ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL: A VISÃO DA PUÉRPERA

PRENATAL CARE: THE PUERPERAL VIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7742347


Héllen Julliana Costa Dini1
Nadja Maria Gomes Murta2
Angelina do Carmo Lessa3
Rosamary Aparecida Garcia Stuchi4
Tayna Gonçalves Barbosa5
Carla Silvana de Oliveira e Silva6


Resumo

O objetivo deste estudo foi conhecer a assistência pré-natal em um município sob a percepção de mulheres que foram submetidas a estes atendimentos na rede básica de saúde. Trata-se de um estudo qualitativo, no qual participaram nove puérperas. A coleta dos dados aconteceu entre abril e junho de 2016, por meio de entrevistas semiestruturadas gravadas e recorrentes. As falas foram organizadas e analisadas com base na Análise de Conteúdo de Bardin. Os resultados mostraram que a forma como as mulheres entendem a assistência pré-natal, ainda tem como referência a realização de consultas, exames e a cordialidade dos profissionais. O que demonstra uma concepção restrita diante do que é preconizado quando se fala da atenção integral à saúde da mulher. Parece haver uma valorização no que diz respeito a ser bem tratada, às consultas, número de ultrassons, outros exames, e não especificamente sobre informações a respeito dos seus direitos no ciclo gravídico-puerperal.

Palavras-chave: Cuidado pré-natal. Saúde da mulher. Educação em saúde. Acolhimento.

Abstract

The objective of this study was to know prenatal care in a city under the perception of women who performed these services in the basic health network. This is a qualitative study in which nine puerperal women participated. Data collection took place between April and June 2016, through recorded and recurrent semi-structured interviews. The speeches were organized and analyzed based on the Bardin Content Analysis. The results showed that the way in which women understand prenatal care still has reference to consultations, examinations and the cordiality of the professionals. This demonstrates a narrow conception of what is advocated when it comes to comprehensive health care for women. There seems to be an appreciation for being well treated, for consultations, for ultrasound, for other examinations, and not specifically for information about your rights in the pregnancy-puerperal cycle.

Keywords: Prenatal care. Women’s health. Health education. User embracement.

INTRODUÇÃO

As práticas de saúde no processo de gestar e parir evoluíram ao longo dos anos e transformaram-se de acordo com as visões de mundo, contextos sociais, históricos, políticos, econômicos e questões de gênero. O papel da mulher na reprodução e na sociedade tem determinado estas práticas e o planejamento das políticas de saúde na área obstétrica.

Considerando que o ciclo gravídico-puerperal é o período compreendido entre a confirmação da gravidez até o pós-parto (puerpério), a assistência prestada pelo profissional de saúde durante este período é uma estratégia importante na redução da morbimortalidade materna e perinatal, visto que, riscos e patologias deste período podem ser diagnosticados precocemente, bem como tratadas e/ou controladas a fim de prevenir complicações no que diz respeito ao binômio mãe-filho. Assim, medidas instituídas no transcurso da assistência pré-natal, desde o atendimento básico até o de alto risco, são fundamentais para prevenção e promoção da saúde materno-infantil (BRASIL, 2019; PEIXOTO et al., 2020; SANTOS et al., 2022).

Assim, esta assistência é o conjunto de ações realizadas durante o período citado, visando um atendimento global da saúde materno-fetal. E deve ser desenvolvida de maneira individualizada e procurando sempre qualidade e resolutividade no processo de atenção à saúde da mulher e do conceito.

O Ministério da Saúde (MS) instituiu o Programa de Humanização do Pré-natal e Nascimento (PHPN), por meio da Portaria/GM/MS no. 569, de 10 de junho de 2000, com as seguintes prioridades: reduzir as altas taxas de morbidade e mortalidade materna, perinatal e neonatal registradas no país; adotar medidas que assegurem a melhoria de acesso, cobertura e qualidade do acompanhamento Pré-natal (PN), da assistência ao parto, puerpério e neonatal e ampliar as ações já adotadas pelo Ministério da Saúde na área de atenção à gestante (BRASIL, 2000).  

