REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7544343
Katiane Oliveira Santos de Souza1
Danubya Detielly Cordeiro Ferreira Mendes2
Grasiela Aparecida Coura Querobino Alvarenga3
RESUMO
O presente trabalho aborda a cultura de segurança empregada em uma empresa do ramo de estruturas metálicas na cidade de Governador Valadares – MG. É comum que os comportamentos seguros sejam negligenciados em empresas de pequeno porte, pois para alguns proprietários a compra de equipamentos de segurança individuais e coletivos oneram a atividade, diminuindo os lucros, não levando em consideração a importância de se cuidar da saúde e segurança dos trabalhadores. O objetivo do estudo é identificar pontos de atenção relacionados à segurança do trabalho na execução da atividade, bem como indicar melhorias a serem adotadas pela empresa, melhorias estas voltadas principalmente para o uso de EPI – Equipamentos de proteção individual. A pesquisa foi realizada em campo, acompanhando as atividades realizadas pela empresa WSantana Estruturas Metálicas. Ao fim do estudo foram apresentados os pontos de atenção e sugestões para que a empresa adote uma cultura de segurança preventiva, como capacitação do proprietário e uso regular dos EPI adequados para a atividade.
Palavras-chave: Estruturas Metálicas. Segurança. Equipamento de proteção individual Prevenção de acidentes. Segurança do trabalho
ABSTRACT
The present work addresses the safety culture employed in a company in the field of metallic structures in the city of Governador Valadares – MG. It is common for safe behaviors to be neglected in small businesses, as for some owners the purchase of individual and collective safety equipment burdens the activity, reducing profits, not considering the importance of taking care of the health and safety of workers. The objective of the study is to identify points of attention related to work safety in the execution of the activity, as well as to indicate improvements to be adopted by the company, these improvements mainly focused on the use of Personal Protective Equipment. The research was carried out in the field, accompanying the activities carried out by the company WSantana Estruturas Metálicas. At the end of the study, attention points and suggestions were presented for the company to adopt a preventive safety culture, such as owner training and regular use of personal protective equipment suitable for the activity.
Keywords: Metallic Structures. Safety. Personal Protective Equipment Accident Prevention. Workplace Safety.
1-INTRODUÇÃO
Almejando a segurança no ambiente de trabalho, as empresas estão procurando como minimizar os impactos dos acidentes de trabalho, pois isso além de gerar danos a empresa pode comprometer o que há de extrema importância para o ser humano, a vida.
O presente estudo aborda o conceito e características da segurança do trabalho, mão de obra da construção civil, em conjunto com os conceitos retirados das NR 6 – Equipamento de Proteção Individual (EPI), NR 9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, NR 11 – Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais, NR 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção, NR 35 – Trabalho em altura, que respectivamente são Equipamentos de proteção individual; avaliação e controle das exposições ocupacionais a agentes físicos, químicos e biológicos; além das informações que envolvem, medidas preventivas e análise preliminar de riscos.
O trabalho na construção civil é um setor de fácil acesso, quando se trata de mão de obra como: serralheiros, pedreiros, pintores, ajudantes, entre outros. Atualmente é comum encontrar um soldador que trabalhava contratado mediante regime da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), que abriu um MEI (Microempreendedor Individual). A ambição por uma renda maior, leva a pessoa a se submeter a situações perigosas no ambiente de trabalho, com o único objetivo, concluir a execução do serviço (CRUZ; SAFFARO; LANTELME, 2022).
Essa porta aberta no mercado de trabalho acarreta a contratação informal de mão de obra sem devidas qualificações. Ao serem recrutados, dependendo da função, por exemplo, ajudante de soldador, não há requisitos prévios como experiência na função ou curso de qualificação, basta seguir as orientações de seu superior (FREITAS; SOUZA; FIGUEIREDO, 2022).
A experiência construída ao longo da vida, é importante para a formação de um trabalhador, porém é necessário também sua constante capacitação. A falta de conhecimento pode levar a sérios danos no ambiente de trabalho. A segurança do trabalho traz inúmeras formas de como implantar melhorias durante qualquer atividade. Essa ausência de conhecimento ou até mesmo a rejeição do uso de equipamentos de proteção, é um assunto muito delicado, que é vivenciado constantemente nos canteiros de obras, seja ele de grande ou pequeno porte (SIMOES, 2021).
