ESTUDO DE CASO: AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA (AN) COMPLETA DE UM CLIENTE COM SUSPEITA DE DOENÇA DE ALZHEIMER NA FASE INICIAL

CASE STUDY: COMPLETE NEUROPSYCHOLOGICAL ASSESSMENT (AN) OF A CLIENT WITH SUSPECTED EARLY-STAGE ALZHEIMER’S DISEASE

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7565461


Edson Mário dos Reis1


Resumo

Este artigo tem como objetivo apresentar um estudo de caso de uma Avaliação Neuropsicológica (AN) completa de um idoso com suspeita de Doença de Alzheimer na fase inicial e demonstrar o passo-a-passo da AN com a apresentação dos resultados, o perfil neuropsicológico e funcional e o parecer.

Palavras-chave: Doença de Alzheimer. Avaliação Neuropsicológica. Estudo de caso.

Resumo

Este artigo tem como objetivo apresentar um estudo de caso de uma Avaliação Neuropsicológica (AN) completa de um idoso com suspeita de Doença de Alzheimer na fase inicial e demonstrar o passo-a-passo da AN com a apresentação dos resultados, o perfil neuropsicológico e funcional e o parecer.

Palavras-chave: Doença de Alzheimer. Avaliação Neuropsicológica. Estudo de caso.

Abstract

This article aims to present a case study of a complete Neuropsychological Assessment of an elderly person with suspected Alzheimer’s Disease in the initial phase and to demonstrate the step-by-step of AN with the presentation of the results, the neuropsychological and functional profile and the opinion.

Key-words: Alzheimer’s disease. Neuropsychological Assessment. Case study.

INTRODUÇÃO

A Doença de Alzheimer (DA) é uma síndrome caracterizada pelo declínio progressivo e global das funções cognitivas Abreu et al. (2005), um transtorno neurodegenerativo progressivo que se manifesta por degradação cognitiva da memória Monteiro (2018). Déficits na memória episódica são tradicionalmente descritos como os sintomas mais precoces na DA, seguidos de déficits nas Funções Executivas (FE), posteriormente, na linguagem, nas habilidades viso espaciais e na atenção (ALLADI et al., 2007; PETERSEN et al., 1998 apud PINHO et al., 2018).

Neste sentido, este estudo de caso tem como objetivo apresentar uma Avaliação Neuropsicológica completa de um idoso com suspeita de Doença de Alzheimer na fase inicial e demonstrar o passo-a-passo da AN, com a apresentação dos resultados, o perfil neuropsicológico e funcional e o parecer. Com isso, espera-se contribuir para a formação e/ou inicialização dos (as) novos (as) Neuropsicólogos (as) que carecem de experiências nesse campo.

DESENVOLVIMENTO

Trata-se de um estudo de caso por análise de dados qualitativos e quantitativos que tem como objetivo, apresentar o passo-a-passo de uma AN completa de um idoso com suspeita de Doença de Alzheimer na fase inicial. Para isso, foi utilizado um NA real sem o nome do avaliado, na qual constam as iniciais de um nome fictício criado por este autor conforme anexo único.

Perfil neuropsicológico e funcional:

Após análise dos dados psicométricos quantitativos e qualitativos, informações do próprio avaliado e de seu cuidador, além das observações, apurou-se que o avaliado apresenta preservados o QIT = 99 classificação média esperada por sua faixa etária; memória de curto prazo utilizando a alça viso espacial, memória lógica, memória semântica (capacidade de armazenar e recordar conceitos e conhecimentos aprendidos), produção e fluência da linguagem fonológica, atenção concentrada, alternada e dividida; velocidade de processamento; flexibilidade cognitiva (capacidade de mudar de uma tarefa para outra); memória episódica (capacidade de aprender novas informações) de curto prazo, evocação recente e tardia, aprendizado e reconhecimento auditivo-verbal de novas informações; linguagem (compreensão verbal e nomeação), gnose, apraxia ide motora, funções executivas (planejamento, julgamento, flexibilidade cognitiva). Por conseguinte, a motricidade, apraxia cinética dos membros superiores de vis construção, memória episódica (capacidade de aprender novas informações) de curto prazo, evocação recente e tardia, aprendizado e reconhecimento auditivo-verbal de novas informações; memória vis construtiva, memória de trabalho (capacidade de armazenar e manipular informação de curto prazo) apresentaram déficits moderados. A avaliação da Depressão por meio das escalas de Depressão Geriátrica –

GDS e Cornell, NÃO evidenciou anormalidade. Foram avaliados sintomas de ansiedade e desesperança, mas não há alterações. Foi aplicado o inventário Neuropsiquiátrico – NPI-Q, destinado a captar sintomas/comportamentos psiquiátricos que evidenciou a ausência de tais

sintomas. Na avaliação das Atividades da Vida Diária – AVDs Funcional e Básica indicou que o Sr. TPDN às vezes necessita de algum auxílio, mas de um modo geral faz a maior parte das atividades, sozinho sem ajuda (autor da AN, Anexo único).

