A SOBRECARGA PROFISSIONAL FRENTE A ASSISTÊNCIA DO ENFERMEIRO OBSTETRA AO PARTO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA

THE PROFESSIONAL OVERLOAD IN FRONT OF OBSTETRIC NURSE ASSISTANCE AT CHILDHOOD: AN INTEGRATIVE LITERATURE REVIEW

LA SOBRECARGA PROFESIONAL FRENTE A LA ASISTENCIA DE ENFERMERÍA OBSTÉTRICA EN LA INFANCIA: UNA REVISIÓN INTEGRADORA DE LA LITERATURA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7746371


Marcela Rayza Ferreira Barros1
Tayane Moura Ferreira2
Bruna Martiniano Lima3
Bruno Henrique Oliveira da Silva4
David Wilson da Silva5
Hevilly Virgínia Lima da Silva6
Ana Virgínia Matos Sá Barreto7


RESUMO

Introdução: O Enfermeiro Obstetra além de ser responsável pelas atividades previstas para o Enfermeiro, tem ênfase na promoção da saúde da mulher e no auxílio durante a   gravidez, o parto e o pós-parto. A sobrecarga desse profissional pode atingir diferentes áreas: pessoal, psicológica e física, afetando diretamente na sua atuação. É fundamental conhecer os fatores que conduzem ao esgotamento, identificando suas implicações no cuidado torna-se possível também otimizar a sua saúde. Objetivo: Analisar o impacto da sobrecarga profissional do Enfermeiro Obstetra na assistência durante o parto. Método: O estudo foi realizado por meio de uma revisão integrativa e selecionados trabalhos publicados em bases de dados, entre os anos de 2016 a 2021, e selecionados 14 artigos para a revisão. Resultados: Foram identificados como principais desencadeadores da sobrecarga: longas jornadas de trabalho, mais de um vínculo empregatício, exploração, desvalorização, resistência médica e déficits nas condições de trabalho. Consequentemente, pode acarretar sentimentos de intolerância, stress, cobranças pessoais, esgotamento físico e frustrações nos membros da equipe interferindo negativamente na saúde do profissional, bem como na assistência prestada a mulher. Conclusão: O enfermeiro é de suma importância no suporte a parturiente, porém o excesso de atividades compromete a produtividade e qualidade do atendimento, podendo também interferir na saúde do mesmo.

DESCRITORES: Enfermeiro Obstetra; Parto; Esgotamento Profissional; Condições de Trabalho; Burnout.

ABSTRACT

Introduction: The Obstetric Nurse, in addition to being responsible for the activities planned for the Nurse, has an emphasis on promoting women’s health and helping during pregnancy, childbirth and the postpartum period. The overload of this professional can affect different areas: personal, psychological and physical, directly affecting their performance. It is essential to know the factors that lead to burnout, identifying their implications for care, it also becomes possible to optimize their health. Objective: To analyze the impact of the Obstetric Nurse’s professional overload on assistance during childbirth. Method: The study was carried out through an integrative review and selected works published in databases, between the years 2016 to 2021, and selected 14 articles for the review. Results: The main triggers of overload were identified: long working hours, more than one employment relationship, exploitation, devaluation, medical resistance and deficits in working conditions. Consequently, it can lead to feelings of intolerance, stress, personal demands, physical exhaustion and frustration in team members, negatively interfering with the health of the professional, as well as the care provided to the woman. Conclusion: The nurse is of paramount importance in supporting the parturient, but the excess of activities compromises the productivity and quality of care, and can also interfere with the health of the same.

DESCRIPTORS: Nurse Midwives; Parturition; Burnout, Professional; Working Conditions; Burnout.