Mediante a essa situação, como a segurança do trabalho pode colaborar para refrear os impactos dos acidentes de trabalho? Deste modo, a escolha dessa temática se justifica pela relevância de se aplicar a segurança do trabalho em uma empresa do ramo de estrutura metálica. O objetivo do presente trabalho é indicar melhorias a serem adotadas pela empresa, voltada para o uso de EPI (Equipamentos de proteção individual).
2-FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A segurança do trabalho pode ser entendida como um instrumento que permite a análise e estudo dos índices e motivações dos acidentes e doenças ocupacionais, provenientes das atividades empregatícias, cujo principal objetivo é prevenir tais acontecimentos e/ou fatalidades. As indústrias ficavam situadas em locais inadequados e as condições de trabalho poderiam ser consideradas desumanas. Tal realidade trazia como consequência elevadíssimos índices de doenças, acidentes de trabalho e até mortes presentes na época (BARBOSA, 2018; COMUNICAÇÃO, 2022; FONSECA, 2022; STUMM, 2020).
Visando reduzir e evitar acidentes ocorridos no ambiente de trabalho, o conceito de Segurança no Trabalho pode ser entendido como uma ciência que estuda meios de proteger os trabalhadores em seu ambiente profissional. O Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) atua na organização das atividades, prevenção de acidentes, mostrando aos empregados a preocupação da empresa com sua saúde e bem-estar. Tal cenário tende a aumentar a produtividade dos funcionários, auxiliando na motivação e proporcionando inúmeros benefícios às organizações (BOIGUES et al., 2006; DRUCK, 2017; OLIVEIRA, 2022).
2.1. Segurança do trabalho na construção civil
A construção civil é um dos setores mais perigosos para o desempenho das atividades laborais. Os trabalhadores da construção estão sujeitos a diversos tipos de acidentes. Diante disso, dentro de um canteiro de obras é fundamental que os colaboradores se mantenham atentos às normas e leis de segurança do trabalho. Nesse contexto, as empresas tendem a necessitar de um bom desempenho dos seus colaboradores para alcançarem seus propósitos (CAMPOS FILHO, 2004; CORDEIRO, 2002).
O trabalho em altura é constantemente constatado em praticamente todas as obras da construção civil. Além dessa atividade, são inúmeras as atividades que envolvem riscos à saúde do trabalhador, como a montagem de andaime e transportes de material. A atividade de soldagem também é de extremo perigo aliado ao trabalho em altura. Conforme a International Labour Organization (ILO) (2014), os variados motivos causadores de acidentes envolvendo atividades em altura, podem ser destacados os mais relevantes exemplos proporcionados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), sendo eles: ações imprudentes dos colaboradores em regiões de riscos; manejo de carregamentos com peso superior ao admitido; condições estruturais inadequadas e ruins; deslocamento, balanço e colapso estrutural; quedas de carregamentos, produtos e aparelhagem; condições ergonômicas ruins e inadequadas; avarias fisiológicas em decorrência da exposição ao tempo; avarias psicológicas decorrentes dos riscos laborais em altura; estresse proveniente do espaço laboral.
De acordo com o ILO (2014) os riscos envolvendo os trabalhos realizados em altura apresentam-se comumente associados aos seguintes temas: queda de produtos: regiões posicionadas nas proximidades dos colaboradores atuantes em altura necessitam de sinalização e isolamento. Aparelhagens e mecanismos em uso demandam instrumentos que lhes impeçam a queda; liberação de regiões de passagem: ambientes laborais com elevação demandam proteção por guarda-corpos e rodapés em acordo com a legislação e regulamentação brasileira. Caso não sejam fornecidos os equipamentos necessários, existe a necessidade de que sejam proporcionados e usados em conjunto com os mecanismos de ancoragem; utilização inapropriada de escalas: mais da metade dos incidentes envolvendo escadas ocorrem porque a base ou topo desta acaba deslizando, tornando relevante a existência de pés ou bases baseadas em firmeza e nivelamento.
Assim como também existem inúmeros riscos que se relacionam de forma direta com a utilização de andaimes, dentre eles podem destacar-se os principais: vínculo excessivo envolvendo a altura e a largura da base; excesso de peso na plataforma superior; ausência de bloqueio nas rodas das plataformas da torre móvel; posicionamento de escadas na região superior da plataforma visando o aumento da altura da torre; utilização de instrumentos capazes de provocar força e desequilíbrio na região superior da torre; reposicionamento da torre móvel enquanto há nela pessoas ou material; instalação de torres em declives ou áreas irregulares; não firmamento da torre na edificação ou estrutura, em situações que demandam tal ação (ILO, 2014).
