 

Figura 1 – paciente autista usando a comunicação com PECS adaptado a odontologia

Fonte: Adaptado de Zink (2012). 

No consultório odontológico, pacientes com TEA, podem apresentar mudanças  de comportamento, por ser um ambiente desconhecido, com ruídos vindo dos  instrumentos, luz do refletor intensa e, gosto de alguns materiais dentários  desagradáveis. Sendo assim, para que seja possível realizar procedimentos  adequados é necessário aplicar manobras e técnicas individualizadas garantindo um contato menos traumático que resolva as demandas odontológicas de maneira  eficiente (COIMBRA et al., 2020). 

Segundo Josgrilberg e Cordeiro (2005) controle do comportamento pode ser  realizado através de diversos métodos. Existem os métodos de restrição física, que têm o objetivo de proteger e dar segurança para a criança, pois o cirurgião dentista utiliza materiais cortantes podendo causar injúria no paciente em caso de  movimentos rápidos e inesperados. A utilização dos sistemas de imobilização como  os envoltórios de tecidos e faixas, os estabilizadores, requer uma explicação prévia  ao paciente, com linguagem acessível para que ele não interprete esse procedimento  como uma agressão ou castigo por não estar colaborando. Lembre-se que a contenção física só pode acontecer com autorização dos pais, por meio de  assinatura. Os pais precisam ser orientados e devem colaborar segurando  delicadamente os braços e pernas da criança enquanto o auxiliar imobiliza a cabeça.  Além disso, podemos citar também como terapia a Análise Comportamental Aplicada  (ABA) que é frequentemente mencionada como uma opção de tratamento que produz melhorias significativas e visa desenvolver novas habilidades e mitigar comportamentos problemáticos, fortalecendo o comportamento desejável e há um  potencial para fornecer intervenção precoce de alta qualidade, sabe-se que, um dos  benefícios do plano de intervenção ABA é a participação dos pais, que permite uma abordagem mais intensa no ambiente familiar descontraído (PAIS; FERRAZ, 2022). Ainda assim, a ABA é mais ampla, se baseia em um ramo aplicável da ciência  comportamental, sendo utilizada para avaliação e desenvolvimento de habilidades  específicas, geralmente em crianças com desenvolvimento atípico. a ABA é a ciência  constituinte da Análise do Comportamento responsável pela prática de conceitos e  princípios comportamentais à problemas socialmente relevantes, ou seja, podendo  usá-la como forma de terapia para o atendimento (SANTOS, 2021). Outra opção é a Terapia do Abraço (holding therapy), realizada envolvendo o  paciente em abraços forçados que, teoricamente, passariam pelas fases de aceitar,  resistir e conceder. O objetivo dessa técnica é forçar um contato corporal até torná-lo  aceitável, de forma a vencer a propensão natural do autista ao isolamento  (BASSOUKOU; BASSOUKOU; SANTOS, 2007). 

Segundo Katz et al. (2009) os tratamentos odontológicos mais invasivos e em  pacientes com maior necessidade curativa são realizados com o paciente sob  anestesia geral, principalmente quando os pacientes autistas são portadores de grande barreira comportamental, quando há a dificuldade no atendimento e a  necessidade de tratamentos invasivos e os pacientes autistas não aceitam  intervenções odontológicas por causa da proximidade e do contato físico direto. 

A sedação consciente é uma alternativa utilizada na Odontologia para permitir  que os pacientes fiquem mais tranquilos durante as consultas. Em crianças autistas  não colaborativas, na qual muitas tentativas de abordagem e atendimento já foram  tentadas, a sedação torna-se uma opção interessante (MARCELINO; PARRILHA,  2007). 

O TEA deve ser assistido pelo cirurgião-dentista para prevenção e tratamento  das doenças bucais como em qualquer outro paciente, devido apresenta problemas  bucais comuns – alto índice de placa, cárie, gengivite, maloclusões decorrentes de  dieta cariogênica, má higienização bucal, uso de medicamentos e hábitos  parafuncionais, fazendo-se necessária a técnica odontológica preventiva e curativa.  Sendo assim, se faz necessária a criação de um permitida a sedação com óxido  nitroso no consultório odontológico com o acompanhamento de um cirurgião-dentista com capacitação e treinamento por cursos regulamentados ou de um anestesiologista.  Nos demais consultórios, é permitido somente o uso de anestesia local (injetável e  tópica), devendo o profissional estar apto par reconhecer e atender eventuais  intercorrências (MAREGA; AIELLO, 2005). 

3 MATERIAL E MÉTODOS 

Esta pesquisa se classifica quanto à natureza como qualitativa, pois será  realizado um levantamento de material bibliográfico referente ao assunto no qual será  realizada consultas a livros, dissertações e artigos científicos selecionados através de  busca nas seguintes bases de dados, como Scientific Electronic Library Online  (SciELO), National Library of Medicine National Institutes of Health Search (PubMed),  Google Scholar. Serão selecionados artigos científicos publicados a partir de 2012.  Os descritores utilizados na busca serão: “autismo”, “transtorno”, “espectro”,  “odontologia” e “manifestações bucais”. 

4 RESULTADOS 

Dessa forma, os leitores conseguem compreender o tema discutido e estão  cientes de que crianças com TEA possuem fatores que consideram relevantes para o desenvolvimento da cárie dentária e precisam apenas da atenção dos pais e acesso ao atendimento odontológico. De forma humanizada, todas as necessidades  relevantes de higiene bucal desses pacientes podem ser atendidas com sucesso,  investindo em medidas de prevenção e promoção da saúde respeitando suas  limitações. 

