A HIPERTENSÃO ARTERIAL COMO DOENÇA SILENCIOSA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

ARTERIAL HYPERTENSION AS A SILENT DISEASE: A REVIEW BIBLIOGRAPHICAL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7406697


Janete Paiva Santos¹
Pedro Vinicius Lyra Pereira²
Orientador: Danilo Menezes oliveira³ 


RESUMO

 A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) representa nos últimos anos um grave problema de saúde pública no Brasil, pois está relacionada à alta incidência de morbidade e mortalidade na população em geral. Desde a década de 80, tem sido interpretada como uma doença silenciosa que pode se apresentar em diferentes faixas etárias e acarretar lesões severas em órgãos vitais  dos indivíduos. Embora seja de fácil diagnóstico, apresenta-se várias complicações quando não diagnosticada a tempo, devido ao seu caráter assintomático. Este estudo apresenta uma seletiva revisão de pesquisas da base de dados do Scielo, Lilacs e periódicos online que versam sobre os diferentes aspectos conceituais, de diagnóstico e sintomatologia ligados à Hipertensão Arterial Sistêmica. O desenvolvimento silencioso dessa doença está relacionado à falta de sintomas iniciais, à falta de conhecimento dos indivíduos com predisposição a riscos e às diferentes causas para a Hipertensão Arterial Sistêmica, que contribuem para a falta de comprometimento com um diagnóstico precoce, bem como, um tratamento adequado. Os resultados indicam que as implicações da Hipertensão Arterial Sistêmica por ser uma doença silenciosa, sugerem que estratégias de conhecimento sejam levadas às pessoas por diversos mecanismos sociais, contribuindo para a redução da prevalência, do impacto socioeconômico e da falta de adesão aos tratamentos e prevenção.

Palavras-chave: Hipertensão. Sintomatologia. Doença silenciosa.

ABSTRACT

Systemic arterial hypertension represents a serious public health problem in recent years, being related to the high incidence of morbidity and mortality in the general population. Since the 1980s, SAH has been interpreted as a silent disease that can occur in different age groups, being related to severe damage to vital organs of individuals. Currently, it is described by medical authorities as a serious public health problem, easily diagnosed, but with significant implications when not diagnosed in time, due to its asymptomatic character. Thus, this study presents a selective review of research on the different conceptual, diagnostic and symptomatological aspects related to SAH. The articles used in this work were obtained from the Scielo database, Lilacs and online periods. Studies report that the silent development of SAH is related to the lack of initial symptoms of the disease, the lack of knowledge of individuals predisposed to risks and the different causes for SAH, which contribute to the lack of commitment to an early diagnosis, as well as how, with proper treatment. The results indicate that the implications of SAH being a silent disease, suggest that knowledge strategies are taken to people by various social mechanisms, contributing to the reduction of prevalence, socioeconomic impact and lack of adherence to treatments and prevention.

Keywords: Hypertension. Symptomatology. Silent Disease.

1 INTRODUÇÃO 

A partir de informações constantes em artigos recentemente publicados na base de dados do Scielo, Lilacs e Medline, principalmente na última década, é possível perceber que diversos aspectos fazem com que a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) seja descrita como uma síndrome multifatorial, multicausal e multissistêmica, sendo considerada uma doença crônica não transmissível, representando um  importante problema de saúde pública, com baixas taxas de controle, sendo um desafio devido à ausência de  sintomas associados a ela (SANTOS, 2011).

Dentre as formas de identificação se uma pessoa é portadora de HAS elevada ou se está predisposta à mesma, há os métodos não invasivos baseados em abordagem de máquinas para detecção/medição, associados a dados clínicos e treinamento de técnicas de aprendizado de máquina (MARTINEZ-RIOS, 2022); métodos mais comuns com aparelhos do tipo “aneróide” onde há um protocolo com procedimentos descritivos a ser seguidos, a fim de que  a medida da pressão seja realizada com eficácia para um diagnóstico preciso, desde a medição em crianças até em idosos em diferentes situações clínicas.

As pesquisas destacam que o curso de seu desenvolvimento ocorre de forma “silenciosa”, ou seja, apresenta-se assintomáticamente podendo a pessoa ser surpreendida por suas complicações quando a doença já atingiu estágios críticos no organismo (VIEIRA et al., 2022).