Todavia, o comportamento profissional dos empregadores e dos colaboradores é de grande relevância para o êxito da realização das atividades sem acidentes. É importante que sejam utilizados pontos de ancoragem ou linhas de vida posicionadas verticalmente ou horizontalmente, juntamente com seus EPIs (ULTRA SAFE, 2014).
Existem muitas situações em que ações preventivas simples são capazes de controlar os riscos de maneira facilitada. Em muitos casos, são ações simples, de custos reduzidos e eficientes, capazes de garantir o mais relevante bem da organização. De forma complementar, os instrumentos de gestão dos riscos são capazes de proporcionar condições para identificação destes de maneira prévia, ampliando ações preventivas e de controle, com o intuito de impedir acidentes, tratando-se da análise preliminar de riscos (ILO, 2014).
2.2. Estruturas metálicas e seu processo de soldagem
Conforme esclarece Dias (2006), o aço pode ser entendido como uma liga metálica de ferro e carbono obtida pelo refinamento do ferro-gusa que pode conter outros elementos de acordo com sua finalidade. Uma das características dos aços estruturais é possuírem resistência semelhante à ruptura por tração ou compressão. Os perfis de aço na construção civil possuem vários tipos de formatos e dimensões, permitindo sua modelagem de variadas formas (MIPESTEC, 2022; VIVADECORA, 2022).
Estrutura metálica é um tipo de sustentação usada na construção civil composta por perfis metálicos, principalmente aço, que são soldados unido as peças, podendo o perfil ser em I, U, W, treliças metálicas, entre outros, dando-se formato ao tipo de estrutura pretendida. Ela pode ser aplicada em diversos tipos de projetos e tem como principal vantagem a rapidez, assim como demonstra a Figura 1 abaixo. Pode-se ser montado em concreto armado, no caso de telhados de casa, ou também, toda sua montagem em perfis metálicos, ficando o material para fechamento, a escolha do cliente, seu uso se dá conjuntamente com a alvenaria. As estruturas mais conhecidas são: galpões, mezaninos, coberturas. Abaixo a figura 1 mostra a montagem da cobertura de um galpão. (PFEIL, 009; CICHINELLI, 2012; CUNHA JARDIM; CAMPOS, 2006; FREITAS E CRASTO, 2006).
Figura 1. Execução de estrutura metálica para cobertura de galpão
Fonte: De autoria própria
O LSF (Light Steel Framing) é um tipo de estrutura metálica, que está conquistando o mercado da construção civil. Sua execução é realizada de forma sustentável, demandando pouca água. As construções realizadas por esse método produzem reduzidas quantidades de lixo durante a obra. (MASS; TAVARES, 2016; MASO, 2022). O Brasil ainda vivencia o problema de dispor de poucas empresas e profissionais qualificados para atendimento desse fim. Na Figura 2 é mostrado a montagem desse tipo de estrutura (MOTTA; AGUILAR, 2013).
Uma obra que dispõe desse sistema como elemento estrutural proporciona maior facilidade na passagem e manutenção das instalações elétricas, hidrossanitárias, gás, ar-condicionado e dados (MASS; TAVARES, 2016).
Figura 2. Execução de estrutura metálica para fechamento de galpão
Fonte: De autoria própria
Fonte: Oliveira (2012)
Na figura 3 está de um lado uma estrutura toda montada em metal e do outro uma construção de alvenaria. Os pontos positivos do LSF são inúmeros, enquanto sistema construtivo, trazendo um significativo conjunto de características sofisticadas. Sua execução é realizada de forma sustentável, demandando pouca água. As construções realizadas por esse método produzem reduzidas quantidades de lixo durante a obra. Por outro lado, a construção em alvenaria, precisa dispor de recurso natural como água, o ambiente não é organizado, devido a entulhos no local, materiais em estoque como areia, cimento, isso gera acumula de poeira, prejudicando ainda mais a saúde do trabalhador (LIMA, 2013; MASS; TAVARES, 2016; MASO, 2022; MOTTA; AGUILAR, 2013).
