EFEITOS DA CINESIOTERAPIA NOS MÚSCULOS DO ASSOALHO PÉLVICO EM MULHERES COM INCONTINÊNCIA URINÁRIA: UM ESTUDO DE CASO

EFFECTS OF KINESIOTHERAPY ON PELVIC FLOOR MUSCLES IN
WOMEN WITH URINARY INCONTINENCE: A CASE STUDY

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7396045


Carmem Anselmo Araújo Cruz1
Cláudia de Oliveira Pacheco1
Isabel Martins Corintima1
Marla Freire Doce1
Mônica de Almeida Guerreiro1
Dra Thaiana Bezerra Duarte2


Resumo 

Introdução: A Incontinência urinária (IU) é a perda involuntária de urina, podendo causar grandes impactos na vida de seus acometidos, sendo um problema de saúde pública. A Fisioterapia utilizando como métodos de intervenção principal o treinamento da musculatura do assolho pélvico (TMAP) busca a recuperação e tratamento das disfunções ocasionadas pela IU. Objetivo: relatar o caso clínico de uma paciente com IU, de modo a investigar a eficácia de protocolo de treinamento da musculatura do assoalho pélvico (TMAP) diante da IU. Materiais e método: Trata-se de um estudo de caso, realizado entre os meses de julho a setembro de 2022, na qual participou uma voluntária que apresentava queixas de perdas urinárias desde o ano de 2021, a qual foi submetida por anamnese e avaliação fisioterapêutica. A intervenção fisioterapêutica consistiu em exercícios proprioceptivos e TMAP associados a suas atividades diárias. Resultados: os resultados obtidos neste estudo demonstram que a força de contração da musculatura do assoalho pélvico aumentou expressivamente com o tratamento fisioterapêutico e reduziu as disfunções ocasionadas pela IU. Conclusão: o protocolo fisioterapêutico realizado através da cinesioterapia, voltado para a reabilitação das disfunções do assoalho pélvico provenientes da incontinência urinária, apresentou melhora significativa nas condições clínicas da paciente, retornando as atividades de vida diária, em um protocolo de baixo custo e sem contraindicações. Palavras-chave: incontinência urinária; intervenção fisioterapêutica; treinamento da musculatura de assoalho pélvico. 

Abstract 

Introduction: Urinary incontinence (UI) is the involuntary loss of urine, which can cause great impacts on the lives of those affected, being a public health problem. Physiotherapy using as main intervention methods the pelvic floor muscle training (TMAP) seeks the recovery and treatment of dysfunctions caused by UI. Objective: to report the clinical case of a patient with UI, in order to investigate the effectiveness of a pelvic floor muscle training protocol (PMT) in the face of UI. Materials and method: This is a case study, carried out between July and September 2022, in which a volunteer who had complaints of urinary leakage since 2021 participated, who underwent anamnesis and physical therapy evaluation. The physical therapy intervention consisted of proprioceptive exercises and PMT associated with their daily activities. Results: the results obtained in this study demonstrate that the force of contraction of the pelvic floor muscles significantly increased with the physical therapy treatment and reduced the dysfunctions caused by UI. Conclusion: the physiotherapeutic protocol carried out through kinesiotherapy, aimed at the rehabilitation of pelvic floor disorders resulting from urinary incontinence, showed a significant improvement in the patient’s clinical conditions, returning to activities of daily living, in a low-cost protocol without   contraindications. Keywords: urinary   incontinence; physical therapy intervention; pelvic floor muscle training. 

1 INTRODUÇÃO 

Segundo a Sociedade Internacional de Continência, a Incontinência Urinária (IU) é definida como perda involuntária de urina (VIRTUOSO et.al., 2011). A classificação da IU pode ser de três formas: a incontinência de esforço (IUE) onde ocorre perda de urina a qualquer esforço físico, mesmo sem a ação do músculo detrusor, a incontinência urinária por urgência (IUU) em que ocorre um forte desejo de urinar, sem controle miccional e a incontinência urinária mista (IUM) que apresenta características de ambas a de esforço e a de urgência (HIGA; LOPES; REIS, 2008). 

