COMPLICAÇÕES NEONATAIS OCASIONADAS PELA HIPERTENSÃO GESTACIONAL: UMA REVISÃO DE LITERATURA.

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7674470


Rebeca Ferreira Nery1
Fernando José de Morais Silva2
Kamilla da Silva de Galiza3
Franciele Basso Fernandes Silva4
Brenda de Moura Meneses5
Marla Bruniele Silva Bezerra6
Gabryella Maria Torres Rocha7
Anderson Guilherme de Lima Soares8
Luiz Ferreira do Nascimento9
Jéssica Fernanda Mateus Noronha10
Jessica Cristina Moraes de Araújo11
Oelgnandes Santos Júnior12
Amanda Damasceno de Macedo13
Guilherme Wilson Souza Silveira14
Tauana Reinstein de Figueiredo15


INTRODUÇÃO: A hipertensão gestacional configura um grave risco para a mãe e feto, estando entre as principais causas de mortalidade materna no país e de parto prematuro, podendo ocasionar complicações neonatais graves. OBJETIVO: Conhecer as complicações neonatais ocasionadas pela hipertensão gestacional. MÉTODOS: O presente estudo trata-se de uma revisão integrativa da literatura, foi realizado um levantamento bibliográfico de caráter descritivo e exploratório, através das bases de dados: Medline e Lilacs, utilizando os descritores: Doença OR Disease OR Enfermedad; “Hipertensão Induzida pela Gravidez” OR “Hypertension, Pregnancy-Induced” OR “Hipertensión Inducida en el Embarazo”e “Recém-Nascido” OR “Infant, Newborn” OR “Recién Nacido”. RESULTADOS: Foi observado que a hipertensão na gestação pode ser nocivas para o feto, podendo provocar baixo peso, prematuridade, restrição do crescimento intrauterino, índice de Apgar baixo no primeiro e quinto minuto, infecção neonatal, síndrome de aspiração meconial, síndrome da angústia respiratória, deslocamento prematuro da placenta, sofrimento fetal, o que pode significar graves repercussões durante a vida da criança, além de representar a principal causa de morte materna, tanto nos países desenvolvidos, como também nos países em desenvolvimento. CONCLUSÃO: Conclui-se que níveis pressóricos aumentados na gravidez representam um importante causa de morbimortalidade materna e neonatal no Brasil. Dessa forma, a realização de um pré-natal adequado através de uma equipe multiprofissional que permita o diagnóstico precoce e atentando-se aos sinais e manifestações clínicas e intervindo para reduzir as complicações.

Palavras-chave: hipertensão gestacional; Recém-Nascido; Enfermidade.

Abstract

INTRODUCTION: Gestational hypertension is a serious risk to the mother and fetus, being among the main causes of maternal mortality and premature birth in Brazil, and can cause severe neonatal complications. OBJECTIVE: To understand the neonatal complications caused by gestational hypertension. METHODS: This is an integrative literature review, a descriptive and exploratory bibliographic survey was conducted using the following databases: Medline and Lilacs, using the descriptors: Disease OR Disease OR Enfermedad; “Pregnancy-Induced Hypertension” OR “Hypertension, Pregnancy-Induced” OR “Hipertensión Inducida en el Embarazo” and “Newborn” OR “Infant, Newborn” OR “Recién Nacido”. RESULTS: It was observed that hypertension during pregnancy can be harmful to the fetus, causing low birth weight, prematurity, intrauterine growth restriction, low Apgar score in the first and fifth minutes, neonatal infection, meconium aspiration syndrome, respiratory distress syndrome, premature placental abruption, fetal distress, which can have serious repercussions during the child’s life, besides representing the main cause of maternal death, both in developed and developing countries. CONCLUSION: We conclude that increased blood pressure levels during pregnancy represent an important cause of maternal and neonatal morbidity and mortality in Brazil. Thus, an adequate prenatal care through a multiprofessional team should allow an early diagnosis, paying attention to clinical signs and manifestations, and intervening to reduce complications.

Keywords: gestational hypertension; Newborn; Infirmity.

