REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7557226
Sandreana da Silva Silvestre Nascimento1
Samara Siman2
Grasiela Aparecida Coura Querobino Alvarenga3
RESUMO
Este trabalho trata-se de um estudo, avaliando os possíveis riscos atribuídos às atividades de construções com coberturas de estruturas metálicas. Para elaboração deste trabalho foi realizada uma pesquisa descritiva com referencial bibliográfico e natureza dos dados qualitativos. O objetivo principal foi analisar as condições de trabalho da atividade através da Identificação dos Riscos do trabalho e assim elaborar uma planilha com a Análise Preliminar de Risco (APR). Foram analisadas as atividades que são necessárias para a execução da construção e pertinentes riscos, as causas que podem levar aos riscos apresentados, os efeitos dessas causas, bem como o grau de severidade para cada efeito apresentado e as medidas preventivas e corretivas que devem ser respeitadas e implementadas, para reduzir a probabilidade que o risco ocorra. Os tipos de Equipamentos de Segurança necessários, incluindo critérios determinados pelas Normas vigentes. E ao final foram levantadas as determinações necessárias para iniciar a atividade, tanto para aquelas tidas como rotineiras onde a APR e ordem de execução são incluídas no próprio Plano de Gerenciamento de Riscos (PGR) da empresa e as atividades não rotineiras, onde é necessário a elaboração da Permissão de Trabalho (PT). O resultado apresentado foi a APR pronta, que poderá ser utilizada com adaptações, em obras similares e a discussão apresenta as considerações pertinentes à atividade estudada, com visão sistêmica das influências que podem ocorrer, incluindo o planejamento urbano das cidades. Concluiu-se que a base para qualquer PGR ou APR eficiente é o planejamento, que se engloba no Gerenciamento de Riscos.
Palavras-chave: Trabalho em Altura. Análise de risco. Segurança do Trabalho. Estruturas metálicas
ABSTRACT
This work deals with a study, evaluating the possible risks attributed to construction activities with roofs of metallic structures. For the elaboration of this work, a descriptive research was carried out with bibliographic reference and qualitative data nature. The main objective was to analyze the working conditions of the activity through the Identification of Occupational Risks and thus prepare a spreadsheet with the Preliminary Risk Analysis (APR). The activities that are necessary for the execution of the construction and relevant risks were analyzed, the causes that can lead to the risks presented, the effects of these causes, as well as the degree of severity for each effect presented and the preventive and corrective measures that must be respected and implemented, to reduce the likelihood that the risk will occur. The types of Safety Equipment required, including criteria determined by current Regulations. And at the end, the necessary determinations were raised to start the activity, both for those considered routine where the APR and order of execution are included in the company’s own Risk Management Plan (PGR) and non-routine activities, where it is necessary to preparation of the Work Permit (PT). The result presented was the ready APR, which can be used with adaptations, in similar works and the discussion presents the pertinent considerations to the studied activity, with a systemic view of the influences that may occur, including the urban planning of cities. It was concluded that the basis for any efficient PGR or APR is planning, which is included in Risk Management.
Keywords: Work at Height. Risk analysis. Workplace safety. Metallic structures
1. INTRODUÇÃO
A construção civil é um dos setores que mais empregam no Brasil, mesmo diante do atual cenário onde vivencia-se uma pandemia, as construções não pararam, o setor é responsável por grande parte dos empregos gerados no Brasil hoje, conforme aborda Souza (2021). Concomitantemente outro índice possui notabilidade nacional, que é o de setor com maior número de acidentes de trabalho, de acordo com a Associação de Medicina e Segurança do Trabalho (2019) a construção civil está em primeiro lugar no Brasil quando se trata de acidentes com incapacidade permanente, em segundo lugar em relação a mortes e quinto lugar quando se trata de afastamentos com mais de 15 dias.