RESUMEN

Introducción: La Enfermera Obstétrica, además de ser responsable de las actividades previstas para la Enfermera, tiene énfasis en promover la salud de la mujer y ayudar durante el embarazo, el parto y el puerperio. La sobrecarga de este profesional puede afectar a diferentes ámbitos: personal, psicológico y físico, afectando directamente a su desempeño. Es fundamental conocer los factores que conducen al burnout, identificando sus implicaciones en el cuidado, además se hace posible optimizar su salud. Objetivo: Analizar el impacto de la sobrecarga profesional del Enfermero Obstétrico en la asistencia al parto. Método: El estudio se realizó a través de una revisión integradora y trabajos seleccionados publicados en bases de datos, entre los años 2016 a 2021, y se seleccionaron 14 artículos para la revisión. Resultados: Se identificaron los principales desencadenantes de la sobrecarga: largas jornadas de trabajo, más de una relación laboral, explotación, desvalorización, resistencia médica y déficit en las condiciones de trabajo. En consecuencia, puede generar sentimientos de intolerancia, estrés, exigencias personales, agotamiento físico y frustración en los miembros del equipo, interfiriendo negativamente en la salud del profesional, así como en el cuidado prestado a la mujer. Conclusión: El enfermero es de suma importancia en el apoyo a la parturienta, pero el exceso de actividades compromete la productividad y calidad del cuidado, pudiendo también interferir en la salud de la misma.

DESCRIPTORES: Enfermeras Obstetrices; Parto; Agotamiento Profesional; Condiciones de Trabajo; Burnout.

INTRODUÇÃO

A Lei nº 7498/86 e o Decreto nº 94406/87, que regulamentam o exercício da enfermagem no Brasil, prevê a profissão de Enfermeiro Obstétrico, que além das atividades gerais previstas para o Enfermeiro, dentre as quais espera à gestante, parturiente e puérpera , também incumbe à prestação de assistência à parturiente e ao parto normal; identificação das distorcias obstétricas e tomada de providências até a chegada do médico, realização de episiotomia e episiorrafia com aplicação de anestesia local, quando necessária1,2,3.

A assistência tem como objetivo contribuir para a redução da morbidade e mortalidade materna além de assegurar um nascimento seguro, através do fortalecimento da capacidade técnica dos profissionais e utilização de humanização e incorporação das boas práticas baseadas em evidências científicas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) 4,5.

As dificuldades para a realização de um serviço de qualidade são identificados na infraestrutura precária, no mal funcionamento de equipamentos e na falta de recursos materiais nos ambientes laborais, a persistência das estruturas simbólicas do modelo obstétrico medicalizado, principalmente no âmbito hospitalar, conflitos referentes a visões diferenciadas sobre a condução da assistência, baixo reconhecimento profissional e a sobrecarga de trabalho relacionada às responsabilidades gerenciais, assistenciais gerais e às específicas da Enfermagem Obstétrica5,6,7.

A Síndrome de Burnout é muito comum em profissionais da área de saúde por ser uma profissão que lida diretamente com o público. Por isso a grande importância de identificar os sinais iniciais, possibilitando dessa forma um tratamento adequado e reconhecimento dos fatores que predispõem a sua ocorrência8. Contudo, os fatores de risco agravantes para o surgimento da Síndrome no âmbito do trabalho estão relacionados a jornadas duplas de trabalho decorrentes da baixa remuneração, à intensa sobrecarga de trabalho justificada pela falta de profissionais, bem como a falta de autonomia e autoridade; todos esses fatores acabam gerando um estresse que ao longo do tempo se torna crônico e com consequências graves à saúde do colaborador9.

Com o intuito de prevenir a sobrecarga entre os profissionais de Enfermagem nessa área e nas demais, é necessário que haja um bom gerenciamento capaz de viabilizar uma escala adequada, organização das funções de cuidado, dispor de autonomia suficiente ao enfermeiro e um número de pessoal adequado10.

A importância do enfermeiro obstetra nos serviços de atenção ao parto, se correlacionam ao vínculo que é estabelecido entre a parturiente e o profissional. Para além da assistência, o enfermeiro consegue promover um parto tranquilo e seguro, o que é essencial para um serviço humanizado11,21. Os países com os melhores indicadores de assistência materno-infantil configuram-se com a menor taxa de cesarianas do mundo e eles tem algo em comum, uma atuação qualificada das enfermeiras obstétricas. A assistência dessas profissionais está ligada ao aumento dos índices de partos normais em vários países3,12.