Foram incorporadas às ações já preconizadas pelo PHPN em 2006, quando o Ministério da Saúde lançou o Manual Técnico de Pré-Natal e Puerpério, as atividades de escuta ativa da mulher e de seus acompanhantes, bem como esclarecimento de suas dúvidas, realização de atividades educativas e atendimento integral, levando em conta necessidades intelectuais, emocionais, sociais e culturais das mulheres, seus filhos e famílias, e não somente um cuidado biológico (BRASIL, 2006).  

Essas práticas visam assegurar a proteção, a promoção e o suporte necessário para se atingir uma assistência perinatal efetiva. Elas estão sendo incorporadas nos materiais técnicos, bem como nas ferramentas de monitorização e avaliação orientadas pela Organização Mundial de Saúde.

Para possibilitar a atenção a tais aspectos, exige-se um cuidado centrado na pessoa, que se contrapõe ao centrado em procedimentos. Desta forma, deve ser sustentado pela realização de exames e práticas adequadas, cuja atenção se volte para a saúde, a partir de uma inter-relação, que envolva o vínculo, o acolhimento e a responsabilização.

O enfoque na singularidade das demandas dos usuários, como prática da integralidade, é referido pelo MS como relevante para um atendimento pré-natal de qualidade. A assistência à mulher no período gestacional, com a inclusão de práticas subjetivas, proporciona a construção espaço para diálogo, uma vez que é um momento privilegiado para conversar e esclarecer questões próprias a cada mulher, além de permitir o compartilhamento de preocupações e sentimentos vivenciados. Para tal, faz-se necessário que os profissionais utilizem as ferramentas de escuta, acolhimento e fortalecimento do vínculo (BRASIL, 2006; CAMPAGNOLI; SILVA; RESENDE, 2019).

Historicamente, a dissociação dos aspectos psicossociais dos fatores clínicos de base fisiológica foi fundamentada pela revolução tecnológica na saúde que conseguiu detectar vários riscos a que a mãe e o feto podem estar submetidos, mas, acabou fragmentando o cuidado integral à saúde da mulher. E na prática atual ainda ocorre. A mulher que chega ao serviço de saúde, em busca do pré-natal, muitas vezes, tem somente a possibilidade de verbalizar suas queixas físicas. No entanto, suas vivências e sentimentos não são expostos.

Diante desse contexto e procurando entender se a assistência oferecida à mulher no pré-natal atende às recomendações do Ministério da Saúde, este estudo visou conhecer de que modo as puérperas usuárias de um serviço público de saúde percebem a assistência prestada pela equipe de saúde no pré-natal, e o que pensam sobre o acesso, o acolhimento e o atendimento recebido durante esse período.

METODOLOGIA

Trata-se de estudo de natureza qualitativa, do tipo retrospectivo, realizado junto às puérperas que fizeram o acompanhamento pré-natal nas Unidades Básicas de Saúde de um município de médio porte que possui um serviço de referência para atendimento à Saúde da Mulher.

A coleta dos dados foi realizada entre os meses de abril a junho de 2016 e o tipo de entrevista realizada baseou-se nos procedimentos de entrevista recorrente. Isto é, a cada entrevista, após uma primeira leitura, o informante é consultado no sentido de eliminar dúvidas, aprofundar colocações, reflexões e permitir uma quase análise conjunta do fenômeno estudado (AGUIAR; OZELLA, 2013).

Os dados das puérperas foram conhecidos através de visita às Unidades Básicas de Saúde, onde funcionam as Equipes da Estratégia Saúde da Família e levantamento destes de acordo com informações fornecidas pelos enfermeiros coordenadores das respectivas equipes. A escolha das participantes foi pelo critério de conveniência, ou seja, aquelas que se dispuseram a participar da pesquisa. Sendo que as entrevistas foram realizadas nas residências das mesmas (local definido por elas) e foi utilizado um roteiro semi-estruturado com perguntas norteadoras, com o intuito de direcionar a entrevista.