Entretanto, esse tipo de agravo, ou descoberta tardia, pode estar relacionado a diversos determinantes, estando incluídos entre eles os aspectos da personalidade, o estilo de vida adotado, os mecanismos de enfrentamento utilizados, o comprometimento de funções cognitivas que impedem de compreender o processamento da doença e/ou de como não saber lidar com a mesma, a falta de conhecimento e informações sobre a doença, sua sintomatologia, os riscos relacionados à mesma, bem como, atitudes inadequadas dos cuidadores em seus programas na área de saúde ao acompanhar e orientar os portadores de HAS.

A efetividade dessa revisão é apresentar os estudos que foram realizados nos últimos anos em termos de conceituação, definição da pressão arterial e  identificar os motivos que a caracterizam como doença silenciosa e as implicações desta condição na vida das pessoas hipertensas e/ou predispostas à doença. 

Portanto, a presente pesquisa torna-se relevante na medida em que busca compreender as implicações entre o conhecimento da doença, sua caracterização, prevalência, sintomatologia, fatores de risco com seu aspecto silencioso, assintomático, mas que podem ser previstos quando o sujeito compreende e conhece a pressão alta como o resultado da associação de fatores genéticos e ambientais. 

2 METODOLOGIA

Este artigo científico foi desenvolvido utilizando-se de uma pesquisa Bibliográfica por meio de uma revisão integrativa de literatura com elementos relevantes ao tema, na qual pôde-se reunir, de forma sistematizada os resultados de diferentes pesquisas sobre o mesmo assunto aqui tratado, sendo relevante contribuição para o aprofundamento do conhecimento do tema investigado. 

Como delineamento metodológico, partiu-se de material publicado em artigos, revistas e periódicos on-line, através das plataformas encontradas na Internet, PubMed, Scielo e Lilacs, nacional e internacional, com achados de 29 artigos científicos a partir de 2016 a 2022, tendo como critérios de inclusão 15 artigos, com maior ênfase ao tema escolhido. 

Foram excluídos artigos publicados anteriormente a 2016 e menos relevantes ao tema proposto. O material foi organizado por etapas para qualificação do curso de Farmácia com identificação preliminar bibliográfica, promovendo uma ampla leitura e produção do texto final.

O processo de construção da revisão integrativa segue seis etapas distintas, como a identificação do tema e seleção da questão de pesquisa; estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos/amostragem ou busca na literatura; definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados/categorizados; avaliação dos estudos incluídos; interpretação dos resultados; e apresentação da revisão/síntese do conhecimento.

Assim, será realizada uma busca eletrônica de artigos indexados nas bases de dados do Portal da Capes, do Ministério da Saúde, da Sociedade Brasileira de Hipertensão e da Sociedade Brasileira de Cardiologia, da Scielo, Lilacs, Bvsalud e Medline BVS-PSI, durante o segundo semestre de 2022, utilizando-se os descritores: ‘hipertensão arterial’, ‘doença silenciosa’, ‘diagnóstico” e ‘sintomatologia’. 

A fim de seguir de maneira fidedigna a proposta desta revisão, foram selecionados artigos que atenderam aos seguintes critérios de inclusão: a) estudos disponíveis na íntegra, no formato online; b) estudos que investigaram a implicação do conceito doença silenciosa na prevalência da hipertensão arterial e as implicações dessa relação; c) ter sido publicado entre o período de junho de 2016 a junho 2022; d) estar no idioma português. 

3 A HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA (HAS)

A HAS, também conhecida como pressão arterial (PA) é considerada na comunidade científica como um “problema de saúde pública global”, estando relacionado a doenças diversas como ataque e insuficiência cardíaca, diabetes, como maior fator de risco para acidentes vasculares cerebrais e para comprometimento cognitivo, como demência em idosos. Ainda lhe é atribuída a exigência de um diagnóstico precoce, principalmente porque esta condição não gera sinais perceptíveis exceto quando alcança um estágio muito elevado, designando-o como um “assassino silencioso” (MARTINEZ-RIOS, 2022). 

