COMPREENDENDO AS CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DE INTERNAÇÕES POR INSUFICIÊNCIA CARDÍACA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7708956


Fábio Farias Balduino1
Izabella Ramos Leal Cerqueira1
Jordana Luara Silva De Souza1
Kecyani Lima Dos Reis2
Keurry Lourhane Da Costa Silva3
Liamara Neves Silva Lisbôa4
Maysa Santos Faria1
Marqueyd Araujo Barros5
Mércia Rodrigues Lacerda6
Milena Cristiane De Freitas Soares Rodrigues1
Percília Augusta Santana Da Silva7
Rayssa Raymara Amaral De Oliveira1
Walquiria Magalhães Balieiro1


RESUMO

Introdução: A Insuficiência cardíaca (IC) é uma grave problemática de saúde pública, caracterizada como uma doença crônica decorrente de disfunção estrutural e/ou funcional do coração, de caráter progressivo que altera a qualidade de vida do indivíduo afetado, estando associada à ocorrência significativa de desfechos duros, como internação hospitalar e morte. Objetivos: Analisar dados da literatura nacional e internacional acerca das características clínicas e sociodemográficas das hospitalizações por insuficiência cardíaca. Materiais e métodos: Trata-se de uma revisão integrativa de literatura com seleção de 11 artigos relacionados à internação por Insuficiência Cardíaca. Resultados: Pacientes do sexo masculino apresentaram predominância nas hospitalizações analisadas pelos estudos. 10 estudos apresentaram maior taxa de hospitalizações em indivíduos com faixa etária maior ou igual a 60 anos, com predominância do número de desfechos fatais neste intervalo de idade, representando um importante fator de risco. Discussão: Apenas 4 pesquisas descreveram a fração de ejeção do ventrículo esquerdo dos pacientes internados por insuficiência cardíaca. A análise de comorbidades presentes em indivíduos hospitalizados por IC ocorreu em 7 pesquisas, sendo a Hipertensão Arterial Sistêmica a doença mais prevalente. Outrossim, o número absoluto de internações, bem como a taxa de mortalidade por essa doença tem aumentado. Conclusão: A IC deve ser mais amplamente estudada e conhecida, a fim não só de desenvolver novos tratamentos, mas principalmente de preveni-la, ajudando na diminuição de custos no Sistema Público de Saúde.

PALAVRAS-CHAVE: Insuficiência cardíaca; Hospitalização; Mortalidade.

ABSTRACT

Introduction: Heart failure (HF) is a serious public health problem, characterized as a chronic disease resulting from structural and/or functional dysfunction of the heart, of a progressive nature that alters the quality of life of the affected individual, being associated with the significant occurrence of hard outcomes such as hospitalization and death. Objectives: To analyze data from the national and international literature about the clinical and sociodemographic characteristics of hospitalizations for heart failure. Materials and methods: This is an integrative literature review with a selection of 11 articles related to hospitalization for heart failure. Results: Male patients predominated in the hospitalizations analyzed by the studies. 10 studies showed a higher rate of hospitalizations in individuals aged greater than or equal to 60 years, with a predominance of the number of fatal outcomes in this age range, representing an important risk factor. Discussion: Only 4 studies described the left ventricular ejection fraction of patients hospitalized for heart failure. The analysis of comorbidities present in individuals hospitalized for HF occurred in 7 studies, with Systemic Arterial Hypertension being the most prevalent disease. Furthermore, the absolute number of hospitalizations, as well as the mortality rate for this disease, has increased. Conclusion: HF should be more widely studied and known, in order not only to develop new treatments, but mainly to prevent it, helping to reduce costs in the Public Health System.

KEYWORDS: Heart failure; Hospitalization; Mortality.

1 INTRODUÇÃO

A Insuficiência cardíaca (IC) é uma grave problemática de saúde pública, caracterizada como uma doença crônica decorrente de disfunção estrutural e/ou funcional do coração, de caráter progressivo que altera a qualidade de vida do indivíduo afetado, estando associada à ocorrência significativa de desfechos duros, como internação hospitalar e morte (NIGUEIRA, 2010; FIGUEIREDO, 2019).

