ESTRATÉGIAS DE CONTROLE DA TUBERCULOSE NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7551765


Victor Guilherme Pereira da Silva Marques1
Vinícius Costa Maia Monteiro2
Izabela Nascimento Galvão3
Artur de Sousa Mendes4
Claudia Aparecida Godoy Rocha5
Hemerson Felipe Fernandes Abreu6
Heráclito Carlos Gomes da Silva7
William Gomes da Silva8
Ana Gabrielle Pinto Santos9
Kamilly Victória Jacques Silva de Assis10
Ícaro Viterbre Debique Sousa11
Heron Viterbre Debique Sousa12
Dandara de Jesus dos Santos e Santos13
Vanessa Cristina Teixeira14
Viviane França Silva15


Resumo

Objetivo: Analisar a literatura existente acerca das estratégias de controle da tuberculose no sistema único de saúde. Métodos: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura de caráter qualitativo. A busca dos trabalhos envolvidos na pesquisa foi realizada nas seguintes bases de dados: SCIELO, LILACS, BDENF e MEDLINE, a partir dos descritores em ciências da saúde: “Assistência à saúde”, “Tuberculose” e “Sistema único de saúde”. Os critérios de inclusão foram: publicados no período entre 2012 e 2022, cujo acesso ao periódico era livre aos textos completos, artigos em idioma português, inglês e espanhol e relacionados a temática. Critérios de exclusão foram: artigos duplicados, incompletos, resumos, resenhas, debates, artigos publicados em anais de eventos e indisponíveis na íntegra. Resultados: Para o controle da tuberculose as diretrizes repassadas pelo Plano Nacional de Controle a Tuberculose indicavam que era necessário detectar 90% dos casos esperados e curar pelo menos 85% dos diagnosticados. Conclusão: É importante salientar que todos os individuos da comunidade precisam ter acesso a informações sobre todas as patologias, principalmente a tuberculose que é uma doença que tem um alto nível de transmissão, para que os profissionais sejam avisados e possam detectar precocemente a doença em sua área de abrangência aparada pela atenção básica do local.

Palavras-chave: Assistência à saúde. Tuberculose. Sistema único de saúde.

Abstract

Objective: To analyze the existing literature on tuberculosis control strategies in the Brazilian National Health System. Methods: This is an integrative qualitative literature review. The search for papers involved in the research was conducted in the following databases: SCIELO, LILACS, BDENF and MEDLINE, based on the descriptors in health sciences: “Health care”, “Tuberculosis” and “Single Health System”. Inclusion criteria were: published between 2012 and 2022, with free access to full texts, articles in Portuguese, English and Spanish, and related to the theme. Exclusion criteria were: duplicate articles, incomplete articles, abstracts, reviews, debates, articles published in proceedings of events and unavailable in full. Results: To control tuberculosis, the guidelines of the National Tuberculosis Control Plan indicated that it was necessary to detect 90% of expected cases and to cure at least 85% of those diagnosed. Conclusion: It is important to emphasize that all individuals in the community need access to information about all pathologies, especially tuberculosis which is a disease that has a high level of transmission, so that professionals are warned and can detect the disease early in their area of coverage trimmed by the local primary care.

Keywords: Health care. Tuberculosis. Single Health System.

Resumen

Objetivo: Analizar la literatura existente acerca de las estrategias de control de la tuberculosis en el sistema único de salud. Métodos: Se trata de una revisión integradora de la literatura cualitativa. La búsqueda de los trabajos involucrados en la investigación fue realizada en las siguientes bases de datos: SCIELO, LILACS, BDENF y MEDLINE, a partir de los descriptores en ciencias de la salud: “Health care”, “Tuberculosis” y “Single Health System”. Los criterios de inclusión fueron: publicados entre 2012 y 2022, cuyo acceso a la revista fuera libre a textos completos, artículos en portugués, inglés y español y relacionados con el tema. Los criterios de exclusión fueron: artículos duplicados, incompletos, resúmenes, revisiones, debates, artículos publicados en actas de eventos y no disponibles en su totalidad. Resultados: Para el control de la tuberculosis, las directrices revisadas por el Plan Nacional de Control de la Tuberculosis indican que es necesario detectar el 90% de los casos esperados y curar al menos el 85% de los diagnosticados. Conclusión: Es importante destacar que todos los individuos de la comunidad necesitan tener acceso a la información sobre todas las patologías, especialmente la tuberculosis que es una enfermedad que tiene un alto nivel de transmisión, para que los profesionales estén prevenidos y puedan detectar precozmente la enfermedad en su área de cobertura recortada por los cuidados básicos de la localidad.