Historicamente, as primeiras referências acerca da HAS na literatura médica apareceram com a primeira medida empírica da Pressão Arterial (PA), tendo sido realizada em 1711, na Inglaterra, por Stephen Halles, tendo sido aferida num equino. Em 1896, em Turim, Riva Rocci, um italiano, aferiu clinicamente a PA com o surgimento dos primeiros equipamentos de medida. Logo em seguida, os equipamentos do tipo Pichon, um dos primeiros a aferir a flutuação do sangue nas artérias, foram enviados aqui para o Brasil, vindos diretamente da França. Por volta de 1905, a aferição foi aperfeiçoada com a medição pelo método auscultatório pela medida indireta da PA, realizada pelo russo Korotkov, que verificou a pressão tanto sistólica quanto diastólica (ARAUJO ET AL., 2019). 

Estudos realizados por Araujo et al (2019, p.39) consideram a hipertensão arterial sistêmica (HAS) como um dos “principais fatores de risco que podem ser modificáveis, tendo elevada prevalência e percentuais baixos de controle com estado clínico multifatorial, definida por níveis altos e permanentes da pressão arterial”, o que significa que essa condição requer o conhecimento e o reconhecimento cada vez mais cedo dos aspectos que são favoráveis ao desenvolvimento da mesma na vida do indivíduo. 

Nesse sentido, o diagnóstico da HAS atualmente, se estabelece basicamente pela identificação dos níveis tensionais permanentemente elevados acima dos limites de normalidade, considerando os métodos e as condições apropriadas para a determinação da pressão arterial.

De acordo com a análise dos estudos sobre a Diretrizes Brasileiras para a Hipertensão Arterial (Barroso et al., 2020), a leitura da PA, que é o mesmo que leitura da pressão sanguínea, é apresentada como sístole e diástole, sendo compreendida como normal a PA para indivíduos adultos acima de 18 anos de idade, com números inferiores a 90mmHg de pressão diastólica e inferiores a 140mmHg de pressão sistólica. 

De acordo com o Jornal Brasileiro de Nefrologia (2019) a pressão alta é considerada um problema de saúde que se apresenta com variações na forma de conceituá-la no decorrer da história, incluindo algumas denominações como uma “epidemia mundial”, doença crônica não transmissível, “assassina silenciosa”, sendo o controle dessa doença  um dos maiores desafios da saúde pública.  

Entretanto, dentre os estudos analisados até aqui (Firmo, 2019; Brasil, 2020; Luz et al, 2002) afirmam que qualquer classificação e/ou determinar como decisivo qualquer número pode ser insuficiente para classificar indivíduos como sãos ou doentes no que se refere a HAS, visto que é necessária uma sistematização que exige uma definição precisa. O recomendado é que as medidas aferidas sejam repetidas duas ou mais vezes em cada atendimento. 

Além disso, para realização do diagnóstico há um protocolo com diferentes procedimentos específicos para  esta aferição, como: a posição do corpo, o tempo de intervalo entre uma aferição e outra, a repetição das aferições em dias alternados, o tipo de aparelho a ser utilizado, o uso de ambos os membros superiores no momento de aferir, entre outros aspectos a serem observados, como história clínica do indivíduo, exames laboratoriais  e investigação da história de vida  para estratificação de risco individual (FIRMO, 2019).

A hipertensão arterial sistêmica (HAS), é uma doença crônica não transmissível de alta prevalência, cujo diagnóstico e controle são imprescindíveis no manejo de graves doenças, como insuficiência cardíaca congestiva, doenças cerebrovasculares, infarto agudo do miocárdio, nefropatia hipertensiva, insuficiência vascular periférica e retinopatia hipertensiva (SANTOS, 2011).

De acordo com o Ministério da Saúde (MS), a hipertensão arterial ou popularmente conhecida como pressão alta é

uma doença crônica caracterizada pelos níveis elevados da pressão sanguínea nas artérias. Ela acontece quando os valores das pressões máxima e mínima são iguais ou ultrapassam os 140/90 mmHg (ou 14 por 9). A pressão alta faz com que o coração tenha que exercer um esforço maior do que o normal para fazer com que o sangue seja distribuído corretamente no corpo.  A pressão alta é um dos principais fatores de risco para a ocorrência de acidente vascular cerebral, infarto, aneurisma arterial e insuficiência renal e cardíaca (BRASIL, 2020).