É uma síndrome complexa de caráter sistêmico, definida como disfunção cardíaca que, na presença de retorno venoso normal, não é capaz de promover suprimento sanguíneo adequado para atender as necessidades metabólicas tissulares, podendo somente fazê-lo com pressões elevadas de enchimento (BROD, 2014).

Insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome clínica complexa, na qual o coração é incapaz de bombear sangue de forma a atender às necessidades metabólicas tissulares, ou pode fazê-lo somente com elevadas pressões de enchimento. Tal síndrome pode ser causada por alterações estruturais ou funcionais cardíacas e caracteriza-se por sinais e sintomas típicos, que resultam da redução no débito cardíaco e/ou das elevadas pressões de enchimento no repouso ou no esforço (MANN et al., 2015).

A insuficiência cardíaca apresenta uma variedade de fatores relacionados à sua etiologia, tais fatores constituem elementos capazes de gerar distúrbios na estrutura ou na função do ventrículo esquerdo; a avaliação etiológica faz-se fundamental, haja vista que o prognóstico e o tratamento específico podem diferir de acordo com os diferentes fatores causais (SAHAN, 2016). Cinco etiologias têm maior destaque na população brasileira, são elas: hipertensão arterial, cardiopatia isquêmica, cardiopatia tóxica, valvulopatias e doença de Chagas, sendo esta última mais evidenciada em estados da região norte do Brasil (ALBUQUERQUE et al., 2015; FREITAS, 2017).

Aproximadamente 23 milhões de pessoas são acometidas pela IC mundialmente, com altos índices de incidência e prevalência explicitados pela persistente elevação de hospitalizações e óbitos (BARRETO, 2017). De acordo com dados do Ministério da Saúde, entre janeiro de 2015 e dezembro de 2020 foram registradas 6.713.107 internações por doenças do aparelho circulatório, a IC foi responsável por 1.212.462 destas internações, sendo que 134.733 indivíduos com IC apresentaram desfecho fatal (BRASIL, 2021).

Estima-se, de acordo com projeções, que a prevalência da IC aumentará cerca de 46% até 2030 (GO et al., 2014). Esse intenso incremento na prevalência deve-se, principalmente, aos avanços dos cuidados da doença isquêmica e da evolução do tratamento desta doença (com o desenvolvimento de medicamentos e dispositivos) e ao envelhecimento populacional, refletindo no crescimento dos custos relacionados às internações hospitalares para o Sistema de Saúde (MOZAFFARIAN et al., 2016).

A IC é classificada, de acordo com a New York Heart Association (NYHA), em 4 classes funcionais, baseada na extensão dos sinais e sintomas do indivíduo acometido (DI NASO, 2011). A NYHA realiza a estratificação do grau de limitação ocasionado pela insuficiência cardíaca através de análise da expressão sintomática desta patologia, com o escore que varia de I-IV, sendo fundamental para avaliar a qualidade de vida do paciente, assim como analisar relação com critérios de predição independente de mortalidade (INGLE et al., 2007).

A IC descompensada (ICD) é expressão frequente da IC, podendo ser a representação de um quadro agudo ou a exacerbação de IC crônica, resultando em grande número de hospitalizações, além de marcar uma mudança fundamental na história natural de progressão da doença; as taxas de mortalidade no ano seguinte à internação por IC são mais elevadas do que naqueles que não foram internados, a hospitalização, então, permanece como um dos fatores de risco mais importantes para a mortalidade (MANGINI et al., 2008; MONTERA, 2012). Nos Estados Unidos, dados demonstram aproximadamente um milhão de internações por ano por ICD, sendo a principal causa de hospitalização entre os indivíduos acima de 65 anos (HUNT et al., 2005). De forma semelhante, no Brasil a ICD também é causa frequente de internação proporcionando altos custos ao sistema de saúde brasileiro anualmente (MANGINI et al., 2008).

