A IMPORTÂNCIA DA ATENÇÃO FARMACÊUTICA NA DISPENSAÇÃO DO LEVONORGESTREL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7405064


Rayssa Dos Santos Silva
Orientador(a): Dr. Luciana Ferreira  Mattos Colli
Coorientador: Dr. Leonardo Guimarães de Andrade


Resumo: A pílula do dia seguinte, é um medicamento que foi elaborado pelo cientista Albert Yuzpe com o objetivo de impedir uma gravidez resultada de uma violência sexual. Em 1996 o ministério da saúde aprovou e inseriu esse método no manual do planejamento familiar. O seu mecanismo de ação vai depender da fase do ciclo menstrual em que o medicamento será administrado impedindo a fecundação do espermatozoide ao óvulo.

O levonorgestrel tem um fácil acesso aquisitivo, pois pode ser adquirido de forma gratuita pelo Sistema único de Saúde (SUS) e também pode ser comprado nas drogarias, já que este medicamento não necessita de receituário para dispensá-lo. Essa facilidade tem acarretado o uso abusivo e irracional da pílula do dia seguinte. Portanto, este artigo tem o objetivo de enfatizar a importância da aplicação da atenção farmacêutica no momento da dispensação da pílula do dia seguinte com intuito de reduzir danos à saúde, da paciente, que podem ser resultadas da automedicação.

Palavras-chaves: levonorgestrel; atenção farmacêutica; automedicação;

Abstract: The morning after pill is a medicine that was developed by scientist Albert Yuzpe with the aim of preventing a pregnancy resulting from sexual violence. In 1996 the ministry of health approved and included this method in the family planning manual. Its mechanism of action will depend on the phase of the menstrual cycle in which the drug will be administered, preventing sperm from fertilizing the egg.

Levonorgestrel is easily accessible, as it can be purchased free of charge by the Unified Health System (SUS) and can also be purchased at drugstores, as this medication does not require a prescription to dispense it. This facility has led to the abusive and irrational use of the morning-after pill. Therefore, this article aims to emphasize the importance of applying care at the time of dispensing the morning-after pill in order to reduce damage to the patient’s health, which may result from self-medication.

Keywords: levonorgestrel; pharmaceutical attention; self-medication;

1. INTRODUÇÃO

O Levonorgestrel, popularmente conhecido como a pílula do dia seguinte, é um medicamento que atua como anticonceptivo que tem o objetivo de prevenir a gravidez após a relação sexual desprotegida o qual pode-se incluir em casos de violência sexual ou falha em algum método de prevenção (rompimento do preservativo e/ou esquecimento da pílula contraceptiva). (BRASIL, 2011). Portanto, é importante ressaltar que a pílula do dia seguinte não assegura proteção contra as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) ou o vírus da AIDS. (JULIA SAYURI, ANI GIOTTO, 2019).

A pílula do dia seguinte foi elaborada no ano de 1972 pelo médico Albert Yuzpe com o objetivo de impedir uma gestação causada por uma violência. Em 1996 este método contraceptivo foi aceito e disponibilizado pelo Ministério da Saúde e também foi inserido no manual do programa do planejamento familiar. No início de 1998 havia várias reclamações do medicamento, constituída de etinil estradiol e progesterona, pois apresentava diversos efeitos colaterais. Por isso que em 1999, a pílula emergencial foi refeita, com o objetivo de diminuir os efeitos colaterais indesejáveis, contendo em sua fórmula somente a progesterona, que atualmente é denominada de “levonorgestrel”. (PORTELA, 2015).

Segundo o Ministério da saúde (2011), as apresentações comerciais do levonorgestrel são divididas em duas formas: a primeira pode ser feita com um comprimido, contendo a dosagem de 0,75mg, a cada 12 horas. A segunda, pode-se utilizar dois comprimidos, com a dosagem de 0,75mg, em dose única. Ambas as formas, resultam no total de 1,5mg. E também, segundo a OMS (Organização mundial da saúde) alega que, tanto a dose única quanto as duas doses, tomadas separadamente à cada 12 horas, garantem eficácia e segurança. Porém a dose única apresenta vantagem na questão da adesão.

O prazo adequado para ingerir o levonorgestrel é no término da relação sexual desprotegida até 72 horas. Se o prazo for ultrapassado do tempo determinado, a eficácia do medicamento tende a ser reduzida. (JULIA SAYURI, ANI GIOTTO, 2019).