A entrevista recorrente pode ser composta por duas fases de análise. A primeira ocorre durante a coleta de informações. Quando o pesquisador transcreve o material coletado, com o intuito de levar, em um segundo momento, aos entrevistados, a fim de que confirmem, modifiquem ou acrescentem novas informações ao seu estudo. Assim, a entrevista recorrente prevê o retorno ao entrevistado dando sempre a ele a possibilidade de alterar a redação da crença e a interpretação que se faz de sua fala (SADALLA et al., 2005).

Para a análise e interpretação destas informações, foi utilizada a técnica da análise de conteúdo; abordando uma fase de pré-análise e exploração dos dados em categorias (BARDIN, 2011) Essa fase, após o término de todas as entrevistas, consiste na organização, pelo pesquisador, dos dados, que são os agrupamentos de temas, conteúdos e questões centrais, considerando os objetivos da pesquisa. Após a categorização das respostas, procedeu-se então, a inferência por meio dos dados obtidos e utilizando como base teórica o material disponível em publicações científicas acerca do tema. Nesta análise, emergiram as categorias: o pré-natal sob o olhar das puérperas, a qualidade da assistência, a educação em saúde e o acompanhante.

A pesquisa foi iniciada após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa parecer número 1.463.422:2016.

Para a diferenciação dos sujeitos da pesquisa, assim como para preservar a sua identidade, as informantes foram identificadas com a letra “P”, seguida de numeral arábico que indica a ordem em que sucederam as entrevistas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Caracterizando as informantes do estudo

A faixa etária das participantes do estudo foi de 17 a 29 anos, sendo três com menos de 19 anos. Quanto à situação conjugal, três eram solteiras e outras seis, casadas. Com isso, observa-se que a maior parte das mulheres era adulta jovem e casada.

Em relação à ocupação das puérperas, três eram estudantes e três relataram serem donas de casa, não exercendo nenhuma atividade fora do lar. As outras três exerciam as seguintes profissões: auxiliar de escritório, vendedora e guarda municipal. Quanto à escolaridade, uma concluiu apenas o ensino fundamental, três concluíram o ensino médio, quatro cursaram o ensino superior e uma já o tinha concluído.

Em relação ao perfil obstétrico, das participantes, a maioria era primípara (cinco participantes). Entre as primíparas, é comum que a inexperiência tenha como consequência a insegurança, principalmente na hora do parto; e considera-se que as multíparas, em virtude da experiência prévia, apresentam mais segurança e conhecimento sobre o ciclo gravídico-puerperal (BRASIL, 2006; SILVA et al. 2020), o que faz com que ocorra uma melhor interação entre ela e o profissional de saúde. Nas primíparas, essa vivência pode ser um pouco mais complexa, pois tudo é novo e a mulher tem maior necessidade de conhecer diversos aspectos inerentes ao período gestacional. 

O MS estabelece os seguintes atividades para se reconhecer uma assistência pré-natal adequada: realizar a primeira consulta de pré-natal até o quarto mês de gestação; realizar, no mínimo, seis consultas de pré-natal, sendo, preferencialmente, uma no primeiro trimestre, duas no segundo e três no terceiro trimestre de gestação; e uma consulta no puerpério até 42 dias após o nascimento; exames laboratoriais: ABO-Rh e Hemoglobina/Hematócrito, na primeira consulta; VDRL, Sumário de Urina e Glicemia em jejum, um exame na primeira consulta e outro próximo à trigésima semana de gestação; Oferta de testagem anti-HIV, com um exame na primeira consulta; Aplicação de vacina antitetânica até a dose imunizante do esquema recomendado ou dose de reforço em mulheres já imunizadas. Esses procedimentos proporcionam maior qualidade do acompanhamento e cuidado assistencial à mulher durante o pré-natal, principalmente, em conjunto com uma prática humanizada e acolhedora (BRASIL, 2000; SANTOS et al. 2022).  

Para explorar alguns aspectos considerados pelo MS, foram incluídas nas entrevistas questionamentos sobre comparecimento às consultas agendadas e realização de exames.

Dentre as entrevistadas, sete iniciaram o pré-natal no primeiro trimestre, realizaram no mínimo seis consultas (todas as participantes) e os exames solicitados, indicadores considerados como de uma assistência adequada do ponto de vista dos parâmetros objetivos do PHPN.