Parecer:

Com base nos resultados encontrados no funcionamento cognitivo que evidenciou déficit na memória episódica verbal de curto e longo prazo com desempenho de -1,8 e -2,1 desvios-padrão respectivamente, aquém dos padrões normais adequados, além de dificuldade moderada no desempenho funcional classificado pelo acompanhante do avaliado, no qual o resultado foi de dependência parcial/ocasional, ou seja, o avaliado necessita de ajuda esporádica nas atividades funcionais básicas; há possibilidade do Sr. TPDN estar apresentando um quadro de comprometimento cognitivo leve, devido às evidências de déficit cognitivo da memória episódica e aprendizagem. Embora haja um leve tremor das mãos, não se pode afirmar no momento que os sintomas são indicadores do Transtorno Neurocognitivo Leve com Corpos de Lewy (TNCCL) e/ou Doença de Alzheimer (DA) uma vez que não estão claros os marcadores diagnósticos destas doenças. Contudo, faz-se necessário uma avaliação médica minuciosa para investigar outros fatores clínicos que possam estar causando e/ou potencializando o prejuízo cognitivo observado (autor da AN, Anexo único).

CONCLUSÃO

O estudo de caso em questão mostrou o passo-a-passo de uma AN completa como propôs seu objetivo, além dos resultados da avaliação como o perfil neuropsicológico e funcional e parecer do avaliador. Com isso, espera-se contribuir para a formação e/ou inicialização dos (as) novos (as) Neuropsicólogos (as) que carecem de experiências nesse campo tão promissor e atrativo dos profissionais de saúde e estudos do funcionamento/mente do cérebro humano.

REFERÊNCIAS

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MOREIRA, L. et al. Estudo normativo do Token Test versão reduzida: dados preliminares para uma população de idosos brasileiros. Archives of Clinical Psychiatry (São Paulo), v. 38, p. 97-101, 2011. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/rpc/a/BCTxgdWwC55krYzBtVXdXpG/?lang=pt&format=html>. Acesso em: 18/01/2023.

OLIVEIRA, M. S.; RIGONI, M. S. Figura Complexa de Rey: teste de cópia e reprodução de memória de figuras geométricas complexas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2016.

RODRIGUES, A. B.; YAMASHITA, É. T.; CHIAPPETTA, A. L. M. L. Teste de fluência verbal no adulto e no idoso: verificação da aprendizagem verbal. Revista Cefac, v.10, p. 443-451, 2008. Disponível em:<https://www.scielo.br/j/rcefac/a/FzHrZfSzvYzBNPrB3vXLB4w/?format=pdf&lang=pt>. Acesso em: 17/01/2023.

PARADELA, E.M.P.; LOURENÇO, R.A.; VERAS, R.P. Validação da escala de depressão geriátrica em um ambulatório geral. Revista de saúde pública, v. 39, p.918-923, 2005.

PFEFFER, R. et al. Measurement of functional activities in older adults in the community. Journal of Gerontology. Washington, v. 37, n. 3, p. 323-329, May 1982.

PINHO, M. M. et al. Perfil neuropsicológico típico e atípico na demência de Alzheimer: dificuldades diagnósticas em três estudos de caso. POLÊM!CA, v. 18, n.3, p. 129-139, 2018. Disponível em: <https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/polemica/article/viewFile/39430/27655> Acesso em:14/12/2021.

RUEDA, F. J. M. Bateria Psicológica para Avaliação da Atenção (BPA). 1. Ed. São Paulo: Vetor, 2013.

SILVA, T. B. L. et al. Fluência verbal e variáveis sociodemográficas no processo de envelhecimento: um estudo epidemiológico. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 24, p.739-746, 2011. Disponível em: https://www.scielo.br/j/prc/a/RzKGfZDTxdWtXMfK4rP9KKD/?format=pdf&lang=pt Acesso em: 17/01/2023.