A medida da PA é a chave principal para se estabelecer um diagnóstico preciso e definitivo da HAS, visto que, há que se ter a máxima cautela ao rotular um indivíduo como hipertenso, como portador de uma doença crônica, tanto pelo risco de ser um falso-positivo quanto pelas implicações que o resultado pode trazer na saúde do mesmo.

Contudo, as propostas elaboradas como diretrizes brasileiras de Hipertensão Arterial, para a avaliação diagnóstica da HAS, consideram que seja necessária a aferição da pressão arterial no consultório e fora dele, onde sejam utilizadas técnicas adequadas e equipamentos validados e calibrados, obtendo-se, por conseguinte, a história clínica do paciente (pessoal e familiar), a realização de exame físico e a investigação clínica e laboratorial para um diagnóstico definitivo (BARROSO et al., 2020). 

Neste sentido, Barroso et al. (2020) afirma a aferição da PA deve ocorrer em qualquer avaliação médica independente da especialidade, bem como, por todos os profissionais de saúde que sejam capacitados para realizar os procedimentos necessários, mas levando-se em conta que cabem aos médicos o diagnóstico de HAS com suas correlações e a conduta necessária a tais diagnósticos. Exclusivamente aos médicos, cabe o diagnóstico da HAS e seus fenótipos, assim como a conduta relacionada a tais diagnósticos.

Dentre as estratégias terapêuticas analisadas nos estudos dos últimos anos (BRASIL, 2020) percebe-se que há uma necessidade de mudanças significativas na forma de compreender a real importância da consciência de se desenvolver um estilo de vida saudável, onde os fatores de risco são identificados, evitados e o tratamento processado eficazmente e com comprometimento do paciente.

Para a Sociedade Brasileira de Hipertensão (Plavnik, 2022) um estilo de vida saudável pode prevenir ou retardar o início da hipertensão arterial sistêmica, auxiliar no tratamento, reduzindo a necessidade de medicamentos ou potencializando seus efeitos. Dentre as medidas relacionadas à nutrição para a prevenção e o tratamento da HAS, destacam-se a adoção de um padrão alimentar saudável, o aumento na ingestão de potássio, a redução do consumo de sódio, a moderação no consumo de álcool e o controle do peso. 

Dentre as recomendações feitas pela Organização Mundial de Saúde (Bortolotto, 2022) em seu “Guia para o Tratamento Farmacológico da Hipertensão em Adultos”, este destinado ao fornecimento de diretrizes para a saúde pública global, além do tratamento farmacológico, recomenda-se modificações de estilo de vida para todo paciente hipertenso, visando a diminuição das complicações cardiovasculares e renais associadas à HAS.

3.1 Sintomas prevalentes para diagnóstico

O núcleo familiar ganhou novos arranjos, que redefiniram os conceitos de famílias na atualidade, e mesmo assim, a família ainda se mantém como mediadora da atenção à saúde, como sujeito capaz de propor estratégias no processo de prevenir e cuidar, bem como, é através do histórico de vida familiar, com os aspectos da predisposição genética que o sujeito consegue um guia para a sua trajetória de vida, referenciando-o em contextos sociais, culturais, biológicos e psicológicos. 

E essa instituição ainda é definida como, um grupo de pessoas que moram no mesmo lugar, conceito no qual, se mantém mesmo diante da existência de novos modelos familiares, como as monoparentais, homoafetivas, mosaico etc, onde sua composição está sendo desafiada pelas mudanças que as rodeiam (BARROSO et al., 2020) requerendo do sujeito posturas e escolhas que possam direcioná-lo frente aos desafios da vida humana dentro dos contextos em que está inserido. 

A necessidade de avaliar a saúde integral da pessoa apresenta-se desde o ventre da mãe, enquanto a mesma está sendo gestada, devendo ser um contínuo hábito por toda a sua vida, independente da apresentação de sintomas severos ou não, cuidados que são desenvolvidos dentro do primeiro grupo social, família, em que é inserido.

Dessa forma, como na maioria dos casos diagnosticados, se a família não reconhece na sua história de vida os riscos para o desenvolvimento da HAS como um problema crônico, não haverá nenhum sintoma aparente durante muitos anos, só vindo a se manifestar algum sintoma ou sinal quando surgem complicações em órgãos vitais do organismo humano.