2.3. Normas Regulamentadoras (NR)
A segurança do trabalho na construção civil exige significativa atenção dos profissionais que atuam em canteiro de obras.
A NR-06 faz a abordagem dos EPIs como todo tipo de instrumento ou produto, a ser usado individualmente pelos colaboradores, com o objetivo de protegê-los de possíveis riscos à sua segurança ou saúde, no desempenho de suas atividades laborais. A referida Norma refere-se especificamente à temática que envolve tais equipamentos. Em seu item 6.6.1 e 6.7.1 promove a definição das obrigações direcionadas aos empregadores e trabalhadores, respectivamente, no que envolve a gestão dos EPIs (BRASIL, 2018).
Os EPIs direcionados ao trabalho desenvolvido em altura englobam o cinturão de segurança, talabartes, absorvedores de energia, trava quedas, conectores, capacetes e luvas. Possuindo cada item uma particularização técnica e uma norma sobreposta (HONEYWELL, 2014).
Na NR 18 traz orientações a respeito dos projetos de andaimes dos tipos fachadas, suspensos e em balanço, montagem e desmontagem, piso de trabalho, acesso, fixação, manutenção, operação e definição de tipos das estruturas. As quedas de alturas elevadas são consideradas uns dos principais acidentes que ocorrem na construção civil. De acordo com pesquisa realizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), 40% dos acidentes de trabalho estão relacionados a quedas sofridas por trabalhadores que atuam em altura.
A NR-35 promove o estabelecimento das condições mínimas e medidas protetivas necessárias para a promoção do trabalho realizado em altura, o que engloba as ações de planejamento, organização e execução, visando assim, a garantia da segurança e saúde dos trabalhadores que se encontrem inseridos de forma direta ou indireta na atividade em questão. De acordo com a referida norma, entende-se como trabalho em altura as atividades realizadas em alturas superiores a dois metros do nível inferior, em que exista possibilidade de queda. A Norma não elimina a aplicação das demais normas regulamentadoras, destacando ainda que, no caso de não haver estas, ocorre a complementação por meio de normas técnicas nacionais ou internacionais cabíveis. (BRASIL, 2019).
O acompanhamento periódico das condições de saúde dos trabalhadores é obrigatório, sendo responsabilidade dos empregadores, sendo necessária a realização de todos os exames com base em um sistema que integre o Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional (PCMSO) da organização, levando-se em consideração as atividades a serem desenvolvidas em altura (BRASIL, 2019).
3-METODOLOGIA
Neste item será detalhado como se procedeu o desenvolvimento da pesquisa, apresentando sua classificação em relação a sua característica, objetivos, atuação, a metodologia empregada neste trabalho para a construção do estudo de caso e conclusões, relatando todas as atividades envolvidas, a fim de atingir os objetivos estabelecidos. Esse trabalho foi elaborado fundamentado em artigos, monografias e publicações em livros.
3.1. Classificação da pesquisa
Esse trabalho foi elaborado fundamentado em artigos, monografias e publicações em livros. A natureza da pesquisa é aplicada, pois seu objetivo é fazer a aplicação prática do conhecimento adquirido, aprimorando os processos rotineiros da empresa. A abordagem do problema é classificada como qualitativa, visto que os dados coletados, serão por meio de observações. Em relação aos objetivos, essa pesquisa é classificada como explicativa, pelo fato de possuir sondagem bibliográfica com o intuito de analisar, avaliar, comparar e explicar os acontecimentos. O procedimento técnico desse trabalho se classifica como um estudo de caso.
3.2. Metodologia do projeto de pesquisa
A Figura 4 mostra o fluxograma com o sequenciamento das etapas para realização do estudo.
Figura SEQ Figura \* ARABIC 4 – Fluxograma sequenciamento etapas do estudo
Fonte: Elaboração própria
De acordo com a Figura 4, o referencial teórico foi realizado com base em pesquisas em livros, artigos sobre estruturas metálicas e segurança do trabalho. A pesquisa abordou definições sobre o tema, sua aplicação e benefícios que serão resultados da aplicação do aprendizado.
Na etapa do estudo de caso foram realizadas observações diretas no canteiro de obra, fora da empresa, para conhecer as rotinas no local de execução do trabalho. Nessa etapa, foi feito o levantamento das situações que poderiam colocar em risco a integridade física dos trabalhadores atuantes no canteiro de obras.
