ATENDIMENTO HUMANIZADO AOS NEONATOS INTERNADOS EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: UMA REVISÃO

HUMANIZED CARE FOR NEWBORN INFANTS IN AN INTENSIVE CARE UNIT: A REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7701878


Maria Letícia Cardoso da Silva Barbosa1
Maria Eduarda Wanderley de Barros Silva 2
Leonardo da Silva Ribeiro Mocitaiba
Mariana Santana de Lira4
Jeanyne Maria Santos Almeida Silva5
Ana Carolina Maia Alfonzo6
Isadora Azevedo de Sousa7
Natan Alves e lima gomes8
Frederico Tannus de Almeida9
Suahd Shawqi Hilal Naser10
Renata Drielle Oliveira11
Mariah Stephanie Albuquerque de Oliveira12
Matheus da Silva Sales13


RESUMO

Introdução: A Humanização se tornou uma política nacional no Brasil, criada pelo Mi-nistério da Saúde. O termo Humanização pode ser definido como escutar, preservar e ter boa relação com o ser humano. A unidade de terapia intensiva neonatal (UTIN) foi pioneira nesse cuidado ao Recém-nascido (RN), com o método mãe- Canguru (MMC) que ajudou a disseminar esse cuidado no Brasil. Objetivo: Identificar como é realizado o atendimento humanizado aos neonatos internatos em uma Unidade de Terapia Intensiva. Método: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, que consiste em abordagens metodológicas mais amplas entre as revisões. Sendo assim, foi possível estruturar a pergunta norteadora: “Quais as ações de atendimento humanizado aos neonatos internados em uma Unidade de Terapia Intensiva?”. A elaboração do levantamento metodológico para a pesquisa foi realizada no período de janeiro de 2023, as bases de dados foram utilizadas foram a Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciência da Saúde, Base de Dados em Enfermagem e Medical Literature Analysis and Retrieval System Online, utilizando os Descritores de Ciências em Saúde, sendo eles: Unidade de Terapia Intensiva, Humanização da assistência e Recém-nascido, sendo cruzados com operador booleano AND. Em seguida, foi selecionado o quantitativo de sete artigos para compor o corpus de análise de artigos elegíveis. Resultados: A importância extrema do recebimento do colo e do leite materno nas primeiras horas de vida para reduzir a mortalidade neonatal de causas previsíveis, dentre as boas práticas embasadas no conhecimento científico e na humanização, até mesmo evitando procedimentos desnecessários têm colaborado nesse processo.  Dentre as boas práticas estão: contato pele a pele, clampeamento tardio do cordão umbilical, aleitamento na primeira hora de vida e uma reanimação neonatal de qualidade e com profissionais capacitados sempre que for necessário. Conclusão: Foi identificado também que apesar de uma gama de boas práticas para que a humanização seja realizada nesse âmbito, também foi destacada a necessidade da posse de conhecimento dos profissionais de saúde que estão para realizar todo apoio ao RN e a família.

Palavras-chave: Unidade de terapia intensiva, Recém-nascido, Humanização da assistência.

ABSTRACT

Introduction: Humanization became a national policy in Brazil, created by the Ministry of Health. The term Humanization can be defined as listening, preserving and having a good relationship with human beings. The neonatal intensive care unit (NICU) was a pioneer in this care for the Newborn (NB), with the Kangaroo Mother Method (MMC) which helped to disseminate this care in Brazil. Objective: To identify how humanized care is provided to newborns admitted to an Intensive Care Unit. Methods: This is an integrative literature review, which consists of broader methodological approaches across reviews. Thus, it was possible to structure the guiding question: “What are the humanized care actions for newborns admitted to an Intensive Care Unit?”. The elaboration of the methodological survey for the research was carried out in the period of January 2023, the databases used were Latin American and Caribbean Literature in Health Science, Database in Nursing and Medical Literature Analysis and Retrieval System Online, using the Health Sciences Descriptors, namely: Intensive Care Unit, Humanization of care and Newborn, being crossed with the Boolean operator AND. Then, the quantitative of seven articles was selected to compose the corpus of analysis of eligible articles. Results: The extreme importance of receiving breast milk in the first hours of life to reduce neonatal mortality from predictable causes, among the best practices based on scientific knowledge and humanization, even avoiding unnecessary procedures, has collaborated in this process. Among the good practices are: skin-to-skin contact, late clamping of the umbilical cord, breastfeeding in the first hour of life and quality neonatal resuscitation with trained professionals whenever necessary. Conclusions: It was also identified that despite a range of good practices for humanization to be carried out in this context, the need for the possession of knowledge by health professionals who are to provide all support to the NB and the family was also highlighted.