O Instituto de Inteligência e Pesquisa e Consultoria (IPEC) realizou pesquisa com cerca de 2.000 pessoas que apontam que 30% da população brasileira sofrem com IU. Entre os casos afirmativos, as mulheres são a maioria – 68%. Nesse mesmo estudo, uma a cada três pessoas no Brasil tem algum tipo de escape ou perda de urina, sendo que 69% dessas pessoas não sabem que esse estado é considerado incontinência urinária (ESTADO DE MINAS, 2021). 

Pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), com base no banco de dados do Sistema Único de Saúde (SUS), do Ministério da Saúde, revelou que a pandemia de covid-19 teve maior impacto sobre cirurgias para tratamento de incontinência urinária por esforço nos estados com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais baixo. 

A Região Norte foi a mais impactada, com redução de 72% nas internações, em 2019, foram realizadas 300 cirurgias de IU, no âmbito do SUS, caindo para 97, em 2020, e para 85, em 2021, em dados preliminares (VIVA BEM, 2022). Essas estatísticas demonstram a importância da discussão acerca da incontinência urinária principalmente no que concerne ao gênero feminino e na região Norte. 

É importante destacar que existem alguns fatores de risco para o desenvolvimento da IU, incluindo idade, obesidade, múltiplos partos vaginais, entre outros (SILVA; D’ELBOUX, 2012). Apesar da fisiopatologia ser multifatorial, existe relação entre a IU e a função deficiente dos músculos do assoalho pélvico (BARACHO, 2007). 

A constituição do assoalho pélvico (AP) se dá através das fáscias, dos ligamentos e músculos, e tem como função a sustentação dos órgãos internos, principalmente a bexiga, o útero e o reto (BARACHO, 2014). Os músculos do assoalho pélvico (MAP) funcionam como uma rede de sustentação evitando a queda dos órgãos pélvicos, sustentam as vísceras abdominais, ajudam nas continências urinária e fecal, e são também importantes para a função sexual (MARQUES et al., 2011). Sendo a Incontinência Urinária umas das disfunções do AP sobre as quais a fisioterapia atua, contribuindo para evitar ou postergar os processos cirúrgicos (ATITUDE POSTURAL, 2022). 

A atuação do fisioterapeuta nesse cenário é composta pela realização da avaliação funcional da IU, na qual é o profissional que realiza a avaliação inicial (anamnese e testes físicos), intervenção e avaliação final da função da musculatura do AP e aplicação de questionários que avaliem a qualidade de vida das pacientes (KNORST et al., 2013), assim como no fortalecimento e no TMAP, com o objetivo de melhorar a força de contração das fibras musculares, prevenindo as disfunções sexuais e incontinências (NOLASCO et al., 2008). 

O tratamento conservador é indicado em situações menos complicadas, e apresenta como recursos a serem utilizados pela fisioterapia os exercícios para os músculos do assoalho pélvico (MAP) e a eletroestimulação endovaginal (ADAMS et.al 2006), sendo um tratamento clínico de baixo custo e com baixa incidência de efeitos colaterais. De modo que hoje o tratamento fisioterapêutico está sendo cada vez mais utilizado devido ao seu resultado positivo no tratamento da IU feminina, no entanto, depende de uma boa avaliação do paciente e da escolha da técnica e parâmetro de tratamento para cada tipo de patologia que será tratada (NOLASCO et al., 2008). 

E dentre as condutas possíveis para essa patologia será discorrido neste trabalho sobre a cinesioterapia, terapia por meio de movimentos, tem como base movimentos repetidos e voluntários permitindo o aumento da resistência a fadiga, da força muscular, da flexibilidade, da mobilidade e da coordenação muscular (AMARO; GAMEIRO, 2001). Em síntese, a cinesioterapia do assoalho pélvico compreende basicamente na realização do TMAP que objetiva trabalhar a musculatura perineal para o tratamento da hipotonia do AP (SANTOS, 2004). 

No Brasil muitas mulheres sofrem com casos de IU e a grande maioria não possui o conhecimento necessário para diferenciar ou discernir do quão grave e prejudicial o não tratamento pode acarretar em suas vidas com o passar do tempo. 

Em contrapartida, uma grande maioria que detém o conhecimento da sua gravidade, ao se informar sobre os métodos de tratamento, inclusive fisioterapêuticos, desistem de prosseguir por conta da complexidade e alto investimento, que por muitas das vezes e por preferência utilizam métodos eletroterapêuticos, invasivos e de alto custo para ter acesso. Dessa forma, estudos que elaborem protocolos fisioterapêuticos com o uso exclusivo de cinesioterapia para essas mulheres tornam-se essenciais. 