WECHSLER, D. 1997. WAIS-III: Escala de Inteligência Wechsler para Adultos: manual técnico /David Wechsler; tradução: Maria Cecília de Vilhena Moraes Silva: Adaptação e padronização de uma amostra brasileira Elizabeth do Nascimento. – São Paulo: Pearson Clinical, 2017.

ANEXO

LAUDO DE AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA

IDENTIFICAÇÃO

Nome: TPDN – Idade: 78 anos – CPF – 000.000.000-00 – RG 0000000 – Data de Nascimento: 1944 – Profissão: aposentado – Escolaridade: médio completo – Estado Civil: solteiro – Lateralidade: destro – Informante: DRS (cuidador) – Nacionalidade: Brasileira – Naturalidade: Estado: MG. Médico solicitante: Dr. ABCD (Neurologista) – Motivo da solicitação: HD Propedêutica CID-10 = F03- DA/fase inicial? Período da avaliação: 12/2022.

ANAMNESE

Segundo o próprio avaliado e seu informante foi observado que há aproximadamente quatro meses após tomar alguns medicamentos devido a um problema ortopédico, começou a ficar esquecido, às vezes esquecia onde havia guardado as coisas. Disse que antes a memória não era ruim. Afirmou que depois que lhe foi retirado alguns medicamentos tem notado melhoras na memória.

Foi perguntado se já esqueceu onde guarda objetos, nomes de pessoas conhecidas e se tem dificuldades para encontrar palavras, se esquece de coisas que aconteceram no passado, conta um caso mais de uma vez e não recorda e se pessoas da família ou conhecidos acham que ele anda esquecido, se saiu sozinho e se perdeu, respondeu que não.

Com relação ao seu quadro geral, informou que o mesmo dorme bem e alimenta-se bem. Não tem apresentado mudança na preferência alimentar. Tem um pouco de dificuldades visuais, usa óculos para perto. Não tem dificuldades auditivas.

Afirmou que nunca usou álcool ou drogas ilícitas, que vai ao banco e ao supermercado sozinho, mas com dificuldades ao caminhar e consegue administrar o próprio dinheiro. Não consegue realiza as tarefas que realizava antes devido ao problema nas pernas. Não tem dificuldade em alimentar-se, mas tem um pouco de dificuldade para tomar banho e vestir-se, contudo, consegue usar o sanitário e higienizar-se sozinho, têm controle esfincteriano com restrições ao urinar devido à cirurgia de próstata.

Disse que não têm ocorrido flutuações do estado geral com dias melhores e dias piores. Não houve comprometimento na vida social, nem alterações do humor e comportamento, não têm ocorrido episódios de quedas e nunca desmaiou. Nunca teve percepções diferentes como ver e ouvir coisas que outros não veem (alucinações). Disse que tem consciência das suas dificuldades.

Em se tratando de doenças pré-existentes disse que é hipertenso, não têm cardiopatia, não têm problemas com colesterol, mas têm constipação intestinal. Não têm ou teve hiper ou hipotireoidismo, úlceras, doença venérea, diabetes, hipoglicemia, anemia, depressão, nem fez tratamento psiquiátrico. Já foi internado duas vezes: para desintoxicação medicamentosa e cirurgia de próstata.

Com relação a doenças presentes na história familiar, informou que o pai sofreu AVC aos 80 anos. Disse que ninguém da família ficou esquecido, com problema de memória.

Medicamentos que toma atualmente: Risperidona 2 mg; Gabapentina 300 mg. Observações Comportamentais: Comunicativo, colaborativo e animado.

DA AVALIAÇÃO

Na avaliação foram aplicados protocolos fixos como Exame Cognitivo de Addenbrooke (ACE-R); Escala de Inteligência Wechsler – WAIS-III, testes cognitivos específicos complementares, escalas e inventários (Escalas funcionais das atividades básicas da vida diária (ABVD), inventário psiquiátrico – NPI-Q).

Funções Avaliadas:

Cognição Geral, Orientação temporal e espacial, Atenção, Percepção, Memórias, Habilidades Aritméticas, Linguagem, Habilidades visuconstrutivas-Praxias, Gnosias, Funções Executivas, Velocidade de Processamento, Inteligência (QI), Humor e Comportamento.