1. Introdução

A doença hipertensiva se configura como umas das complicações mais frequentes durante a gravidez, sendo uma das principais causas de mortalidade e morbidade materna e perinatal, acometendo cerca de 10% das gestações. (Karina L. Arce-López). A hipertensão gestacional causa várias morbidades pré-natais, incluindo parto prematuro, restrição de crescimento intrauterino e complicações maternas. (LIM; KIM; CHUNG; PARK et al., 2022).

Segundo Ministério da Saúde (2012), na 5ª edição do Manual Técnico de Gestação de Alto Risco, classifica a hipertensão induzida pela gravidez (HIP) nas seguintes categorias: hipertensão crônica, pré-eclâmpsia, eclâmpsia e síndrome de HELLP. hipertensão crônica acontece quando os níveis de pressão ficam de 140 x 90 mmHg diagnosticado antes da gravidez ou antes de 20 semanas de gestação ou quando é diagnosticada pela primeira vez durante a gravidez e a pressão arterial(PA) não se estabiliza após 12 semanas do parto;  pré-eclâmpsia é a hipertensão que acontece após 20 semanas de gestação, desaparecendo em até 12 semanas pós-parto, sendo acompanhada de proteinúria; já a eclampsia se caracteriza pela presença de convulsões associada a um quadro convulsivo, sendo a causa das convulsões os fenômenos hipertensivos; na Síndrome de HELLP, temos hemólise, elevação de enzimas hepáticas e plaquetopenia.

Além dos cuidados pós-natais, o manejo pré-natal é importante para prevenir a DBP. (LIM; KIM; CHUNG; PARK et al., 2022). As novas diretrizes do American College of Obstetricians and Gynecologists recomendam que a hipertensão gestacional grave seja tratada de forma semelhante a pré-eclâmpsia com características graves (KUMAR; GROBMAN; BARRY; CLEMENT et al., 2021)

Na rotina pré-natal, a medida da pressão arterial é usada como ferramenta de triagem para risco de pré-eclâmpsia, de tal forma que mulheres com pressão arterial superior a 140/90 mm Hg devem passar por um acompanhamento mais próximo durante o período pré-natal, no entanto o American College of Cardiology delimita que limiares mais baixos também devem ser considerados. (WANG; WANG; CHEN; ZHANG, 2022)

Quando comparadas com mulheres não obesas, o risco de distúrbios hipertensivos de início precoce e tardio da gravidez é significativo e progressivamente aumentado entre mulheres com maior classe de obesidade (Karina L. Arce-López).

 Os bebês prematuros nascidos de mães com HDP têm um risco aumentado de várias morbidades, incluindo síndrome do desconforto (ELSAYED; DASPAL; YEE; PELAUSA et al., 2019).

Além do risco materno, os níveis pressóricos aumentados na gravidez trazem riscos para o feto em desenvolvimento, dentre os quais podemos citar a redução do suprimento de oxigênio e nutrientes, o baixo peso ao nascer e o maior risco de desenvolver doenças pulmonares agudas e crônicas. Em relação aos danos no sistema nervoso uma gravidez marcada pela presença de níveis aumentados por valores pressóricos aumentamos pode predispor a prole a distúrbios neurocomportamentais mais tarde na vida, afetando o desenvolvimento do cérebro fetal devido à má vascularização da placenta. (Hui Wang). Para impedir seus efeitos prejudiciais sobre os resultados fetais e maternos da gravidez, a vigilância pré-natal deve ser expandida para permitir a detecção precoce, acompanhamento rigoroso e intervenção oportuna em gestações gravemente afetadas.(MENGISTU; KUMA, 2020).

Dessa forma, essa revisão da literatura busca responder as principais complicações materno neonatais ocasionadas pela hipertensão na gestação.

2.Metodologia

O presente estudo trata -se de uma revisão integrativa da literatura, que se utiliza de uma metodologia exploratória e descritiva. (PEREIRA, et al., 2018).

Inicialmente, foram pesquisados estudos nas bases de dados eletrônicas: Literatura Latino – Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs) e Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (Medline).

Inicialmente foram selecionados os seguintes descritores: Doença OR Disease OR Enfermedad; “Hipertensão Induzida pela Gravidez” OR “Hypertension, Pregnancy-Induced” OR “Hipertensión Inducida en el Embarazo” e “Recém-Nascido” OR “Infant, Newborn” OR “Recién Nacido”. Utilizando o operador booleano “AND”. Os dados foram organizados durante a revisão de literatura de forma a elencar os estudos relacionados à temática em questão, a filtragem dos artigos encontrados teve como critério de inclusão, artigos nos últimos 5 anos (2018 a 2023), nos idiomas: português, inglês e espanhol, sendo os tipos de documentos: estudo observacional; estudo de incidência; fatores de risco; estudo de prevalência; ensaio clínico controlado e estudo de etiologia; e como critério de exclusão artigos em outros idiomas, textos antes de 2018, e artigos de revisão .  Após essa filtragem ficou disponível 236 artigos, sendo que após leitura dos títulos e resumos, foram selecionados 12 artigos que mais se encaixavam na proposta desse estudo para compor a presente revisão, ademais foi realizado e excluído textos em duplicação. Para melhor compreensão, os métodos foram esquematizados na Figura 1.  A distribuição dos dados da pesquisa por ano e base de dados estão apresentados no Quadro 1.

Figura 1 –Fluxograma esquematizando a metodologia do estudo

Fonte: Autor

Quadro 1-Distribuição dos dados da pesquisa em relação à base de dados e ano da publicação. 

ArtigoBase de dadosAno de publicação
Ejiawoko, A., Lee, HC, Lu, T., & Lagatta, J. (2019). Uso domiciliar de oxigênio para bebês prematuros com displasia broncopulmonar na Califórnia. The Journal of Pediatrics , 210 , 55-62.LILACS2019
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Fonte: Autor

3. Resultados

     Um dos problemas mais comuns em gestantes é a pré-eclâmpsia, que é um distúrbio hipertensivo da gravidez e é uma das principais causas de morbidade e mortalidade materna e perinatal. A condição se apresenta de forma heterogênea em diferentes idades gestacionais(FEBRES-CORDERO; YOUNG, 2021).  A hipertensão gestacional e a pré-eclâmpsia são as principais causas de morbidade e mortalidade materna e perinatal em todo o mundo. A falta de políticas efetivas de triagem e manejo parece ser uma das principais razões (TSAKIRIDIS; GIOULEKA; ARVANITAKI; GIANNAKOULAS et al., 2021). Em mulheres com síndrome dos ovários policísticos, a gestação múltipla aumentou os riscos de complicações durante a gravidez, incluindo hipertensão induzida pela gravidez (razão de chances ajustada [aOR] 2,030; intervalo de confiança [IC] de 95% 1,676–2,460), pré-eclâmpsia (aOR 2,879; 95% CI 2.277–3.639), pré-eclâmpsia e eclâmpsia sobrepostas a hipertensão pré-existente (aOR 1.917; 95% CI 1.266–2.903) e diabetes gestacional (aOR 1.358; 95% CI 1.114–1.656). Entre as mulheres com SOP com gestações múltiplas, a obesidade aumentou os riscos de desenvolver hipertensão induzida pela gravidez.P  <0,001), pré-eclâmpsia ( P  <0,001) e complicações da ferida ( P  = 0,045). (MADALENA et al., 2022). 

       De acordo com os estudos analisados,  o  risco aumentado de PIG foi associado às gestações gemelares complicadas com DGH (OR = 1,57, intervalo de confiança de 95% [IC] = 1,10–2,24, p  = 0,01), a relação entre PIG e GHD não teve significância estatística (OR = 1,17, IC 95% = 0,95–1,44, p  = 0,14) quando os estudos inscritos usando o diagnóstico PIG referiram-se ao peso único ao nascer, mas significativa (OR = 2,14, IC 95% = 1,77–2,60, p <0,001) no grupo com diagnóstico PIG referente ao peso ao nascer de gêmeo(WANG; WANG; CHEN; ZHANG, 2022).  A idade materna avançada, uma história familiar de hipertensão, etnia, excesso de peso na gravidez e tabagismo são fatores de risco bem documentados para o HDP. Um estudo evidenciou um efeito interactivo aditivo do excesso de peso na gravidez e do HDP no IMC de bebés com 12 meses de idade (HUANG et al., 2022). Através dos estudos foi possível analisar que, os distúrbios hipertensivos da gravidez (HDP), incluindo pré-eclâmpsia e hipertensão gestacional, são uma das complicações mais comuns da gravidez, afetando 5% a 10% de todas as gestações (AMARACHI et al., 2019). 

          Foi observado que a hipertensão na gestação pode ser nocivas para o feto, podendo provocar baixo peso, prematuridade, restrição do crescimento intrauterino, índice de Apgar baixo no primeiro e quinto minuto, infecção neonatal, síndrome de aspiração meconial, síndrome da angústia respiratória, deslocamento prematuro da placenta, sofrimento fetal, o que pode significar graves repercussões durante a vida da criança, além de representar a principal causa de morte materna, tanto nos países desenvolvidos, como também nos países em desenvolvimento.

4. Conclusão

    Conclui-se que níveis pressóricos aumentados na gravidez representam um importante causa de morbimortalidade materna e neonatal no Brasil. Dessa forma, a realização de um pré-natal adequado através de uma equipe multiprofissional que permita o diagnóstico precoce, atentando-se aos sinais e manifestações clínicas e intervindo para reduzir as complicações. Através da avaliação de estudos científicos relacionados à complicações neonatais ocasionadas pela hipertensão gestacional, conclui-se que a pressão arterial elevada caracterizada por valores acima dos parâmetros normais é conhecida como hipertensão gestacional e pode se desenvolver durante a gravidez no primeiro ou terceiro mês de gravidez. Desenvolvida no primeiro trimestre, a gestante com pré-natal e acompanhamento pode apresentar um bom prognóstico e poder ter uma gravidez sem problemas. Gestantes cuja pressão arterial não é controlada durante a gravidez estão sujeitas a complicações durante a gravidez, trabalho de parto ou puerpério, como pré-eclâmpsia/eclâmpsia, síndrome de Hellp e outras condições decorrentes do processo. Gestantes com hipertensão arterial predispõem-se a desenvolver complicações graves, entre elas descolamento prematuro da placenta, coagulação intravascular disseminada, hemorragia cerebral, insuficiência hepática e insuficiência renal aguda. Visitas de acompanhamento por enfermeiras e médicos da rede de atenção básica Saúde da paciente durante a gravidez e aconselhamento durante as visitas domiciliares para observar cuidadosamente os fatores de risco das gestantes, aproveite também esse horário para tirar dúvidas. Esses resultados ajudarão a reforçar a necessidade de implementar políticas públicas de promoção da saúde proporcionando acompanhamento pré-natal diferenciado e melhorar a qualidade dos cuidados de saúde primários dos programas de intervenção preventiva, reconhecimento e manejo da doença. Além disso, o monitoramento de complicações neonatais e o acompanhamento desses recém-nascidos são necessários para entender o impacto da hipertensão gestacional no desenvolvimento e na qualidade de vida da criança.

Referências:

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1Graduanda em Enfermagem pela Faculdade São Francisco da Paraíba, Cajazeiras-PB, Brasil.
2,3,5,7,8,10 Graduando em Medicina pela Faculdade de Ciências Humanas, Exatas e da Saúde do Piauí-FAHESP-Instituto de Educação Superior do Vale do Parnaíba-IESVAP, Parnaíba-PI, Brasil
4Graduanda em Medicina pela Universidade Federal do Delta do Parnaíba-UFDPar, Parnaíba-PI, Brasil.
6Graduanda em medicina pelo Centro universitário UNINOVAFAPI, Teresina-PI, Brasil.
9Bacharelado em Enfermagem pela Universidade Estadual Vale do Acaraú – UEVA, Sobral -CE, Brasil.
11Enfermeira graduada pela Universidade Estadual do Piauí- UESPI, Parnaíba-PI, Brasil
12Bacharel em Educação Física pela Universidade Federal do Pará-UFPA, Bélem-PA, Brasil.
13Enfermeira graduada pela UNIFACEMA, Caxias-MA, Brasil.
14Fisioterapeuta graduado pelo Centro Universitário UNIFAMINAS, Muriaé-MG, Brasil.
15Enfermeira Obstetra pelo Ebserh- Hospital Escola UFPEL, Pelotas- Rio Grande do Sul.