Nesse contexto, o estudo tem como objetivo analisar o impacto da sobrecarga profissional do Enfermeiro Obstetra na assistência durante o parto, bem como as dificuldades enfrentadas no ambiente hospitalar, destaca-se ainda que, uma identificação precoce dos fatores pode contribuir em especial para a definição de meios para a intervenção e enfrentamento de forma a garantir melhor organização das funções, rendimento e produtividade do enfermeiro e qualidade na assistência.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo de Revisão Integrativa da Literatura, direcionada para a problemática: “O que causa a sobrecarga profissional do enfermeiro obstetra e como a mesma interfere na assistência prestada a parturiente?”. A busca bibliográfica dos artigos publicados foi realizada através dos seguintes descritores: “Enfermeiro Obstetra”, “Parto”, “Esgotamento  Profissional”, “Condições de Trabalho”, ‘’Burnout’’, com o termo booleano “AND”. Para a análise dos artigos na literatura utilizou-se as bases de dados: Scopus, National Library of Medicine and National Institutes of Health (PubMed/MEDLINE), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Scientific Electronic Library Online (SciELO), Revista Brasileira de Enfermagem (REBEn) e demais Revistas de Enfermagem, durante os meses de fevereiro a setembro de 2021.

Foram considerados como critérios de inclusão artigos entre os anos de 2016 a 2021, com texto completo disponível, publicados em português, inglês e espanhol, contendo pelo menos um dos descritores. Foram excluídos artigos com ano inferior a 2016, dissertações, monografias, relato de experiência, teses, editoriais, resumo de anais, artigos duplicados ou capítulos de livro.

A análise dos dados foi realizada a partir da construção de tabelas onde foram dispostas as informações retiradas dos artigos, a partir de leituras do título, do resumo e posteriormente, da leitura na integra, com o intuito de selecionar apenas as publicações relevantes e coerentes com o problema deste estudo.

RESULTADOS

Através da pesquisa realizada nas bases de dados obteve se 126 artigos, sendo 103 estudos removidos, 23 artigos selecionados para análise de elegibilidade e por fim 14 publicações foram relevantes para o tema proposto (Figura 1), de acordo como modelo do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta- Analyses (PRISMA).

Figura 1: Fluxograma do processo de seleção dos artigos incluídos no estudo, baseado no Checklist PRISMA. Recife, Pernambuco, Brasil,2021.

A partir do cruzamento entre os principais resultados dos 14 artigos, foi observado que a atuação dos enfermeiros obstetras contribui para um atendimento com técnicas mais humanizadas, trazendo resultados positivos para a mulher e o recém-nascido. A sobrecarga desse profissional, as condições de trabalho, carga horária e desvalorização da classe são apontados como fatores negativos para uma assistência de qualidade.

Quadro 1: Caracterização dos estudos sobre as causas da sobrecarga do enfermeiro obstetra quanto à autoria, tipo de estudo, objetivos principais e principais resultados. Recife, PE, 2021.