Instrumentos Utilizados:

Tabela 1. Testes aplicados na Avaliação Neuropsicológica

WAIS-III – Avalia a inteligência verbal – QI (WECHSLER, 2017).

Teste de Aprendizagem Auditivo Verbal-RAVLT – Mem. episódica verbal (DE PAULA; MALLOY-DINIZ, 2018).

Exame Cognitivo de Addenbrooke- Versão revisada (ACE-R)- (CARVALHO; CARAMELLI, 2007).

FAB- Bateria de Avaliação Frontal (ESPIRITO-SANTO, et al., 2015).

Bateria Psicológica de Avaliação da Atenção – (BPA)-(RUEDA, 3013).

Teste de Memória Lógica (ABIKOFF et al., 1987).

Stroop Test Victória – (CAMPANHOLO, 2014).

Fluência Verbal Fonológica – F.A. S (RODRIGUES et al., 2008).

Fluência Verbal Semântica – Animais (SILVA, et al., 2011).

Teste de Nomeação de Boston – (BERTOLUCCI, 2001).

Prova de imitação de gestos – Praxias (BARBIZET; DUIZABO, 1985).

Prova dos desenhos misturados de LILIA GHENT – Teste de Gnosias (BARBIZET, J.; DUIZABO, P., 1985).

Figura Complexa de Rey – Memória e habilidades visuconstrutivas (OLIVEIRA; RIGONI, 2016)

Teste dos cubos de CORSI – memória de curto prazo pela alça viso-espacial (DE PAULA et al., 2010)

Token Test – Teste de compreensão verbal (MOREIRA et al., 2011)

Escala Funcional – (PFEFFER et al., 1982)

Escala de Depressão Geriátrica – GDS (YESAVAGE, J.A. 1983). (ALMEIDA, 1999; PARADELA e colab., 2005).

Escala de Atividades da Vida Diária – KATZ (LINO et al., 2007)

Escala para Depressão em Demência-Cornell (ALEXOPOULOS et al., 1988; CARTHERY-GOULART et al. 2007).

Inventário Neuropsiquiátrico (questionário) NPI – Q – (ESPÍRITO SANTO et al., 2010).

Descrição dos resultados por modalidade cognitiva:

Tabela 2. Escala de Inteligência Wechsler para adultos- (QI Total) – WAIS-III (3a edição).

Tabela 3. Resultados Qualitativos dos Índices Fatoriais, Escores Ponderados e Percentis.

Tabela 4. Medidas Neuropsicológicas dos Subtestes do WAIS-III.

Síntese Descritiva dos Resultados

O WAIS-III apresenta conjuntos de pontuações que permitem que as habilidades cognitivas dos respondentes sejam interpretadas por meio dos QIT, QIE e QIV, ou ainda a partir de Índices Fatoriais ICV, IMO, IVP e IOP. Antes de realizar a aplicação do teste o examinador tomou decisões sobre quais subtextos seriam aplicados, além dos principais, dependendo de seus objetivos no processo avaliativo e das perguntas que se busca responder a respeito das especificidades das condições clínicas sendo investigadas.

TPDN foi submetido (a) à aplicação dos subtextos da Escala de Inteligência Wechsler para Adultos (WAIS-III), a partir dos quais foram derivados os seus Pontos Compostos. O QI Total (QIT) é derivado da combinação de pontuações em 11 subtextos e é considerado a estimativa mais representativa do funcionamento intelectual global. A habilidade cognitiva geral de TPDN supera aproximadamente 47 % das pessoas da sua idade (QIT = 99; intervalo de confiança 95% = 95–103).

As habilidades mais relacionadas ao conhecimento adquirido, raciocínio verbal e atenção a materiais verbais de TPDN, mensuradas pelo QI Verbal, supera aproximadamente 66 % das pessoas da sua idade (QIV = 106; intervalo de confiança 95% = 101–111).

As habilidades mais relacionadas ao raciocínio fluido, processamento espacial, atenção a detalhes e integração vasomotora de TPDN, mensuradas pelo QI de Execução, supera aproximadamente 25 % das pessoas da sua idade (QIE = 90; intervalo de confiança 95% = 84–97). Perceba que no WAIS-III, a configuração dos subtextos passa favorecer que o QIE dependa menos da rapidez e ênfase maior é dada ao raciocínio abstrato e não verbal.

A seguir são sintetizadas também a interpretação das pontuações por meio de índices Fatoriais, caso os subtextos que permitam a derivação desses índices tenham sido aplicados.