DISCUSSÃO 

Quando se fala de Transtorno Do Espectro Autista (TEA) ainda hoje existe  muito preconceito, mesmo com o avanço da tecnologia e a forma de como o mundo  passou a ver esse transtorno, ainda sim existe muito preconceito. Onzi e Gomes  (2015) afirmam que:

O TEA é considerado um transtorno que vai além da sua complexidade, distante de ser definido com exatidão, pois não existem meios pelos quais se possa testá-lo, muito menos medi-lo. Em outras palavras, as pesquisas realizadas atualmente estão distantes no sentido de apresentarem a “cura” para o autismo, acompanhando o indivíduo por todo seu ciclo vital. 

Isso significa que, não é uma simples doença, ou um simples comportamento  que a criança desenvolve, mas sim, um transtorno muito complexo que não pode levar  a morte, mas que pode ser a causa de muito sofrimento para o individuo e a família se houver diferentes tipos de preconceito ao seu redor. 

O TEA se caracteriza pelo quadro clínico em que prevalecem prejuízos na  interação social, nos comportamentos não verbais (como contato visual, postura e  expressão facial) e na conversação podendo existir atraso ou mesmo falta da  linguagem, também podem apresentar, repetição de palavras e uso de linguagem  padronizada, dificuldades sociais para partilhar interesses, começar ou manter  interações sociais; possuem dificuldades em entender expressões faciais de  sentimentos e afetos. Comportamentos estereotipados são vistos entre eles, bater  palmas ou movimentar os braços como que batendo asas e outros (LEITE; CURADO;  VIEIRA, [2019]). 

Na tentativa de quebrar esses tipos de achismos sobre uma pessoa com TEA,  o governo brasileiro desenvolveu políticas e diretrizes que preveem o acesso aos  espaços e recursos didáticos necessários à inclusão. Além disso, fornecem  ferramentas para apoiar os profissionais em sua atuação e compreensão da inclusão  escolar e na valorização das diferenças no processo de organização da aprendizagem  para atender às necessidades educacionais dos alunos. Essas políticas incentivam a  formação de professores para o atendimento específico de crianças com deficiência,  bem como programas que estimulem a participação da família e da comunidade nas  escolas (CABRAL; MARIN, 2017). 

Assim, sabe-se que existem muitos desafios para uma criança com TEA e seus familiares, sendo um deles a ida ao dentista, pois mesmo um Cirurgião Dentista tendo como base a disciplina de Atendimento a Pacientes especiais em sua graduação  ainda sim, não se sente apto a atender as demandas de um paciente com essa  condição, muitas vezes pelos próprios preconceitos que o Dentista criou para si. 

E para que haja um bom atendimento, é necessário se fazer um atendimento  humanizado, que se consiste em:

O profissional direcione o seu olhar para a pessoa, o ser humano que está à sua frente necessitando de atendimentos e cuidados. É a valorização do ser sem detrimento das técnicas, porque muitos estudos corroboram que a abordagem humanizada melhora a saúde e previne doenças (KESSAMIGUIEMON; OLIVEIRA; BRUM, 2017, p. 68). 

Com isso deve-se levar em consideração que a criança com TEA, apresentam se extremamente sensíveis a estímulos externos, como barulhos diferentes, sons  fortes e comportamentos inesperados durante o tratamento odontológico. Portanto,  devem receber um tratamento humanizado e interdisciplinar, priorizando a prevenção  das doenças bucais e enfatizando as orientações quanto à dieta e higiene bucal de  forma que sua condição não afete a qualidade do tratamento (COIMBRA et al., 2020). 

Além disso, sabe-se que pacientes com TEA não possuem características orais  diferentes das não TEA. O uso de medicamentos controlados e as dificuldades de  realizar a higiene oral alteram o meio bucal, tornando-o mais suscetível à doença cárie  e doenças periodontais. Esses pacientes necessitam de cuidados especiais  principalmente na prevenção, sendo necessária a visita regular ao dentista,  recomendada de 6 em 6 meses (SILVA et al., 2019). 

Dessa forma, entende-se que atender um paciente com espectro autista não é  diferente de atender um paciente em condições normais, ou seja, não a lugar para  preconceitos, pois conhecendo as técnicas e tratando o paciente como ser humano  que é, todos saem satisfeitos com o atendimento. 

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Assim, o trabalho apresenta uma revisão de literatura sobre o atendimento  odontológico para pacientes portadores de transtorno do espectro autista (TEA), uma  complicação considerada um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por  desenvolvimento atípico, déficits no desempenho comportamental, comunicação e  interação social, padrões comportamentais repetitivos e estereotipados e  possivelmente, de interesses e atividades limitados. Geralmente, pacientes com essa  complicação tem condições bucais especificas, devido à dificuldade de higienização,  falta de cuidados adequados ou falta de conhecimento do próprio profissional cirurgião  dentista sobre essa condição.

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1Acadêmica de Odontologia. Artigo apresentado a FIMCA, como  requisito para obtenção do título de Bacharel em Odontologia. Porto Velho/RO, 2022.

2, 3 Professores Orientadores. Professores do curso de Odontologia.

4, 5, 6Professores do curso de Odontologia.