Diante do elevado crescimento, faz-se necessário adoção de métodos executivos que exibam resultados mais eficientes, prezando pela qualidade das obras e saúde do trabalhador. A qualidade de uma obra inicia-se ao “elaborar os planos a serem atendidos e definir objetivos e metas a serem alcançados” (MUSTAFÁ, 2016, p.35) isso é planejar, logo, planejar obras é essencial para a execução de atividades de forma adequada, além de antecipar possíveis riscos, garantindo uma relação sustentável entre orçamento, redução de custos e a segurança, aliando-os à responsabilidade no cumprimento das normativas (TÉCHNE, 2016).
No setor da Segurança do Trabalho, conforme Polito (2016) o método de planejamento por tentativa e erro gera grande desperdício de recursos e perda de prazo, sendo irreversível quando se trata de saúde do trabalhador. O método executivo a ser adotado no local da obra, deve visar adequado planejamento que vai ser desenvolvido de acordo com o tipo de atividade laboral e da forma de apresentação do material a ser utilizado, da mão de obra disponível e do período de tempo previsto, que atendam as condições de segurança e viabilidade do empreendimento.
As construções com estruturas metálicas possuem inúmeras vantagens, dentre elas estão: agilidade na execução das obras, durabilidade e maiores vãos suspensos de área construída, Santos (2013). A adoção deste método construtivo inclui ainda a exigência de menor quantidade de mão de obra nos canteiros de obras, entretanto, para obter construções dentro de um nível de qualidade adequado, a mão de obra necessária deve possuir uma maior especialização e treinamento, já que muitas vezes demanda de maquinários especiais.
A qualificação de mão de obra deve ser pautada em treinamentos consistentes, baseados em análise minuciosa dos possíveis riscos que a atividade pode apresentar, de forma a oferecer conhecimentos adequados aos funcionários para que os mesmos reconheçam os possíveis riscos, bem como a forma adequada de evitá-los ou amenizá-los. Diante disso, é notável a necessidade de estudar os riscos pertinentes a cada atividade, treinando adequadamente os funcionários antes que a atividade seja iniciada.
Objetiva-se com este estudo analisar os riscos das condições de trabalho com estruturas metálicas, mais precisamente, montagens de coberturas metálicas, abordando dentro dos parâmetros exigidos na NR18 e NR35 onde estão especificadas condições de segurança que devem ser observadas nos locais de trabalho como um todo, particularizando as atividades específicas. Para isso, serão abordados os tipos de métodos de análises de riscos mais utilizados na atualidade, focando-se no mais adequado para a presente análise.
1.1 Normas Regulamentadoras (NRs)
A NR 18 (2020) do Ministério do Trabalho, aborda as condições adequadas de trabalho nos setores da construção. Os itens abordados neste trabalho são precisamente os itens 18.10 (NR18) onde especifica os cuidados que devem ser observados na montagem de estruturas metálicas, item 18.11 que observa as determinações para soldagem e corte, item 18.12 que estabelece condições mínimas de segurança para a montagem de passarelas ou escadas que são necessárias para montagem de estruturas de coberturas e item 18.13 que orienta quanto às condições de segurança para evitar quedas de altura.
Outra NR que deve ser observada em montagem de cobertura, é a NR35, esta estabelece condições voltadas diretamente para trabalhos em altura, observando as medidas de segurança que devem ser implantadas para evitar quedas, “envolvendo o planejamento, a organização e a execução, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores envolvidos direta ou indiretamente com esta atividade. (NR35, 2019).
Existem ainda, a NR 1 (2022) que estabelece a implantação por parte da empresa do PGR onde especifica condições voltadas aos tipos de riscos ligados a execução das atividades laborais e a NR 9 (2021) onde expõe as condições relacionadas às exposições a agentes físicos, químicos e biológicos, bem como estabelece a forma de quantificação do tempo adequado de exposição a esses agentes.