As habilidades de raciocínio verbal e a formação de conceitos de TPDN, mensuradas pelo Índice de Compreensão Verbal, estão acima de aproximadamente 79 % das pessoas com a mesma idade (ICV = 112; intervalo de confiança 95% = 106–117).

As habilidades de raciocínio fluido, não verbal, de atenção a detalhes e de integração vasomotora de TPDN, mensuradas pelo Índice de Organização Perceptual, são superiores a aproximadamente 34 % das pessoas com a mesma idade (IOP = 94; intervalo de confiança 95% = 88–101).

As habilidades de memória operacional de TPDN, mensuradas pelo Índice de Memória Operacional, estão acima de aproximadamente 45 % das pessoas com a mesma idade (IMO = 98; intervalo de confiança 95% = 90–106). O Índice de Memória Operacional avalia as habilidades do examinando de sustentar atenção, concentração e exercer controle mental.

As habilidades de velocidade de processamento de TPDN, mensuradas pelo Índice de Velocidade de Processamento, são superiores a aproximadamente 45 % das pessoas com a mesma idade (IVP = 98; intervalo de confiança 95% = 88–108). O Índice de Velocidade de Processamento é um indicador da capacidade do sujeito para processar informações visuais rapidamente.

Pontos Ponderados dos Subtestes-WAIS-III

Gráfico 1. Pontos ponderados dos Subtextos que compõem a Compreensão Verbal, Organização Perceptual, Memória Operacional e a Velocidade de Processamento.

Tabela 5. Mini Exame do Estado Mental – (MEEM) – Cognição Geral

Obs.: Média esperada para escolaridade 26,50 (DP= 1,62), Z= 0,3.

Interpretação: O resultado geral foi satisfatório, dentro do esperado para a idade, contudo observa-se a presença de Disgrafia, déficit na memória recente e na função viso espacial.

Tabela 6. Exame Cognitivo de Addenbrooke (ACE-R) – Versão Revisada

Interpretação: O ACE-R evidenciou resultado típico, ou seja, NÃO há déficit na cognição global (Z= -1,0), muito menos na memória (Z= – 0,5) típico, resultado esperado para idade, no entanto há déficit clínico na função visoespacial, na qual o resultado foi de Z= -3,1.

Gráfico 2. Desempenho de TPDN, pontos brutos comparados à média do grupo normativo.

Gráfico 3. Desempenho de TPDN escore Z (apurados pela média e desvio padrão do grupo normativo). Todos os resultados dentro do esperado para idade e escolaridade do avaliado, exceto a função viso espacial que apresenta déficit clínico Z= -3,5.

Tabela 7. Teste de Aprendizagem Auditivo-Verbal de Rey (RAVLT).

MEMÓRIA VERBAL

Nota. A = lista de aprendizagem; B = lista de distratores.

Interpretação: O desempenho dos ensaios de TPDN no teste RAVLT foi abaixo do esperado para a sua idade e escolaridade comparados com o grupo normativo, no qual evidenciou déficit clínico na memória episódica de curto e longo prazo.

Gráfico 4. Resultados dos acertos brutos de TPDN no RAVLT nos diferentes ensaios e a comparação com as médias do grupo normativo.

Gráfico 5. Escore Z padronizado do desempenho de TPDN. Considera-se déficit se Z for menor ou
igual a: (-1,5). Resultados abaixo de: (<) -1,5 a -1,9, nível clínico TNC leve3 ; abaixo de (<) – 2,0 nível clínico-TNC maior4
.

Tabela 8. Figura Complexa de Rey

Interpretação: Na avaliação da memória visual de curto prazo por meio da Figura Complexa de Rey, TPDN alcançou o percentil 10, classificação inferior, escore Z = -1,8, resultado abaixo do esperado para idade e escolaridade que sugere déficit.

Tabela 9. Fluência Verbal – Categoria animais

Interpretação: O resultado da avaliação da memória semântica de TPDN encontra-se dentro do esperado de acordo com sua idade e escolaridade, escore Z= -0,2.

Tabela 10. Teste dos Cubos de CORSI

Interpretação: O desempenho na tarefa dos cubos CORSI que avalia o alcance da memória de curto prazo utilizando a alça viso-espacial, TPDN teve resultado dentro do esperado para sua idade e escolaridade quando comparado ao grupo normativo.