A partir desta problemática, faz-se necessário verificar as condições clínicas e sociodemográficas que expressam maior associação com a alta prevalência de IC no Brasil e no mundo. Outrossim, o acometimento por esta patologia gera aos pacientes redução brusca na qualidade de vida, interferindo no bem-estar, sobretudo de pacientes com idade mais elevada, podendo determinar a ocorrência de variáveis níveis de limitação funcional (INGLE et al., 2017; HUNT et al., 2005).

Dessa forma, a proposta do estudo é analisar as características clínicas e sociodemográficas que predominam nas internações hospitalares por IC, contribuindo para o conhecimento de variáveis que alteram o curso natural de progressão da doença, a fim de viabilizar o desenvolvimento de estratégias de saúde capazes de agir nestas condições e interferir no índice de hospitalizações por insuficiência cardíaca.

2 METODOLOGIA

2.1 Tipo de estudo

Trata-se de uma Revisão Integrativa da Literatura (RIL), sendo este um método que proporciona a síntese do conhecimento e a incorporação da aplicabilidade de resultados de estudos significativos na prática (SOUZA, SILVA, CARVALHO, 2010). Onde para Souza (2010, p.2)

Este método de pesquisa tem como princípios gerais a exaustão na busca dos estudos analisados, a seleção justificada dos estudos por critérios de inclusão e exclusão explícitos e a avaliação da qualidade metodológica, bem como a quantificação do efeito dos tratamentos por meio de técnicas estatísticas (MENDES, 2008).

2.2 Local de estudo

Constitui-se um estudo de dados secundários, que utilizou as seguintes bases de dados para identificar as publicações científicas: Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs),e Scientific Eletronic Library Online (SciELO).

Tais bases de dados são coleções de informações, cujo objetivo é armazenar virtualmente as informações de modo a facilitar na organização, manutenção e pesquisa dos dados encontrados (SOUZA, SILVA, CARVALHO, 2010).

2.3 Amostra e coleta de dados

Para guiar o desenvolvimento do presente trabalho, formulou-se as seguintes questões norteadoras: “Quais os determinantes das hospitalizações de indivíduos por Insuficiência cardíaca?”. Selecionou-se a pergunta da pesquisa através da utilização do acrônimo PICO, sendo Paciente (indivíduos com insuficiência cardíaca), Intervenção (não utilizado), Comparação (não utilizado) e Outcomes (Hospitalização).

A seleção do material foi realizada através de busca bibliográfica utilizando os seguintes descritores: Insuficiência cardíaca; Hospitalização; Mortalidade, na qual utilizou-se “AND” como Operador Booleano entre os descritores, onde a busca foi realizada nas bases de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), Scientific Electronic Library Online (SciELO) e estudos em livros da saúde especificamente livros de cardiologia.

2.4 Análise de dados

Os artigos selecionados após a leitura na íntegra, foram anexadas em um banco de dados estruturados no Microsoft Excel® 2016 e organizados de forma a apresentarem informações sobre os artigos alusivo a procedência, título, nomes dos (s), autor(es), ano da publicação e objetivos, analisando assim o desfecho dos estudos, apresentando os resultados em tabelas no Word.

2.5- Critério de Inclusão e exclusão

2.5.1 Critério de Inclusão

Foram selecionados artigos publicados nas bases de dados citadas, nos anos de 2018 á 2022 escritos em Português, pesquisas realizadas em seres humanos e textos publicados no íntegra definidos de acordo com os descritores propostos.

2.5.2 Critério de Exclusão

Optamos como estratégia metodológica não utilizar artigos que possuírem texto incompleto, teses, cartas, documentários, dissertações e resumos de eventos e aqueles na qual os objetivos não se enquadrem na resposta ao tema proposto.

2.6 Riscos e benefícios

Por tratar-se de uma pesquisa que utilizou dados secundários disponíveis em bases de domínio público, não foi necessário a autorização do Comitê de Ética em Pesquisa, contudo, assegura-se por parte dos pesquisadores aspectos éticos, garantindo a autoria dos artigos pesquisados, sendo utilizado para citações e referências dos autores as normas da Associação Brasileiras de Normas Técnicas – ABNT.