Conforme o exposto, o objetivo deste estudo é relatar o caso clínico de uma paciente com IU, objetivando investigar a eficácia do TMAP diante da IU apresentada pela participante da pesquisa. 

2 MATERIAIS E MÉTODO 

A presente pesquisa se caracteriza como estudo de caso que visa investigar como a cinesioterapia pode minimizar os efeitos da incontinência urinária em uma pessoa do gênero feminino, se de fato é possível ter resultados positivos com as condutas escolhidas. 

A participante do estudo foi informada sobre os objetivos e procedimentos e após concordar em participar da pesquisa, assinou um termo de consentimento livre e esclarecido (APÊNDICE A), de acordo com a resolução CNS 466/2012 que normatiza a pesquisa com seres humanos. Essa pesquisa teve fins acadêmicos. 

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário do Norte – UNINORTE (registro: 65199922.8.0000.0010) . Os princípios éticos foram respeitados de acordo com o estabelecido na Resolução CNS 466/2012. A participante assinou o termo de consentimento livre e esclarecido. 

2.1 Caso 

A paciente, M.B.O, sexo feminino, 71 anos, autônoma, residente da cidade de Manaus-AM. Em novembro de 2021 a paciente iniciou tratamento para parasitose, de modo que passou a beber muita água e passou a perder urina. A paciente tem histórico de doença cardiorrespiratória e infecção urinária, assim como faz uso de medicamento para colesterol alto, teve cinco gestações, sendo quatro partos normais e uma cesárea, apresentando uma complicação obstétrica em uma das gestações, com laceração. 

Apresenta perda de urina em situações cotidianas como tosse e espirro, o tipo de perda se caracteriza como de jato, de forma que esse quadro iniciou ano passado (2021), mas foi ignorando os sintomas por considerar uma perda normal. O referido caso foi encaminhado para as alunas que estão na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso por demanda espontânea, os atendimentos aconteceram na Clínica Escola de Fisioterapia da UNINORTE no período entre julho a setembro de 2022. 

2.2 Avaliação Fisioterapêutica 

A avaliação fisioterapêutica consistiu em dois encontros, sendo que no primeiro contato foi realizado o levantamento de dados pessoais e informativos sobre o histórico de doença da paciente, no segundo momento, após acolhimento e consentimento da mesma, foi realizado o exame físico propriamente dito. 

No primeiro contato foi realizada uma conversa com a paciente sobre o que é a IU e como a fisioterapia no âmbito de tratamento de saúde da mulher pode ajudar tanto na prevenção quanto tratamento das disfunções associadas à IU que são refletidas principalmente nas atividades de vida diárias (AVD’s). 

Posteriormente iniciou-se uma apresentação por meio de figuras impressas para apresentar a paciente o funcionamento de sua MAP, assim como todas as estruturas que compõe o sistema urinário e genital, explanou-se sobre o motivo de sua perda urinária e como todas as condutas e exercícios realizados por meio do plano de tratamento refletiriam de maneira positiva em toda a sua região pélvica. 

Após intervenção didática foram realizadas perguntas referentes a anamnese geral da paciente, foram recolhidos dados de identificação, queixa principal, história de patologia atual e pregressa, antecedentes patológicos pessoais, antecedentes familiares, histórico medicamentoso, história obstétrica, histórico ginecológico, histórico intestinal, questionário sobre sexualidade e tratamentos ou intervenções clínicas anteriores. 

Após o levantamento de dados foi constatado que a paciente apresentava uma incontinência urinária mista, que consiste na perda urinária tanto de urgência quanto de esforço, ressaltando que em vários momentos ao sentir vontade de urinar não consegue segurar até chegar ao banheiro e ao realizar esforços mínimos durante o dia a dia sente uma perda grande de urina em jato, de modo que a paciente fizesse o uso de absorventes para poder sair de casa e realizar suas AVD’s. 

Quanto ao histórico de gestações, a paciente teve cinco, da primeira até a quarta ocorreram por meio de parto vaginal e relatou laceração perineal no primeiro parto, refletindo em um período de resguardo muito difícil e doloroso. Seu último filho veio por meio de cesárea, onde a mesma não relatou qualquer complicação obstétrica e realizou a cirurgia de laqueadura. 

