PERFIL DAS OCORRÊNCIAS REALIZADAS PELO SERVIÇO DE ATENDIMENTO MÓVEL DE URGÊNCIA (SAMU) DO MUNICÍPIO DE PORTO VELHO/RO

PROFILE OF INCIDENTS CARRIED OUT BY THE MOBILE EMERGENCY SERVICE (SAMU) IN THE MUNICIPALITY OF PORTO VELHO/RO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7764725


Eliazer Bruno Cavalheiro1
Lucas Levi Sobral2
Nádia Maria Rodrigues dos Santos3
Páblina Daves de Moraes Bregense Leite4


RESUMO

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU realiza atendimentos de urgência e emergência clínica, traumática, obstétrica, psiquiátrica, em via pública, instituições de saúde ou no domicílio visando minimizar os agravos à saúde da população. Ademais, a assistência pré-hospitalar – APH pode ser compreendida como qualquer assistência realizada em estágio inicial de cuidados e fora do ambiente hospitalar. Desta forma, a realização deste estudo justificou-se pela preocupação em descrever o perfil das ocorrências realizadas pelo SAMU do município de Porto Velho/RO. Diante disso, o objetivo foi apresentar o perfil das ocorrências realizadas pela equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência no município de Porto Velho/RO no ano de 2021. Além disso, trata-se de uma pesquisa de campo e análise documental, de caráter exploratório e descritivo, com abordagem quali-quantitativa, utilizando dados secundários dos registros do banco de dados do SAMU do ano de 2021. O presente estudo foi realizado na base de Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU, localizado na Avenida Pinheiro Machado, Bairro Embratel, situado na cidade de Porto Velho, estado de Rondônia, que realiza atendimento pré-hospitalar em situações de urgência e emergência de qualquer natureza. Por fim, os resultados poderão incentivar e contribuir para pesquisas futuras acerca do tema. Essas pesquisas certamente contribuirão para a formulação de estratégias de enfrentamento desse agravo, assim como diminuir e prevenir mortes precoces e subsidiar ações do poder público frente a essa questão, o que inclui medidas educativas, preventivas e fiscalizatórias no trânsito.

Palavras-chave: Atendimento móvel. Ocorrências. Perfil. Pré-hospitalar. Samu. 

ABSTRACT

The Mobile Emergency Care Service – SAMU performs urgent and clinical, traumatic, obstetric, psychiatric emergency care, on public roads, at health institutions or at home, in order to minimize the harm to the health of the population. In addition, pre-hospital care – APH can be understood as any assistance provided in the initial stage of care and outside the hospital environment. In this way, this study was justified by the concern to describe the profile of occurrences carried out by SAMU in the municipality of Porto Velho/RO. In view of this, the objective was to present the profile of the occurrences carried out by the team of the Mobile Emergency Care Service in the municipality of Porto Velho / RO in the year 2021. In addition, it is a field research and documentary analysis, of an exploratory nature and descriptive, with a quali-quantitative approach, using secondary data from SAMU database records for the year 2021. This study was carried out at the Mobile Emergency Care Service – SAMU, located at Avenida Pinheiro Machado, Embratel neighborhood , located in the city of Porto Velho, state of Rondônia, which provides pre-hospital care in urgent and emergency situations of any nature. Finally, the results may encourage and contribute to future research on the subject. These surveys will certainly contribute to the formulation of strategies to deal with this problem, as well as to reduce and prevent early deaths and support actions by the public authorities regarding this issue, which include educational, preventive and inspection measures in traffic.

Keywords: Mobile service. Occurrences. Profile. Prehospital. Samu.

1 INTRODUÇÃO

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU se propõe a realizar atendimentos de urgência e emergência clínica, traumática, obstétrica, psiquiátrica, em via pública, instituições de saúde ou no domicílio visando minimizar os agravos à saúde da população (GOULART et al. 2020). Tem como objetivo garantir a prestação do atendimento, o transporte adequado e o encaminhamento dos pacientes a um serviço do Sistema Único de Saúde – SUS (DWYER et al. 2016).

No Brasil, o SAMU está organizado em duas modalidades: Suporte Básico de Vida – SBV, que visa a preservação da vida sem o uso de manobras invasivas, e o Suporte Avançado de Vida – SAV, que é composto por medidas invasivas de maior complexidade, sendo esse realizado exclusivamente por médicos e enfermeiros. A decisão de qual modalidade será acionada é de competência do médico regulador, de acordo com a classificação de risco (FERREIRA et al. 2017).

Atualmente, o SAMU está presente em 3.837 municípios brasileiros e com cobertura de 178,8 milhões de pessoas ou 85,78% da população (BRASIL, 2021). Os profissionais são altamente capacitados a prestar atendimentos de pequena, média e alta complexidade na maior parte do território nacional com equipamentos, técnicas e procedimentos padronizados visando prestar serviços de qualidade à sociedade.

Com a pandemia do coronavírus Covid-19 em 2020, foi necessário que os profissionais recebessem orientações e protocolos atualizados com a finalidade de promover cuidados adequados e de eficiência. 

A redução do número de leitos nos hospitais em função do colapso provocado no sistema de saúde decorrente da Covid-19 fez com que em muitos momentos as equipes do SAMU precisassem ficar com as ambulâncias ocupadas com pacientes enquanto não encontrasse uma vaga hospitalar (PAI et al. 2021).