1.2. Gerenciamento de Riscos
O gerenciamento de risco faz parte da história da humanidade, mesmo sem o devido conhecimento a respeito da definição do que é, os povos antigos já exerciam a gestão de riscos. Para Hubbard1 (2009) apud Brasil (2018) a gestão de riscos vem desde a época quando os primeiros chefes de clãs buscaram fortalecer as suas muralhas de proteção e formar alianças com outras tribos além de estocar alimentos pensando no futuro, para os autores, na antiga Babilônia já existiam práticas que objetivavam a mitigação de riscos, além de formas de indenização nos casos onde ocorriam perdas por roubos ou inundações. Com o passar do tempo ocorreram diversas evoluções, chegando a atualidade onde a sociedade atual olha cada vez mais para o trabalhador, onde existe preocupação em identificar os riscos e planejar a melhor forma de executar, gerando o menor impacto possível na saúde do trabalhador.
TCU (2018) define o risco como “o efeito da incerteza sobre objetivos estabelecidos”. É a possibilidade de ocorrência de eventos que afetem a realização ou alcance dos objetivos, combinada com o impacto dessa ocorrência sobre os resultados pretendidos. ” Enquanto que Castro (1999) conceitua como sendo um tipo de medida dos danos ou prejuízos, que podem ser quantificados através de probabilidade estatística de ocorrer, e do nível de intensidade ou grandeza conforme a consequência gerada.
O planejamento adequado da forma de execução de qualquer atividade faz parte do Gerenciamento de Riscos elaborado pela empresa e é a base para execuções eficientes e com segurança, com o planejamento é necessário a Identificação dos Riscos pertinentes ao trabalho a ser elaborado e após, ocorre a Análise dos Riscos atribuídos aquela atividade, gerando como resultado uma planilha chamada Análise Preliminar de Riscos (APR).
A exposição ao risco poderá ocorrer após esgotadas as possibilidades que evitem tal exposição. A base de um gerenciamento adequado seja em diferentes setores da empresa ou sociedade, inicia-se por um bom planejamento da atividade ou situação. Os trabalhos realizados em altura, são atividades que envolvem diferentes riscos, logo, deverão possuir adequada atenção da empresa, principalmente o setor de segurança que deverá realizar o planejamento adequado da atividade. Conforme determinado na NR 35 (2019), todo trabalho em altura deve ser planejado, observando a seguinte hierarquia no planejamento.
a) medidas para evitar o trabalho em altura, sempre que existir meio alternativo de execução;
b) medidas que eliminem o risco de queda dos trabalhadores, na impossibilidade de execução do trabalho de outra forma;
c) medidas que minimizem as consequências da queda, quando o risco de queda não puder ser eliminado (NR 35, 2019).
A NR 35 (2019) adverte ainda, que “Todo trabalho em altura deve ser planejado, organizado e executado por trabalhador capacitado e autorizado”, sendo supervisionado por pessoa capacitada. A autorização para realização do trabalho só poderá ocorrer após, treinamento adequado da equipe de trabalho, sendo que para atividades tidas como rotineiras a NR ressalta que poderá será incluída a análise de risco dentro do manual de procedimentos operacionais da empresa, como é o caso de empresas que trabalham com instalações elétricas diariamente.
Conforme RUPPENTHAL (2013), o gerenciamento dos riscos de uma atividade, inicia-se através da identificação dos possíveis problemas, analisando-os como um todo de forma a evitar algum tipo de perda. Para o autor, o gerente de riscos possui grande responsabilidade, considerando a necessidade do acompanhamento contínuo e sistemático da execução da atividade.
Gerenciar riscos é complexo e depende de técnicas adequadas. Conforme ABNT NBR ISO 31.000(2018), a gestão de riscos deve ser base para a tomada de decisões dentro de uma organização, devendo ser parte integradora dentro de seus processos e operações organizacionais, através do desenvolvimento estratégico adequado, para execução com segurança das atividades laborais.
O processo de gestão de riscos envolve a aplicação sistemática de políticas, procedimentos e práticas para as atividades de comunicação e consulta, estabelecimento do contexto e avaliação, tratamento, monitoramento, análise crítica, registro e relato de riscos. (ABNT NBR 31000,2018, p.9).