Os mecanismos de ação da pílula do dia seguinte podem ocorrer na primeira fase do ciclo menstrual, antes do pico do hormônio o luteinizante (LH) impedindo a ovulação. E na segunda fase do ciclo menstrual na qual vai ocorrer a modificação da viscosidade do muco cervical, o que vai dificultar o transporte do espermatozoide do colo do útero até as trompas. (BRASIL, 2011).

Conforme relata o Ministério da Saúde (2011), os efeitos colaterais mais recorrentes do levonorgestrel são náuseas e vômitos. E com menos frequências podem ocorrer a cefaleia, dor nas mamas e vertigens. Em alguns casos 10% dos pacientes podem apresentar alterações na duração e volume do fluxo menstrual, menstruação irregular, sangramentos contínuos ou escassos. (CIMED, 2020).

O levonorgestel ao interagir com certos medicamentos tais como barbitúricos, antibióticos da classe dos penicilâmicos, anticonvulsivantes e antirretrovirais, resultam em interação medicamentosa. (ALYNE BRAGA, et al; 2021).

Pode-se adquirir o contraceptivo de emergência, de forma gratuita, por meio do Sistema Único e Saúde (SUS) ou pelas redes de farmácias privadas. E pelo fato da pílula do dia ter uma facilidade de aquisição no momento da compra, ou seja, o medicamento que pode ser vendido sem receita, o seu o uso abusivo tem-se aumentado nos últimos 10 anos, pois a maioria das mulheres acabam utilizando como um método de prevenção rotineiro e não em casos de emergência, como o indicado.(GIOVANNA REBELO, et al; 2021).

O contraceptivo de emergência utilizado de forma irracional pode causar danos à saúde da mulher a qual pode ser a infertilidade, câncer de mama e de colo de útero, redução da eficácia do medicamento e com isso podendo resultar em uma possível gravidez indesejada.(GIOVANNA REBELO, et al; 2021).

Atualmente a maioria das mulheres, principalmente as jovens, tem o conhecimento sobre a pílula do dia seguinte, mas a falta de informação, em relação a aplicabilidade do medicamento levonorgestrel, pode acarretar sérios danos à saúde da mulher. Por isso, o profissional farmacêutico, no momento da dispensação do medicamento, deve orientar a paciente sobre o uso correto e racional da pílula do dia seguinte, enfatizando os efeitos colaterais e as interações medicamentosa, e também explicar os possíveis danos que poderão ocorrer se for utilizado de forma contínua, como os anticoncepcionais. Com o objetivo de reduzir as consequências causadas pela automedicação (ANA CRISTINA LIMA, et al; 2021).

2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Conscientizar o profissional farmacêutico e aos futuros profissionais farmacêuticos sobre a importância de orientar o paciente em relação ao uso da pílula do dia seguinte no momento da dispensação.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

  • Discorrer sobre o surgimento e o motivo da elaboração da pílula do dia seguinte
  • Abordar os tipos de  mecanismo de ação do levonorgestrel e os seus efeitos colaterais.
  • Dissertar fatores que podem comprometer a eficácia do levonorgestrel.
  • Alertar ao público feminino os perigos da automedicação do levonosgestrel
  • Demonstrar a importância da atenção farmacêutica e quais procedimentos tomar no momento da dispensação do levonorgestrel.

3. JUSTIFICATIVA

A utilidade deste tema traz uma abordagem sobre a importância da aplicabilidade da atenção farmacêutica que o profissional farmacêutico deve ter no momento da dispensação da pílula do dia seguinte com o objetivo de orientar a forma correta de administrar o medicamento. É de suma importância através deste tema provocar uma reflexão aos farmacêuticos e /ou aos acadêmicos do curso de farmácia, que é crucial buscar conhecimento sobre este medicamento para saber orientar melhor as mulheres, em relação a farmacoterapia do levonorgestrel, e alertá-las quais os danos podem surgir através da ação da automedicação.

4. METODOLOGIA

Este trabalho trata-se de uma revisão de literatura do tipo bibliográfica exploratória, de caráter descritivo. A qual a pesquisa foi realizada entre os meses de junho a agosto de 2022, de acordo com tema escolhido, e somente foram selecionados os artigos publicados entre os anos de 2015 a 2022.

Para selecionar os artigos foi utilizado o navegador “Google” para buscar palavras chaves em relação ao tema, como: contraceptivo de emergência, pílula do dia seguinte e levonorgestrel. Os bancos de dados usufruído para estruturar o trabalho foram “google acadêmico”, “SciELO – (Scientific Electronic Library Online)”,e “BDJ”, “Reicen” E também uma cartilha do ministério da saúde, um manual de anticoncepção da Febrasgo e três bulas.