REFERÊNCIASTIPO DE ESTUDOOBJETIVO PRINCIPALPRINCIPAIS RESULTADOS
SILVA et al.3Revisão IntegrativaEnfatizar a importância da enfermagem obstétrica na saúde da  mulher brasileira.A participação do E.O  é de suma importância na redução das taxas de mortalidade materna e neonatal.
OLIVEIRA et al.5Estudo QualitativoConhecer os fatores que influenciam a melhoria do cuidado da enfermeira obstetra no processo de parto. Necessidade de melhorias nas condições de     trabalho por gestores  e mudanças de condutas/comportam entos de profissionais.
PEREIRA et al.6Estudo qualitativoDescrever as percepções das enfermeiras obstetras sobre  a formação na modalidade de residência e suas interfaces        com a prática  profissional.Contradições entre o enfoque no cuidado humanizado do  ensino teórico e a persistência do modelo medicalizado         nos cenários de prática.
PIRES et al.7Estudo qualitativoIdentificar as cargas de trabalho dos  profissionais de  enfermagem da Estratégia Saúde da Família, analisando suas implicações.Destacam-se a sobrecarga de trabalho, o excesso  de demanda,  problemas na estrutura física das unidades e falhas na  rede de atenção.
PROGIANTI et al.9Estudo Descritivo, QuantitativoRefletir sobre as condições de trabalho das enfermeiras obstétricas, que atuam no Sistema Único de Saúde.As relações laborais, os salários, o quantitativo de  vínculos e a jornada de trabalho da  E.O, apontaram para a precarização do  trabalho no serviço  público.
ALVES et al.  11Estudo QualitativoAnalisar a atuação das enfermeiras obstetras, no desenrolar do trabalho de parto e parto.O trabalho da E.O* vai para além de prestar assistência de qualidade à puérpera e ao bebê, sua atuação contribui para um atendimento mais humanizado.
AMORIM et al.14Estudo QualitativoConhecer a percepção de enfermeiras obstetras sobre o modelo e prática assistencial.Apoio e suporte dos  gestores são  importantes para a  atuação das profissionais.
BACKES et al.15Estudo qualitativoIdentificar os motivos da prevalência do modelo tecnocrático na atenção obstétrica na perspectiva dos profissionais de saúde.A assistência é  realizada de forma mecanizada, centrada nos  profissionais. Observa-se a falta de sistematização da assistência, e subdimensionamento do pessoal de enfermagem.
VIEIRA et al.16Estudo QualitativoIdentificar a ocorrência do presenteísmo no trabalho das  enfermeiras obstétricas.A sobrecarga de trabalho e o déficit de recursos humanos agravam os problemas de saúde e contribuem  para o presenteísmo.
FONSÊCA et al.19Estudo QualitativoAvaliar o conhecimento da equipe de Enfermagem Obstétrica sobre a Síndrome de BurnoutObservou-se: Estresse relacionado ao trabalho, esgotamento físico e mental devido a SB, depressão e despersonalização  como fator de instabilidade ocupacional.
VIEIRA et al.20Estudo qualitativo, descritivo, exploratórioCompreender as condições   de trabalho e as estratégias adotadas pelas enfermeiras obstétricas nas maternidades.As condições  laborais são inadequadas pela infraestrutura precária e pelo  déficit de recursos. 
RAMOS et al.21Estudo documentalIdentificar as  boas práticas desenvolvidas pela Enfermeira  Obstétrica em uma Maternidade Municipal e analisar a assistência no momento do  parto.O uso das boas   práticas tem grande  influência na recuperação da fisiologia materna, na adaptação do recém-nascido e  redução da anemia na primeira infância.
ANDRADE et al.22Revisão BibliográficaDemonstrar as inadequadas práticas obstétricas, seus efeitos negativos e a  importância da  humanização da assistência  de enfermagem. O E.O tem relevância nas   técnicas humanizadas,  vale ressaltar que os  profissionais se adéquem as práticas que tragam  benefícios para que se  evitem os efeitos negativos nas parturientes.
GAMA et al.23Estudo qualitativoAvaliar a presença da enfermeira na atenção ao parto em  maternidades da Rede Cegonha.Com enfermeira na assistência ao parto usa-se  mais partograma, menos ocitocina, litotomia, episiotomia e cesariana.

*E.O- Enfermeiro(a) Obstetra

DISCUSSÃO

O enfermeiro é fundamental na assistência da parturiente, suas atuações e intervenções contemplam a mulher nos direitos sexuais e reprodutivos, pré concepção, gestação, pré parto, parto e puerpério, cuidados e manejo do recém-nascido e do abortamento, além do processo de parto, sendo um tema bem discutido sob percepção profissional3,13.

A OMS designou 2020 como o “Ano da Enfermeira e da Enfermeira obstétrica/ obstetriz”, tendo em vista enaltecer o papel fundamental que enfermeiras e parteiras têm na transformação da saúde de mulheres e bebês5,23. Todavia, existem impasses que interferem a assistência do enfermeiro obstetra a parturiente, entre eles a sobrecarga de trabalho chama atenção, pois interfere e prejudica a qualidade da assistência despertando sentimentos de: intolerância, stress, esgotamento físico, cobranças pessoais e frustações nos membros da equipe14.