Keywords: Intensive care unit, Newborn, Humanization of assistance.

1. INTRODUÇÃO

A Humanização se tornou uma política nacional no Brasil, criada pelo Ministério da Saúde com fins de materializar por meio do comprometimento entre gestores, profissionais e usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), seus princípios doutrinários e organizacionais de assistência, associado com a comunicação o acolhimento e a construção do vínculo para a formação das partes fundamentais do avanço científico. Por escassez dessa relação na prática dos serviços de saúde oferecidos aos usuários do SUS, detectada pelo Ministério da Saúde ocorreu à necessidade a implantação de uma Política Nacional de Humanização (PNH) (MORAIS; WUNSCH, 2013). 

Essa PNH no cuidado em saúde tem características dinâmicas, desfragmentada, multidirecional, integral, de preservação cultural do indivíduo e sua construção é per-manente. É também um momento que permite ao profissional de saúde ter autonomia, contribuindo como protagonistas do processo de gestão onde seu produto final é um SUS de todos para todos e transversal, ou seja, alcançando a todos envolvidos no processo do cuidado, quebrando o antigo modelo de assistência vertical (BRASIL, 2010).

As primeiras intervenções humanizadas no Brasil ocorreram em 2000 e pioneiramente nas UTIN com o método mãe-Canguru (MMC), nos setores de assistência ao parto, e ao recém-nascido pré-termo (RNPT) e de extremo baixo peso ao nascer (RNBD). Esse método de assistência humanizada ao RN foi originalmente proposto pelo Doutor Edgar Rey Sanabria, no Instituto Materno-Infantil de Bogotá na Colômbia em 1978, e foi o marco inicial para a introdução das ações de humanização em UTIN, para a realidade do país em 2004, reforçando a necessidade para a criação da PNH (SOUZA; FERREIRA, 2010).

Durante o período gestacional, trimestre a trimestre, o vínculo afetivo entre mãe e feto vai se fortalecendo, principalmente a partir do segundo trimestre, quando se iniciam os primeiros movimentos fetais e, pela primeira vez, a mulher sente o feto como realidade concreta dentro de si. No final da gestação, afloram diversos sentimentos e expectativas, entre eles, a ansiedade do primeiro contato com o filho e o desejo de levar o recém-nascido saudável para casa. No entanto, nem sempre esse desfecho desejado ocorre, em alguns casos, é necessário que o recém-nascido (RN) receba cuidados intensivos logo nos primeiros dias de vida (NEVES et al., 2010).

A prematuridade, o baixo peso, o extremo baixo peso e algumas condições críticas e específicas são condições em que a internação em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) pode ser necessária. Sendo assim, o primeiro contato com o filho foge daquilo que foi planejado e esperado. Diante da internação do RN em UTIN, a família enfrenta o luto pelo filho idealizado. Os sentimentos de medo, insegurança, culpa, preocupações e dúvidas acerca do prognóstico do RN invadem a vida dos pais. Ademais, além dos pais se depararem com o filho em estado frágil, prematuro, de baixo peso e incapaz de sobreviver sem cuidados intensivos, enfrentam também a necessidade de obedecer às normas e rotinas hospitalares (ROCHA et al., 2012).