Em último momento, relatou-se as melhorias com as mudanças ocorridas na execução dos serviços.
4. ESTUDO DE CASO
A WSantana Estruturas Metálicas é uma empresa que atua no ramo de serralheria, com foco em estruturas metálicas. Situada na cidade de Governador Valadares, na região leste de Minas Gerais, a empresa surgiu do desejo do proprietário em empreender em um ramo que vem crescendo sendo impulsionado pela construção civil.
A empresa foi fundada em 2012 e se enquadra na categoria MEI (Microempreendedor Individual). A empresa atua com estruturas metálicas e demais atividades de serralheria, como, por exemplo, fabricação de portões e grades.
Por ser um MEI, o quadro de funcionários conta apenas com o proprietário de forma fixa, porém mediante a necessidade de cada obra/projeto, são contratados temporariamente colaboradores conhecidos como “ajudantes”, mas sem vínculo empregatício, o acordo entre as partes é informal. O proprietário fica responsável em fazer os orçamentos e execução de obras. O escritório da empresa funciona em uma residência própria, na cidade de Governador Valadares – MG. Quando as montagens dos perfis metálicos não podem ser feitas no local da obra, é alugado parte de um galpão de uma serralheria parceira. Seu horário de funcionamento é de segunda-feira a sexta-feira, no horário de 07h00min às 17h00min, com uma hora de almoço.
Entre os meses de outubro e novembro/2021, foram feitas observações em diferentes locais, com dias alternados e horários diferentes, onde a empresa estava prestando serviço, seguindo o princípio da aleatoriedade com o intuito de verificar a cultura de segurança do trabalhador, bem como se o mesmo adota comportamento seguro durante a execução do seu trabalho, é importante que o estudo siga este princípio para que o colaborador demonstra de forma espontânea seu comportamento durante a jornada do trabalho e não seja influenciado a seguir um comportamento diferente nos dias de observação.
Através de todas as observações realizadas, julgou-se necessário iniciar um trabalho de acompanhamento, durante a realização dos serviços da empresa WSantana Estruturas metálicas, orientando os passos a serem seguidos para tornar o canteiro de obras um ambiente seguro, tanto para quem estava realizando as atividades e pensando nas demais pessoas que porventura poderiam transitar no local.
4.1. Atividades exercidas pela empresa
A empresa executa diferentes atividades, sendo as principais:
1- Corte de material metálico – Era feito com uma esmerilhadeira/lixadeira, ocasionalmente era usado a luva de proteção. O corte era realizado na posição agachado e as vezes em pé. Passo a Passo da atividade:
a) Escolher o material que vai ser cortado;
b) Colocar em uma superfície plana (geralmente no chão, tamborete, ou superfície mais alta);
c) Segurar a ferramenta de corte com a mão destra/canhota e a outra mão segurar o material metálico;
2. Montagem de perfis metálicos através do processo de soldagem – Era feito na posição agachada ou em pé e não era utilizado de forma constante os óculos/demais equipamentos de proteção pertinentes ao exercício de soldagem. Passo a passo da atividade após o corte do material:
a) Escolher tipo de solda adequada (nesse caso foi utilizado uma máquina de solda elétrica, com uso de eletrodo revestido);
b) Escolher a amperagem correta;
c)Verificar se há material inflamável ao redor;
d) Limpar o material (escovas de arame ou esmerilhadeira);
e) Fazer pequenos pontos de solda para a união e estabilidade da peça;
f) Fazer a soldagem final por completo;
g) Caso necessite fazer o acabamento no local onde foi feito a soldagem;
h) Fazer a limpeza da peça novamente;
i) Aplicar o zarcão.
j) Trabalho em altura- Para execução deste tipo de trabalho, era utilizado escada e quando fosse muito alto, era locado andaimes. Passo a Passo:
k) Analisar a altura onde será realizado a montagem dos perfis (já prontos);
l) Caso seja muito alto, montar os andaimes locados, a subida é através de escada e tábua que fica atravessada em ambas as extremidades do andaime na posição horizontal;
m) Caso seja altura acessível apenas por meio de escadas, é colocado uma escada com altura compatível, para se ter acesso ao local;
n) Pode-se ocorrer o acesso através de escalada, usando como apoio muros, grades etc.