3 RESULTADOS

Foram encontrados inicialmente 88 artigos, dentre os quais 11 foram incluídos, conforme a temática. Analisando o ano de publicação dos artigos, observou-se que 3 artigos foram publicados em 2019, outros 3 em 2018, 2 em 2020, 2 em 2017 e 1 (um) periódico foi publicado em 2016.

Pacientes do sexo masculino apresentaram predominância nas hospitalizações analisadas pelos estudos (PEREIRA et al., 2016; POFFO et al., 2017; WAJNER et al., 2017; SQUADRONI et al., 2018; CARDOSO et al., 2018; LISBOA et al., 2018; DIAZTAGLE-FERNÁNDEZ et al., 2019; BARBOSA et al., 2019; COSTA et al., 2019; PEREIRA, 2020), enquanto apenas 1 artigo demonstrou maior índice de internações hospitalares em mulheres (FERNANDES et al., 2020).

Quanto à idade dos pacientes, dez estudos apresentaram maior taxa de hospitalizações em indivíduos com faixa etária maior ou igual a 60 anos, com predominância do número de desfechos fatais neste intervalo de idade, representando um importante fator de risco (PEREIRA et al., 2016; POFFO et al., 2017; WAJNER et al., 2017; SQUADRONI et al., 2018; CARDOSO et al., 2018; LISBOA et al., 2018; DIAZTAGLE-FERNÁNDEZ et al., 2019; BARBOSA et al., 2019; PEREIRA, 2020; FERNANDES et al., 2020).

A fração de ejeção do ventrículo esquerdo dos pacientes internados por insuficiência cardíaca foi descrita por quatro pesquisas (BARBOSA et al., 2019; COSTA et al., 2018; SQUADRONI et al., 2018; WAJNER et al., 2017), como representado no Quadro 1.

Quadro 1 : Fração de ejeção do ventrículo esquerdo de indivíduos internados com IC

ArtigoFração de ejeção reduzida (%)Fração de ejeção preservada (%)
Hemoglobina e sódio séricos: Marcadores prognósticos precoce na Insuficiência cardíaca descompensada77,50%22,50%
Infecção em pacientes com Insuficiência cardíaca descompensada: Mortalidade hospitalar e evolução65,40%34,60%
Registro de pacientes com Insuficiência cardíaca aguda em la unidad coronaria del Hospital Privado del Sur de Bahía Blanca52,90%47,10%
Causas e preditores de mortalidade intra-hospitalar em pacientes que internam com ou por Insuficiência cardíaca em Hospital terciário do Brasil43,10%56,90%

Fonte: Autores, 2023.

A análise de comorbidades presentes em indivíduos hospitalizados por IC ocorreu em 7 pesquisas, sendo que em 6 estudos a Hipertensão Arterial Sistêmica foi mais prevalente (COSTA et al., 2019; BARBOSA et al., 2019; DIAZTAGLE FERNÁNDEZ et al., 2019; SQUADRONI et al., 2018; POFFO et al., 2017; COSTA et al., 2019) e em apenas 1 (um) artigo identificou-se predominância de Diabetes Mellitus entre os pacientes admitidos (CARDOSO et al., 2018). Outrossim, o número absoluto de internações, bem como a taxa de mortalidade dos estudos incluídos é descrita no Quadro 2.

Quadro 2 : Taxa de mortalidade observada nos estudos incluídos

ArtigoNúmero absoluto de internações  Taxa de mortalidade
A Insuficiência cardíaca em uma cidade brasileira mineira: um panorama epidemiológico de 10 anos.16338  8,10 %
Associação dos diagnósticos de enfermagem da NANDA internacional com hospitalização e morte em Insuficiência cardíaca.10215,58%
Hemoglobina e sódio séricos: Marcadores prognósticos precoce na Insuficiência cardíaca descompensada4017,50%
Associação entre hiponatremia, mortalidade e internação hospitalar em pacientes com Insuficiência cardíaca descompensada1629,20%
Infecção em pacientes com Insuficiência cardíaca descompensada: Mortalidade hospitalar e evolução26021,50%
Causas e preditores de mortalidade intra-hospitalar em pacientes que internam com ou por Insuficiência cardíaca em Hospital terciário do Brasil205617,60%
Perfil dos pacientes internados por Insuficiência cardíaca em Hospital terciário81611,20%

Fonte: Autores, 2023.