Diante disso, o presente estudo se justifica pela preocupação em descrever o perfil das ocorrências realizadas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU do município de Porto Velho/RO no ano de 2021. Sendo assim, foi necessário apontar os tipos de ocorrências atendidas pelo SAMU do município de Porto         Velho/RO no ano de 2021; realizar um levantamento do quantitativo de ocorrências atendidas pelo SAMU do município de Porto Velho/RO em 2021; qualificar os índices de ocorrências; e apontar os principais destinos dos pacientes após atendimento realizado pela equipe do SAMU.

Sendo assim, por meio do processo de capacitação dos profissionais de saúde será possível criar protocolos e rotinas específicas de acordo com o levantamento do quantitativo do perfil de ocorrências atendidas pelo SAMU. Para isso, é fundamental que esses profissionais se comprometam com a qualificação técnica, visto que a operação dos instrumentos, habilidades técnicas entre outros são relevantes para o desenvolvimento dos trabalhos no atendimento móvel de urgência.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de uma pesquisa de campo e análise documental, de caráter exploratório e descritivo, com abordagem quali-quantitativa, utilizando dados secundários dos registros do banco de dados do SAMU. Os estudos em campo contaram com muitas variáveis e a coleta foi realizada em condições reais. A análise documental pode ser realizada através de diversas fontes, como leis, fotos, vídeos, jornais, entre outros (LIMA JÚNIOR et al, 2021). 

Diante disso, o principal objetivo de uma pesquisa exploratória é a obtenção de insights e ideias. Muitas vezes, no início de um estudo, os problemas a serem investigados não estão totalmente definidos (PATAH e ABEL, 2022). A pesquisa descritiva visa descrever as características de determinada população/fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis (MORAES, 2015). 

Segundo Pereira (2018) os métodos qualitativos são aqueles nos quais é importante a interpretação por parte do pesquisador com suas opiniões sobre o fenômeno em estudo. Mussi et a (2019) afirma que pesquisa quantitativa pretende e permite a determinação de indicadores e tendências presentes na realidade, ou seja, dados representativos e objetivos.

O presente estudo foi realizado na base de Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU, localizado na Avenida Pinheiro Machado, Bairro Embratel, situado na cidade de Porto Velho, estado de Rondônia, que realiza atendimento pré-hospitalar em situações de urgência e emergência de qualquer natureza. Para obtenção dos resultados, foi realizada coleta de dados no ano de 2021 no banco de dados do SAMU de Porto Velho/RO. Quanto à seleção dos dados, foram incluídas todas as ocorrências do período de janeiro a dezembro de 2021 e excluídos registros com atendimentos de ocorrências fora do período estudado.

As informações coletadas foram organizadas, avaliadas, tabuladas e representadas por gráficos e tabelas através do programa Microsoft Office Excel 2010, onde as informações foram analisadas, distribuídas e classificadas conforme a categoria de respostas e por final representados em forma de tabela, gráficos e análise descritiva.

Além disso, o presente estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa – CEP e para o diretor do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência de Porto Velho/RO. E após a anuência e aprovação de todos, foi dado o início da coleta de dados utilizando as informações do banco de dados relevantes à pesquisa. A pesquisa foi realizada conforme aos princípios científicos que a justificam e que atendam aos fundamentos éticos e científicos, de acordo com os incisos da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. Conforme a resolução, toda a pesquisa oferece riscos e benefícios, e os procedimentos adotados nessa pesquisa tiveram o máximo de benefícios e o mínimo de danos e riscos, obedecendo aos Critérios da Ética em Pesquisa com Seres Humanos, proposto na Resolução citada. 

E vale informar que, não foi utilizado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE, pois essa pesquisa não foi realizada diretamente com os protagonistas das ocorrências e sim aos dados secundários já tabulados pelo SAMU.

 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como mencionado ao decorrer do presente estudo, os dados foram coletados na base de dados do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU do município de Porto Velho/RO, onde foram tabulados no Microsoft Excel e no Microsoft Word. Segue a descrição dos dados obtidos, exposta através de figuras de tabelas e gráficos juntamente com sua explicativa, assim decorre os resultados da análise referente às 13.559 ocorrências atendidas pelo SAMU no ano de 2021.

Figura 1: Idade das vítimas atendidas em ocorrência.

Fonte: Base de dados do SAMU, 2021.

Fazendo uma análise da figura 1, percebe-se que as ocorrências de maior frequência foram em pacientes com idade de 26 a 40 anos, 3.446 (27%) dos atendimentos. Já os pacientes com idade de 2 a 5 anos somam 2% (270) nas ocorrências, porquanto, os resultados confirmam que os atendimentos prestados às crianças representam menor número, com aumento significativo em maiores de 16 anos. Contudo, vale ressaltar que a quantidade de ocorrências em pacientes acima de  61 anos, com 2.568 (20%) atendimentos em 2021, os valores que estão ligados ao aumento significativo da população idosa no Brasil. Dentro do universo de atendimento do SAMU a população, também tem os casos que não foram registrados ou não informados, que representam 229 (2%) atendimentos.

Figura 2: Gênero das vítimas.

Fonte: Base de dados do SAMU, 2021.