Palabras clave: Asistencia sanitaria. Tuberculosis. Sistema único de salud.

1 INTRODUÇÃO 

A tuberculose (TB) é uma doença infecto-contagiosa causada pelo Mycobacterium tuberculosis ou Bacilo de Koch (BK). A doença apresenta algumas características marcantes como: um longo período de latência entre a infecção inicial e a apresentação clínica da doença; preferência pelos pulmões, mas também pode ocorrer em outros órgãos do corpo como ossos, rins e meninges; e resposta granulomatosa associada à intensa inflamação e lesão tissular (NOGUEIRA et al., 2012).

Desde 2003, o Ministério da Saúde vem considerando essa doença como uma das prioridades na agenda da saúde, incentivando medidas prementes de enfrentamento, seja por meio de indução de políticas de saúde ou de ações afirmativas, com destaque para a Estratégia Saúde da Família (ESF) (SANTOS; NOGUEIRA; ARCÊNCIO, 2012).

A TB é a segunda maior causa de óbitos no mundo, ficando atrás apenas do HIV. Em 2011, 8,7  milhões  de  pessoas  adquiriram  a  doença  e  1,4  milhões  morreram  devido  a  essa  enfermi-dade. No Brasil, também em 2011, a prevalên-cia de TB foi em torno de 91 mil casos, as mor-tes  estimadas  foram  em  torno  de  5,6  mil,  com  71,337  novos  casos  notificados.  Apesar  da  in-cidência de TB ainda ser alta, o número de no-vos casos está diminuindo gradualmente a cada ano (FERRI et al., 2014).

Algumas doenças podem favorecer o surgimento da tuberculose. Entre as comorbidades relacionadas a essa enfermidade, podem ser citadas como as três principais a infecção pelo HIV, o alcoolismo e o diabetes mellitus (DM). O perfil epidemiológico da tuberculose tem sido alterado no decorrer dos anos pelo HIV. A coinfecção tuberculose/HIV vem ocasionando um aumento da mortalidade, alterando a resistência aos medicamentos antituberculose e o risco de transmissão devido ao abandono do tratamento (AUGUSTO et al., 2013).

Calcula-se  que  durante  um  ano,  em  uma  comunidade,  uma  fonte  de  infecção  poderá  infectar  em  média  até  15  pessoas.  A  fala,  o  espirro,   e  principalmente  a  tosse, lançam  no  ar  gotículas  contaminadas denominadas  gotículas  de  Flügge.  As  mais  pesadas  se  depositam  rapidamente  no  ambiente, enquanto as mais leves permanecem em suspensão no ar. Somente as gotículas desidratadas, com  diâmetro  de  até  5  micra,  contendo  1  a  2  bacilos  em  suspensão,  podem  atingir  os  bronquíolos  e  alvéolos   pulmonares,   iniciando   assim   o   processo   infeccioso (KOZAKEVICH; SILVA, 2015).

A fim de se eliminar a TB como problema de saúde pública, a Estratégia End TB reforça a necessidade de inovação e pesquisa para acelerar a incorporação de ferramentas existentes e a introdução de instrumentos inovadores. A Estratégia End TB também enfatiza uma abordagem integrada para alcançar seus objetivos, por exemplo, detectar e tratar a TB ativa, bem como prevenir casos novos; ou seja, diagnósticos e tratamentos aprimorados precisam ser complementados por estratégias de prevenção (BARREIRA, 2018).

O presente estudo tem como objetivo analisar a literatura existente acerca das estratégias de controle da tuberculose no sistema único de saúde.

2 MÉTODO

Trata-se de um estudo descritivo, do tipo revisão integrativa de literatura, de caráter qualitativo. Segundo Souza, Silva & Carvalho (2010) a revisão integrativa é a mais ampla abordagem metodológica referente às revisões, permitindo a inclusão de estudos experimentais e não-experimentais para uma compreensão completa do fenômeno analisado. 

As etapas da produção da presente revisão integrativa se constituem pela identificação da temática, questão norteadora, amostragem (seleção dos artigos) e categorização dos estudos.

Adotou-se para a elaboração da pergunta norteadora e definição de critérios de legibilidade, a estratégia PICO, na qual (P) População; (I) Intervenção; (C) Comparação; (O) Resultados. Estruturou-se, diante disto, a seguinte questão: “O que a literatura aborda acerca das estratégias de controle da tuberculose no sistema único de saúde?”.