Dentre os principais sintomas da hipertensão estão as dores no peito, dor de cabeça, fadiga, tontura, zumbido no ouvido, sangramento nasal, visão turva, bem como, vômitos, dificuldade para respirar, agitação, estes últimos em estados de crises hipertensivas (ARAUJO ET AL., 2019).

Assim, os estudos ressaltam a importância da realização de consultas periódicas para fazer exames de avaliação do estado geral de saúde do organismo a fim de que se possa prevenir possíveis complicações provocadas pela desinformação ou falta de cuidados frente aos riscos enfrentados no dia a dia, especialmente quando se está predisposto aos riscos para o desenvolvimento da doença.

3.2 HAS como Doença Silenciosa

A caracterização da HAS como doença silenciosa, ou seja, enquanto patologia crônica que não apresenta sintomas e sinais aparentes, conceituada como condição frequentemente assintomática,  resulta da elevação persistente da pressão arterial desenvolvida na interação de vários fatores de risco ambientais e genéticos que atuam na manifestação de seus diversos quadros clínicos, o que dificulta o diagnóstico em tempo hábil para evitar maiores complicações, inclusive a morte (BARROSO ET AL., 2020).

Os estudos demonstram que a falta de sintomas iniciais no curso da HAS que a torna assintomática não pode ser considerada como um fator decisivo para o comprometimento do organismo com doenças que afetam os órgãos vitais e que podem levar até a morte precocemente. A falta de conhecimento da história de vida, sobre os efeitos nocivos de alguns comportamentos de risco praticados na atual sociedade e o descuido com a própria saúde reverberam sobre o silêncio da HAS.

Os fatores de risco a serem considerados para o desenvolvimento da HAS segundo Barroso et al. (2020) são: genética, idade, sexo, etnia, sobrepeso/obesidade, ingestão elevada de sódio e potássio, sedentarismo, álcool, fatores socioeconômicos, uso de medicações e drogas ilícitas, fatores psicossociais, entre outros.

O estilo de vida e as mudanças nos padrões de consumo são aspectos intrinsecamente relacionados ao avanço das condições crônicas da HAS, considerando que o paciente diagnosticado não adere exatamente ao que foi proposto pela equipe de profissionais de saúde no que se refere a dietas equilibradas, atividades físicas regulares, terapia medicamentosa, tratamentos estes que precisam ocorrer simultaneamente para uma melhora no quadro do paciente (SOLBIATI et al., 2018).

A HAS pode ser provocada por múltiplas causas e múltiplos fatores, podendo no curso de vida do indivíduo não apresentar qualquer sinal ou vestígio de que há uma elevação da pressão arterial, o que pode ocorrer, na maioria das vezes, em qualquer idade, gênero e etnia.

Mas, os estudos Barroso et al. (2020)  revelam que há uma incidência maior de HAS na população negra e de miscigenados, assim como a sua gravidade também se apresenta na mesma quando se refere a HAS maligna, nos casos em que há derivação de acidente vascular encefálico e insuficiência renal crônica (CBHA, 2001), devido a fatores étnicos e/ou socioeconômicos; na população idosa há uma aumento considerável, ou seja, a HAS aumenta com a idade, prevalecendo a partir dos 60 anos; assim como, na população que apresenta condições de saúde complexas como a obesidade, diabetes e as nefropatias.

Ainda que seja considerada uma doença silenciosa, os estudos de Luz et al. (2022) apontam que a hipertensão sempre manda um alerta, e que é imprescindível estar atento a todos os sinais, por mais insignificantes que possam parecer, buscando através do hábito, por exemplo, de aferir a pressão regularmente, evitar transtornos indesejados.

É necessário entender que fatores como sedentarismo, fumo, consumo excessivo de bebidas alcoólicas, estresse, grande consumo de sal e níveis altos de colesterol são considerados determinantes para o surgimento desta doença. Ressalte-se que, é preciso adquirir hábitos de vida saudável, optar por alimentos de boa qualidade e de baixo teor calórico e sódio, e estar atento a qualquer sintoma, desde uma simples dor de cabeça e/ou uma insônia. 

Estar consciente dos fatores de risco, da história genética e dos cuidados com a saúde integral dos portadores e/ou predispostos a desenvolver HAS, torna-se relevante na medida em que se compreende que os problemas decorrentes da pressão alta não tratada são muito mais severos e comprometedores para a vida do sujeito, podendo se manifestar claramente em estágios avançados do processo degenerativo da doença, como ocorre no acidente vascular cerebral (AVC), no infarto, na isquemia miocárdica, na insuficiência renal, dentre outros. 