4.2. Irregularidades encontradas na execução das atividades.
Por meio das avaliações realizadas no ambiente de trabalho durante o estudo, foram percebidas algumas irregularidades na execução das atividades, que poderiam acarretar graves acidentes e contribuir para futuras doenças ocupacionais. Destacando-se:
1.Falta de óculos protetor/ para solda;
2.Falta de luvas protetoras para mãos;
3.Avental para a atividade de soldagem;
4.Cinto de segurança adequado para trabalho em altura;
5.Máscara facial para atividade de pintura (passar zarcão nos perfis metálicos);
6.Falta de treinamento sobre trabalho em altura;
7.Falta de treinamento sobre a importância do uso de EPI;
8.Capacete apropriado para trabalho em altura.
Figura 5. Obra em residência no bairro Vila dos Montes, em Governador Valadares – MG
Fonte: De autoria própria
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Diante do período de crise econômica que o Brasil se encontra, torna-se perceptível que o empreendedor individual do ramo de serralheria, tem visado a redução dos custos com a atividade, buscando assim alcançar maior lucro, com isso muitas vezes negligenciando a proteção da vida e saúde do trabalhador.
Para reduzir os riscos de acidentes no local de trabalho, é necessário que se tenha certa preocupação em eliminar possíveis incidentes. Um exemplo de atividade que geralmente não é levada com seriedade, é a soldagem de matérias. É comum encontrar no momento da solda, o profissional sem os óculos de proteção. Isso pode causar danos irreversíveis para a saúde do trabalhador, como cegueira total ou parcial, metais no sangue prejudicando as articulações de membros, entre outros.
As empresas muitas vezes têm enraizado em si a cultura corretiva ao invés da preventiva, em geral as medidas de segurança são implantadas e reconhecidas apenas após algum evento no qual a integridade física do trabalhador fica em jogo. Durante a pesquisa em campo, foi possível vivenciar tal situação, onde o proprietário da empresa WSantana Estruturas Metálicas, estava soldando com a solda do tipo MIG (Metal Inert Gas), como ela tem uma radiação maior e UV do arco elétrico superior a solda TIG (Tungsten Inert Gas) que já era corriqueiro trabalhar, sofreu uma queimadura no braço, tendo sorte em não ter sido uma queimadura de alto grau. Esse acontecimento, contribuiu na conscientização que é necessário cuidar da integridade do trabalhador.
Mediante escassez de recurso financeiro vivenciado pela empresa em estudo, foi estudado após as análises realizadas nas atividades em campo, o que poderia ser feito a curto prazo e baixo investimento, para sanar os problemas de segurança do trabalho. Foi realizada uma reunião, para apresentar as sugestões de melhorias, onde estavam presentes o proprietário da empresa em estudo, a estagiária e um engenheiro civil que tinha interesse em fechar parceria com a WSantana Estruturas Metálicas.
Pensando na saúde e proteção da vida do colaborador, logo abaixo estão descritas em tópicos abordados na reunião, com nome da atividade a melhoria sugerida:
1. Soldagem de materiais: como implementação de melhoria na segurança do trabalhador, foi indicado que nesse tipo de processo, é de grande importância que o colaborador faça uso dos óculos de proteção apropriado para soldar, em conjunto com a máscara de solda/capacete, luvas de proteção, calçado apropriado e o avental de raspa com mangas. Sempre ter cuidado no momento de realizar a soldagem, se há material inflamável ao redor, pois pode gerar incêndio;
2. Corte de materiais: nesse tipo de atividade sem a devida proteção, qualquer descuido pode levar à perda de dedos ou outros tipos de lesões. Para que a proteção das mãos e braços, foi indicado a compra de luvas de raspa, grossa e de cano longo preferencialmente, pois além de proteger contra cortes, evita que as fagulhas geradas no momento do corte entre em contato com o braço, não esquecendo do calçado apropriado. Para a proteção dos olhos, orientou-se o uso dos óculos de proteção, o tradicional de lentes transparentes. Foi também orientado a não executar essa atividade na posição de cócoras;
3. Trabalho em altura: como sugestão para realizar a atividade em segurança, foram citados os equipamentos de proteção adequados para esse tipo de trabalho. São eles: cinto de segurança do tipo paraquedista/alpinista, capacete com jugular, óculos de segurança, luvas, calçado apropriado. Foi mencionado que além desses itens, acrescentar outros de acordo com a atividade que irá executar, como por exemplo, trabalho em altura soldando, precisará acrescentar os EPI pertinentes.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por se tratar de uma empresa considerada de pequeno porte, as adequações sugeridas no decorrer do presente trabalho, são melhorias tangíveis, principalmente se tratando do uso de EPI, que é um equipamento indispensável em qualquer tipo de trabalho. O uso correto do equipamento de proteção, contribui na prevenção de possíveis acidentes e incidentes. Entender a importância de praticar a segurança do trabalho em qualquer ambiente laboral, é primordial para evitar qualquer tipo de transtorno no presente ou futuramente. Uma empresa que se preocupa com a segurança, ela torna-se uma instituição vislumbrada, passando confiança ao tomador do serviço.