Para responder à pergunta norteadora foram utilizados como critérios de inclusão artigos publicados no período entre 2012 e 2022, cujo acesso ao periódico era livre aos textos completos, artigos em idioma português, inglês e espanhol e relacionados a temática que foram localizados através da busca com os seguintes descritores utilizando o operador booleano and entre eles: Assistência à saúde and Tuberculose and Sistema único de saúde. Para a seleção destes descritores, foi efetuada consulta ao DeCs – Descritores em Ciências da Saúde. Como critérios de exclusão, enquadraram – se artigos duplicados, incompletos, resumos, resenhas, debates e artigos publicados em anais de eventos.

Para a obtenção dos artigos, foi realizado um levantamento nos seguintes bancos de dados eletrônicos: Scientific Electronic Library – SCIELO, Literatura Latino – Americana do Caribe em Ciências da Saúde – LILACS, Banco de Dados em Enfermagem – BDENF, Medical Literature Analysis and Retrievel System Online – MEDLINE via Biblioteca Virtual em Saúde – BVS.

A partir da revisão de literatura e análise dos estudos indexados nas bases de dados eletrônicas, acerca da temática proposta, foram encontrados 500 estudos científicos, sendo que, apenas 90 estudos foram selecionados, 50 atenderam aos critérios de inclusão previamente estabelecidos, destes, 30 foram excluídos com base nos critérios de exclusão, restando 7 artigos para composição e análise do estudo. O fluxograma com o detalhamento das etapas de pesquisa está apresentado a seguir na figura 1.

Figura 1 – Fluxograma de identificação e seleção dos artigos. Teresina, Piauí, Brasil. 2023.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O fácil acesso do doente ao tratamento é um fator importante para o controle da TB nas comunidades. Para tal, a descentralização do tratamento precisa ser cuidadosamente planejada e executada, garantindo-se a capacitação dos profissionais, supervisão adequada e a qualidade do atendimento (SANTOS; NOGUEIRA; ARCÊNCIO, 2012).

Partindo das orientações do Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT), traz-se à discussão o desenvolvimento  de ações de educação em saúde, comunicação e mobilização social, no âmbito da Estratégia Saúde da Família, visando o fortalecimento da capacidade de enfrentamento dos problemas  ligados ao processo saúde-doença-cuidado no contexto da TB (SÁ et al., 2013).

Vale ressaltar que um dos objetivos do Plano Nacional é a coalizão com organizações da sociedade civil e comunidades. As estratégias são estabelecer uma articulação entre gestão e sociedade civil, fortalecer a participação da sociedade civil na elaboração de campanhas, no planejamento, no monitoramento e nas avaliações das ações de enfrentamento da TB (BARROS et al., 2020).

Para o controle da tuberculose as diretrizes repassadas pelo Plano Nacional de Controle a Tuberculose indicavam que era necessário detectar 90% dos casos esperados e curar pelo menos 85% dos diagnosticados. É necessário ainda, manter o abandono abaixo de 5% e expandir o tratamento supervisionado (observação direta da tomada de medicação para TB) para 100% das Unidades de Saúde dos municípios prioritários (MARQUIEVIZ et al., 2013).

Objetivando controlar a TB, o Ministério da Saúde brasileiro tem adotado o Directly Observed Therapy, Short-course (DOTS), estratégia recomendada internacionalmente, baseada em cinco pilares: esquemas de tratamento padronizados e diretamente supervisionado, pelo menos uma vez por semana durante o primeiro mês de tratamento; aquisição e distribuição regular de medicamentos; criação de um eficiente sistema de informação; ações de busca de sintomático respiratório, com retaguarda laboratorial; e compromisso político (ALVES et al., 2012). 

Reconhece-se também que o DOTS não deve ser reduzido a ações concernentes à observação e monitoramento da ingesta da medicação específica. Na busca por uma atenção integral e resolutiva para o controle da TB, faz-se necessário que, além de estarem tecnicamente preparadas, as equipes de saúde da família considerem o uso de tecnologias leves para favorecer o processo terapêutico, principalmente para fortalecer a construção de vínculo (SÁ et al., 2012).

O Tratamento Diretamente Observado (TDO), portanto, vai além da vigilância isolada da tomada das medicações, pois traz uma maior responsabilidade aos proissionais para o seguimento terapêutico, tanto no cenário do domicílio, ao incluir a necessidade de fortalecimento do vínculo e a coniança do doente com a equipe de proissionais, e facilita as ações de educação em saúde do paciente e de seus contatos (VILLA et al., 2012).

Dessa forma, espera-se que as equipes da ESF realizem busca ativa dos sintomáticos respiratórios na comunidade, detectem casos infectantes da tuberculose, pela baciloscopia direta do escarro, anulem essas fontes de infecção mediante tratamento padronizado e executem ações de vigilância epidemiológica dos focos (SANTOS et al., 2012).