O trabalho realizado nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) são de vital importância na promoção do cuidado com o paciente hipertenso ou predisposto pela história genética, de forma que o mesmo venha ao atendimento pelo menos uma vez ao mês para uma simples aferição de pressão (PA) ou aderir aos programas de políticas públicas que permitem um acesso amplo a diversificadas formas de acolhimento e cuidado ao paciente (MALACHIAS ET AL., 2021).

 Os resultados dos estudos de Solbiati et al. (2018) demonstraram que dentre o que é proposto como tratamento, seja a atividade física regular e a dieta com restrições alimentares são os procedimentos menos aderidos pelos pacientes diagnosticados, havendo uma adesão maior aos medicamentos, ainda que uma boa percentagem esqueça de tomar regularmente os medicamentos específicos para controle da HAS.

Assim, os cuidados com a saúde que devem ocorrer ao longo do desenvolvimento do sujeito, a avaliação relacionada à hipertensão arterial sistêmica (HAS) inclui, entre outros aspectos, a história de vida do paciente, a confirmação do diagnóstico, a suspeita e a identificação de causa secundária, a avaliação do risco cardiovascular, possíveis lesões de órgão-alvo, bem como, as doenças  que podem estar associadas. 

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Os resultados dos estudos analisados revelaram que nos últimos anos a pressão alta tem apresentado um número cada vez mais elevado de crescimento dentro da população, incluindo tanto jovens quanto adultos.

A ausência de um estilo de vida saudável, a falta de conhecimento da doença e dos fatores de risco que podem desenvolvê-la ou comprometer um tratamento eficaz está relacionada provavelmente a não percepção dos sinais iniciais da doença, os maus hábitos ou mesmo a concepção de ser uma doença hereditária e não se ter o conhecimento da história genética/familiar ser motivo para ignorar os sintomas, assim como, não atuar na prevenção frente aos riscos que se apresentam. Visto que, compreende-se que é de extrema importância ter uma atenção voltada para sintomas apresentados uma vez que os fatores agravantes podem levar a sequelas graves ou até mesmo a morte de pacientes.

Uma outra forma de identificar a HAS mesmo que ela não esteja apresentando sintomas e/ou sinais é considerar desde a infância, nas avaliações médicas que na história de vida do indivíduo há a presença de fatores genéticos, com história familiar de hipertensão, constituindo para o indivíduo a sua participação no grupo daqueles que têm maior risco para o desenvolvimento da HAS.

Nesse sentido, de posse desse conhecimento o indivíduo, bem como, sua família pode desenvolver um estilo de vida que promova a diminuição dos riscos e dos fatores que podem promover a HAS, o que implica na adoção de medidas como prevenção primária, a exemplo do controle de peso, prática de exercícios físicos, dieta equilibrada, autoconhecimento e autodisciplina.

Por fim, a partir da análise dos estudos foi possível avaliar que as mudanças no estilo de vida são as mais difíceis de serem implementadas, devendo portanto, serem incentivadas em todas os âmbitos sociais nas quais o indivíduo está inserido, em parcerias com entidades governamentais em todas as esferas, a exemplo de estratégias de prevenção primária como ações educativas, de conscientização com campanhas, implementação de programas, normas governamentais, que possibilitem a efetiva participação e o comprometimento do indivíduo na promoção de sua saúde. Isto posto, evitará as dificuldades e o custo social elevado do tratamento e de suas complicações.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, G. d. S. B., et al. Hipertensão arterial sistêmica: Problema de saúde pública nos dias atuais. Revista Brasileira Interdisciplinar de Saúde, 2019. Disponível em: <https://revistarebis.rebis.com.br/index.php/rebis/article/view/10>. Acesso em: 15 set. 2022.

BARROSO, W. K. S;  et al. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020. Arq. Bras. Cardiol. 2021;116(3):516-658.Disponível em: <https://abccardiol.org/article/diretrizes-brasileiras-de-hipertensao-arterial-2020/>. Acesso em: 10 mai. 2022.