Tornar-se um profissional capacitado será um diferencial nesse mercado competitivo. Uma prestação de serviço de qualidade, vai além da execução do serviço. O profissional precisa transmitir que tem domínio da sua área, passando segurança em sua fala e atitudes. Encantando assim o seu cliente. Ao final do trabalho foi sugerido, que em um dia escolhido pelo proprietário, fosse feito pela executora do estágio uma palestra sobre as NR apresentadas neste trabalho, ressaltando as NR 6 e NR 35, de forma dinâmica, para fixar o conhecimento que foi absorvido durante todo o período do estágio.
REFERÊNCIAS
BARBOSA, P. R. B. Segurança do Trabalho Guia Prático e Didático. [S.l.]: Saraiva Educação S.A., 2018.
BOIGUES, C. C. A. CARVALHO, E. P. de. C., Giovana Bacho. BAUMGARTEN, J D. PAOVA, V. M. de. Segurança e Qualidade de Vida no Trabalho: Uma Análise Qualitativa em Empresas de Médio Porte da Região de Presidente Prudente, 2006.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora 06 – Equipamento de Proteção Individual. 2018.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora 09 – Avaliação e controle das exposições ocupacionais a agentes físicos, químicos e biológicos. 2017.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 11 – Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais, 2016.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 18 – Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção, 2020.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR° 35: Trabalho em Altura. Comentada. 2019.
CHIAVERINI, V. Tecnologia mecânica: Processos de fabricação e tratamento. São Paulo: Pearson, 1986.
CICHINELLI, G. C. Light Steel Framing rompe resistência cultural ao seu uso e avança em diferentes nichos da construção civil. Revista Construção e Mercado, São Paulo, v.160, n.4, p.44–52, nov. 2014.
COMUNICAÇÃO. Conceito e aplicação da Segurança do Trabalho. Disponível em: https://www.sogi.com.br/blog/conceito-e-aplicacao-da-seguranca-no-trabalho/. Acesso em: 11 jun. 2022.
CUNHA JARDIM, G. T. DA; CAMPOS, A. S. Light Steel Framing: uma aposta do setor siderúrgico no desenvolvimento tecnológico da construção civil. Rio de Janeiro: IBS/CBCA, 2006. 138p. (Série Manual da Construção Civil).
CRUZ, Rodrigo José Paiva, SAFFARO, Fernanda Aranha e LANTELME, Elvira Maria Vieira. Padrões emergentes na construção civil: a padronização baseada na improvisação. Ambiente Construído [online]. 2022, v. 22, n. 4 [Acessado 07 Junho 2022], pp. 299-319. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/s1678-86212022000400641>. Epub 09 Set 2022. ISSN 1678-8621. https://doi.org/10.1590/s1678-86212022000400641.
DIAS, L. A. M. Estruturas de aço conceitos, técnicas e linguagem. 5. ed. São Paulo: Zigurate, 2006.
DOYLE, L. E. Processos de fabricação e materiais para engenheiros. São Paulo: Blücher, 1962.
DRUCK, G. et al. Saúde e segurança do trabalho no Brasil. 1. ed. Brasília: Gráfica movimento, 2017.
FERNANDES, R. PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, 2008. Disponível em: http://mx.geocities.com/nr9.htm. Acesso em: 07 jul. 2022.
FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002. Apostila.
FREITAS, A. M. S.; CRASTO, C. M. Steel Framing: arquitetura. Rio de Janeiro: IBS/CBCA, 2006. 121p. (Série Manual da Construção Civil).