Os critérios de inclusão foram os artigos com publicados em português, nos anos de de 2015 até 2022, disponíveis de forma gratuita. Abordando temas relacionados a automedicação de levonorgestrel, atenção farmacêutica em relação a pílula do dia seguinte e também o uso discriminado do levonorgestrel. Ao todo, foram selecionados para a construção do trabalho, 9 artigos científicos, 3  bulas de medicamentos e uma cartilha do governo federal para confeccionar o trabalho.

Os critérios de exclusão foram os artigos publicados em idioma estrangeiro, trabalhos publicados com datas inferiores a 2015, e pesquisas que não abordam os assuntos relacionados com o tema deste artigo. Ao todo, foram excluídos 5 artigos científicos. Resultando o total de inclusão e exclusão cerca de 14 artigos pesquisados.

5. DESENVOLVIMENTO.

5.1. O nascimento da pílula do dia seguinte.

Na década de 60, era administrado o medicamento dietilbestrol (25-50mg) em mulheres que sofriam uma violência sexual. O resultado do tratamento tinha eficácia, mas devido aos efeitos adversos ele foi retirado. (FREBASGO, 2015)

Foi então que em 1972  o cientista Albert Yuzpe  criou um hormonal composto por estrogênio e progesterona com o objetivo de inibir a gravidez resultada de uma violência sexual. Em 1996, o contraceptivo emergencial foi aprovado pelo Ministério da Saúde e também foi incluído nas normas técnicas do programa de planejamento familiar. A pílula do dia seguinte só foi disponibilizada em 1998 e devido a sua composição a base de etinil estradiol e progesterona, haviam reclamações pois causavam muitos efeitos colaterais. Por isso que no ano de 1999 o contraceptivo emergencial foi modificado contendo apenas a progesterona, a qual é denominada de levonorgestrel, pois os medicamentos reduziu os efeitos indesejáveis. (PÊGO, 2015).

Figura 1: fórmula molecular do levonorgestrel.

Fonte: Google Imagens

5. Apresentações do levonorgestrel

Diferente do método de Yuzpe, a pílula do dia seguinte não contém estrogênio, ela é constituída, somente com um progestágeno sintético isolado, denominado de levonorgestrel. Há dois tipos de apresentações desse medicamento. A primeira é uma cartela contendo dois comprimidos de 0,75mg de levonorgestrel, totalizando em uma dose única de 1,5mg, podendo tomar um comprimido a cada 12 horas, ou tomar dois comprimidos em dose única. A segunda é uma cartela contendo um comprimido de 1,5mg de levonorgestrel. (PORTELA; 2015).

Tabela 1 – Apresentações de levonorgestrel no Brasil:

Fonte: https://docs.bvsalud.org

5.3 Posologia da pílula do dia seguinte.

Há dois tipos de apresentações do medicamento levonorgestrel. A primeira é uma cartela com um comprimido de 1,5mg e sua administração é por via oral. E a segunda é uma cartela com dois comprimidos de 0,75mg, que podem ser utilizados de duas maneiras:

1- Tomar dois comprimidos de 0,75mg de uma vez, após cinco dias da relação sexual.

2- Tomar um comprimido de 0,75mg de 12 em 12 horas até cinco dias após a relação sexual.

Quanto mais rápido foi administrada a pílula do dia seguinte após a relação sexual, maior será a sua eficácia. (MS, 2011).

5.4 Fatores que podem comprometer a eficácia.

5.4.1. Mecanismo de ação

Alguns ensaios clínicos com LNG demonstraram que há uma variação na eficácia em relação aos dois mecanismos de ação. A eficácia tende a ser mais elevada se for administrada na primeira fase do ciclo menstrual, ou seja, antes do pico LH. Se o levonorgestrel for administrado na segunda fase do ciclo menstrual, onde ocorre a alteração do muco cervical, há uma redução do risco da gravidez, mas também a sua eficácia também é reduzida (CANOVA, et.al; 2018).

5.4.2. Tempo de administração do levonorgestrel.

Segundo a bula do comprimido “DOPO” a sua eficácia tende a declinar quando demora para administrar o comprimido, por isso o mais indicado é ingeri-lo o mais breve possível após a relação sexual, não ultrapassando 72 horas. É importante ressaltar que se ocorrer vômito entre 2 a 4 horas após a ingestão da dose, deve-se repetir a dose. (BULA DOPO, 2021).