BORTOLOTTO, Luiz Aparecido. Guia para tratamento farmacológico da hipertensão 

em adultos da Organização Mundial de Saúde – 2021. Hipertensão, v. 24, Número 1, Ahead of Print, 2022. Disponível em: <https://www.sbh.org.br/arquivos/revistas/2022-revista-vol-24-n-1-online-ahead-of-print/>. Acesso em: 15 abr. 2022.

BRASIL. Ministério da saúde. Hipertensão (pressão alta).Publicado em 20/11/2020. Atualizado em 30/12/2021. Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/h/hipertensao-pressao-alta-1>. Acesso em: 14 mai. 2022.

FIRMO, J. O. A.; et al. Comportamentos em saúde e o controle da hipertensão arterial: resultados do ELSI-BRASIL. Cadernos de Saúde Pública. 2019, v. 35, n. 7. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/csp/a/FH3hxRtf74yCp3zH85cfsXn/?lang=pt>. Acesso em: 25 set. 2022.

JORNAL BRASILEIRO DE NEFROLOGIA. Disponível em:  <https://www.bjnephrology.org/en/iii-consenso-brasileiro-de-hipertensao-arterial-apresentacao/. Acesso em: 26 out. 2022.

LUZ, A. L. A.; et al. Função cognitiva e controle da pressão arterial em idosos hipertensos. Ciência & Saúde Coletiva. 2022, v. 27, n. 06. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1413-81232022276.18382021>.  Acesso em: 27 mai. 2022. 

MALACHIAS, M. V. B., et al. O Novo Paradigma da Mensuração da Pressão Arterial. Arq. Bras. Cardiol. 2021; v. 117, n.3, pp:528-530. Disponível em: <https://abccardiol.org/article/diretrizes-brasileiras-de-hipertensao-arterial/>. Acesso em: 10 mai. 2022.

MARTINEZ-RIOS, E.; et al. Uma abordagem de aprendizado de máquina para detecção de hipertensão baseada em fotopletismografia e dados clínicos.  ELSEVIER: Computadores em Biologia de Medicina, Volume 145, junho de 2022. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/journal/computers-in-biology-and-medicine/vol/145/suppl/C>. Acesso em: 30 out. 2022.

PLAVNIK, Frida Liane. Diretrizes globais para prática da hipertensão da Sociedade Internacional de Hipertensão 2020. Hipertensão, v. 24, Número 1, Online Ahead of Print, 2022. Disponível em: <https://www.sbh.org.br/arquivos/revistas/2022-revista-vol-24-n-1-online-ahead-of-print/>. Acesso em: 15 abr. 2022.

SANTOS, Zélia Maria de Sousa Araújo. Hipertensão arterial: um problema de saúde pública. Rev. bras. promoç. saúde (Impr.) 24(4)out.-dez. 2011. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-621766. Acesso em: 15 abr. 2022.

SILVA, J.L.L.; SOUZA, S. L. Fatores de risco para hipertensão arterial sistêmica versus estilo de vida docente. Revista Eletrônica de Enfermagem,v.06, n. 03, 2004. Disponível em: <http://revistas.ufg.br/index.php/fen>. Acesso em: 02 mai. 2022.

SOLBIATI, V. P., et al. Adesão ao tratamento para prevenir agravos relacionados à hipertensão arterial e ao diabetes. Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, São Paulo. v.12. n.73. p.629-633. Set./Out. 2018. Disponível em: <http://www.rbone.com.br/index.php/rbone/article/view/755>. Acesso em: 15 set. 2022.

VIEIRA, L. P.; et al. Abordagem nutricional na hipertensão arterial: recomendações das diretrizes Brasileira (DBHA), Americana (AHA), Internacional (ISH) e Europeia (ESC). Hipertensão, v. 24, Número 1, p. 1-12, 2022. Disponível em: <https://www.sbh.org.br/arquivos/revistas/2022-revista-vol-24-n-1-online-ahead-of-print/>. Acesso em: 15 abr. 2022.


¹ Discente do curso de Farmácia da Uninassau de 2022, e-mail: janetepaiva1@hotmail.com
² Discente do curso de Farmácia da Uninassau de 2022, e-mail: vinipedrolp@gmail.com
³Professor Orientador – Uninassau de Vitória da Conquista, e-mail: danmenezes1@gmail.com