Sob a perspectiva centrada no médico, na valorização de procedimentos e altas tecnologias, o parto tende a ser visto como um processo patológico, imbuído de atividades com o intuito de manter o controle sobre a mulher, e não como um evento fisiológico e natural, onde demanda pouca ou nenhuma intervenção18.

Após a interpretação e análise textual dos artigos, foram evidenciados os principais fatores que desencadeiam a sobrecarga deste profissional: longas jornadas de trabalho, mais de um vínculo empregatício, exploração, desvalorização, resistência médica e déficits nas condições de trabalho, impactando negativamente a saúde dos profissionais e o resultado da assistência prestada pelos mesmos17. Sobrecarregados e, ainda, desenvolvendo um trabalho em condições adversas tendem a sofrer danos na sua saúde e aumentarem as faltas ao trabalho, ocasionando sobrecarga naqueles que ficam, interferindo na eficácia e qualidade dos resultados 7-9.

A sobrecarga reforça o tecnicismo, que se refere a uma assistência mecanizada ainda predominante na obstetrícia brasileira, com características intervencionistas, centrado na hegemonia do profissional médico, na sobrecarga de trabalho, superlotação do setor e pressa ao realizar o cuidado, contraria os princípios de humanização da assistência obstétrica, pois favorece atos de violência no atendimento às mulheres, ou seja, a falta de cuidado15,22.

Logo, o profissional torna-se suscetível ao presenteísmo, caracterizado como um fenômeno comportamental no qual o trabalhador se mantém no ambiente laboral mesmo com algum problema de saúde, interferindo no desempenho e na prestação de serviços de qualidade por comprometer o planejamento e tomada de decisões. Apesar de comprometer a produtividade e qualidade dos serviços é um fenômeno de difícil mensuração e até mesmo de identificação, tendo em vista que o trabalhador se encontra presente nas organizações mesmo com problemas de saúde. O estresse ocupacional é um agravo do presenteísmo, tendo o suporte psicossocial por parte dos colegas e chefia relevante na sua mitigação16.

O trabalho no ambiente hospitalar envolve diversas situações que demandam condutas rápidas e proficientes, como lidar com o manejo da dualidade vida e morte, com a dor física, emocional e o sofrimento vivenciado com o paciente e seus familiares. Tais circunstancias podem tornar o ambiente estressante, predispondo-os a adoecimentos mentais, como estresse, ansiedade, depressão23.

A Síndrome de Burnout é um transtorno adaptativo crônico, com ênfase em trabalhadores que lidam com o público, manifestando-se em três formas de sofrimento psíquico: cansaço emocional, despersonalização, e baixa realização pessoal. No setor público a enfermagem é classificada como a quarta profissão mais estressante. Em virtude da sobrecarga, o profissional de enfermagem tende a refletir sobre a valorização de trabalho, promoção, satisfação com os colegas, salário, chefia e suporte organizacional. Estes valores somados à insatisfação, excesso de carga horária, descontentamento no trabalho, sentimento de frustração e impotência possivelmente causam um impacto negativo sobre o trabalho do dia a dia, sendo um forte fator para desencadear a Síndrome de Burnout19, 24.

Corroborando com os fatores acima, certamente a sobrecarga de trabalho interfere e prejudica a qualidade da assistência, tornando-a mecânica e não sendo tão humanizada como os profissionais gostariam, de modo que diversas orientações importantes não sejam fornecidas, o que pode suscitar nas mulheres um sentimento de abandono e desrespeito20.

CONCLUSÕES

Observa-se que a sobrecarga pode acarretar sentimentos de intolerância, stress, cobranças pessoais, esgotamento físico e frustrações nos membros da equipe interferindo diretamente na assistência prestada a parturiente. Igualmente, foram identificados como principais desencadeadores: longas jornadas de trabalho, mais de um vínculo empregatício, exploração, desvalorização, resistência médica e déficits nas condições de trabalho.

Dessa forma, a sobrecarga profissional compromete a produtividade e qualidade da assistência tornando-a mecanizada, afetando a individualidade ao prestar a assistência a mulher, além de interferir na saúde do enfermeiro, causando insatisfação e frustrações que podem acarretar a Síndrome de Burnout.