Posteriormente foi realizado o exame físico da paciente, onde por meio da inspeção e palpação genital foi avaliado o grau de força e resistência da sua MAP mensurando seu grau de comprometimento a partir da Escala de Oxford modificada (CASTRO et al., 2012), onde a paciente foi instruída a contrair e relaxar o canal vaginal 5 vezes com contração máxima de 5 segundos e relaxamento de 7 segundos, apresentando assim uma pontuação grau 2 segundo escala, onde havia presença de contração, mas com baixa intensidade, porém, mantinha a sustentação e apresentava dificuldade de relaxamento fazendo o uso da musculatura acessória abdominal. 

Durante a realização do exame físico e palpação também foram encontrados pontos-gatilho na parede vaginal da paciente, a mesma relatou que ao prender a urina em um período longo, sentia fortes dores nesta região, principalmente depois de esvaziá-la. Prosseguindo na palpação e inspeção vaginal da paciente foi encontrada também a cicatriz de laceração pós-parto do seu primeiro filho, que ficava localizada no início do canal anal e corresponde em média a 2 centímetros de laceração. O local encontrava-se cicatrizado e com a formação de queloide onde a mesma não referia dor e nem desconforto. 

Como último teste realizado na avaliação física, foi verificada a presença de contração da MAP durante a tosse forçada, dessa forma, foi constatada a perda urinária durante esforço mínimo e diminuição de contração dos MAPs, assim como o relaxamento do canal vaginal. 

2.3 Acompanhamento da fisioterapia 

Após avaliação iniciou-se o tratamento fisioterapêutico, na qual foram realizados 15 atendimentos, duas vezes por semana, com duração aproximadamente de 60 minutos cada sessão. 

Nas primeiras três sessões de atendimento foram realizados alongamentos (fig.1), exercícios para fortalecimento e ganho de mobilidade de membros inferiores (MMII) com auxílio de faixas elásticas, bola suíça e caneleiras de no máximo 3 quilos em cada perna, de forma que a carga era aumentada a cada série, assim associando o TMAP à diversas AVD’S na qual a paciente praticava e relatava perda urinária, tais como corrida, sentar, levantar e ao se agachar, exercício sentada no tatame com uma pequena almofada de rolo entre as pernas com contração de 3 segundos e 5 de relaxamento (fig.2). 

Figura 1 – Alongamento de MMII
Figura 2 – Exercício almofada de rolo entre as pernas, movimento de anteversão com contração e relaxamento do MAP.

Durante a quarta, quinta e sexta sessões foram mantidos os alongamentos, exercícios para fortalecimento de membros inferiores, superiores e o TMAP, também foram inseridos exercícios de contração e relaxamento da musculatura com a paciente deitada sob o tatame e com as pernas estendidas e cruzadas, onde a paciente começou realizando contração da MAP por 3 segundos e relaxamento por 7 segundos, exercício sob a bola com movimentos circulares, em cada volta a paciente era instruída a contrair (fig.3); exercício de ponte com elevação de pelve com contração e relaxamento (fig.4). Durante estes exercícios a paciente era instruída a não fazer o uso de musculatura acessória, principalmente a da região de abdômen, por ser a mais utilizada. 

Figura 3 – Exercício na bola suíça com movimentos
Figura 4 – Exercício de ponte com elevação de pelve circulares associado a contração e relaxamento do MAP. 

Na sétima e oitava sessão foi realizado um exame de palpação e aplicação de condutas e exercícios por meio da palpação vaginal. A paciente realizou contração e relaxamento da MAP por um tempo maior estipulado, totalizando 5 segundos de contração e 8 de relaxamento, onde foi possível observar um ganho de força muscular após as condutas realizadas nas sessões anteriores. E exercício em pé de anteversão e retroversão da pelve com contração e relaxamento do MAP (fig.5). 

Figura 5 – Exercício de retroversão com contração e relaxamento do MAP.

A mesma relatou que suas idas ao banheiro diminuíram, antes tinha frequência de 6 vezes por dia e foram minimizadas para 4, passou a ter controle para segurar a urina e não perdia tanta quantidade no decorrer do dia. Durante esse período a paciente ainda apresentava perdas, porém, eram mínimas e de forma que antes era caracterizada como de jato e passou a ser em gotas. Além disso, foram realizadas técnicas de liberação de pontos-gatilho nas paredes vaginais e massagem cicatricial em região de queloide. 