A adequação dos exames laboratoriais repetiu-se com as ultrassonografias obstétricas. No entanto, algumas entrevistadas referiram insatisfação com a quantidade solicitada pelo médico.

E uma coisa só que eu acho que deveria ter mais e que eu não consegui pelo pré-natal lá no posto, foi o ultrassom.” (P6)

E o ultrassom mesmo, só fiz um pelo posto, o que descobriu que eu estava grávida.” (P4)

No que se refere à utilidade deste exame, não existe comprovação científica de que, rotineiramente realizado, a ultrassonografia obstétrica tenha qualquer efetividade sobre a redução da morbi-mortalidade perinatal e materna. As evidências científicas atuais relacionam sua realização no início da gravidez com uma melhor determinação da idade gestacional, detecção precoce de gestações múltiplas e malformações fetais clinicamente não suspeitas. Os possíveis benefícios sobre outros resultados permanecem ainda incertos. A não realização de ultrassonografia durante a gestação não constitui omissão, nem diminui a qualidade do pré-natal. Motivo pelo qual, a solicitação de apenas uma ultrassonografia é a recomendação do MS, salvo casos de intercorrências e disponibilidade dos serviços para a realização do exame (BRASIL, 2016; BRASIL, 2021). Todavia, o desejo de repetir a realização do exame no decorrer da gestação pode relacionar-se ao fato de que, as mães, durante este momento, sentem-se mais seguras em relação à saúde e desenvolvimento do bebê (GRZYBOWSKI1 et al., 2020).

A ausculta dos batimentos cardíacos fetais é um procedimento de rotina preconizado pelo MS durante a consulta de pré-natal. E tem como objetivo, constatar a presença, o ritmo, a frequência e a normalidade destes batimentos (BRASIL, 2006). A fala a seguir, mostra uma insatisfação da entrevistada a respeito da ausência deste procedimento durante o seu atendimento.

Mas lá não tinha aquele aparelho que escutava o coraçãozinho, sabe?” (P4)

A percepção materna de uma gravidez tranquila surge a partir da constatação objetiva dos movimentos fetais, além do crescimento da barriga e da ausculta dos batimentos cardíacos fetais. Não poder observar qualquer destes parâmetros gera uma ansiedade quanto ao futuro desta gravidez (GOMES et al., 2019).

O Pré-Natal sob o olhar das puérperas

Esta primeira categoria analisada, destaca o significado e a compreensão que as entrevistadas tinham sobre o pré-natal. A partir de suas falas, elas manifestaram seus entendimentos e conhecimentos sobre a assistência pré-natal que lhes foi prestada.

Observou-se, a partir das falas de algumas puérperas, uma concepção de assistência baseada em protocolos, estando diretamente ligada à realização de consultas e exames.

“É os exames que precisa fazer tudo.” (P2)

“É um acompanhamento mesmo da gestação, né? As consultas e exames.” (P3)

“Eu entendo que é as consultas, os exames, essas coisas que faz enquanto a gente tá grávida, né? “(P6)

Para as puérperas entrevistadas o acompanhamento e a evolução da gravidez são expressões do cuidado com o bebê, ou seja, os relatos expressam a preocupação com a formação do feto que está sendo gerado.

“É o cuidado antes do bebê nascer. De atender a gente, examinar, ver se tá tudo certinho com a gente e com o bebê. “(P4)

“Eu entendo o cuidado que tem com a gente durante a gravidez, né? Acompanhando todo o desenvolvimento da criança. “(P8)

 “É fazer com que a gravidez seja a mais tranquila possível. Não deixar que tenha problemas, saber perceber o problema antes de ele aparecer. Para, se aparecer, saber tomar as providências.” (P9)

“Eu entendo que pré-natal é um cuidado que a gestante tem, no período da gestação. E que ali é a segurança da gestante, né?” (P6)

 “[…] mas o objetivo principal é o cuidado, né? Com tudo que envolve a mãe e o bebê. “(P7)

“Pra mim, é um cuidado que tem que ter com a grávida até quando o bebê nascer.” (P5)

Entre as entrevistadas, observou-se o entendimento de que o pré-natal pode auxiliar na prevenção ou no tratamento de complicações gestacionais existentes. E a compreensão de que nesses atendimentos o objetivo é buscar, sobretudo, avaliar a saúde da mulher e do feto e seu desenvolvimento, em todas as dimensões, identificando fatores de risco que possam impedir o curso normal da gravidez. O que é um fator importante, uma vez que favorece a adesão das mulheres a estes.