A figura 2 demonstra que houve um maior número de atendimentos referentes ao sexo masculino, 7.661 (59%), relacionado ao feminino, 5.271 (41%). Ressaltando que esses dados referem a todos os tipos de ocorrências, sendo                     trauma, clínico e outros, podendo haver uma oscilação nos valores, principalmente quando se refere às ocorrências obstétricas.

No entanto, os números estão de acordo com o que se encontra na literatura científica, em que indivíduos do sexo masculino são os que mais solicitam o atendimento do SAMU, principalmente quando se trata de jovens, no qual estão diretamente relacionados a ocorrências traumáticas (ROCHA; MORAIS; BENEVIDES, 2012).

Figura 3: Ocorrências atendidas pela USB e USA.

Fonte: Base de dados do SAMU, 2021.

Os resultados apresentados distinguem o número de ocorrências feitas pela Unidade de Suporte Básico (USB) e Unidade de Suporte Avançada (USA). A USB tem um maior número de atendimentos com 1.2061 (89%) ocorrências, comparando com a USA que representa 1.498 (11%). A análise indica que as ocorrências em sua maioria são de baixa e média complexidade, onde uma ambulância com equipe composta por um motorista (socorrista) e um técnico de enfermagem (socorrista) é suficiente para suprir essa demanda.

Segundo Casagrande, Stamm e Leite (2013), na Unidade de Suporte Básico (USB), os atendimentos são feitos aos pacientes com trauma ou em casos clínicos em que não há risco de morte, ao contrário da Unidade de Suporte Avançada (USA), que são acionadas em ocorrências que representem risco de morte à vítima. Na Unidade de Suporte Avançado, as ambulâncias trabalham como uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) móvel, porque possuem equipamentos e materiais para atenderem às vítimas que foram classificadas como média e alta complexidade (ANDRADE et al, 2010).

A decisão de qual ambulância será enviada à ocorrência envolve diretamente a regulação médica, pois o médico regulador recebe as informações do indivíduo que solicita o socorro, faz a classificação de risco e de acordo com que foi informado, bem como a avaliação da gravidade, será determinado o envio de uma ambulância de suporte básico ou avançado.

A tabela 1 representa o número de ocorrências mensais de janeiro a dezembro do ano de 2021, pois o mês de novembro foi o que mais registrou atendimentos, com 1.266 (9,3%), já em fevereiro com o menor número apresentou 1.031 (7,6%) ocorrências. De acordo com os dados, nota-se o equilíbrio mensal em que se refere a quantidade de ocorrências realizadas pelo SAMU no ano de 2021.

Tabela 1: Número de ocorrências mensais

Fonte: Base de dados do SAMU, 2021.

Já na representação da tabela 2, é discutido o destino dos pacientes atendidos, nota-se que o Hospital e Pronto Socorro João Paulo II é a unidade onde mais recebe pacientes atendidos pelo SAMU, com uma quantidade de 5.918 (46%) atendimentos. Esse resultado se deve ao fato de o Hospital ser o único com suporte de atendimento em casos de média e alta complexidade, pois mantém uma equipe de várias especialidades, disponíveis vinte e quatro horas por dia, como cirurgiões, anestesistas, neurologistas e outros médicos especialistas em urgência e emergência. Vale ressaltar que o hospital João Paulo II também recebe pacientes encaminhados das várias unidades de saúde referida na tabela 2, caracterizado na pesquisa como remoção.

Tabela 2: Destino dos atendimentos.

Fonte: Base de dados do SAMU, 2021.

E em segundo lugar com 2.012 (16%) atendimentos vem a Unidade de Pronto Atendimento – UPA da zona leste, esta região da periferia da cidade de Porto Velho concentra o maior número de bairros comparados às outras regiões da cidade, consequentemente a região mais populosa. Logo atrás vem a Policlínica Ana Adelaide e a UPA da Zona Sul, respectivamente com 1073 (8%) e 996 (8%) encaminhamentos. Estas unidades citadas foram criadas para atendimento de baixas e médias complexidades, pois quando a unidade recebe paciente grave, os profissionais atendem, estabilizam e rapidamente solicitam o apoio do SAMU para remoção ao Hospital João Paulo II e outros.

Desta maneira, o SAMU atuando na assistência pré-hospitalar compreende um agrupamento de condutas técnicas e intervenções voltadas à vítima de acidente ou enfermidade, no local de ocorrência e, com o transporte seguro e rápido ao local mais adequado para continuidade da assistência (CRIVELARO, 2011).

Os atendimentos transportados a hospitais particulares somam 568 (5%) ocorrências durante o ano de 2021, tendo em vista que a maioria dos encaminhamentos a hospitais particulares são de origem clínica, os traumas geralmente são removidos diretamente ao Hospital João Paulo II, pois os particulares não possuem equipe de médicos especialistas de plantão, sendo composto apenas pelo médico clínico geral.

O Hospital e Pronto Socorro Infantil Cosme e Damião receberam 527 (4%) pacientes do SAMU, já os Atendimentos no local foram 503 (4%) e Maternidade Municipal com 441 (4%) atendimentos. É importante destacar que o SAMU só encaminhar vítimas para o Hospital Infantil com idade de 0 a 12 anos, sendo um hospital de referência em pediatria. Em relação a maternidade municipal, são encaminhadas as pacientes em trabalho de parto, pós-parto e trauma em gestante, sendo que os socorristas do SAMU também são treinados para esse tipo de atendimento. No caso do atendimento no local refere a pacientes estáveis, e realização de procedimentos simples com aferição de pressão arterial e taxa de glicemia. 