Figura 1 – Processo de gestão de Riscos
Fonte: ABNT NBR 31.000/2018
1.3. Identificação de Riscos
Todas as tomadas de decisões dentro de uma organização estão sujeitas a riscos, seja no setor administrativo ou demais setores. A identificação dos riscos de cada atividade laboral dentro da organização, deve ser feita em conjunto entre coordenadores e trabalhadores. Cada um pode contribuir identificando possíveis situações de riscos que poderão ser inicialmente eliminados, o modelo de identificação dos riscos deve ser sistemático e contínuo, de forma a ser cada vez mais completo e eficiente.
Existem técnicas que facilitam a identificação de riscos, RUPPENTHAL (2013) observa que o investimento em fatores tecnológicos, econômicos e sociais podem ser grandes aliados aos resultados de uma identificação de risco, mais precisa e eficiente. Para o autor os fatores tecnológicos relacionam-se com o uso de novos materiais e substâncias, prezando por melhores condições operacionais, podendo ser através da implementação de equipamentos mais modernos e seguros, enquanto os fatores econômicos estão relacionados com melhorias na planta industrial e os fatores sociais vão influenciar na localidade onde a organização foi instalada, seja pela proximidade de grandes densidades demográficas ou mesmo pela existência de comunidades locais conhecedoras de questões ambientais e de segurança.
Para RUPPENTHAL (2013),
Não existe um método ótimo para se identificar riscos. Visando-se a evitar ameaças por perdas decorrentes de acidentes, sugere-se obter uma grande quantidade de informações sobre riscos, por meio da combinação de várias técnicas e métodos existentes.
1.4. Análise Preliminar de risco
As atividades laborais devem ser iniciadas após a análise preliminar de riscos, por questões de segurança na realização do trabalho. Para os trabalhos realizados em altura essa é uma determinação da NR 35 (2019) que observa ainda que além dos riscos relacionados diretamente ao trabalho em altura, devem ser analisados o local e entorno onde o serviço deve ser executado avaliando as proteções contra queda de ferramentas e materiais, as condições de isolamento e sinalização do local, os pontos de ancoragem dos sistemas de segurança e proteções bem como os tipos de sistemas incluindo garantias de qualidade dos mesmos, além das condições climáticas e meteorológicas previstas para o momento da execução do serviço. A NR especifica ainda a necessidade de supervisão adequada e planejamento para o caso de emergências e primeiros socorros.
A análise de Risco deve ser posterior a Identificação dos Riscos, dessa forma tem como resultado uma planilha chamada APR onde cada funcionário deve preencher antes de iniciar a atividade. Para BUSS (2013) a APR é um documento completo onde detalha o decorrer da atividade a ser realizada, possíveis perigos, o que pode causar o perigo, quais seus efeitos, a categorias de frequência e severidade relacionada ao tipo de risco.
As análises de riscos que podem ocorrer durante a realização das atividades laborais são de diferentes formas. Atualmente são consideradas 7 tipos de técnicas, que podem ser adotadas de forma a trazer um resultado satisfatório, em relação ao objetivo desejado. Conforme Carlos (2022), dentre essas técnicas estão: a AAF – Processo lógico Dedutivo onde parte-se de um evento indesejado buscando-se as possíveis causas; ADC- Árvore de Causas que é um método baseado na teoria dos sistemas; FMEA – Análise de Modos de Falhas e Efeitos onde objetiva identificar potenciais modos de falhas seja de um processo ou produto; HAZOP – Estudo de Perigos e Operabilidade é uma análise de risco que objetiva identificar os perigos e problemas de operabilidade na instalação de um determinado processo; TIC – Técnica de Incidentes Críticos onde é identificado falhas e condições inseguras que pode levar a ocorrência de acidentes; WI- Análise de Riscos que busca identificar possíveis omissões em projetos, procedimentos e normas, avaliando comportamento e capacitação dos profissionais e APR – Análise Preliminar de Risco que é um dos métodos mais utilizados, que procura estudar antecipadamente e detalhadamente todas as fases do trabalho, com o objetivo de descobrir falhas que poderão ocorrer durante a execução da atividade.