A Qualidade da Assistência

A assistência pré-natal de qualidade é um dos indicadores de saúde dos municípios e constitui ação fundamental na redução da morbidade e mortalidade materna e perinatal. Percebe-se uma interação entre o início precoce do pré-natal com o nível de escolaridade, visto que os investimentos para a melhoria da qualidade da assistência não se restringem somente à saúde, mas também à educação. Os profissionais de saúde durante as consultas de pré-natal devem explorar a oportunidade de interagir com essas gestantes, fortalecendo o vínculo e enfatizando a importância da realização do pré-natal, tornando-as integrantes ativas desse processo. O acesso a informações e a valorização da subjetividade da mulher, durante os atendimentos, possibilitam maior adesão ao acompanhamento pré-natal (BEZERRA; OLIVEIRA, 2021; NASCIMENTO et al., 2020).

A condução da entrevista deu às mulheres a possibilidade de externar uma percepção muito particular do atendimento que lhes foi dirigido. De um modo geral, para elas, a qualidade do atendimento foi boa, respondendo às suas necessidades.

“Eu fui muito bem atendida.” (P1)

“Ótimo. Me atendeu super bem. Fui super bem tratada.” (P2)

Fui bem atendida. Muito bem assistida, eu acho. Gostei muito.” P3

Assim, foi bom. Eu tive o apoio que era necessário.” P4

Fui bem atendida e tratada. Eles sempre foram bem atenciosos comigo. Me davam orientações.” P5

“Fui bem atendida. As meninas do posto são muito boas. Me tratam muito bem sempre.” (P6)

“Então, eu fui bem tratada, né? E muito bem atendida.” (P7)

“Muito bem tratada. E atendida.” (P8)

“Eu fui bem atendida. Me receberam e acompanharam muito bem.” (P9)

Na definição do que confere qualidade ao atendimento pré-natal, estas mulheres destacam o acolhimento dado pelos profissionais de saúde no sentido de “atenção”.

O acolhimento durante o atendimento pré-natal não consiste apenas em seguir rotinas estabelecidas, mas sim atender à mulher como um todo, ouvindo e atendendo-a em todos os seus dilemas, medos, anseios e curiosidades. No encontro do profissional com a pessoa, nas relações de vínculo e determinados compromissos que são estabelecidos nesses encontros, é possível estabelecer o melhor plano de intervenções e orientações para a gestante, respeitando as suas necessidade (CASTRO; RACHED, 2019; BEZERRA; OLIVEIRA, 2021).

Observado enquanto forma de escuta das demandas pessoais, o acolhimento surge nas entrevistas como mais um critério para avaliação da qualidade do atendimento recebido no pré-natal.  A satisfação das puérperas em relação à assistência pré-natal era sempre relacionada à atenção recebida dos profissionais que as atendiam. Isso mostra que elas associam a qualidade do atendimento ao modo como foram tratadas.

A Educação em Saúde

O conceito de educação em saúde está ancorado no conceito de promoção da saúde, que trata de processos que abrangem a família e comunidade, tornando-os sujeitos ativos, a partir do encorajamento ao controle e responsabilização pela própria  saúde e consequentemente, construindo ambiente propício à redução de riscos e agravos (CONCEIÇÃO et al., 2020).

Dentro da Atenção Primária, destaca-se a educação em saúde, como estratégia de promoção à saúde neste processo de conscientização individual e coletiva de responsabilidades e de direitos à saúde, estimulando ações que atendam aos princípios do SUS. A partir deste enfoque, elegem estratégias didáticas que conduzam a uma transformação dos indivíduos socialmente inseridos no mundo, ampliando sua capacidade de compreensão da complexidade dos determinantes de ser saudável.