É de fundamental importância o conhecimento sobre a TB, o acesso às informações através dos meios de comunicação, das escolas e de intervenções educativas com o intuito de reduzir o estigma e o impacto das consequências sociais da TB, como também a idealização de programas de educação continuada em saúde, projetados para aumentar o nível de conhecimento em toda a população e como forma de melhorar o acesso dos doentes aos serviços de saúde para o diagnóstico precoce da doença (MACEDO et al., 2016).

4 CONCLUSÃO

Conclui-se que o sistema único de saúde deve dispor de estratégias para o controle da tuberculose, através principalmente da capacitação dos profissionais de saúde da ESF. Realizando também ações de educação em saúde nas unidades básicas de saúde aos pacientes com tuberculose, proporcionando o tratamento correto e as orinetações corretas a serem seguidas durante todo o tratamento que será supervisionado pelos profissionais da atenção básica.

É importante salientar que todos os individuos da comunidade precisam ter acesso a informações sobre todas as patologias, principalmente a tuberculose que é uma doença que tem um alto nível de transmissão, para que os profissionais sejam avisados e possam detectar precocemente a doença em sua área de abrangência aparada pela atenção básica do local.

REFERÊNCIAS

ALVES, R.S et al. Abandono do tratamento da tuberculose e integralidade da atenção na estratégia saúde da família. Texto & Contexto-Enfermagem , v. 21, p. 650-657, 2012.

AUGUSTO, C.J et al. Características da tuberculose no estado de Minas Gerais entre 2002 e 2009. Jornal Brasileiro de Pneumologia, v. 39, p. 357-364, 2013.

BARREIRA, D. Os desafios para a eliminação da tuberculose no Brasil. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 27, p. e00100009, 2018.

BARROS, R.S.L et al. Desempenho do programa de controle da tuberculose na estratégia saúde da família. Escola Anna Nery, v. 24, 2020.

FERRI, A.O et al. Diagnóstico da tuberculose: uma revisão. Revista Liberato, v. 15, n. 24, p. 145-154, 2014.

KOZAKEVICH, G.V; SILVA, R.M. Tuberculose: revisão de literatura. Arquivos Catarinenses de Medicina, v. 44, n. 4, p. 34-47, 2015.

MACEDO, S.M et al. Estratégias para capacitação ao cuidado em tuberculose. Cogitare Enfermagem, v. 21, n. 3, 2016.

MARQUIEVIZ, J et al. A Estratégia de Saúde da Família no controle da tuberculose em Curitiba (PR). Ciência & Saúde Coletiva, v. 18, p. 265-271, 2013.

NOGUEIRA, A.F et al. Tuberculose: uma abordagem geral dos principais aspectos. Rev. Bras. Farm, v. 93, n. 1, p. 3-9, 2012.

SANTOS, T.M.M.G; NOGUEIRA, L.T; ARCÊNCIO, R.A. Atuação de profissionais da Estratégia Saúde da Família no controle da tuberculose. Acta Paulista de Enfermagem, v. 25, p. 954-961, 2012.

SÁ, L.D et al. Cuidado ao doente de tuberculose na Estratégia Saúde da Família: percepções de enfermeiras. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 46, p. 356-363, 2012.

SÁ, L.D et al. Educação em saúde no controle da tuberculose: perspectiva de profissionais da estratégia Saúde da Família. Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 15, n. 1, p. 103-11, 2013.

SANTOS, T.M.M.G et al. O acesso ao diagnóstico e ao tratamento de tuberculose em uma capital do nordeste brasileiro. Rev. enferm. UERJ, p. 300-305, 2012.

SOUZA, M.T; SILVA, M.D; CARVALHO, R. Revisão integrativa: o que é e como fazer. Einstein, v. 8, p. 102-106, 2010.

VILLA, T.C.S et al. Satisfação do usuário com os serviços de atenção à tuberculose em Ribeirão Preto, 2008. Cad Saude Coletiva, v. 20, n. 2, p. 234-43, 2012.


1Graduando em Enfermagem pelo Centro Universitário do Piauí – UNIFAPI
2Faculdade do Complexo Educacional Santo André – FACESA
3Universidade Federal do Pará – UFPA
4Faculdade de Saúde de Petrolina
5Enfermeira e Preceptora pela Universidade do Estado do Pará – UEPA
6Universidade Estadual do Maranhão – UEMA
7Universidade Federal do Piauí – UFPI
8Centro Universitário Uninorte
9Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – EBSERH
10Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos Porto
11Universidade Federal de Lavras
12Universidade Federal de Minas Gerais
13Faculdade Santa Terezinha
14Faculdade Guanambi
15Centro Universitário Maurício de Nassau