1.5. Tipos de Equipamentos Individual /coletivos de Segurança utilizados na atividade
A execução de trabalho em altura exige maior cuidado que outras determinadas atividades, é necessário treinamento e muito conhecimento por parte do trabalhador, de como a atividade será executada e quais as medidas de segurança deverão ser tomadas durante o trabalho. O trabalhador deve estar atento ao local e ao entorno para que ocorra um trabalho seguro.
De acordo com a NR 6 (2015) considera-se Equipamento de Proteção Individual – EPI, todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. ” Segundo a mesma normativa a responsabilidade de fornecer os EPI é da empresa, o EPI deve ser fornecido individualmente para cada trabalhador, gratuitamente e em condições perfeitas de uso, cada EPI deve possuir a certificação (CA) que comprova sua aprovação pelo Órgão nacional responsável, que é ligado ao Ministério do Trabalho. Conforme a NR 6 (2015) a empresa deve fornecer os EPIs:
a) sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do trabalho;
b) enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas; e,
c) para atender a situações de emergência. (NR35, 2019).
Em concomitância com o uso de EPI também é necessário a utilização e implantação dos Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC). Para identificação de quais EPCs são necessários para a atividade, a NR 1 (2020) estabelece a necessidade de elaboração do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). Conforme a NR, a elaboração poderá ser realizada por unidade, setor ou mesmo para cada atividade laboral existente na empresa. Para elaboração do PGR é necessário observar as prescrições da NR 9 (2022) que trata da necessidade de avaliação das exposições aos agentes ocupacionais físicos, químicos e biológicos. Em trabalhos em altura é necessária atenção à exposição ao calor e à vibração.
Os EPIs mais utilizados na atividade de montagem de cobertura metálica, que se trata de um trabalho em altura são: calçado de segurança, bota de borracha, cinto de segurança, luvas de raspa, óculos de segurança, capacete, protetor auricular, máscara com viseira apropriada para soldador, máscara, etc. Já considerando os EPCs mais utilizados são: fitas ou faixas zebradas de sinalização e isolamento do local, cones de sinalização, cavaletes, sinalização através de placas, guarda corpo de proteção, corrimãos, extintores, entre outros.
O uso dos equipamentos de segurança são essenciais, mas a verificação é determinante para que este seja funcional em caso de necessidade, conforme NR35 (2019) os equipamentos de segurança deverão ser inspecionados antes do início da atividade, verificando validade, composição adequada do produto, observando a ocorrência de defeitos, degradação e ainda, avaliar o peso especificado de suporte de carga do sistema de proteção individual contra quedas (SPIQ), todas as informações deverão ser anotadas por questões de futuras conferências e comprovações, caso algum equipamento não esteja adequado ao uso por reprovação nas inspeções, estes deverão ser descartados com exceção quando houver previsão normativa de restauração.(NR 35, 2019).
1.6. Treinamento do funcionário e permissão de trabalho
A empresa é responsável pela capacitação e treinamento do funcionário, segundo a NR 35 (2019) a carga horária mínima válida de treinamento para um trabalhador que executa atividades em altura, é de 8:00 horas com periodicidade bienal, o conteúdo do treinamento poderá ser definido pela empresa com base na equipe que possui, que deve ter qualificação e experiência na atividade a que o treinamento se refere, sob a supervisão de um profissional de segurança do trabalho.