As educações em saúde, durante o pré-natal, possibilitam o incremento do conhecimento da mulher e da família, acerca do período gravídico-puerperal. Dessa forma, estimula o empoderamento da gestante, tornando-a protagonista da construção do plano de cuidados e tomadas de decisões referentes à sua saúde e do seu filho (CAMPAGNOLI; SILVA; RESENDE, 2019; PEIXOTO et al., 2020).

Entender o pré-natal como uma época de preparação física e psicológica para o parto e para a maternidade é importante para que os profissionais de saúde criem momentos de aprendizado e utilizem a educação em saúde como uma das dimensões do cuidar. Neste contexto, a educação em saúde deve ser vista como uma estratégia dialógica para a promoção da saúde. Tal relação pôde ser observada nas falas das puérperas entrevistadas:

“Me deram atenção, me explicaram o que eu não sabia.” (P9)

“Todo mundo me respondeu todas as minhas perguntas, tiraram todas as minhas dúvidas, me esclareceram toda vez que eu tinha alguma pergunta ou alguma dúvida.” (P2)

As orientações de cuidado pré-natal, sempre devem englobar cuidados relativos à alimentação, repouso, atividade física, controle de peso, medicação entre outros. No entanto, os serviços de saúde nem sempre respondem às necessidades e expectativas sentidas pelas mulheres durante a gestação, pelo fato de, muitas vezes, não disporem de profissionais habilitados a realizar educação em saúde.

Uma das puérperas entrevistadas teve uma gestação de alto risco devido a um aborto espontâneo em gestação anterior. E com relação a isso, ela diz:

“Ninguém me mandou fazer repouso ou me falou que essa gravidez tinha que ser diferente da outra, já que era gravidez de risco. Tipo que ter mais cuidados. Então eu acho que talvez isso fez meu bebê nascer antes da hora, sabe?” (P4)

Tendo em vista o descrito acima, observa-se que devem ser respeitadas as especificidades de cada gestação, objetivando uma assistência adequada a cada realidade.

Também deve ser observado, qual a compreensão e conhecimento que as mulheres têm sobre seus direitos e o serviço que lhe está sendo ofertado. É importante considerar que o esclarecimento da mulher a respeito dos seus direitos reprodutivos, é um dos pilares do Programa de Humanização do Parto e Nascimento. A humanização ao longo do período gravídico-puerperal, origina-se ainda no pré-natal, no qual as gestantes recebem informações indispensáveis acerca dos seus deveres e direitos, permitindo construir um processo circundado pelo respeito às suas escolhas (FREITAS et al., 2021).

Neste contexto, algumas atividades de educação em saúde foram consideradas insatisfatórias, mostrando que diante de tantas mudanças biopsicossociais, compartilhar reflexões e dúvidas, trocar informações objetivas sobre a experiência da gestação, parto e pós-parto, bem como se prepararem para as experiências que viveriam é importante. Conforme depoimentos abaixo.

“Então ter mais encontros, com as gestantes, ter um apoio, ensinar, né? Para as mães de 1ª viagem. E até mesmo, como eu que não sou, mas mesmo assim parece que é o 1º filho. Então servia para tirar dúvidas também. Então devia ter mais grupos de apoio.” (P6)

“Então uma das ações que eu acho importantes é preparar a mulher para o momento do parto, porque eu acho que é o mais difícil, né? Então eu acho que ficou a desejar”. (P7)

A criação de grupos de apoio, com o objetivo de oferecer suporte para uma vivência plena do período gestacional e o desenvolvimento de cuidados adequados durante a gravidez, parto e puerpério, e, também, preparo para a maternidade, são considerados como forma de humanização da assistência à gestante, de acordo com o MS. Estes grupos têm o objetivo de complementar o atendimento das consultas individuais, e incentivar as gestantes na adoção de hábitos mais adequados e saudáveis, diminuindo suas ansiedades e medos relativos ao período gestacional.

Entre as puérperas entrevistadas, duas relataram que participaram deste tipo de atividade.