Tabela 2 – Eficácia de acordo com o horário de administração após o ato sexual:

Fonte: https://revistasfacesa.senaaires.com.br

5.4.3. Interação medicamentosa.

Segundo a bula do Levonorgestrel de 1,5mg do laboratório Neoquímica, o medicamento utilizando concomitante com a pílula do dia seguinte, pode causar algumas interações medicamentosa, mudando a sua eficácia no organismo, e dependendo do caso, podendo se tornar prejudicial para o corpo. E são eles:

Fonte: bula da neoquímica

5.4.4. Peso corporal.

Outro fator que reduz a eficácia do levonorgestrel, segundo alguns estudos, é a mulher que apresenta obesidade.  (SAYURI, GIOTTO; 2019).

5.5. Mecanismo de ação.

Os espermatozóides esperam, no trato genital feminino, entre um a cinco dias, até ocorrer a produção da ovulação, devido a esse intervalo de tempo é que a pílula do dia seguinte tem uma maior eficácia. (MS; 2011)

O levonorgestrel tem o objetivo de impedir o encontro entre o espermatozóide e o óvulo. O seu método de ação vai depender da fase do ciclo menstrual na qual ela foi administrada. Se for ingerida na primeira fase do ciclo menstrual, ou seja antes do pico do hormônio luteinizante (LH), vai causar uma modificação nos folículos, com isso irá retardar ou inibir a ovulaçao por vários dias. Quando a administração do levonorgestrel ocorre na segunda fase do ciclo menstrual, após o estágio da ovulação, o medicamento vai alterar a viscosidade do muco cervical, deixando-o espesso, sendo assim vai dificultar ou impedir o deslocamento do espermatozóide que estava presente no colo do útero, até as trompas, na direção do óvulo. (PÊGO, et.al; 2021)

5.6 Efeitos colaterais do levonorgestrel.

Segundo a Cimed (2021) os efeitos colaterais do levonorgestrel causam a alteração da menstruação (atrasada ou antecipada) sangramento vaginal contínuo ou escasso, náusea, cefaleia, diarreia, tontura e dor no corpo.

O medicamento Postinor de 1500 microgramas comprimidos pode apresentar efeitos colaterais secundários tais como edema da face, dor pélvica, erupção na pele, urticária, menstruação dolorosa e prurido. Entretanto, são efeitos colaterais raros. (VASCONCELOS, et.al; 2021).

5.7. Contraindicação.

De acordo com o Ministério da Saúde, o medicamento é contraindicado na gestação confirmada e na amamentação, mas aconselha a não administrá-lo em caso de suspeita de gravidez. Em relação as mulheres que tiveram tromboelismo, acidente vascular cerebral, enxaqueca severa ou diabetes com complicações vasculares, são casos que se encontram na categoria 2 (de acordo com a OMS), ou seja, pode utilizar o medicamento mas com algumas restrições.

5.8. As consequências da automedicação do levonorgestrel.

As maiores consumidoras da pílula do dia seguinte, são jovens com a vida sexual ativa. Uma grande parcela desse público opta por fazer o uso deste medicamento sem uma orientação de um profissional da saúde qualificado, inclusive do farmacêutico. (RAMOS, et al; 2018)

Uma das justificativas da automedicação do levonorgestrel é por conta do fácil acesso aquisitivo deste medicamento, que pode ser vendido sem a prescrição de um profissional habilitado. E também pela falta de orientações, tanto dos balconistas quanto dos farmacêuticos, no momento da dispensação da pílula do dia seguinte. Devido a esses fatores, as pacientes ficam sujeitas a sofrer consequências resultadas do uso irracional do contraceptivo de emergência. (PÊGO, et.al; 2021)

A falta de informação sobre o uso correto da pílula do dia seguinte, e os seus efeitos, tem levado muitas jovens a adotarem este medicamento como um método contraceptivo de rotina, ao invés de ser só utilizado em situações de emergência, na qual ele é indicado. (JULIA SAYURI, ANI GIOTTO, 2019).

O levonorgestrel é um medicamento muito eficaz, entretanto por ter uma alta carga hormonal, o uso contínuo desse medicamento pode causar sequelas no organismo feminino tais como o câncer de colo no útero, câncer de mama, redução da eficácia terapêutica e com isso gerar uma gravidez indesejada, e a infertilidade. (LACERDA, et.al; 2019).

A importância da orientação farmacêutica no momento da dispensação da pílula do dia seguinte pode evitar danos ao organismo feminino. Por isso é crucial neste momento alertar sobre o uso correto, os efeitos, as contraindicações, interações medicamentosas que podem ocorrer e esclarecer as dúvidas do paciente. (BRANDÃO, 2017).