Conhecer os fatores que ocasionam a sobrecarga é essencial para a elaboração de intervenções e estratégias com o intuito de proporcionar melhores condições de trabalho, saúde do profissional e assistência de qualidade. Diante disso, sugere-se a necessidade de novos estudos que abordem o esgotamento profissional do enfermeiro obstetra e suas implicações, visto que, são poucas abordagens sobre a temática.

REFERÊNCIAS

1. Brasília; 2020. Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). Resolução COFEN -627/2020.

2. Pereira, V. D. V., Andrade, E., Silva, W. A., Silvério, M. L., & Correia, J. M. (2020). A Atuação do Enfermeiro Obstetra e sua Efetividade na Educação em Saúde às gestantes. Brazilian Journal of Development, 6(8), 2020.

3. Silva, J. A., Andrade, E. A importância da enfermagem obstétrica na saúde da mulher brasileira. Revista Brasileira Interdisciplinar de Saúde. 2020.

4. World Health Organization. WHO recommendations: intrapartum care for a positive childbirth experience. Geneva: WHO; 2018.

5. Oliveira, P. S. D., Couto, T. M., Oliveira, G. M., Pires, J. A., Lima, K. T. R. D. S., & Almeida, L. T. D. S. Enfermeira obstetra e os fatores que influenciam o cuidado no processo de parto. Revista Gaúcha de Enfermagem, 42. 2021.

6. Pereira, A. L. D. F., Guimarães, J. C. N., Nicácio, M. C., Batista, D. B. D. S., Mouta, R. J. O., & Prata, J. A. Percepções das enfermeiras obstetras sobre sua formação na modalidade de residência e prática profissional. Revista Mineira de Enfermagem, 22, 1-8. 2018.

7. Pires, D. E. P. D., Machado, R. R., Soratto, J., Scherer, M. D. A., Gonçalves, S. R., & Trindade, L. L. Cargas de trabalho da enfermagem na saúde da família: implicações no acesso universal1. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 24. 2016.

8. Da Gama Kimura, C. S. F., Marui, F. R. R. H., Amaral, J. G., Vieira, E. C. B., Mazzieri, M. L., da Silva Ferreira, R., … & Silva, M. R. Principais consequências da Síndrome de Burnout em profissionais   de enfermagem. Global Academic Nursing Journal, 2(Spe. 2), e114-e114. 2021.

9. Progianti, J. M., Moreira, N. J. M. D. P., Prata, J. A., Vieira, M. L. C., Almeida, T. A., & Vargens, O. M. D. C. Precarização do trabalho da enfermeira obstétrica. Rev. enferm. UERJ, 2018.

10. DE LA FUENTE-SOLANA E.I. et al. Prevalência, fatores relacionados e níveis de síndrome de burnout entre enfermeiras que trabalham em ginecologia e Serviços de obstetrícia: uma revisão sistemática e meta-análise. Int J Environ Res Saúde Pública, 16 (14): 2585. 19 de julho de 2019.

11. Alves, T. T. M., Paixão, G. P., Fraga, C. D., Lírio, J. G., & Oliveira, F. A. Atuação da enfermeira obstetra no desenrolar do trabalho de parto e parto role of the obstetric nurse in the development of labor and delivery papel de la comadrona en el curso del parto y el. Rev Enferm, 7(1), 41-50. 2018.

12. Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco. Cofen aprova resolução sobre atuação nos serviços de obstetrícia. Disponível em: <http://www.coren- pe.gov.br>. Acesso em: 02 abr. 2021

13. Hora, A. B., Santos, A. K. S., Oliveira, C. S., Feitosa, M. C. G., Teles, W., Silva, M. C., … & Silva, M. H. S. A importância do papel do enfermeiro na humanização do parto: verificação completiva. Research, Society and Development, 10(13), 2021.