Para que um funcionário seja considerado capacitado para a realização de atividades em altura, esse deve ter realizado o treinamento e ter sido aprovado, tanto no conteúdo prático como teórico (NR35, 2019). O programa do treinamento apesar de ser de responsabilidade da empresa, deve ter no mínimo:
a) normas e regulamentos aplicáveis ao trabalho em altura; b) análise de Risco e condições impeditivas; c) riscos potenciais inerentes ao trabalho em altura e medidas de prevenção e controle; d) sistemas, equipamentos e procedimentos de proteção coletiva; e) equipamentos de Proteção Individual para trabalho em altura: seleção, inspeção, conservação e limitação de uso; f) acidentes típicos em trabalhos em altura; g) condutas em situações de emergência, incluindo noções de técnicas de resgate e de primeiros socorros (NR 35,2019).
Para execução da atividade, além da capacitação, o funcionário deverá ser autorizado. De acordo com a NR 35 (2019), após ter a saúde avaliada com o atestado de saúde ocupacional em dia e ser capacitado, o funcionário deverá ter a anuência formal da empresa, para assim iniciar a atividade.
As atividades rotineiras de trabalho em altura devem estar incluídas nos Procedimentos Operacionais da empresa, de acordo com a NR 35(2019), esses procedimentos devem ter no mínimo:
a) as diretrizes e requisitos da tarefa;
b) as orientações administrativas;
c) o detalhamento da tarefa;
d) as medidas de controle dos riscos características à rotina;
e) as condições impeditivas;
f) os sistemas de proteção coletiva e individual necessários;
g) as competências e responsabilidades
Enquanto que as atividades que não fazem parte da rotina da empresa, como é o caso em estudo, a montagem de coberturas de estrutura metálicas, é necessário a Permissão de Trabalho (PT), de acordo com a NR 35(2019) a PT deve ficar sobre consulta dos órgãos fiscalizadores, no local de execução da atividade, e ao término do serviço deve ser arquivada para possíveis rastreabilidades. Conforme a norma, a PT deve ter informações mínimas como, as condições necessárias para execução da atividade, as informações e medidas citadas na análise de risco, além de informar todos os nomes da equipe envolvida na autorização. Essa permissão poderá ser revalidada para outros trabalhos quando necessário, desde que as condições de trabalho não tenham sido alteradas.
2 METODOLOGIA
A metodologia adotada para realização do presente trabalho foi a pesquisa descritiva conforme tipologia, bibliográfica quanto ao tipo de natureza e fonte de pesquisa utilizada é qualitativa quanto a natureza dos dados pesquisados.
O trabalho realizado foi a elaboração da Análise Preliminar de Riscos (APR) de um trabalho em altura, que são as construções de coberturas de galpões comerciais com estruturas metálicas. A localidade onde foi estudada a instalação do galpão comercial, fica no bairro Distrito Industrial na cidade de Governador Valadares em Minas Gerais, trata-se de uma obra já pronta, mas que o estudo terá como resultado uma APR que poderá ser utilizada como base para futuras obras no bairro. Cada APR é única, as condições podem mudar por diversas variáveis, contudo pode servir de base e ser aperfeiçoada para outros locais com obras similares.
As construções de galpões com coberturas metálicas para fins comerciais e industriais no bairro Distrito Industrial, são muito comuns. A execução da atividade deve ter por objetivo a construção descrita no projeto estrutural, que precisa ter responsável técnico atestando que este foi elaborado conforme as normativas vigentes. As construções podem ser do tipo mista sendo somente a cobertura com estruturas metálicas e estrutura de suporte da construção em concreto armado ou alvenaria estrutural ou ainda, possuir toda estrutura como pilares, vigas e cobertura em estruturas metálicas. Na presente situação foi considerado um galpão construído em estrutura mista, sendo pilares e vigas em concreto armado e apenas a cobertura em estruturas metálicas.
Figura 2 – Modelo de cobertura metálica de um galpão comercial em Governador Valadares utilizado como base para a elaboração da APR
Fonte: Arquivo pessoal
O método de Análise de risco adotado neste trabalho foi a APR, onde foram analisadas as atividades com trabalho em altura, a atividade laboral foi analisada observando a execução de instalação de estruturas metálicas para compor a montagem de coberturas de galpões comerciais e industriais, de armazenamento, coberturas de postos de combustíveis, coberturas de estádios, etc.