5.9. Atenção Farmacêutica na dispensação do levonorgestrel.

Segundo o Art 2º e o Art 3º da lei nº 13.021 de 8 de agosto de 2014 que ementa sobre o exercício e a fiscalização das atividades farmacêuticas, alega que, a função do farmacêutico é muito além do que dispensar um medicamento, ele deve prestar a assistência terapêutica com o objetivo de promover, proteger e recuperar a saúde do paciente utilizando o medicamento como o meio essencial para esses fatores. A drogaria não é somente um setor comercial, mas uma unidade que presta assistência farmacêutica e a saúde.

O farmacêutico deve ter um comportamento de um profissional da saúde, na drogaria, ao dispensar o levonorgestrel, e não apenas de um comerciante que apenas quer vender o produto. Deve ter um olhar mais cauteloso, fazendo perguntas ao paciente e dando orientação sobre o uso do medicamento, pois qualquer equívoco pode causar danos ou até mesmo óbito. Esse profissional da saúde deve estar sempre consciente que está lidando com vidas e não com um produto, sendo assim, deixará o paciente mais seguro e fazendo o voltar várias vezes por conta da atenção farmacêutica.

A atenção farmacêutica na dispensação do levonorgestrel deve seguir as seguintes etapas:

5.9.1. Acolhimento ao paciente.

É uma das etapas que requer muita atenção e cuidado, pois há situações variadas que optam pelo uso do levonorgestrel, e cada caso deve ser tratado de acordo com o estado do paciente, e não tratando todos os casos de uma maneira única, pois não são. Por exemplo, a menina que sofreu um abuso sexual deve ter um acolhimento diferente da menina que praticou uma relação sexual permissiva. Aqui não se trata de ser um atendimento melhor do que o outro, mas um atendimento de acordo com a situação e o estado da indivídua, pois a primeira vai está desesperada com a violência que acabou de sofrer, a segunda vai está desesperada com uma possível gravidez. A comunicação e a orientação devem ser totalmente diferentes.

5.9.2. Anamnese da paciente.

Após o acolhimento, é necessário coletar dados da paciente, mas para evitar constrangimento, deve-se fazer as perguntas em uma sala do farmacêutico, caso o profissional não tenha o espaço para recepcionar a paciente, pode ser no balcão, um pouco distante dos demais atendimentos. As perguntas que devem ser feitas na anamnese são:

  • Identificação da paciente: nome e idade;
  • Se tem uma vida sexual ativa;
  • Se faz acompanhamento médico;
  • O horário da útima relação sexual;
  • Se está gestante.
  • Se faz o uso de algum contraeptivo de rotina, se sim, qual;
  • Se tem alergia a algum medicamento, se sim, qual;
  • Se ja fez o uso da pílula do dia seguinte, se sim, quais sintomas sentiu.

5.9.3. Orientação sobre o uso do levonorgestrel.

Essa é a etapa na qual o farmacêutico vai orientar a paciente utilizar o medicamento de maneira correta e racional, vai abordar sobre os efeitos colaterais, e também os fatores que podem comprometer a eficácia do levonorgestrel, e alertar sobre os efeitos que a automedicação pode causar.

6. CONCLUSÃO.

O levonorgestrel é um medicamento que se for utilizado de forma correta e racional, ele é seguro e eficaz. Caso o contrário, pode resultar danos no organismo da paciente. Por isso, o farmacêutico precisa estar atento no momento da dispensação do medicamento, colocando em ação a atenção farmacêutica com o objetivo de evitar falhas na eficácia e também a prática da automedicação. Essa atenção farmacêutica deve ser colocada em prática durante a graduação, buscando o conhecimento durante e após o curso de farmácia, para instruir melhor os pacientes sobre o uso do medicamento.

REFERÊNCIAS

BRANDÃO, Elaine Reis. O atendimento farmacêutico às consumidoras da concepção de emergência. Scielo, Rio de janeiro, v.26, n.4, p.(1-14), Out, 2017. Disponível em: >. https://www.scielo.br/j/sausoc/a/VQJz7hFZ3CpChmGrHV4rqdL/abstract/?lang=pt#:~:text=Obteve%2Dse%20a%20participa%C3%A7%C3%A3o%20volunt%C3%A1ria,os%20profissionais%20para%20san%C3%A1%2Dlas.<  Acesso no dia 13 de Jul de 2022

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