14. Amorim, T., Araújo, A. C. M., Guimarães, E. M. P., Diniz, S. C. F., Gandra, H. M., & Cândido, M. C. R. M. Percepção de enfermeiras obstetras sobre o modelo e prática assistencial em uma maternidade filantrópica. Revista de Enfermagem da UFSM, 9, 30. 2019.

15. Backes, M. T. S., Carvalho, K. M. D., Ribeiro, L. N., Amorim, T. S., Santos, E. K. A. D., & Backes, D. S. A prevalência do modelo tecnocrático na atenção obstétrica na perspectiva dos profissionais de saúde. Revista Brasileira de Enfermagem, 74. 2021

16. Vieira, M. L. C., Progianti, J. M., Oliveira, E. B., Prata, J. A., Souza, N. V. D., & da Costa, C. C. P. Presenteísmo e estratégias de defesa de enfermeiras obstétricas de maternidades públicas. Research, Society and Development, 9(12), 2020.

17. Magalhães, T. T. D. S., & Taffner, V. B. M. Dificuldades para a atuação autônoma do enfermeiro obstetra no Brasil. Revista de Divulgação Científica Sena Aires, 9(4), 685-697. 2020.

18. Santos, F. A. P. S. D., Enders, B. C., Brito, R. S. D., Farias, P. H. S. D., Teixeira, G. A., Dantas, D. N. A., … & Rocha, A. S. D. S. Autonomia do enfermeiro obstetra na assistência ao parto de risco habitual. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, 19, 471-479. 2019.

19. Fonsêca, A. G. S. D., Vitorino, M. F., Evangelista, C. B., Guimarães, K. S., Lordão, A. V., Santiago, T., … & Rodrigues, M. BURNOUT SYNDROME: OBSTETRIC NURSING TEAM’S KNOWLEDGE. Journal of Nursing UFPE/Revista de Enfermagem UFPE, 12(10). 2018.

20. Vieira, M. L. C., Prata, J. A., Oliveira, E. B. D., Rodrigues, F. A. B., Almeida, B. C. D. S. D., & Progianti, J. M. Estratégias das enfermeiras obstétricas frente às condições de trabalho em maternidades. Revista Brasileira de Enfermagem, 74. 2021.

21. Ramos, W. M. A., Aguiar, B. G. C., Conrad, D., Pinto, C. B., & Mussumeci, P. Contribuição da enfermeira obstétrica nas boas práticas da assistência ao parto e nascimento. Rev. Pesqui.(Univ. Fed. Estado Rio J., Online), 173-179. 2018.

22. Andrade, V. B., Santos, C., Santos, S., & Silva, W. M. Efeitos da violência obstetrica causados ás gestantes no parto e pós-parto: e a humanização da assistência de enfermagem. Gep News, 2(2), 69-74. 2019.

23. Gama, S. G. N. D., Viellas, E. F., Medina, E. T., Angulo-Tuesta, A., Silva, C. K. R. T. D., Silva, S. D. D., … & Esteves-Pereira, A. P. Atenção ao parto por enfermeira obstétrica em maternidades vinculadas à Rede Cegonha, Brasil– 2017. Ciência & Saúde Coletiva, 26, 919-929. 2021.

24. Vahl, M. R., Coutinho, S. B., & dos Santos Blan, B. Enfermagem: Esgotamento Profissional e a Síndrome de Burnout. As boas Práticas de Enfermagem na construção de uma sociedade democrática, 20. Rio Grande, 2017.


¹https://orcid.org/0000-0001-6022-3511
Centro Universitário Maurício de Nassau, Brasil

²https://orcid.org/0000-0003-2472-6327
Centro Universitário Maurício de Nassau, Brasil

³https://orcid.org/0009-0007-7426-8201
Centro Universitário Maurício de Nassau, Brasil

⁴https://orcid.org/0009-0008-6299-7631
Centro Universitário Maurício de Nassau, Brasil

⁵https://orcid.org/0009-0009-6282-8149
Centro Universitário Maurício de Nassau, Brasil

⁶https://orcid.org/0009-0007-3970-8056
Centro Universitário Maurício de Nassau, Brasil

⁷https://orcid.org/0000-0003-3901-7144
Centro Universitário Maurício de Nassau, Brasil