FREITAS, Arlene Maria Sarmanho, SOUZA, Henor Artur de e FIGUEIREDO, Marcelo Mendonça dos Santos. Análise estrutural e térmica de edificações em aço constituídas de perfis formados a frio. Rem: Revista Escola de Minas [online]. 2001, v. 54, n. 4 [Acessado 09 Junho 2022], pp. 311-315. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0370-44672001000400013>. Epub 27 Jun 2002. ISSN 1807-0353. https://doi.org/10.1590/S0370-44672001000400013.
HONEYWELL. Disponível em: http://www.honeywellsafety.com/uploadedFiles/Sites/Regional/BR/Training_and_Support/Pol%C3%ADtica%20de%20Seguran%C3%A7a%20Inteligente%20FINAL.pdf. Acesso em: 09 jul. 2022.
LIMA, R. F. de. Técnicas, métodos e processos de projeto e construção do sistema construtivo Light Steel Frame. 2013. Belo Horizonte: Dissertação (Mestrado) – Escola de Engenharia. Universidade Federal de Minas Gerais, 2013. 1 v. 156 p.
MASO, J. B. Análise comparativa entre o sistema construtivo Light Steel Framing e Alvenaria estrutural. 2016. Disponível em: https://repositorio.anim aeducacao.com.br/bitstream/ANIMA/4764/1/Monografia%20Julio%20Berton%20Maso.pdf. Acesso em: 20 jul. 2022.
MASS, B. H.; TAVARES, S. F.. Light Steel Framing: uma alternativa para os desperdícios e resíduos dos materiais de construção. In: Encontro nacional de tecnologia do ambiente construído, 16., 2016, São Paulo. Anais… Porto Alegre: ANTAC, 2016.
MARQUES, P. V.; MODENESI, P.J.; BRACARENSE, A. Q. Soldagem: fundamentos e tecnologia. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011. 363 p.
MIPESTEC. Empresa de estrutura metálica. Disponível em: https://www.mipestec.com.br/empresa-estrutura-metalica. Acesso em: 11 de junho de 2022.
MOTTA, S. R. F.; AGUILAR, M.T.P. Sustentabilidade e processos de projetos de edificações. Gestão & Tecnologia de Projetos. São Carlos, v.4, n.1, p. 84-119, maio/2009. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/gestaodeprojetos/article/ viewFile/50953/55034. Acesso em: 24 jul. 2022.
OKUMURA, T.; TANIGUCHI, C. Engenharia de soldagem e aplicações. Rio de Janeiro: LTC, 1982.
OLIVEIRA, A.F. Tudo que você precisa saber sobre segurança do trabalho. Disponível em: https://beecorp.com.br/seguranca-do-trabalho/. Acesso em: 11 jun. 2022.
OLIVEIRA, G. V. Análise comparativa entre o sistema construtivo em light steel framing e os sistema tradicionalmente empregado no nordeste do Brasil aplicados na construção de casas populares. Monografia (Graduação). Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa, 2011.
QUITES, A. M.. Tecnologia de soldagem a arco voltaico. Florianópolis: EDEME, 1979.
WAINER, Emílio; BRANDI, Sérgio Duarte; MELLO, Fábio Décourt. Homem de. Soldagem: processos e metalurgia. São Paulo: Blucher, 1992.
SIMÕES, Rodrigo Lemos. “Vou falar com aquele tipo”: Discursos e representações de/sobre os grupos populares na cidade de Porto Alegre/RS, entre os anos de 1890-1920. Varia Historia [online]. 2021, v. 37, n. 74 [Acessado 09 Junho 2022], pp. 463-491. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/0104-87752021000200006>. Epub 11 Jun 2021. ISSN 1982-4343. https://doi.org/10.1590/0104-87752021000200006.
STUMM, S. B. Segurança do trabalho e ergonomia. Curitiba: Contentus, 2020.
VIVADECORA. Confira 26 inspirações com estruturas metálica e surpreenda o cliente. Disponível em: https://www.vivadecora.com.br/pro/arquitetura/estrutura-metalica/. Acesso em: 13 jun. 2022.
1katianeosds@gmail.com
2danubyadcfm@gmail.com
3grasiela.alvarenga@ifmg.edu.br
1,2,3 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Minas Gerais – Campus Governador Valadares, Avenida Minas Gerais, 5189 – Ouro Verde, Gov. Valadares – MG, Cep: 35057-760, Telefone: (33) 3272-5404.