Para a elaboração da APR buscou-se bibliográficas e normativas referentes ao assunto, além de ter sido usada uma construção pronta para ter como referência e análise das condições locais.
O método foi detalhado mostrando os possíveis riscos que podem ocorrer durante a realização do trabalho, com o objetivo de identificar futuros riscos de ocorrência desses acidentes, reduzindo-os ou eliminando-os completamente.
Foram observadas as determinações principalmente da NR35 onde trata de trabalhos em altura observando as técnicas e EPIs prescritos e NR 18.
Ao final foram especificados os documentos necessários para início do trabalho.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Para elaboração da APR foi utilizado o quadro 1, com referência ao autor De Cicco (2003) onde ele atribui uma categoria de severidade ao tipo de efeito gerado ou ocorrido a cada risco.
Quadro 1 – Categoria de severidade dos efeitos adotados na elaboração da APR
Fonte: De Cicco; Fantazzini,2003
Tabela 1 – Análise Preliminar de Risco
Fonte: Adaptação, DE CICCO, 2003.
Considerando as condições analisadas para realização da atividade de construções de coberturas com estruturas metálicas, é notável que existem grandes riscos na execução da atividade. As estruturas metálicas possuem condições limitadas de fixação de sistemas de segurança, em muitas situações não é possível adaptar ou fazer novos furos para fixação desses sistemas, sendo na maioria dos casos necessário ter essa previsão previamente no projeto de estruturas. Nota-se que a fase do planejamento da atividade, incluindo a elaboração dos projetos são primordiais para uma execução segura.
O trabalho em altura sempre que possível deve ser evitado, partes das coberturas metálicas que tiverem condições de serem montadas no nível do solo, devem assim serem feitas, tendo o cuidado para as condições limites de peso e espaço de iça mento possíveis e viáveis existentes no local.
As execuções desses tipos de obras, possuem limitadores que muitas vezes precisam ser contornados, como é o caso da existência próxima ao local de redes de tensão. Em muitos casos não é possível simplesmente retirar o risco, mas executar a atividade com o risco no local, já que esse fator influencia até mesmo no planejamento urbanístico da cidade, onde caracteriza e diferencia as zonas da cidade para construções industriais, comerciais, residenciais e mistas. Em muitas cidades, principalmente as de pequeno porte essa diferenciação não existe, fazendo com que construções com grandes coberturas metálicas fiquem próximo a áreas residenciais onde a rede de tensão é mais ramificada e mais próxima dos lotes.
Para todos os riscos analisados na APR, observou-se que o uso dos EPIs e EPCs são indispensáveis, e ainda que o treinamento do funcionário deve ser periódico e com carga horária adequada. Já que, quanto maior o nível de treinamento do funcionário mas este é conhecedor dos riscos e formas de se proteger.
Estando o funcionário treinado e apto a executar a atividade, com os EPIs e EPCs adequados, a empresa irá liberar a Permissão de Trabalho, dando anuência formal para seu início. Ou no caso onde forem atividades rotineiras essas determinações já estarão especificadas no PRG da empresa.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho, foi abordado o método da Análise Preliminar de Risco (APR) para a atividade de construções de coberturas com estruturas metálicas, notou-se que para o desenvolvimento correto do método, o Gerenciamento de riscos e a identificação dos riscos devem preceder a APR. Com um bom gerenciamento, existe planejamento, o que resulta em uma APR mais completa e com resultados mais eficazes.
Dessa forma concluiu-se que a responsabilidade em elaborar uma permissão de Trabalho e em elaborar um PGR é grande, considerando o encargo da equipe ou da empresa pelo funcionário, em seu treinamento adequado, nas condições de convencimento do uso dos sistemas de segurança e no resultado final da obra entregue com responsabilidade e segurança.
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