“Sobre a amamentação. Foi a única que eu fui convidada.” (P2)

“Participei de três reuniões. Ou é Grupo? Não sei como chama. Mas participei. A Agente de Saúde me chamava e eu ia.” (P5)

Outras duas relataram que foram convidadas, no entanto não puderam comparecer:

“Fui encaminhada mas não participei porque estava na semana de provas da faculdade, então não foi possível eu participar.” (P3)

“O que teve e eu fui convidada, eu não pude ir. Mas não me lembro o porquê. “(P9)

As demais relataram que desconheciam a existência das reuniões ou que não foram convidadas.

“Eu acho que no Posto de Saúde têm a reunião de gestantes porque minha vizinha me falou. Mas eu não fui encaminhada, eu não fiquei sabendo.” (P1)

“Fui não. Não fui convidada para nada.” (P4)

“Não fui encaminhada e nem convidada. Nem sei se tem isso aqui no Posto. Então pra mim não fez tanta falta não participar de reunião de gestante. Mas nesse caso eu acho que devia ter mais apoio para as mães que vão ter o seu 1º filho.” (P6)

“Não sei se tinha não. Pelo menos eu não fiquei sabendo.” (P7)

“Não fui convidada. Lá nem sei se tem.” (P8)

Pudemos identificar que as gestantes compreendem o processo de educação em saúde no sentido das orientações recebidas e dúvidas esclarecidas, e atribuem valor positivo a essa atividade. Porém, quando a educação em saúde é realizada no formato de grupos ou reuniões, para elas, a importância diminui.

Há de se observar que existem vários meios para que a educação em saúde seja realizada tais como grupos de gestantes e jogos educativos (CARDOSO et al., 2019). No entanto, é importante que a abordagem educativa esteja presente em todas as ações de promoção da saúde e prevenção e tratamento das doenças, facilitando a incorporação de ideias e práticas ao cotidiano das mulheres.

O acompanhante

O direito à presença de um acompanhante para a mulher durante todo o ciclo gravídico-puerperal, foi garantido em 07 de abril de 2005, com a Lei no. 11.108. Foi regulamentado pela Portaria no. 2418 do MS de 02 de dezembro de 2005. O surgimento desta lei e o incentivo à participação do acompanhante ocorreram devido ao reconhecimento de que esta prática contribui para a humanização do parto e nascimento. Decorrente das dificuldades estabelecidas pelo trabalho, o estabelecimento de leis respalda a participação do pai durante o pré-natal. A presença do acompanhante nos atendimentos tem sido uma prática preconizada, uma vez que, participando dos junto com a gestante, o parceiro é capaz de compreender as mudanças que surgirão ao longo do período gestacional (SANTOS et al. 2022). 

Questionadas sobre a presença do acompanhante durante o pré-natal, das nove puérperas entrevistadas, três informaram que tinham a presença do mesmo.

“Umas eu fui com minha mãe, as outras, meu namorado foi comigo.” (P2)

“O pai participou das consultas e ultrassom.” (P5)

“Meu marido participava de tudo.” (P7)

Três relataram que nem sempre os acompanhantes podiam participar do pré-natal:

“Fui sozinha, porque ela trabalha de dia. Aí nem dava. “(P1)

“Quando ele podia, ele ia na consulta ou no exame. Mas nem sempre dava por causa do serviço dele.” (P6)

“Algumas. Porque como ele trabalha, aí às vezes era difícil.” (P8)

“Algumas vezes ele ia comigo nas consultas e nos exames. Mas o horário era difícil pra ele.” (P9)

O trabalho é um fator que dificulta a participação dos pais nas consultas de pré-natal, pois as mesmas acontecem em horário comercial, tornando-se pouco favoráveis à sua inclusão. No entanto, o desconhecimento dos direitos básicos do cidadão também interfere. A Lei no. 13.257 de 08 de Março de 2016, em seu artigo 37, altera a Consolidação das Leis do Trabalho, em seu artigo 473, dizendo que o homem tem direito a atestado médico para acompanhar sua esposa ou companheira durante o atendimento pré-natal.