Tabela 11. Teste de Memória Lógica

Interpretação: Na avaliação da memória lógica de curto prazo e longo prazo, TPDN obteve resultados esperados, típico para idade e escolaridade.

Tabela 12. Bateria Psicológica de Avaliação da Atenção – (BPA).

Interpretação: Os resultados apontaram déficit na atenção alternada, atenção concentrada, dividida e total.

Tabela 13. Fluência Verbal Fonêmica – F.A.S

Interpretação: O teste de Fluência Verbal Fonêmica F.A.S, demonstrou que TPDN obteve resultado dentro do esperado, típico para sua faixa etária e escolaridade.

Tabela 14. Teste de Nomeação de Boston

Interpretação: Na produção e fluência da linguagem no Teste de Nomeação de Boston TPDN obteve resultado dentro do esperado para sua idade.

Tabela 15. Token Test – Versão Reduzida

Interpretação: O Token Test evidenciou resultado esperado para a idade do avaliado em compreensão verbal.

Tabela 16. Índice de Compreensão Verbal (ICV) do WAIS-III

Interpretação: A compreensão verbal de TPDN medida pelo Índice de Compreensão Verbal (ICV) do WAIS-III encontra-se na classificação média, evidenciando boa habilidade de raciocínio verbal e formação de conceitos.

Tabela 17. Testes das Funções Executivas (FE).

Interpretação: A Bateria de Avaliação Frontal (FAB) é o teste principal que avalia com precisão as Funções Executivas. Esta evidenciou que as FE de TPDN estão preservadas. Os demais testes corroboram este resultado.

Funções Executivas escore Z – padrão

Gráfico 6. Bateria de Avaliação Frontal das Funções Executivas (FAB)*.

Tabela 18. Figura Complexa de Rey

Interpretação: O resultado evidenciou déficit na função motora de TPDN na execução da cópia da Figura Complexa de Rey , no qual obteve no escore Z= -3,3.

Tabela 19. Prova de Imitação de Gestos do Examinador

Interpretação: Na prova de imitação de gestos do examinador as praxias ideomotora, ideatória e cinética de membros superiores estão preservadas, contudo observa-se apraxia de marcha em TPDN que está com dificuldades no caminhar.

Tabela 20. Prova dos desenhos misturados de Lilia Ghent

Interpretação: Gnosia visual aperceptiva – percepção estrutural de objetos-preservada

Tabela 21. Amostra da Avaliação Global das Funções Cognitivas avaliadas.

Nota: Testes aplicados na Avaliação Neuropsicológica para amostra Geral.

Interpretação: Na avaliação geral das funções cognitivas ficou evidenciado déficits na memória episódica de curto e longo prazo, na atenção geral e na apraxia. As demais cognições estão dentro esperado para a idade e escolaridade do Sr. TPDN.

FUNÇÕES COGNITIVAS AVALIADAS – ESCORE-Z- PADRÃO

Gráfico 7. Desempenho de TPDN representado pela amostra da avaliação global dos testes das Funções Cognitivas.

1) Escala de Depressão Geriátrica – GDS- respondida pelo próprio cliente (auto avaliação), o resultado foi (3) pontos em 15, indicando que em sua percepção NÃO há sintomas de depressão. Em uma escala de 0 a 5 = Normal, 6 a 10 = Depressão Leve, 11 a 15 = Depressão. Ponto de corte=5.

2) Escala Cornell para Depressão em Demência, foi respondida pelo cuidador/acompanhante do avaliado – Pontuação (2). 12 pontos ou mais sugere Depressão. Portanto na percepção do cuidador/informante do avaliado NÃO há indícios de depressão.

3) Escala das Atividades da Vida Diária – AVDs – Respondidas também pelo acompanhante:

I. Escala de Atividades Funcionais – Pfeffer. Apurou-se (3) pontos. Pontuação maior que 5 indica comprometimento funcional significativo. Portanto o cliente NÃO necessita de ajuda ou faz com dificuldade como: fazer compras lembrar-se de compromissos, tomar remédio sozinho, etc.

II. Escala de Atividades Básicas de Kats. Indicou que o avaliado é independente em 4 funções: (Tomar banho vestir-se, usar o vaso sanitário, deitar-se e sair da cama sozinha, controlar a micção e evacuação, alimentar-se sem ajuda), e dependente parcial em 2 funções: recebe ajuda para lavar parte do corpo, como por exemplo, as costas e as pernas.