2. MÉTODO

O presente estudo trata-se de uma revisão integrativa da literatura, que consiste em abordagens metodológicas mais amplas entre as revisões (SOUSA et al., 2017). Essa metodologia possui principal finalidade de gerar síntese de como os resultados foram adquiridos na pesquisa sobre uma determinada temática, de forma literária e ordenada concedendo assim diversas informações amplas, permitindo os estudos experimentais e não experimentais para que seja possível a compreensão completa de um fenômeno estudado (ANDRADE et al., 2017). 

Assim foram realizadas as seguintes etapas: 1- Elaboração da pergunta norteadora; 2- Amostragem da literatura; 3- Coleta de dados; 4- Análise crítica dos estudos incluídos; 5- Discussão dos resultados; 6- Apresentação da revisão/conclusão (SOUZA et al., 2010). Sendo assim, foi possível estruturar a pergunta norteadora: “Quais as ações de atendimento humanizado aos neonatos internados em uma Unidade de Terapia Intensiva?”.

O método de pesquisa que possui relevância por realizar a busca, síntese e análise do que existe de produção sobre determinado fenômeno, além de possuir como objetivo a formação de novos questionamentos sobre a temática abordada com críticas e reflexões, auxiliando assim na identificação de lacunas existente e em seguida no avanço de novos conhecimentos (MENDES et al., 2008). 

A elaboração do levantamento metodológico para a pesquisa foi realizada no período de janeiro de 2023, as bases de dados foram utilizadas foram a Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciência da Saúde (LILACS), Base de Dados em Enfermagem (BDENF) e Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) utilizando os Descritores de Ciências em Saúde (DeCS), sendo eles: Unidade de Terapia Intensiva, Humanização da assistência e Recém-nascido, sendo cruzados com operador booleano AND. 

Dessa forma, foram apresentados 105 estudos os quais passaram pela análise dos resumos e critérios de elegibilidade. Ao aplicar as estratégias de busca nas bases de dados, os artigos foram transferidos para uma pasta reservada no computador em formato de arquivo RIS. Em seguida, os arquivos foram transportados para o software Rayyan, que se caracteriza como uma ferramenta gratuito e online, que auxilia na triagem dos estudos de uma revisão, minimizando erros (OUZZANI et al., 2016).

Assim que os estudos estavam disponíveis no Rayyan, os dois revisores que continham pleno conhecimento dos critérios de inclusão/exclusão que de forma independente e em duplo cego detectaram as duplicidades, mantendo-se apenas uma versão válida de cada documento científico. Após a exclusão de duplicatas, seguiu-se com a análise de títulos e resumos para verificar a temática e tipo de estudo de cada documento científico. Em seguida, os artigos elegíveis foram lidos na íntegra. 

Os critérios de inclusão adotados foram: (I) estudos que respondem a questão norteadora sobre os fatores que influenciam na decisão da via de parto, a partir da leitura do título e resumo; II) período de publicação entre os anos de 2018 a 2022; III) estar nos idiomas português, inglês ou espanhol; IV) artigos originais, disponíveis na íntegra.

Como critério de exclusão decidiu-se por não utilizar artigo que não estava ajustado ao objeto de estudo, que fugiram do tema proposto pelos autores, os que se encontravam duplicados nas bases de dados eletrônicas, textos que encontram-se incompletos, indisponível na íntegra, as revisões de literatura, guias, manuais técnicos e cartas ao leitor. Em seguida, foi selecionado o quantitativo de sete artigos para compor o corpus de análise de artigos elegíveis.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com isso, diante do levantamento dos dados literário adquiridos na pesquisa de revisão integrativa, foi construído um corpus de análise, contendo as seguintes informações sobre os referentes oito estudos selecionados, composto por: autores, ano de publicação, título do artigo e resultados. Sendo assim, foi eleito o total de artigos para composição da pesquisa, permitindo assim a discussão dos resultados. A tabela do corpus de análise está representada pelo quadro 1, a seguir.

Quadro 1. Corpus de análise dos estudos selecionados, quanto aos autores, ano de publicação, título e resultados.