Muitos pais ainda desconhecem este direito, atribuindo sua presença ou não à decisão dos profissionais.  Destaca-se então a importância que os profissionais de saúde têm neste processo, no sentido de estarem atualizados em relação à legislação que protege a maternidade para assim, informar e promover o seu pleno exercício pelos pais, o que parece ser uma lacuna na assistência prestada.

Outras três entrevistadas relataram ter passado por toda a assistência desacompanhadas, mesmo as três sendo casadas com os pais de seus filhos.

“Nas consultas ele não foi não, porque eu achava que não precisava. Porque estava tudo bem mesmo. “(P3)

“Ah, no início ele não aceitava né? Que eu estava grávida. E depois é porque ele sempre estava ocupado. Aí eu ia sozinha mesmo.” (P4)

O fato do homem não estar presente nas consultas, não significa que ele não esteja oferecendo suporte à sua parceira, pois o apoio pode acontecer de diferentes modos e atitudes (BRASIL, 2011).  Mas, a importância da participação do acompanhante durante a gestação e parto está relacionada à minimização dos sentimentos de ansiedade e solidão nestes momentos. A presença de alguém conhecido visa proporcionar às mulheres o suporte contínuo e efetivo que precisarem, sentindo-se mais confiantes e seguras (SANTOS et al. 2022).

Desta forma, preconiza-se que o cuidado na gestação e no parto deve ser desenvolvido na perspectiva da integralidade, levando em conta as necessidades biopsicossociais das mulheres, seus filhos e famílias, respeitando sua autonomia. O acolhimento ao acompanhante de escolha da mulher, não oferecendo obstáculos à sua participação no pré-natal, é uma das condutas que remetem à humanização da assistência.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo limita-se pelo fato de gerar inferências, uma vez que é qualitativo e com análise de conteúdo. Bem como a presença do pesquisador pode provocar alterações comportamentais nos observados. 

Mas consideramos que a forma como as mulheres percebem a assistência pré-natal, ainda tem como referência a realização de consultas, exames e a cordialidade dos profissionais. O que demonstra uma concepção restrita diante do que é preconizado quando se fala da atenção integral à saúde da mulher. Parece haver uma valorização no que diz respeito a ser bem tratada, às consultas, número de ultrassons, outros exames, e não especificamente sobre informações a respeito dos seus direitos no ciclo gravídico-puerperal.

REFERÊNCIAS 

AGUIAR, Wanda M. J. de ;  OZELLA, Sergio. Apreensão dos sentidos: aprimorando a proposta dos núcleos de significação. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, v. 94, n. Rev. Bras. Estud. Pedagog., p. 299-322, jan./abr. 2013. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbeped/a/Y7jvCHjksZMXBrNJkqq4zjP/abstract/?lang=pt#.

BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.

BEZERRA, Tamires B.; OLIVEIRA, Camila A. N. A percepção de puérperas sobre a assistência recebida no pré-natal. Revista de Enfermagem UFPE on line, v. 15, n. 2, 7 set. 2021.Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/view/247826/39301. DOI: https://doi.org/10.5205/1981-8963.2021.247826.

BRASIL. Ministerio da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Principais Questões sobre Exames de Rotina do Pré-Natal. 2021 Disponível em: https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/atencao-mulher/principais-questoes-sobre-exames-de-rotina-do-pre-natal/.

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1Mestre em Saúde, Sociedade e Ambiente. Universidade Estadual de Montes Claros, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Departamento de Assistência em Enfermagem. hellenjulliana@bol.com.br
2Doutorado em Ciências Sociais. Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – Campus JK, Departamento de Nutrição. hellenjulliana@bol.com.br
3Pós-Doutorado em Saúde Coletiva. Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – Campus JK, Departamento de Nutrição. hellenjulliana@bol.com.br
4Pós-doutorado em Enfermagem. Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – Campus JK, Departamento de Enfermagem. hellenjulliana@bol.com.br
5 Graduanda do Curso de Enfermagem. Universidade Estadual de Montes Claros. taynag1d@gmail.com. 
6Pós-Doutorado em Ciências da Saúde. Universidade Estadual de Montes Claros, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Departamento de Assistência em Enfermagem. hellenjulliana@bol.com.br