4) As escalas de Beck – BAI e BHS que avaliam a ansiedade e a desesperança, respectivamente, NÃO evidenciaram nenhuma anormalidade.

5) No Inventário Neuropsiquiátrico – NPI-Q, que avalia indícios de transtornos neuropsiquiátricos, mostrou que TPDN está em ótimas condições psíquicas, ou seja, não há sintomas dessa natureza.

Após análise dos dados psicométricos quantitativos e qualitativos, informações do próprio avaliado e de seu cuidador, além das observações, apurou-se que o avaliado apresenta preservados o QIT = 99 classificação média esperada por sua faixa etária; memória de curto prazo utilizando a alça viso espacial, memória lógica, memória semântica (capacidade de armazenar e recordar conceitos e conhecimentos aprendidos), produção e fluência da linguagem fonológica, atenção concentrada, alternada e dividida; velocidade de processamento; flexibilidade cognitiva (capacidade de mudar de uma tarefa para outra); memória episódica (capacidade de aprender novas informações) de curto prazo, evocação recente e tardia, aprendizado e reconhecimento auditivo-verbal de novas informações; linguagem (compreensão verbal e nomeação), gnose, apraxia ide motora, funções executivas (planejamento, julgamento, flexibilidade cognitiva).

Por conseguinte, a motricidade, praxia cinética dos membros superiores de vis construção, memória episódica (capacidade de aprender novas informações) de curto prazo, evocação recente e tardia, aprendizado e reconhecimento auditivo-verbal de novas informações; memória vis construtiva, memória de trabalho (capacidade de armazenar e manipular informação de curto prazo) apresentaram déficits moderados.

A avaliação da Depressão por meio das escalas de Depressão Geriátrica – GDS e Cornell, NÃO evidenciou anormalidade. Foram avaliados sintomas de ansiedade e desesperança, mas não há alterações.

Foi aplicado o inventário Neuropsiquiátrico – NPI-Q, destinado a captar sintomas/comportamentos psiquiátricos que evidenciou a ausência de tais sintomas.

Na avaliação das Atividades da Vida Diária – AVDs Funcional e Básica indicou que o Sr. TPDN às vezes necessita de algum auxílio, mas de um modo geral faz a maior parte das atividades, sozinho sem ajuda.

Com base nos resultados encontrados no funcionamento cognitivo que evidenciou déficit na memória episódica verbal de curto e longo prazo com desempenho de -1,8 e -2,1 desvios-padrão respectivamente, aquém dos padrões normais adequados, além de dificuldade moderada no desempenho funcional classificado pelo acompanhante do avaliado, no qual o resultado foi de dependência parcial/ocasional, ou seja, o avaliado necessita de ajuda esporádica nas atividades funcionais básicas; há possibilidade do Sr. TPDN estar apresentando um quadro de comprometimento cognitivo leve, devido às evidências de déficit cognitivo da memória episódica e aprendizagem. Embora haja um leve tremor das mãos, não se pode afirmar no momento que os sintomas são indicadores do Transtorno Neuro cognitivo Leve com Corpos de Lewy (TNCCL) e/ou Doença de Alzheimer (DA) uma vez que não estão claros os marcadores diagnósticos destas doenças.

Contudo, faz-se necessário uma avaliação médica minuciosa para investigar outros fatores clínicos que possam estar causando e/ou potencializando o prejuízo cognitivo observado.

Motivos: Estimular a plasticidade neural e o estado de saúde geral (biopsicossocial) com o objetivo de manutenção da qualidade de vida.

-Estimulação cognitiva;
-Participação em grupos sociais e/ou da comunidade;
-Atividade física moderada (caminhada);
-Orientação e acompanhamento nutricional;
-Incentivar o aumento e o hábito da leitura e atividades manuais.


1Graduação em Psicologia pelas Faculdades Ciências da Vida (2013). Experiência com ênfase em Processos Cognitivos e A tencionais. É Pós-graduado em Neuropsicológica pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (2017). Doutorando em Psicologia pela Universidad de Ciencias Empresariales y Sociales – Argentina (início: Jan2017).

2Subtestes: VC=Vocabulário; SM=semelhança; IN=Informações; CF=Completar figuras; CB=Cubos; RM = Raciocínio Matricial; AR=Aritmética; DG=Dígitos; SNL= Sequência de Números e Letras; CD Códigos; PS = Procurar Símbolos.

3 Transtorno Neurocognitivo Leve.
4 Transtorno Neurocognitivo Maior.