Durante a nona, décima, décima primeira e décima segunda sessões foram realizados exercícios de fortalecimento para membros inferiores e superiores com uso de cargas como caneleiras e halteres de no máximo 3 quilos associados a contração e relaxamento do MAP, nos quais a paciente realizava os treinos no tempo e séries prescritas e ao final realizava a contração por 7 segundos e relaxamento por 10 segundos, por um total de 5 vezes com intervalos de 2 minutos entre as contrações. 

Logo após descanso a paciente realizava o TMAP sentada na bola suíça onde realizou contração levantando lentamente a bola e relaxando ao sentar novamente, mantendo um ritmo de sentar e levantar, porém, sem perder o contato com a bola suíça (fig.6). Ainda sob a bola realizou exercícios para ganho de mobilidade de quadril e pelve, finalizando as sessões com alongamentos globais no tatame. 

Figura 6 – Exercício sentando e levantando da bola sem perder contato. 

Ao final do tratamento a paciente relatava melhora do seu quadro de perda urinária, deixando enfatizado que suas idas corriqueiras ao banheiro diminuíram para um fluxo normal em que agora só ia ao banheiro quando realmente estava com a bexiga cheia. 

Relatou que a sua habilidade de segurar urina havia se aprimorado e a perda urinária durante essas tentativas havia cessado, não relatando nenhuma durante o seu cotidiano, mesmo realizando esforço em suas AVD’s. Na décima terceira e décima quarta sessão foram mantidos os exercícios para fortalecimento de membros inferiores com uso de caneleira de 3 quilos e fortalecimento do MAP fazendo o uso da contração e relaxamento, exercício de ponte e finalizando com alongamentos globais. 

Na décima quinta e última sessão foi realizada reavaliação final a fim de inspecionar as alterações e melhorias proporcionadas pela aplicação do tratamento fisioterapêutico. Foi observado através do exame de palpação que a paciente teve aumento do seu grau de força do MAP assim como melhora na realização da contração e relaxamento desta musculatura, observou-se uma melhora em relação ao uso de musculatura acessória e ao ser instruída a simular uma tosse/espirro a mesma não apresentou perda urinária, evidenciando e comprovando a eficácia do plano de tratamento fisioterapêutico proposto nesta pesquisa. 

Com os dados coletados a paciente recebeu alta com grande evolução e orientações para praticar e continuar seu tratamento em casa com uma lista de exercícios próprios para fortalecimento do MAP, a fim de prevenir futuras complicações e disfunções do assoalho pélvico. 

3 RESULTADOS 

Com base nos atendimentos realizados com a paciente, foi possível obter resultados satisfatórios em relação ao seu tratamento e sua melhora do quadro de IU. Todos os resultados foram obtidos de maneira gradual a cada sessão realizada e a cada método empregado onde a própria paciente relatava em conversas, o impacto do tratamento principalmente em suas AVD’s. Ao decorrer dos primeiros atendimentos a paciente foi tendo o conhecimento da sua MAP, e propriocepção da contração e relaxamento tendo em vista que a paciente não tinha conhecimento desta musculatura. 

O estudo mostra que as suas primeiras sessões foram focadas em exercícios proprioceptivos e TMAP associados suas atividades diárias, como por exemplo: sentar, levantar, agachar e correr, simulando o bloqueio perineal ao fazer atividade do dia a dia. 

No decorrer do atendimento foram incluídos exercícios de forma deitada, sentada e em pé, tendo seus efeitos diferentes da gravidade, com sustentação ao contrair e relaxar, assim podendo fortalecer sua MAP, iniciado o tratamento assim com 3 segundos de contração e 7 segundos de relaxamento. 

Na oitava sessão, após o exame de palpação foi notável o aumento para 5 segundos de contração e 8 segundos de relaxamento da força muscular da região, tendo em vista que no oitavo atendimento já se obtinha um resultado considerável, passando a ter um intervalo de tempo maior entre as idas ao banheiro e diminuição de quantidade de urina perdida, de modo que a mesma já conseguia realizar atividades de deslocamento de local em um certo espaço de tempo, fato que não realizava em decorrência da grande perda de urina. 

