A IMPORTÂNCIA DA EQUIPE DE ENFERMAGEM DIANTE DOS PROTOCOLOS BÁSICOS DE SEGURANÇA DO PACIENTE

THE IMPORTANCE OF THE NURSING TEAM IN VIEW OF BASIC PATIENT SAFETY PROTOCOLS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7763734


Silmara Caetano De Menezes
Karynne Milhomem Sousa Holme Machado
Raiane Antunes Sampaio
José Igor Ferreira Santos Jesus
Thiago Brito Steckelberg
Mylena Seabra Toschi
Paolla Coelho Araújo
Raquel Barbosa Scalabrini Sousa
Geoeselita Borges Teixeira
Danyelly Rodrigues Machado Azevedo


RESUMO

Introdução: A partir da portaria MS/GM n° 529/2013, foram estabelecidas medidas de segurança ao paciente. Esse tema tem ganhado espaço entre discussões no ambiente hospitalar e repercutido mundialmente devido ao elevado índice de eventos adversos ocasionados. Objetivo: Salientar a importância da assistência de enfermagem dentro do ambiente hospitalar acerca dos protocolos de segurança do paciente. Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura através das bases de dados LILACS, MedLine, SciELO e BDENF. Foram incluídos artigos completos, sobre os protocolos básicos de segurança em ambiente hospitalar e a importância da enfermagem nesse cenário, publicados em língua portuguesa e inglesa, entre 2017 a 2022. Resultado: Foram analisados 7 artigos, os quais foram observados que as principais dificuldades enfrentadas pela equipe de enfermagem na execução dos protocolos de segurança são ausência de protocolos de segurança no hospital, falta de conhecimento referente ao PNSP, ausência de checklist e excesso de trabalho. Conclusão: O aumento sequencial das taxas de danos causados por negligência ou imperícia quanto a aplicação dos protocolos básicos de segurança dentro do ambiente hospitalar é alarmante. O profissional de enfermagem por estar constantemente em contato com o paciente, torna-se responsável pela verificação da execução corretamente dos protocolos.

Palavras-chave: Legislação hospitalar; Medidas de segurança; Segurança do paciente. 

ABSTRACT

Introduction: As of MS/GM ordinance No. 529/2013, patient safety measures were established. This theme has gained space among discussions in the hospital environment and has repercussions worldwide due to the high rate of adverse events caused. Objective: To emphasize the importance of nursing care within the hospital environment regarding patient safety protocols. Methodology: This is an integrative literature review using the LILACS, MedLine, SciELO and BDENF databases. Complete articles were included, on basic safety protocols in the hospital environment and the importance of nursing in this scenario, published in Portuguese and English, between 2017 and 2022. Result: 7 articles were analyzed, which were observed that the main difficulties faced by the nursing team in the execution of safety protocols are absence of safety protocols in the hospital, lack of knowledge regarding the PNSP, lack of checklist and overwork. Conclusion: The sequential increase in damage rates caused by negligence or malpractice regarding the application of basic safety protocols within the hospital environment is alarming. The nursing professional, being constantly in contact with the patient, becomes responsible for verifying the correct execution of the protocols.

Key words: Security measures; Patient safety; Hospital legislation.

INTRODUÇÃO

A partir da década de 1990, o assunto relacionado à segurança do paciente tem ganhado espaço entre discussões no ambiente hospitalar e repercutido mundialmente, devido ao elevado índice de eventos adversos ocasionados, sendo que estes eventos danosos poderiam ter sido devidamente evitados1. Nesse sentido, o Ministério da Saúde através da portaria MS/GM n° 529/2013, estabeleceu medidas de segurança ao paciente, por meio dos protocolos básicos de segurança, como a prática de higienização das mãos, cirurgias seguras, segurança na prescrição e administração de medicamentos, identificação do paciente, comunicação eficiente, prevenção de quedas e lesões por pressão2,7.

Existem alguns fatores de riscos que interferem diretamente, impedindo a execução com maestria da prática de segurança ao paciente hospitalizado. Exemplo disso é a falta de conhecimento, por alguns profissionais, a respeito do Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), a ausência de protocolos hospitalar, a falta de educação permanente e continuada com as equipes de saúde e a inexistência de cheklists que facilitem a execução destes mecanismos3.

Alguns eventos adversos acontecem com maior frequência em ambientes hospitalares. É o caso de erros acarretados por quedas, sendo prevalentes causas de lesão e óbitos em pacientes idosos e representando até 70% dos eventos adversos4. Outro exemplo frequente é a lesão por pressão, que gera prejuízo ao paciente e, muitas vezes, de difícil reversão adicionada a danos físicos, psicológicos, infecções, diminuição da qualidade de vida, gastos desnecessários, sepse e óbito5.

Devido à sobrecarga de trabalho, também há uma incidência significante nos casos de erros na preparação e administração de medicamentos, onde profissionais de saúde tendem a administrar medicamentos em doses, horários, vias erradas, diluem precocemente a medicação, deixando exposta a luz, calor, umidade, fazendo com que haja uma diminuição da eficácia do medicamento6.

Os profissionais de enfermagem prestam cuidados aos pacientes internos em tempo integral, para que o paciente possa obter uma assistência de qualidade e segura, o que torna essencial a implementação de protocolos de segurança7. O enfermeiro tem um papel essencial no tratamento e recuperação dos pacientes, colaborando com a equipe, auxiliando nas execuções dos cuidados, capacitando os profissionais, promovendo educação permanente e continuada, fazendo com que os trabalhadores se sintam seguros diante das execuções das tarefas propostas8.

Sendo assim, o presente estudo buscou salientar a importância da assistência de enfermagem dentro do ambiente hospitalar, no sentido de pôr em prática os protocolos básicos de segurança, firmados pelo Ministério da Saúde, afim de evitar ou diminuir problemas causados por falta de conhecimento, descuido ou negligência.

METODOLOGIA

Para atingir o objetivo deste estudo, foi realizada uma revisão integrativa da literatura com caráter qualitativo e exploratório. Permite-se assim, fundamentar a prática baseada em evidências ao possibilitar investigar a problemática apontada e fundamentar a construção e elaboração de intervenções efetivas na assistência em saúde da enfermagem9,10.

Para o desenvolvimento da revisão foi realizado uma busca nas seguintes bases de dados eletrônicos: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem Online (MEDLINE), Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e Base de dados e enfermagem (BDENF). A busca de dados ocorreu nos meses de fevereiro a julho de 2022.

Os descritores utilizados para a busca, estão inclusos na lista de Descritores em Ciência da Saúde (DeCS), sendo: Medidas de segurança, Segurança do paciente e Legislação hospitalar.  Utilizou-se as combinações and entre os descritores. E para fins de conduzir a revisão elaborou-se a seguinte pergunta norteadora: Quais as dificuldades e o papel da equipe de enfermagem na aplicação dos protocolos básicos de segurança?

Como critérios de inclusão foram adotados os artigos disponíveis na íntegra, que retratavam sobre os protocolos básicos de segurança em ambiente hospitalar e a importância da enfermagem neste cenário, nos idiomas português (BR) e inglês (US), publicados entre 2017 e 2022 e àqueles compatíveis com o tema do presente estudo. Foram excluídos os artigos que não retratavam sobre os protocolos de segurança, que não fossem originais e aqueles que não respondiam à pergunta norteadora.

A análise dos dados se deu a partir da avaliação dos artigos com base na leitura do título, resumo e artigo na íntegra, de forma que pudesse identificar quais os protocolos de segurança abrangidos pela atual legislação hospitalar e como o profissional de enfermagem contribui para a aplicação destes. Utilizou-se como suporte metodológico e estrutura o PRISMA (Preferred Reporting Items for Sistematic Reviews and Meta Analyses)11. Os artigos foram selecionados com base nos critérios de inclusão e exclusão, além de ter como base a pergunta norteadora para se atingir o objetivo proposto no presente estudo.

Para apresentar o resumo dos artigos selecionados, foi elaborada uma tabela com a descrição dos seguintes aspectos: ano da publicação, autores, título do estudo, objetivo principal do artigo, delineamento, resposta da pergunta norteadora e limitações do estudo. Assim, foi possível observar e estudar cada estudo em sua individualidade.

Ressalta-se aqui que, para a realização da revisão integrativa, não foi preciso encaminhar protocolo de pesquisa para a avaliação por parte do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) de acordo com as Normas e Diretrizes Regulamentadoras de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos – Resolução CNS 510/2016. 

Figura 1. Fluxograma da seleção dos estudos para revisão integrativa conforme critérios do PRISMA. Goianésia, GO. Brasil, 2022.

RESULTADOS

Ao todo, foram encontrados 93 artigos nas quatro plataformas elencadas, todas de origem brasileira. Excluiu-se 08 artigos por terem sido encontrados duplicados, 52 por não contemplarem a temática e 26 por não responderem à pergunta norteadora, restando 07 artigos para análise, conforme se observa do fluxograma abaixo (figura 1). 

Os artigos analisados permitiram demonstrar quais as dificuldades e o papel da equipe de enfermagem na aplicação dos protocolos básicos de segurança no ambiente hospitalar. Os principais aspectos dos artigos analisados foram agrupados no quadro 1, utilizando-se, para sua construção, as informações analisadas na íntegra.

*ID: identificação

DISCUSSÃO

Para melhor compreensão dos resultados desta pesquisa foram criadas quatro (4) categorias, sendo: Dificuldades encontradas pela equipe de enfermagem na execução dos protocolos básicos de segurança; Evento adverso por queda; Erros na preparação e administração de medicamentos; e Eventos adversos relacionados à lesão por pressão.

Dificuldades encontradas pela equipe de enfermagem na execução dos protocolos básicos de segurança.

De acordo com A4 e A5, há determinados aspectos de riscos que dificultam a execução dos protocolos de segurança do paciente, como: ausência de conhecimento referente ao programa nacional de segurança do paciente, falta de conhecimento na excursão de notificação, inexistência de protocolos de segurança no hospital, ausência de checklists e carência na educação continuada focada na segurança do paciente.

Estudos realizados por A2 e A3 apontaram que uma das principais causas de eventos adversos é o constante estresse provocado pelo excesso de trabalho dos profissionais da saúde, o que acaba provocando, por exemplo, má identificação do paciente e erros na administração de medicamentos. Nesse sentido, A5 afirma que a diminuição da carga horária e melhor planejamento da rotina de trabalho são capazes de diminuir o desgaste, principalmente do enfermeiro, refletindo diretamente na segurança do paciente.

Evento adverso por queda

Segundo A5 os incidentes ocasionados por quedas têm sido uma das principais causas de lesões não letais e/ou de óbitos em pacientes idosos, gerando um grave problema de saúde pública. Entre o período de 1996 a 2012, ocorreu um total de 941.923 internações relacionadas à queda em pessoas idosas no Brasil, e esses números continuam aumentando diariamente. De acordo com o mesmo estudo, o investimento em equipamentos e utensílios como, cama elétrica, barras de segurança nos banheiros, campainhas nos quartos e orientações com equipe de enfermagem, pacientes e familiares, são capazes de reduzir as ocorrências de eventos de quedas no ambiente hospitalar. 

Em um estudo sobre quedas em idosos mostrou que os eventos adversos acarretados por quedas além de gerar sequelas, ainda podem trazer danos secundários, como o medo de cair, restrição funcional, perda da auto confiança e recorrências de quedas19.  

Erros na preparação e administração de medicamentos

A7 elenca o erro na preparação e administração de medicamentos como um problema de saúde pública devido à grande incidência, especialmente os medicamentos que são injetados na via intravenosa. 

Corroborando com isso, um estudo afirma que o preparo e administração do medicamento tendem a ser executados em horários incorretos, devido à sobrecarga de trabalho. Esse tipo de erro deve ser devidamente evitado através de uma estratégia e realização de supervisão ativa, pois quando os medicamentos são diluídos antecedentemente, reduz a eficácia do medicamento, devido estar exposto a contaminação, luz, calor, umidade, comprometendo assim a recuperação do paciente6.

Eventos adversos relacionados à lesão por pressão (LPP)

Segundo o estudo do A6, no Brasil em 2020, foi anunciada a incidência de 153.116 eventos adversos entre o mês de maio de 2019 a abril de 2020. As LPP’s tiveram um total de 29.356 de casos notificados, ficando na colocação de segundo lugar em referências de eventos adversos. 

Como forma de prevenção, A1 e A6 refere que o papel da equipe de enfermagem na prevenção de lesão por pressão é avaliar a pele do paciente e tratar precocemente, realizar a avaliação de risco, mudança de decúbito a cada duas horas e, quando houver necessidade, corrigir possíveis falhas relacionadas ao cuidado. Corroborando com isso, estudos afirmam que promover educação continuada para os profissionais de saúde que lidam diretamente com o paciente, como também aos familiares e ao paciente, instruindo com medidas de prevenção, prestando uma assistência eficaz ao indivíduo, reduz a incidência de LPP5

Limitações do estudo

Como limitação do estudo, podemos destacar ao fato de terem poucos estudos e publicações acerca da temática, o breve período analisado, dificultando assim, a análise dos dados e a discussão.

CONCLUSÃO

O aumento sequencial das taxas de danos causados por negligência ou imperícia relacionada a aplicação dos protocolos básicos de segurança dentro do ambiente hospitalar é alarmante. O profissional de enfermagem, por estar constantemente em contato com o paciente, torna-se um dos grandes responsáveis pela verificação e vigilância do cumprimento desses protocolos. É esperado que os presentes dados coletados possam servir de base para o desenvolvimento de estratégias de melhoria e aplicação dos protocolos de segurança do paciente em todo o país. 

Contribuição dos autores 

Concepção e/ou desenho, análise e interpretação dos dados, redação do artigo: Silmara Caetano de Menezes e Danyelly Rodrigues Machado Azevedo; Revisão crítica e revisão final: Danyelly Rodrigues Machado Azevedo e José Igor Ferreira Santos Jesus. 

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