Silva et al (2014), afirmam que a maioria da população desconhece a real função do SAMU e, por essa razão, acabam acionando o serviço sem necessidade, visto que muitas das ocorrências recebidas não precisam desse tipo de atendimento, sendo necessário apenas o deslocamento a uma unidade básica de saúde mais próximo de sua residência.

No Centro de Medicina Tropical de Rondônia (CEMETRON), tiveram 161 (1%) encaminhamentos, ressaltando que seu atendimento de urgência é voltado a um universo menor de ocorrências, como vítima de acidentes com animais peçonhentos, pacientes com tuberculose confirmada, portador do vírus do HIV cuja urgência seja relacionada a esta infecção, e outras patologias específicas.

Portanto, a regulação das portas de entrada da urgência resume todo o esforço de melhor assistir o paciente que demanda o SAMU. Desta forma, a relação com os serviços de saúde é condição necessária para prestar-lhe um atendimento adequado, precoce, no menor intervalo de tempo possível (MARQUES; LIMA; CICONET, 2011).

Enfim, a escolha da unidade de destino do paciente é feita pelo socorrista que efetua o atendimento, de acordo com a base reguladora do SAMU. O profissional tem que agir com destreza e celeridade, principalmente em casos de risco iminente de morte, removendo o paciente após o atendimento no local. Vale ressaltar que, em análise a presente pesquisa conclui-se que, o cidadão socorrido pelo SAMU tem diversas opções de encaminhamento na cidade de Porto Velho, isso de acordo com a sua gravidade e localidade, com o melhor tempo resposta. 

Dessa forma, a busca da população a esse serviço é motivada pela agilidade e resolutividade no atendimento oferecido, sendo capaz de transportar o usuário para um serviço que corresponda à sua necessidade (SILVA et al, 2014).

Figura 4: Turno das ocorrências.

Fonte: Base de dados do SAMU, 2021.

A figura 4 ressalta o quantitativo de ocorrências atendidas no período noturno e diurno, e os dados pesquisados mostram que há uma predominância no diurno com 7.592 (62%) ocorrências, quase o dobro dos atendimentos noturnos com 4.668 (38%) ocorrências.

O período diurno é o momento em que a maioria das pessoas realizam suas atividades, bem como trabalhar e estudar, implicando em riscos diários como acidentes, estresses que levam a urgência clínica e vários outros fatores que podem gerar uma ocorrência. Já no período noturno se caracteriza um momento de repouso onde a movimentação de pessoas é menor, justificando a porcentagem apresentada.

Esses resultados obtidos corroboram com o estudo feito em Cuiabá/MT, apresentado por Duarte, Lucena e Morita (2011), em que a maioria das ocorrências foram no período diurno.

Em um estudo apresentado por Andrade et al (2010), os casos clínicos somaram 55,9%; as causas externas tiveram 23,8%; as causas gineco-obstétrico (8,5%); psiquiátrico 6%; pediátrico 4,6%; transferência e cirúrgico 0,6%, respectivamente. Dados esses que confrontam, pois na nossa pesquisa as ocorrências clínicas ficaram em segundo lugar e somaram 42,2% do total geral.

Através da imagem 5, é possível ver todos os tipos de ocorrências atendidas pelo SAMU no ano de 2021, subdivididas em caso clínico, trauma, distúrbio mental, óbito e remoção para exames, totalizando 10.140 ocorrências. 

Figura 5: Tipo de Ocorrência

Fonte: Base de dados do SAMU, 2021.

As ocorrências com casos clínicos são 4.282 (42,2%). Já as ocorrências com trauma somaram 5.360 (52,9%), além disso, os acidentes que envolvem trauma e os casos clínicos geralmente são os que necessitam de menor tempo resposta devido às diversas complexidades que possam evoluir com o paciente.

Os distúrbios mentais somam 312 (3%) atendimentos, entretanto, apesar do baixo número de ocorrências, esse tipo de atendimento é mais complexo, porque não envolvem apenas os profissionais do SAMU, e em caso do uso da força é acionada a polícia militar para a realização de contenção mecânica. 

Nos casos de óbito, houve 178 constatações (1,8%), e são feitas em caso de morte óbvia ou atendimento que evolua para óbito, e um dos principais exemplos são traumas em acidentes de trânsito e morte natural. As remoções para exames representam um baixo número de solicitações, sendo 8 (0,1%), pois segundo o Ministério da Saúde, a remoção para exame não é âmbito das políticas nacionais de urgência.

Os resultados apresentados na tabela 3 demonstram o total de ocorrências que geraram trauma, que foram 5.360 no ano de 2021. Os acidentes de trânsito representam 3.893 ocorrências (73%), a queda própria de altura teve um total de 493 casos (9%), seguido da agressão física que obteve 287 (6%), perfuração por arma branca e perfuração por arma de fogo ambas tiveram 4%, com 229 e 219 ocorrências, respectivamente, e por último tiveram a queda de altura com 173 atendimentos (3%) e o acidente de trabalho com 66 (1%).

Tabela 3: Tipos de acidente com trauma

Fonte: Base de dados do SAMU, 2021.

No estudo apresentado por Duarte, Lucena e Morita (2011), do total de ocorrências pesquisadas, as traumáticas foram a maioria das ocorrências e dentre elas, a maioria foi ocasionada devido ao acidente de trânsito. 

De acordo com o Anexo da Portaria 737/GM de 16 de maio de 2001, os custos de internações com pacientes de ocorrências que gerem algum trauma, sejam acidentes ou violência são altos e representam um gasto significativo entre as internações em geral.

Na imagem 4 detalha os acidentes de trânsito frequentes na capital de Rondônia, e mostra uma significativa acentuação nas colisões envolvendo carro e motocicleta 1.853 (48%), tendo em vista a fragilidade de um veículo sob duas rodas. Em segundo vem queda de moto com 619 (16%), que muitas vezes está relacionado ao fato de ser um veículo de menor custo, sendo acessível à população. 

Tabela 4: Acidentes de Trânsito

Fonte: Base de dados do SAMU, 2021.

Já as colisões entre motocicletas somam 390 (10%), sendo mais frequente do que se imagina, pois também se leva em conta que os traumas de maior complexidade estão entre os acidentes de motocicletas. Os atropelamentos também têm um número considerado diante da pesquisa, 331 (9%), onde envolve a colisão direta de um veículo com o pedestre. 

As colisões entre carros e moto com bicicleta representam 5%, com 212 e 180 ocorrências, respectivamente. As colisões entre carro e bicicleta geraram 139 ocorrências e queda de bicicleta com 119 ocorrências, ambas tiveram um percentual de 3%. Em relação ao capotamento de automóveis, houve 50 (1%) ocorrências atendidas pelo SAMU.

Em uma revisão integrativa realizada por Costa e Mangueira (2014) referente aos acidentes de trânsito em várias cidades brasileiras, o resultado apresentado foi que o veículo mais envolvido nos acidentes de trânsito foram as motocicletas. Os autores chegaram ao resultado de que a motocicleta é um veículo acessível a grande parte da população, tem fácil manuseio, possui um baixo custo e é mais trafegável no trânsito das grandes cidades brasileiras, porém são graves as lesões causadas por acidentes com esse tipo de veículo, podendo gerar traumas irreversíveis e até óbito.

Tabela 5: Solicitação de instituições

Fonte: Base de dados do SAMU, 2021.

Apesar de não ser o objetivo final da atividade do SAMU, esse tipo de ocorrência gerou uma expressiva demanda de atendimento, onde os maiores solicitantes foram, UPA da zona leste (35%), UPA da zona sul (27%) e Policlínica Ana Adelaide (18%), pois estas unidades não disponibilizam estrutura física (centro cirúrgico, UTI) e contingente (médicos, fisioterapeutas) especializado, como também a falta de ambulâncias para essa finalidade. No entanto, preparada apenas para pequenos procedimentos, motivo pelo qual são feitas as constantes solicitações de remoção às unidades especializadas. 

Também foi observado a solicitações feitas  por alguns hospitais, tendo como exemplo a maternidade municipal (6%), que após um estudo por parte da administração do SAMU em conjunto com a Maternidade foi observado a real necessidade de adquirir uma Ambulância específica para remoção de gestantes ao Hospital de Base Ary Pinheiro, tendo em vista a grande demanda de parto de risco.

De acordo com Silva et al (2014), a função do SAMU não é fazer o transporte de doentes, e sim atender emergencialmente a pacientes que apresentem risco de morte iminente ou que necessitem de atendimento emergencial pelo risco de lesões permanentes, caso não recebam atendimento rápido e adequado.

Tabela 6: Ocorrências que não geram atendimento

Fonte: Base de dados do SAMU, 2021.

No ano de 2021, 1.628 ocorrências não geraram atendimento, sendo 202 (12%) canceladas por telefone, 685 (42%) removido por terceiros/bombeiros/policiais, 228 (14%) o endereço não foi localizado/trote, e ambas com 16% foram evasão do local e recusa de encaminhamento, com 257 e 256 ocorrências, respectivamente. São casos em que prejudicam o funcionamento do SAMU, quando se desloca uma ambulância e uma equipe de socorro para uma ocorrência que não gera atendimento, podendo outras vítimas estar precisando do serviço de urgência além de congestionar o telefone.

De acordo com o artigo 166 do Código Penal Brasileiro, o trote é crime, e a detenção prevista é de um a três anos, além de multa. Segundo Santana, Boery e Santos (2009), a grande quantidade de trotes preocupa a coordenação nacional do SAMU, pois causa saídas desnecessárias de ambulâncias. Os autores ressaltam ainda que em todas as regiões do Brasil, as crianças e adolescentes são as principais responsáveis pelas ligações, seja por telefone público ou telefone móvel.

Desta forma, os resultados poderão incentivar e contribuir para pesquisas futuras acerca do tema. Essas pesquisas certamente contribuirão para a formulação de estratégias de enfrentamento desse agravo, assim como diminuir e prevenir mortes precoces e subsidiar ações do poder público frente a essa questão, o que inclui medidas educativas, preventivas e fiscalizatórias no trânsito. E para que possam ser avaliadas as formas de prevenção dos agravos, através de ações educativas para a população, sendo realizadas por equipes do SAMU, em parcerias com as Secretárias Municipal de Saúde do município.

Portanto, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU é um bem que o setor de saúde propôs aos brasileiros, e esse serviço veio oficializar, padronizar e regular um subsistema fundamentado para salvar vidas.

REFERENCIAL TEÓRICO 

A saúde é um direito social de primeira dimensão e encontra previsão legal no Art. 6º da Constituição Federal da República de 1988. Como bem nos assegura BARDANACHVILI (2019), esse artigo também declara que o direito à saúde deve ser fomentado por meio de políticas que viabilizem o acesso universal e igualitário visando garantir promoção, proteção e recuperação, de forma que a saúde seja considerada um bem-estar social e não apenas a ausência de enfermidade. Assim, a saúde está relacionada com outros determinantes sociais como a garantia de alimentação, habitação, educação, transporte, entre outros, evidenciando as várias dimensões da saúde.

De acordo com a Constituição Federal, os serviços de saúde são de relevância pública e a competência quanto à regulamentação, fiscalização e controle é do Estado. Sendo assim, um dos maiores desafios dos gestores e formuladores de políticas públicas é encontrar alternativas para reduzir a ineficiência do poder público e oferecer serviços com qualidade e efetividade de forma a garantir os direitos previstos na Carta Magna do nosso país.

Nesse contexto, foi instituída a Política Nacional de Atenção às Urgências – PNAU através da Portaria nº 1.863/GM, em 29 de setembro de 2003, resultante de esforços coletivos do Ministério da Saúde em parceria com os estados, municípios e o Conselho Nacional de Saúde e visa a atenção às urgências em todos os níveis do Sistema Único de Saúde – SUS, desde os cuidados básicos até os serviços de média e alta complexidade (BRASIL,2004).

Na mesma ocasião também foi instituída a Portaria Nº 1864/GM, que regulamenta o componente pré-hospitalar móvel previsto na PNAU por meio da implantação de Serviços de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU-192) em municípios e regiões de todo o território brasileiro (BRASIL, 2003).

O Ministério da Saúde ressaltou a importância da participação das equipes e quem mais possa contribuir com o fomento da saúde, da solidariedade e da resposta adequada com o menor tempo possível, uma vez que são o alicerce da PNAU. Destacou, ainda, que “respeitem nossas equipes, não vendo no Atendimentos às Urgências “espetáculos cinematográficos”, mas momentos de crise e cuidados” (MS, 2004, p. 6).

Pode-se dizer que as políticas públicas são de suma importância quando conta com a participação dos atores envolvidos. Todavia, unificar as diretrizes de regionalização da assistência às urgências, por exemplo, indicam dificuldades de coordenação federativa em função dos obstáculos que os estados e municípios enfrentam por questões de divergências de gestão (FARIA, 2017).

De acordo com o Brasil (2004, p. 5):

A Atenção às Urgências deve fluir em todos os níveis do SUS, organizando a assistência desde as Unidades Básicas, Equipes de Saúde da Família até os cuidados pós-hospitalares na convalescença, recuperação e reabilitação. Dentre os componentes, optamos por iniciar pelo Serviço de Atendimento Móvel às Urgências (Samu 192). Não serão ambulâncias à deriva, buscando onde deixar pacientes, dores, sofrimentos. O Samu 192, com suas unidades de Suporte Avançado e de Suporte Básico de Vida, responderá às necessidades de nossa população, oferecendo a melhor resposta de pedido de auxílio, por meio de Centrais de Regulação Médica. O médico regulador poderá dar um conselho, uma orientação, ou deslocar uma equipe com médico e enfermeiro e todos os equipamentos de uma UTI. A liberação de cada recurso será específica para a necessidade de cada paciente. 

Nota-se que a Atenção às Urgências devem ser priorizadas pelas três esferas governamentais não importando a procedência. Os protocolos devem ser compartilhados pelas equipes de saúde de forma a não importar o local da federação onde será prestado o atendimento. As ferramentas são as mesmas em qualquer localidade que o usuário precise acionar o Samu 192.

Conforme Ferreira et al (2017), no Brasil o SAMU foi implantado no ano de 2004, através do decreto Nº 5.055, de 27 de abril de 2004, com o objetivo principal de prestar o socorro imediato às vítimas e o encaminhamento aos serviços de referência para minimizar a morbimortalidade causada pelos agravos.

Atualmente, o SAMU é regido pela Portaria Nº 1010, de 21 de maio de 2012, que redefine as diretrizes para a implantação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192) e sua Central de Regulação das Urgências, componente da Rede de Atenção às Urgências (BRASIL, 2012).

Em 10 de fevereiro de 2012, foi instituída a Portaria Nº 253 que habilita o Município de Porto Velho (RO) a receber Unidades de Suporte Básico destinadas ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (BRASIL, 2012).

Segundo Santos (2021), para acionar o atendimento do SAMU o usuário deve ligar no número 192, onde um técnico regulador irá atender a ligação e colher todas as informações necessárias como nome, endereço, idade, o motivo da ligação e transferir o atendimento para o regulador médico que orientará o paciente por telefone ou acionará a equipe assistencial.

E por oportuno, Brasil (2016) afirma que:

Diante dessa variabilidade e imprevisibilidade, para uma resposta pronta, eficaz e no momento oportuno, esses profissionais precisam muito mais do que ambulâncias, materiais e equipamentos. A boa estruturação, uma gestão eficiente, educação permanente e ferramentas modernas de condução das ações e de apoio à tomada de decisão, podem auxiliar muito.

O Atendimento Pré-Hospitalar – APH surgiu no Rio de Janeiro no ano de 1893 juntamente com o Setor de Saúde e Segurança Pública como estratégia de contribuição do Estado visando o atendimento precoce e ágil por meio de estrutura e recursos humanos suficientes de forma a minimizar os riscos e aumentar as chances de sobrevida das vítimas (MARQUES et al., 2021). É formado por profissionais provenientes da área de saúde como médicos, enfermeiros e técnicos em enfermagem, e por profissionais oriundos de outras áreas como rádio operador, condutor de veículos e telefonista (FERREIRA et al. 2017).

A assistência pré-hospitalar pode ser compreendida como qualquer assistência realizada em estágio inicial de cuidados e fora do ambiente hospitalar. Os quadros variam entre clínicos, traumáticos, psiquiátricos entre outros que necessitem de cuidados e de uma resposta imediata, a fim de se preservar a vida, diminuir sequelas e reduzir o risco de morte (RAMIRES, 2013).

Para Santana et al (2017), a atenção básica é fundamental quando se trata de atendimento pré-hospitalar uma vez que desencadeará ações de um único profissional ou de uma equipe de profissionais qualificados  com vistas a restabelecer a saúde dos pacientes e prevenir sequelas e destaca pontos importantes dessa atenção básica como, ser base; ser resolutivo; coordenar o cuidado e ordenar as redes de forma contínua e integrada com o objetivo de restaurar a saúde e evitar o agravamento dos quadros apresentados. Destaca, ainda, que o acolhimento e a classificação de risco em conformidade com a vulnerabilidade respondem positivamente nos casos de atendimento à urgência e emergência.

Conforme explicado acima é interessante, aliás, afirmar que a assistência pré-hospitalar salva vidas e previne o agravamento do quadro clínico, mas há alguns fatores a se considerar como a assistência preventiva ou interventiva que conta com uma infinidade de serviços por meio do atendimento pré-hospitalar fixo ou móvel, sendo esse responsável por prestar os primeiros socorros às vítimas e encaminhar para a unidade de atendimento adequada, de acordo com o quadro clínico apresentado.  Mesmo assim, não parece haver razão para discordar que esses fatores também são aspectos gerais. Conforme citado acima, ambos consideram que o primeiro atendimento possibilita a melhora e a reversão total ou parcial das lesões e traumas provenientes de diversos tipos de situações que deram causa.

Para Minayo (2007, p. 139):

(…) A presteza do atendimento se deve ao fato de que as primeiras horas pós-evento traumático tem sido apontada por vários autores (Whitaker, 1998; Trunkey,1980) como o período de maior índice de mortalidade. Champion et al. (1990) constataram que, em geral entre as vítimas fatais de traumas, mais da metade não chega a resistir 24 horas. Pelos argumentos citados, entendemos que o atendimento pré-hospitalar deve favorecer o atendimento rápido com otimização dos recursos disponíveis visando à preservação da vida e da qualidade futura do desempenho dos sobreviventes.

Como se pode verificar nessa citação, o atendimento pré-hospitalar é aplicado para a preservação de vidas quando realizado no menor período através de profissionais qualificados. Evidentemente a aplicação pode ser utilizada para diminuir a mortalidade pelo retardo terapêutico; diminuir a quantidade de pacientes com implicações consequentes de assistência tardia, parcial e/ou inadequada; aumentar os recursos disponíveis para o paciente; orientar aos pacientes para utilizar outros recursos que não sejam as emergências hospitalares e disponibilizar recursos humanos capacitados e Unidade de Terapia Intensiva (UTI) móveis para o transporte de pacientes graves (DANTAS et al, 2013).

O serviço de Atendimento Pré-Hospitalar (APH) é prestado por meio de protocolos médicos de urgência e emergência, realizado fora do ambiente hospitalar, através de equipe técnica treinada e qualificada à pacientes que apresentem alterações clínicas ou traumáticas após avaliação prévia, estabilização do quadro clínico e encaminhamento para outras unidades que possam realizar as devidas intervenções, se for o caso. Cita-se, como exemplo, no Brasil, o atendimento pré-hospitalar representado pelo Serviço de Atendimento Móvel às Urgências (SAMU) que compreende um agrupamento de condutas técnicas e intervenções voltadas à vítima de acidente ou enfermidade, no local de ocorrência e, com o transporte seguro e rápido ao local mais adequado para continuidade da assistência (CRIVELARO, 2011).

Ainda para Minayo (2007, p. 142):

O Samu propõe um modelo de assistência padronizado que opera com uma central de regulação, com discagem telefônica gratuita e de fácil acesso (linha 192), com regulação médica regionalizada, hierarquizada e descentralizada. No sistema Samu, há uma normalização para a composição das equipes de socorro segundo complexidade, regulando os tipos de unidades móveis e suas atribuições e recursos. Nesse sentido, assistência pré-hospitalar permite assistir à população nas mais diversas situações de risco que ocorrem fora do ambiente hospitalar consistindo na escuta atenta do agravo, acolhimento e orientação ao paciente ou pessoa mais próxima, classificação do risco e a intervenção, monitoramento e demais encaminhamentos de acordo com a complexidade do caso, quer seja de natureza clínica, traumática ou psiquiátrica visando minimizar o sofrimento, evitar sequelas ou até mesmo a morte.

Logo, é importante compreender, portanto, que é de extrema importância o envolvimento da sociedade visando a melhoria dos atendimentos prestados. A identificação de fatores que impeçam a boa funcionalidade de serviços essenciais de saúde para a população atualmente, a exemplo do SAMU, exige dos gestores um olhar diferenciado com a tomada de decisão voltada para a promoção e manutenção dos equipamentos utilizados pelos profissionais; investimentos na melhoria dos serviços e, e não menos importante, difundir informação e conhecimento para seus usuários. 

5 CONCLUSÃO

Conforme exposto no presente estudo, houve a possibilidade de traçar o perfil epidemiológico das ocorrências do SAMU do município de Porto Velho no ano de 2021, cumprindo os objetivos. Vale ressaltar, que a equipe de serviço de atendimento móvel de urgência está de prontidão vinte quatro horas por dia, realizando diversos tipos de ocorrências, desde um simples atendimento no local a situações em que haja risco iminente de morte.

A análise foi suficiente para captação de várias informações relevantes à pesquisa, como por exemplo, a faixa etária de idade em que houve um maior número de ocorrência com pacientes de 26 a 40 anos, idade economicamente produtiva podendo influenciar na economia. Destaca também o gênero masculino ante o feminino com diferença de 18% nos dados obtidos. No entanto, quando se trata de envio de unidade móvel é nítido a disparidade entre a USB e a USA, sendo a USB realiza mais ocorrências. Na contabilização mensal se destaca mais o mês de novembro tendo uma porcentagem quase igualitária aos outros.

Os hospitais públicos e unidades de pronto atendimento foram as principais portas de entrada de pacientes atendidos pelo SAMU, como por exemplo, o Hospital João Paulo II e as Unidades de Pronto Atendimento – UPA, identificando-se distinções na participação dos serviços públicos. Portanto, a relação com os serviços de saúde é condição necessária para prestar um atendimento adequado, precoce, no menor intervalo de tempo possível.

Ainda no âmbito das ocorrências o principal tipo de atendimento foram os casos envolvendo trauma, onde os acidentes de trânsito tiveram um destaque maior em número de atendimento, os resultados mostraram também que a motocicleta foi o principal veículo envolvido em colisões, principalmente entre carro e motocicleta, com valor de 1853 ocorrências durante o ano. O volume de atendimentos prestados e analisados neste estudo evidenciou que o SAMU se mostra potencialmente presente para atender à necessidade da comunidade em diversos tipos de atendimento.

Na pesquisa em banco de dados não foi possível identificar os bairros e zonas da cidade onde foram realizadas as ocorrências, pois isso se caracteriza uma importância a nível populacional, principalmente quando se identifica o tipo de ocorrência da maior prevalência em determinada região, possibilitando o desenvolvimento de amplos debates e projetos de educação em saúde, orientando a população sobre os reais objetivos no atendimento do SAMU, dando qualidade ao usuário do SUS. Também foi identificada divergência entre os números repassados pela unidade, como o número total de ocorrências comparado às unidades fracionárias. 

É notório que, com o auxílio de pesquisas científicas, ocorra um melhor direcionamento nas práticas atuais de atenção à saúde. Espera-se ainda que o estudo possa servir como um instrumento de auxílio na gestão do serviço, apontando caminhos para as ações voltadas à atenção às urgências do município.

Portanto, é de extrema importância que a sociedade participe de ações que visem a otimização dos atendimentos prestados.  Identificar os gargalos que impedem a excelência na prestação de serviços do atendimento pré-hospitalar para a população pode contribuir para a promoção de políticas públicas estratégicas que possibilitem aos gestores e equipes técnicas envolvidas o investimento focado em ações efetivas como adequação dos equipamentos operados pelas equipes, qualificação e reciclagem das competências técnicas, bem como conscientização dos usuários dos serviços de forma a proporcionar qualidade, agilidade, segurança e funcionamento compatível quando realmente se encontrar em situações de urgência e emergência.

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1Graduando em Medicina pela Faculdade Metropolitana. Graduado em Enfermagem – Faculdades Integradas Aparício Carvalho (FIMCA). E-mail: cavalheiro.eb@gmail.com
2Professor Orientador. Perito Médico Legista. Especialista em Ergonomia Aplicada ao Trabalho. Pós-graduado em Medicina do Trabalho pela Fundação Técnico Educacional Souza Marques. Pós-graduado em Gestão e Auditoria em Serviços de Saúde pela Faculdade Dom Alberto. ORCID: 0000-0002-3740-8777. E-mail: lucas_levi@hotmail.com
3Graduanda em Medicina pela Faculdade Metropolitana. Especialista em Ortodontia. Graduada em Odontologia pelo Centro Universitário São Lucas. E-mail: nadiaepietra@gmail.com
4Graduanda em Medicina pela Faculdade Metropolitana. Especialista em Ortodontia. Especialista em Implantodontia. Graduada em Odontologia – Faculdades Integradas Aparício Carvalho (FIMCA). E-mail: pablinadaves@hotmail.com