AutoriaTítuloResultados
AGUIAR, J. R. V. et al., 2022.Avaliação das internações dos recém-nascidos em uma UTI neonatal durante uma pandemiaO atendimento prestado de forma holística, baseado na ciência e maneira humanizada aos recém-nascidos e aos pais, pode reduzir a mortalidade infantil, trazer maior segurança aos pais e confi ança na equipe assistencial, além de evitar complicações futuras no desenvolvimento infantil.
FILHO, C. C. Z. S. et al., 2019.Estratégias do enfermeiro intensivista neonatal frente à humanização do cuidadoA estratégia mais citada e valorizada na implementação do cuidado humanizado neste ambiente envolve a comunicação. Outras estratégias fundamentais e diretas no desenvolvimento do recém-nascido UTIN envolvem a diminuição dos estímulos estressores.
COSTA, J. V. S. et al., 2019.Humanização da assistência neonatal na ótica dos profissionais da enfermagemRevelaram-se quatro categorias sendo essas a humanização enquanto segurança para os pais e neonatos, cuidado que abrange o recém-nascido e a família, humanização como cultura da equipe e política institucional e contradições do cuidado humanizado
LELIS, B. D. B. et al., 2018.Acolhimento materno no contexto da prematuridadeOs depoimentos mostram o impacto da separação mãe-filho com o nascimento prematuro e que há repercussões após o nascimento. A prática do acolhimento nesse difícil processo de ter um filho internado em UTIN fica fragilizada, uma vez que, no modelo assistencial vigente, ainda que em um Hospital Amigo da Criança, os profissionais continuam habitualmente a se colocarem como detentores do saber sem valorizar a escuta à mulher.
REFRANDE, S.M. et al., 2019.Vivências do enfermeiro no cuidado ao recém-nascido de alto risco: um estudo fenomenológicoEmergiram três categorias: “corpo vivido do profissional enfermeiro sobre o recém-nascido de alto risco”; “mundo vivido do profissional enfermeiro sobre o recém-nascido de alto risco”; e “tempo vivido do profissional enfermeiro sobre o recém-nascido de alto risco”.
SILVA, L. J. et al. 2018.Management challenges for best practices of the Kangaroo Mathod in the neonatal ICUAs condições para adesão às boas práticas de humanização na UTI Neonatal estão relacionadas principalmente aos recursos humanos, interação entre os profissionais, processos de trabalho e estratégias de liderança; e gestão do cuidado.
SILVA, P. L. N. et al. 2018.Experience and needs of parents from premature neonates hospitalized in a neonatal intensive care unitA abordagem humanística promove a adaptação, o conforto e a redução do estresse, tanto da família como do neonato, favorecendo a assistência de forma integral e humanizada
Fonte: elaborado pelos autores, 2023.

A partir da análise dos estudos foram identificadas algumas estratégias utilizadas para o atendimento humanizado aos neonatos internados em UTI. Uma pesquisa apontou a importância extrema do recebimento do colo e do leite materno nas primeiras horas de vida para reduzir a mortalidade neonatal de causas previsíveis, dentre as boas práticas embasadas no conhecimento científico e na humanização, até mesmo evitando procedimentos desnecessários têm colaborado nesse processo.  Dentre as boas práticas estão: contato pele a pele, clampeamento tardio do cordão umbilical, aleitamento na primeira hora de vida e uma reanimação neonatal de qualidade e com profissionais capacitados sempre que for necessário (AGUIAR et al., 2022).

No período da pandemia pelo novo coronavírus, a COVID-19 o estudo apontou a partir da sua pesquisa que foi permitido a visita dos pais aos seus filhos, colo e recebimento do leite materno, que é de extrema importância, tendo em vista que o vínculo com os pais, o método canguru e o leite materno é uma tríade que tem uma excelência contribuição para recuperação e desenvolvimento do neonato, considerando os ilimitados benefícios para os RNs internados em unidades que atendem pacientes graves. A visita aberta é considerada um direito dos pais e contribui para o conhecimento do quadro clínico pelos pais, fortalece o vínculo familiar e melhora o estado clínico e emocional do RN, o método canguru realizado na unidade está associado à redução do tempo de internação e de mortalidade; porém, as condições em sempre condizem com o ideal (AGUIAR et al., 2022).