4 DISCUSSÃO

A insuficiência cardíaca é a principal causa de hospitalizações em pacientes com faixa etária acima dos 65 anos na Europa e nos Estados Unidos. A ocorrência de outros distúrbios cardíacos em pacientes com idade mais elevada destaca-se como importante fator de risco para acometimento por IC (BORGES et al., 2017; GRACIANO, 2015). Assim, os resultados da presente análise integrativa corroboram o que é descrito na literatura, salientando-se que o processo de envelhecimento populacional proporciona aumento do número absoluto de pacientes que apresentam fatores de risco para ocorrência de IC (BOCCHI et al., 2012).

Estudos indicam que a IC é uma patologia com predominância entre homens (BORGES et al., 2017; VIANA, 2018). Sabe-se que a displicência no processo de busca aos serviços da atenção básica por parte de pacientes do sexo masculino torna-os mais susceptíveis à ocorrência de doenças crônicas e de gravidade elevada (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008), a literatura também descreve que homens expressam evolução de IC com pior prognóstico (TUPPIN et al., 2013).

Dentre as principais classificações da Insuficiência cardíaca, tem-se a classificação quanto à Fração de ejeção do ventrículo esquerdo, sendo o paciente classificado com IC com fração de ejeção preservada (FEVE maior ou igual a 50%), fração de ejeção reduzida (FEVE menor que 40%) ou fração de ejeção intermediária (FEVE entre 40 e 49%) (PONIKOWSKI et al., 2016). É importante ressaltar que a mortalidade entre os indivíduos internados por IC apresenta maior taxa entre os que apresentam FEVE reduzida, seguidos dos que apresentam FEVE intermediária (ROHDE et al., 2018). Assim, faz-se necessário estabelecer medidas que permitam o melhor diagnóstico e tratamento de indivíduos com IC de fração de ejeção preservada, bem como os que apresentam IC de fração de ejeção intermediária, estes particularmente devem ser ainda mais cuidadosamente avaliados pois podem facilmente transitar para uma das outras duas classes, no caso de recuperação ou piora da fração de ejeção (BUTLER et al., 2014; KALOGEROPOULOS et al., 2016).

A hipertensão arterial, uma das doenças mais prevalentes em todo o mundo, encontra-se fortemente associada à insuficiência cardíaca, sendo tanto causa, como fator de agravamento da doença. Isso ocorre, principalmente, pelo papel da hipertensão de contribuir para o desenvolvimento de insuficiência coronária, a principal causa de insuficiência cardíaca do mundo moderno (BARRETTO, 2001).

Segundo Silva e colaboradores (2020), as comorbidades hipertensão (58,4%), diabetes (34,4%) e dislipidemia (27,2%) foram as mais prevalentes em pacientes com IC. A hipertensão arterial sistêmica é reconhecida como importante fator de risco para doenças cardíacas e costuma ocorrer mais em mulheres, enquanto, nos homens, prevalece a doença arterial coronariana (BITTENCOURT et al, 2014).

De acordo com dados do Sistema Único de Saúde (SUS), em 2007, a IC foi responsável por 2,6% das hospitalizações e por 6% dos óbitos registrados, sendo também responsável por uso de 3% do total de recursos utilizados para atender todas as internações. Esse número de internações tem aumentado devido ao envelhecimento populacional e à melhora dos cuidados da doença isquêmica e de novos tratamentos, com medicamentos e desenvolvimento de novos dispositivos. Além disso, os pacientes internados por IC têm elevada taxa de eventos (> 50%), com taxa de mortalidade entre 10 e 15% e de re-hospitalização em até 6 meses após a alta de 30 a 40% (MESQUITA et al, 2017).

5 CONCLUSÃO

A internação por Insuficiência Cardíaca, como um grave problema de saúde pública, associa-se a doenças prevalentes, como hipertensão e diabetes e, também, às condições socioeconômicas da população, características apresentadas nos resultados da presente pesquisa.

Outrossim, a predominância indiscutível de hospitalizações em indivíduos com faixa etária igual ou superior aos 60 anos expressa a necessidade do desenvolvimento de políticas públicas que proporcionem alcance mais efetivo dos serviços de profissionais de saúde, possibilitando um processo de bem-estar e de envelhecimento saudável destes indivíduos.

Espera-se que esta pesquisa auxilie o desenvolvimento de estudos sobre internações hospitalares por insuficiência cardíaca e suas implicações ao paciente e ao sistema de saúde brasileiro. Isso proporcionará maior investigação e debate sobre a temática, sendo importante não só por desenvolver novos tratamentos, mas principalmente por proporcionar meios mais amplos de prevenção, ajudando na diminuição de custos no Sistema Público de Saúde e na qualidade de vida do paciente.

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, D. C. et al. Investigadores Estudo BREATHE. I Registro Brasileiro de Insuficiência Cardíaca: aspectos clínicos, qualidade assistencial e desfechos hospitalares. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 104, n. 6, p. 433-42. 2015.

BARBOSA, R. R. et al. Hemoglobina e sódio séricos: Marcadores prognósticos precoce na Insuficiência cardíaca descompensada. Insuficiência Cardíaca, v. 14, n. 1, p. 7-11, 2019.

BARRETTO, A. C. P. Hipertensão arterial e insuficiência cardíaca. Revista Brasileira de Hipertensão, v. 8, p. 339-43, 2001.

BARRETTO, A. C. P. Descomplicando a IC. São Paulo: Segmento Farma, 2017.

BITTENCOURT, M. et al. Importância do diagnóstico etiológico na insuficiência cardíaca idiopática. Revista Brasileira de Cardiologia, v. 27, n. 2, p. 128-130, 2014.

BOCCHI, E. A, et al. Atualização da diretriz brasileira de insuficiência cardíaca crônica. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 98, sup. 1, p. 1-33, 2012.

BORGES, N. L. C. et al. Perfil de morbidade por insuficiência cardíaca no município de Montes Claros através de dados do DATASUS. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 1, sup. 5, p. 256–61, 2017.

BRASIL, Ministério da Saúde. Banco de dados do Sistema único de Saúde – DATASUS. Informações de saúde, epidemiológicas e Morbidade.

BROD, M. S. Determinantes da atividade física habitual na insuficiência cardíaca crônica. 2014. Monografia (Programa de pós-graduação) – Ciências da Saúde – Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, Porto Alegre, 2014.

BUTLER, J. et al. Developing therapies for heart failure with preserved ejection fraction: current state and future directions. JACC Heart Failure, v. 2, n. 2, p. 97-112, 2014.

CARDOSO, J. N. et al. Infecção em pacientes com Insuficiência cardíaca descompensada: Mortalidade hospitalar e evolução. Arquivos brasileiros de cardiologia, v. 110, n. 4, p. 364-370, 2018.

COSTA, M. B. et al. Associação dos diagnósticos de enfermagem da NANDA internacional com hospitalização e morte em Insuficiência cardíaca. Nursing, v. 22, n. 250, p. 2783-2787, 2019.

DI NASO, F. C. et al. A classe da NYHA tem relação com a condição funcional e qualidade de vida na insuficiência cardíaca. Revista Fisioterapia e Pesquisa, v. 18, n. 2, p.157-63, 2011.

DIAZTAGLE-FERNÁNDEZ, J. J. et al. Associação entre hiponatremia, mortalidade e internação hospitalar em pacientes com Insuficiência cardíaca descompensada. MedUNAB, v. 22, n. 3, p. 294-303, 2019.

FERNADES, A. et al. Insuficiência cardíaca no Brasil subdesenvolvido: Análise de tendência de 10 anos. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 114, n. 2, p. 222-231, 2020.

FREITAS, A. K. E. DE; CIRINO, R. H. D. Manejo ambulatorial da insuficiência cardíaca crônica. Revista Médica da UFPR, v. 4, n. 3, p. 123-136, 2017.

GO, A. S. et al. American Heart Association Statistics Committee and Stroke Statistics Subcommittee. Heart disease and stroke statistics–2014 update: a report from the American Heart Association. Circulation, v. 129, n. 3, e. 28-e292, 2014.

GRACIANO, M. M. C. et al. Epidemiological and assistance care profile of patients with heart failure in a regional reference municipality. Revista Médica de Minas Gerais, v. 25, n. 2, p. 199–207, 2015.

HUNT, S. A. et al. Guideline Update for the Diagnosis and Management of Chronic Heart Failure in the Adult. A Report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines (Writing Committee to Update the 2001Guidelines for the Evaluation and Management of Heart Failure). Circulation, v. 112, n. 12, p. 154-235, 2005.

INGLE, I. et al. Prognostic value of the 6 min walk test and self-perceived symptom severity in older patients with chronic heart failure. Heart, v. 28, p. 560-568, 2007.

KALOGEROPOULOS, A. P. et al. Characteristics and outcomes of adult outpatients with heart failure and improved or recovered ejection fraction. JAMA Cardiology, v. 1, n. 5, p. 510-518, 2016.

LISBOA, Y. M. et al. Incidência de internações hospitalares por Insuficiência cardíaca em um município do Recôncavo da Bahia. Revista Baiana de Saúde Pública, v. 42, n. 2, p. 330-339, 2018.

MANGINI, S. et al. Insuficiência Cardíaca Descompensada na Unidade de Emergência de Hospital Especializado em Cardiologia. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 90, n. 6, p. 433-440, 2008.

Mann DL, Zipes DP, Libby P, Bonow RO. Braunwald’s heart disease: a textbook of cardiovascular medicine. 10th ed. Philadelphia: Elsevier; 2015.

MESQUITA, E. T. et al. Entendendo a Hospitalização em Pacientes com Insuficiência Cardíaca. Int. J. Cardiovasc. Sci. 30 (1), 2017.

DA SAÚDE (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (Princípios e Diretrizes). Brasília: Ministério da Saúde, 2008.

MONTERA, M. W. et al. Summary of the II Brazilian Guideline update on Acute Heart Failure 2009/2011. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 98, n. 5, p. 375-383, 2012.

MOZAFFARIAN, D. et al. Heart disease and stroke statistics-2015 update: a report from the American Heart Association. Circulation, v. 133, n. 4, p. 38-60, 2016.

NIGUEIRA, P. R.; RASSI, S. CORRÊA, K. S. Perfil Epidemiológico, Clínico e Terapêutico da Insuficiência Cardíaca em Hospital Terciário. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 95, n. 3, p. 392-398, 2010.

PEREIRA, F. A. C; CORREIA, D. M. S. A Insuficiência cardíaca em uma cidade brasileira mineira: um panorama epidemiológico de 10 anos. Enfermagem em Foco, v. 11, n. 2, p. 139-145, 2020.

PEREIRA, J. M. V. et al. Diagnósticos de enfermagem em pacientes com Insuficiência cardíaca hospitalizados: estudo longitudinal. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 50, n. 6, p. 929-936, 2016.

POFFO, M. R. et al. Perfil dos pacientes internados por Insuficiência cardíaca em Hospital terciário. International Journal of Cardiovascular Sciences, v. 30, n. 3, p. 189-198, 2017.

PONIKOWSKI, P. et al. 2016 ESC Guidelines for the diagnosis and treatment of acute and chronic heart failure: The Task Force for the diagnosis and treatment of acute and chronic heart failure of the European Society of Cardiology (ESC) Developed with the special contribution of the Heart Failure Association (HFA) of the ESC. European Heart Journal, v. 37, n. 27, p. 2129-2200, 2016.

ROHDE, L. E. P. et al. Diretriz brasileira de insuficiência cardíaca crônica e aguda. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 111, n. 3, p. 436–539, 2018.

SAHAN, E. et al. The MOGE(S) classification: A TNM-like classification for cardiomyopathies. Herz, v. 41, n. 6, p, 503-506, 2016.

SILVA, W. T. et al. Características clínicas e comorbidades associadas à mortalidade por insuficiência cardíaca em um hospital de alta complexidade na Região Amazônica do Brasil. Revista Pan-Amazônica de Saúde, v. 11, e202000449, 2020.

SQUADRONI, L. et al. Registro de pacientes com Insuficiencia cardíaca aguda em la unidad coronaria del Hospital Privado del Sur de Bahía Blanca. Revista de la Associación Médica de Bahia Blanca, v. 28, n. 1, p. 14-18, 2018.

TUPPIN, P. et al. First hospitalization for heart failure in France in 2009: patient characteristics and 30-day follow-up. Archives Cardiovascular Diseases, v. 106, n. 11, p. 570-585, 2013.

VIANA, P. A. S. et al. Perfil de Pacientes Internados para Tratamento de Insuficiência cardíaca descompensada. SANARE – Revista de Políticas Públicas, v. 17, n. 1, p. 15-23, 2018.

WAJNER, A. et al. Causas e preditores de mortalidade intra-hospitalar em pacientes que internam com ou por Insuficiência cardíaca em Hospital terciário do Brasil. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 109, n. 4, p. 321-330, 2017.


1Acadêmica(o) do curso de Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas do Pará-FACIMPA.
2Enfermeira Mestra pelo Mestrado em Cirurgia e Pesquisa Experimental pela Universidade do Estado do Pará – CIPE (UEPA-2018), graduação em Enfermagem pelo Instituto de Ensino Superior do Sul do Maranhão (2008). Atualmente é enfermeira assistencial da Prefeitura Municipal de Marabá. Discente do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas do Pará – FACIMPA, Diretora Científica da Liga Acadêmica de Diagnóstico Sindrômico LADIC – FACIM – PA e diretora de iniciação científica da Liga Acadêmica de Crescimento e Desenvolvimento Infantil na Amazônia – LACDIA- FACIMPA.
3Graduação em Enfermagem ITPAC Araguaína TO–2011. Especialização em Enfermagem do Trabalho – 2013. Especialização em Enfermagemem UTI Neonatal e Pediátrica em andamento. Acadêmica do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas do Pará – FACIMPA.
4Graduação em Enfermagem PUC SP – 2011.Residência em Clínica Médica e Cirúrgica UNIRIO–2013. Especialização em Enfermagem do Trabalho UERJ–2013. Especialização em Ciências Militares EXÉRCITO BRASILEIRO – 2016. Especialização em Auditoria de Contas Médicas EXÉRCITO BRASILEIRO – 2018. Acadêmica do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas do Pará – FACIMPA.
5Enfermeiro Pós-Graduando do Programa de Pós-Graduação em Cirurgia e Pesquisa Experimental (CIPE), Universidade do Estado do Pará (UEPA). Acadêmico de Medicina na Faculdade de Ciências Médicas do Pará – FACIMPA.
6Biomédica pela Universidade Católica de Goiás (UCG-GO- 2004). Especialista em Citopatologia pela Universidade Católica de Goiás (UCG-GO- 2012) e pós- graduada em Estética facial e corporal pela Universidade Pitágoras (UNOPAR- 2018). Atualmente Biomédica na Clínica Advance, Citopatologista no laboratório do Hospital municipal de Curionópolis-PA. Discente do curso de Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas do Pará (FACIMPA).
7Enfermeira Mestra em Cirurgia e Pesquisa Experimental pelo Mestrado CIPE pela Universidade do Estado do Pará-UEPA. Enfermeira Residente em Terapia Intensiva pela Universidade do Estado do Pará-UEPA. Enfermeira Especialista em Gerenciamento e Administração em Enfermagem pela Universidade Federal de São Paulo. Enfermeira especialista em Epidemiologia para os Serviços de Saúde pela UEPA e Especialista em Educação Médica pela Universidade do Estado do Pará. Especialista em Educação para Profissionais de Saúde pela FIOCRUZ. Atualmente é enfermeira assistencial da Prefeitura Municipal de Marabá e Docente da Universidade do Estado do Pará-UEPA.