Na última sessão foi realizada a inspeção e palpação novamente, podendo ser observado o grau de força e resistência do MAP avaliado a partir da Escala de Oxford modificada (CASTRO et al., 2012), onde a paciente foi instruída a contrair e relaxar a vagina 5 vezes com contração máxima de 9 segundos e relaxamento de 10 segundos, apresentando a pontuação de grau 5 na escala, tendo em vista a efetividade da musculatura com aumento de grau de força, havendo reduzido uso da musculatura acessória. Ao estimular simulação de tosse e espirros não apresentou perda urinária. 

A mesma relatou que não utilizava mais os absorventes para sair de casa, as idas ao banheiro já não eram de urgência e nem frequentes, ingerindo quantidade adequada de água. A paciente foi instruída a realizar durante e após o tratamento exercícios domiciliares cerca de no máximo três vezes por semana uma vez ao dia, tendo como guia uma cartilha de exercícios (fig. 7 e 7.1) próprios para o tratamento de IU feita pelas participantes desta pesquisa exclusivamente para o seu tratamento. 

Figura 7- Cartilha elaborada para as atividades domiciliares da paciente. 
Figura 7.1- Exercícios prescritos para atividade domiciliares com baixo custo. 

Os resultados mostram que o tratamento proposto nesse estudo tem sua eficiência no plano de tratamento fisioterapêutico de IU utilizando por meio de recurso exclusivo e principal a cinesioterapia para melhoria da IU, sendo ela realizada de forma não tão invasiva e de baixo custo, demostrando ser um método eficaz e benéfico para a paciente. 

4 DISCUSSÃO 

Visando responder a problematização desse estudo que tem como ponto central verificar a eficácia do TMAP diante da IU apresentada pela participante da pesquisa, alguns aspectos foram fundamentais para o delineamento deste estudo. 

A referida paciente procurou atendimento para IU relativamente rápido, uma vez que apresentou os primeiros sintomas no ano de 2021. De acordo com estudo de Henkes (2005), mulheres conviveram cerca de 36 meses com os sintomas da IU até procurarem ajuda especializada e terem seu diagnóstico estabelecido. Muitas vezes essa demora em procurar por um profissional se deve por vergonha e desconhecimento, além de entenderem ser normal perder urina, não consideravam o problema importante e o fato de o médico dizer que não seria necessário procurar por ajuda (SILVA; LOPES, 2009). 

Geralmente mulheres apresentam patologias associadas a IU, doenças crônicas consideradas mais graves e urgentes como a hipertensão arterial, de forma que subestimam o sintoma da perda urinária (VOLKMER et al., 2012), diferentemente da paciente do presente estudo, já que a mesma não possui outras comorbidades, diferenciando da grande parte do grupo que possui IU. 

É importante discorrer sobre gestações múltiplas, que é um fator preponderante ao se falar em IU e mulheres multíparas que tiveram parto vaginal tem maior probabilidade de apresentar diminuição da função muscular do assoalho pélvico, contribuindo assim para o surgimento da IU feminina (AMARO, 2005). A participante deste estudo teve cinco gestações, sendo quatro partos vaginais e uma cesárea, de forma que apresentou em uma delas laceração. O parto vaginal é considerado prognosticador nos três tipos de incontinência (SOBHGOL et al, 2008). 

Para que o TMAP fosse realizado nesse estudo, primeiro, no processo de avaliação foi estabelecido instruções para a paciente com orientações sobre funcionamento da musculatura do assoalho pélvico feminino, assim como todas as estruturas que compõe o sistema urinário e genital. Esse momento é essencial para o entendimento de toda intervenção fisioterapêutica. Um estudo aponta que as maiores dificuldades na realização do TMAP estão na falta de conhecimento do próprio corpo, a não assimilação da orientação que está sendo oferecida e a incorporação dos exercícios no dia a dia (SILVEIRA, 2006). 

De forma que antes de iniciar o tratamento fisioterapêutico para o assoalho pélvico, é importante que se tenha conscientização perineal. Segundo Minschaert (2003), o objetivo principal desse treino é o ganho de consciência quanto à musculatura do períneo, a estimulação de participação da paciente e o aprendizado. Aspecto primordial para o sucesso de qualquer protocolo. 