Também é importante considerar o paciente como um ser mais abrangente do que a patologia, a humanização deve ir para além da terapêutica patológica, mas, também com a finalidade de prevenir consequências traumáticas da hospitalização que podem influenciar negativamente no desenvolvimento do RN internado. Sendo assim, a equipe de enfermagem necessita propor ao RN e sua família um ambiente tranquilo e acolhedor, utilizando os fundamentos da humanização para a assistência, a fim de garantir a integralidade do cuidado e um melhor preparo no manuseio técnico à sensibilidade ao cuidar de RNs com alto risco de morte, seja pela prematuridade ou por estado grave (FILHO; SILVEIRA; SILVA, 2019).

Dessa maneira, outro ponto muito fundamental é a comunicação, pois, é uma ferramenta básica e eficaz para a diminuição de conflitos gerados, dúvidas e garantia do cumprimento dos objetivos comuns para a concretização da humanização nas práticas de assistência à saúde. Sendo assim, a comunicação deve ser clara, direta e objetiva, para que proporcione um meio da comunicação cria-se um ambiente com mais clareza de informações e promove-se a integração da equipe multidisciplinar com as famílias envolvidas, transmitindo mais segurança e confiança na assistência prestada. A comunicação de forma humanizada prepara os familiares para enfrentar situações com o RN em meio a tubos, monitores, cateteres e outros elementos da tecnologia presente no local; Dessa maneira, proporciona conforto e transmite segurança, conquistando a confiança dos familiares na equipe e nas condutas e procedimentos realizados por ela com o RN. Em relação ao cuidado direto direcionado ao RN, é realizada a diminuição dos estímulos estressores no ambiente da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) também proporciona favorecer o desenvolvimento do RN, além de intensificar a assistência humanizada e envolver fatores como o alívio da dor, ajuste de luminosidade, controle de ruídos e manuseio adequado do neonato (FILHO; SILVEIRA; SILVA, 2019).

Uma estratégia para tornar a assistência ao RN e a família de forma eficaz é realizar um diagnostico situacional de acordo com o histórico, crença e condição de todos os RNs e seus pais, com base nisso, evoluir para o conhecimento do contexto, processos, recursos, estruturas e resultados do método canguru, considerando seus inúmeros benefícios para o RN e para o binômio mãe-filho. Através de um diagnóstico situacional, é possível estabelecer prioridades para intervenções que sejam necessárias para a qualidade da assistência, como é encontrado em experiências relatadas na literatura em outros contextos assistenciais e de ensino (SILVA et al., 2018).

Uma das causas principais relacionadas às vivências dos RNs na UTIN é a prematuridade, mães relatam suas angustias e medos nesse momento desafiador, os quais necessitam estar mais distante dos seus filhos logo após o nascimento, infelizmente algumas realidades são diferentes e em alguns casos, os profissionais não consideram a importância do fortalecimento do binômio mãe-filho. Os profissionais continuam habitualmente a se colocarem como detentores do saber sem valorizar a escuta à mulher nessa situação em que ela vivencia momentos difíceis no processo do nascimento prematuro de modo súbito.  Há, ainda, uma centralidade no modelo biomédico (LELIS et al.,2018). Outro estudo apontou a necessidade de aprimoramento dos profissionais a respeito do conceito de humanização enquanto abordagem inerente ao cuidar da enfermagem, com atividades educativas sobre o vínculo mãe-filho no contexto da UTIN (COSTA; SANFELICE; CARMONA, 2019). Os estudos registram que o comprometimento da visibilidade e a falta de reconhecimento da profissão por parte dos demais trabalhadores da equipe de saúde refletem nas dificuldades de estabelecimento de laços de confiança, com resultados negativos na efetivação das boas práticas referente ao contato pele com pele e amamentação em bebês prematuros (SILVA et al., 2018). Os profissionais, em especial o enfermeiro pode ajudar auxiliar os pais ficando atento a tais sinais e oferecendo estratégias de enfrentamento, sendo necessário, antes, entender os sentimentos que poderão enfrentar. Com isso, os pais também devem receber uma educação familiar individualizada e de atendimento empático para que possam estar mais preparados para determinadas situações a serem enfrentadas com o neonato. Pois, um estudo aponta que o processo de internação hospitalar é considerado um evento em que a mãe do recém-nascido hospitalizado em uma UTIN enfrenta e presencia cuidados muito dolorosos e delicados realizados no RN, sendo que no futuro, a mãe poderá participar efetivamente dessa assistência e sentir-se mãe (REFRANDE et al., 2019).

O dia a dia no trabalho na UTIN inclui a convivência com crianças, seus pais, sentimentos e atitudes. A atenção dada aos familiares e filhos durante a hospitalização tem grande potencial para influenciar na relação com o RN durante toda vida. Dessa forma, as informações transmitidas dos profissionais de saúde para os pais sobre as condições do RN hospitalizado necessitam ser clara, objetiva e de maneira continua. Um estudo aponta relatos dos pais sobre a importancia do contato físico e o quão vital é para o prematuro, por meio do toque e do contato humano, pois, considera-se que o contato humano estabelece uma relação entre o RN e seus pais de modo a influenciar na sua recuperação satisfatória com a redução da longa permanência (LP) na UTIN, apesar de não responder ao toque, é capaz de sentir a interação com seus pais ao tocar sua mãozinha ou seu pezinho. Nesse momento, os pais tendem a se emocionar e laços afetivos são fortalecidos (SILVA et al., 2018).

Entretanto, a questão dos pais irem a UTI diariamente é uma questão a ser analisada. Pois, torna-se complicado quando o RN está hospitalizado em uma cidade na qual seus pais não residem, necessitando, assim, de recursos financeiros para transporte e locomoção até o hospital durante toda a internação de seu filho (SILVA et al., 2018).

4. CONCLUSÃO

Por fim, foram identificadas diversas estratégias para que seja realizado o atendimento humanizado aos neonatos em UTIN. Entretanto, algumas estratégias são relativas a depender das condições de cada RN e de seus pais. Foi identificado também que apesar de uma gama de boas práticas para que a humanização seja realizada nesse âmbito, também foi destacada a necessidade da posse de conhecimento dos profissionais de saúde que estão para realizar todo apoio ao RN e a família, com a finalidade de fortalecer o vinculo afetivo de mãe e filho, mesmo em condições de internação neonatal. 

Com isso, esse estudo se faz bastante relevante para nortear os profissionais de saúde a boas práticas de humanização e também para os pais, os quais apreendem mais sobre suas possibilidades e direitos dentro desse contexto.

REFERÊNCIAS

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SOUZA, M. T. et al. Revisão integrativa: o que é e como fazer? Einstein. v. 8, n. 1, p. 102- 106, 2010.


1 Acadêmica de Enfermagem pela Universidade Federal de Campina Grande, Campus Cuité. Cuité- PB.

2 Acadêmica de Enfermagem pela Universidade Federal de Campina Grande, Campus Cuité. Cuité-PB.

3 Acadêmico de Medicina pela Universidade Potiguar. Natal-RN.

4 Acadêmica de Enfermagem pela Universidade Federal de Pernambuco. Recife-PE

5 Acadêmica de Enfermagem pela Universidade Federal de Pernambuco. Recife-PE

6 Acadêmica de Enfermagem pelo Centro Universitário Municipal de Franca (Uni-Facef).

7 Acadêmica de Medicina pela Uniceplac. Brasília-DF.

8 Acadêmico de Medicina pela Uniceplac. Brasília-DF.

9 Acadêmico de Medicina pela Uniceplac. Brasília-DF.

10 Acadêmica de Medicina pela Uniceplac. Brasília-DF.

11 Acadêmica de Medicina pela Uniceplac. Brasília-DF.

12 Acadêmica de Enfermagem pela Universidade Federal de Pernambuco. Recife-PE

13 Acadêmico de Enfermagem pela Universidade Federal de Pernambuco. Vitória de Santo Antão-PE