Diante desse panorama o protocolo escolhido para o tratamento da paciente teve como início os exercícios proprioceptivos, devido à paciente apresentar enfraquecimento do MAP e contração muscular reduzida. Nessa linha Kegel foi o primeiro pesquisador a relatar a eficácia do treinamento da MAP no tratamento da incontinência urinária feminina (SANCHES, 2008), comprovando cientificamente, que os exercícios que trabalham os MAP modificam o trofismo e respostas musculares, potencializam e fortalecem as estruturas internas (NAGAMINE et al., 2021). 

A cinesioterapia do assoalho pélvico entende basicamente na execução dos exercícios de contração e relaxamento da região, que determina trabalhar a musculatura perineal para o tratamento da hipertonia ou hipotonia do assoalho pélvico (NAGAMINE et al., 2021), na qual visa aumento da força e/ou endurance (resistência muscular), onde se observa uma taxa de cura e melhora dos sintomas variando entre 56 a 84%. Existe uma evidência de que esses exercícios melhoram a incontinência e não eliminam totalmente a condição, porém exercem influência direta na qualidade de vida (BO; TALSETH; VINSNES, 2000; BO, 2004). 

Em síntese, são exercícios utilizados para ganhar controle sobre os músculos do assoalho pélvico, consiste em exercícios voluntários de contração e relaxamento da musculatura, associando a exercícios de respiração através de instruções verbais da fisioterapeuta, executando contrações sustentadas em diferentes posições. Essa técnica auxilia tanto no fortalecimento quanto na conscientização perineal sendo associada a outras técnicas fisioterapêuticas (BEREK, 2008). 

No presente estudo observou-se que mediante tal protocolo a paciente apresentou significativa melhora na resposta da função muscular após treinamento do MAP e reduzindo o uso da musculatura acessória, condição endossada por outra pesquisa (BO; SHERBURN, 2005), na qual demonstrou-se que 30% das mulheres não conseguiam contrair corretamente a MAP no seu primeiro atendimento, mesmo depois de instrução individual. O erro mais comum era a manobra invertida e o uso concomitante da musculatura acessória como glúteos, adutores de quadril e músculos abdominais. Por isso a importância do acompanhamento fisioterapêutico nesse processo. 

A IU exerce um grande impacto sobre a saúde e a qualidade de vida do indivíduo (SABOIA et al., 2017), repercutindo nos aspectos físicos, mentais e sociais das mulheres incontinentes (MOREIRA et al., 2001). Este estudo mostrou como era grande a perda urinária sofrida por esta paciente e como interferia de forma negativa em sua vida. Com o tratamento fisioterapêutico realizado ocorreu a diminuição significativa da IU, com aumento da força do MAP e consequente diminuição do impacto da IU na vida diária desta paciente. De forma que foi adotado o método investigativo, simples e de baixo custo, para que assim promovesse a autonomia da paciente. 

5 CONCLUSÃO 

A incontinência urinária é um problema de saúde pública que acarreta impactos físicos, sociais e psicológicos aos indivíduos acometidos, na qual a grande maioria é do gênero feminino. A fisioterapia vem apresentando resultados significativos no tratamento da IU, de modo que visa o fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico, por isso o presente estudo desenvolveu um protocolo para o TMAP, através da cinesioterapia com uma paciente com IU. 

A eficácia da pesquisa foi comprovada após quinze sessões, resultando no aumento da força muscular do assoalho pélvico e a contração do MAP corretamente, reduzindo o uso da musculatura acessória. É importante ressaltar que o sucesso do protocolo ocorreu pelo planejamento de cada etapa, avaliação, plano de tratamento, orientações e acompanhamento. 

Portanto, pode-se concluir que o TMAP realizado nesse estudo chegou aos objetivos propostos para o tratamento da IU, minimizando as perdas urinárias, desenvolvendo conscientização corporal e retornando as atividades de vida diária da paciente, em um protocolo de baixo custo e sem contraindicações. 

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1Discentes do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE.
Artigo Científico apresentado como requisito para obtenção do Título de Bacharel em Fisioterapia pelo curso de Fisioterapia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE. 
Orientador (a): Drª Thaiana Bezerra Duarte.

2Doutora em Reabilitação e Desempenho Funcional, Docente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE.