DO EXERCISE PROGRAMS PREVENT INJURIES IN STREET RUNNERS?: AN INTEGRATIVE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7393929
Laíce Araújo Castro Canté
Amanda Karliane Nascimento Meneses
Francisco Lourenço Grandal Savino Barbosa
RESUMO
Introdução: a corrida é uma modalidade esportiva popular entre a população, no qual os praticantes estão sujeitos a lesões, por isso, faz-se necessário verificar programas de treinamento que possam prevenir as mesmas. Objetivo: o objetivo dessa revisão foi verificar se programas de exercício possuem desfechos benéficos em prevenir lesões de corredores de rua. Metodologia: foi realizada uma revisão integrativa nas seguintes bases de dados eletrônicas: PubMed, ScienceDirect e PEDro, sendo selecionados artigos publicados no período de 2015 à 2021. Resultados: A amostra final desta revisão foi constituída por quatro artigos científicos, selecionados pelos critérios de inclusão previamente estabelecidos. Conclusão: Metade dos trabalhos apresentaram desfecho positivo, tanto com exercícios voltados aos membros inferiores quanto específicos para a musculatura do pé, no entanto, faz-se necessário o desenvolvimento de mais trabalhos acerca do tema.
Palavras chave: Corrida, Prevenção, Membros inferiores
ABSTRACT
Introduction: running is a popular sport among the population, in which practitioners are subject to injuries, so it is necessary to verify training programs that can prevent them. Purpose: The objective of this review was to verify whether exercise programs have beneficial outcomes in preventing injuries in street runners. Methods: an integrative review was carried out in the following electronic databases: PubMed, ScienceDirect and PEDro, selecting articles published between 2015 and 2021. Results: The final sample of this review consisted of four scientific articles, selected according to the inclusion criteria previously established. Conclusion: Half of the studies had a positive outcome, both with exercises aimed at the lower limbs and specific exercises for the foot muscles, however, it is necessary to develop more studies on the subject.
Keywords: Running, Prevention, Lower limbs
INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas foi notado uma mudança dos hábitos e do estilo de vida por parte da população. Tais mudanças estão principalmente relacionadas com a ingestão de alimentos saudáveis e à prática de atividade física, seja em ambientes fechados ou abertos (TAVARES; NUNES; SANTOS, 2010; SANTOS et al., 2020).
Dentre as opções de atividade física, a corrida é um dos esportes mais populares devido a sua facilidade de execução, baixo custo e disponibilidade de espaços para praticá-lo (EUCLIDES et al., 2016; SANFELICE, et al., 2017). E apesar dos benefícios da prática esportiva, os praticantes desse esporte deverão tomar alguns cuidados, pois os mesmos estão sujeitos a lesões, principalmente nos membros inferiores (VAN GENT et al., 2007; PILEGGI et al., 2010; ARAUJO et al., 2015).
A natureza das lesões poderá estar associada a uma “rede de determinantes” onde cada fator irá interagir entre si (podendo ser protetor ou de risco) e a interação deles resultará em um desfecho (lesão ou adaptação). Tal proposta busca identificar o perfil de risco ou protetivo de indivíduos que praticam um determinado esporte (BITTECOURT, et al., 2016).
Dentre os diversos fatores que contribuem para um dos desfechos, citados anteriormente, temos de forma intrínseca: as anormalidades biomecânicas e anatômicas, flexibilidade, lesões prévias, características antropométricas, densidade óssea e composição corporal e condicionamento cardiovascular. E de forma extrínseca: o planejamento e execução do treino, superfície de treino, tipo de percurso, tipo de calçado, alimentação e prática simultânea com outras atividades (WEN, 2007; SARAGIOTTO, et al., 2014).
Existe uma preocupação com o aspecto preventivo e de tratamento de lesões em corredores, uma vez que, o esporte tem ganho diversos adeptos e como consequência, temos o aumento do número de acometimentos do aparelho locomotor (VAN GENT et al., 2007). Para diminuir o risco de lesões nesse segmento é necessário avaliar a capacidade de função e a partir dela, promover o desenvolvimento de estratégias focadas na força, coordenação, postura e equilíbrio (HANLON et. al., 2020). Desse modo, o presente estudo tem como objetivo realizar uma revisão integrativa sobre o efeito do exercício na prevenção de lesões em corredores de rua.
METODOLOGIA
O presente estudo trata-se de uma revisão integrativa com critérios metodológicos previamente estabelecidos. Para a execução desse estudo os pesquisadores cumpriram as seguintes etapas: 1) definição do tema da revisão utilizando a estratégia PICO; 2) seleção dos estudos (de acordo com os critérios de inclusão); 3) caracterização dos estudos; 4) análise metodológica dos trabalhos através da Physiotherapy Evidence Database Scale; 5) análise dos resultados e 6) apresentação e discussão dos achados nos artigos.
Para a formulação da questão do estudo, utilizou-se a estratégia PICO com a seguinte pergunta norteadora: “Programas de exercícios conseguem prevenir lesões em corredores de rua?”. Seguindo a estratégia PICO, definiu-se: P – corredores de rua, I – tipos de exercícios empregados, C – comparação com controle ou outros exercícios, O – prevenção de lesões.
Foi realizada uma busca de artigos publicados nas seguintes bases de dados eletrônicas: PubMed, ScienceDirect e PEDro utilizando os seguintes descritores em inglês: runner prevent injury e runner prevention exercise. A coleta de dados foi realizada nos meses de fevereiro e março de 2022.
Como critérios de inclusão foram selecionados artigos completos publicados em português ou inglês no período de janeiro de 2015 até dezembro de 2021 com corredores de rua, com idade igual ou superior a 18 anos e que realizaram qualquer tipo de exercício como meio de prevenção de lesões. Foram excluídos artigos de revisão, artigos com apenas o resumo disponível, opinião de especialistas, trabalhos com corredores de outras modalidades, intervenções que não envolvessem exercício físico além de duplicatas. A Figura 1 destaca as fases de pesquisa da revisão.
Para catalogar os artigos foi elaborado um instrumento de coleta de dados pelos autores. O instrumento continha: nome dos autores, ano de publicação, título do artigo, características dos participantes, n amostral, objetivos, presença ou não de follow-up, tipo de treino empregado, progressão do treino, características do treino (duração, frequência semanal, séries e repetições), exercícios envolvidos e conclusão do estudo.
Para avaliar de forma qualitativa os artigos selecionados foi empregada a Physiotherapy Evidence Database Scale (PEDro). A referida escala visa auxiliar os pesquisadores a determinar se os estudos possuem validade interna e se poderão conter informações estatísticas para a interpretação dos seus resultados. A escala PEDro consiste em 11 itens que serão avaliados nos artigos, sendo que o item 1 não será utilizado como critério de pontuação (por se tratar de um item de validação externa), logo, a escala perfaz um total de 10 pontos (itens 2 a 11). Os itens 2 a 9 são pertinentes quanto à qualidade metodológica dos estudos, enquanto que os itens 10 e 11 avaliam se há informações estatísticas mínimas para que os estudos possam ser interpretáveis. Quanto mais próximo de 10 pontos, melhor é a qualidade metodológica da pesquisa. Escores iguais ou superiores a 7 indicam que os estudos possuem de moderada a alta qualidade metodológica (SHIWA et al., 2011).
As análises foram realizadas por meio da leitura, agrupamento e análise dos artigos, sendo os achados apresentados na forma de tabelas.
Figura 1. Fluxograma das etapas de seleção dos estudos
RESULTADOS
A amostra final dessa revisão foi constituída por 4 artigos científicos que empregaram modalidades de treino em corredores de rua para verificar se haveria diminuição no índice de lesões dos participantes.
Em relação à avaliação qualitativa dos artigos (Tabela 1), podemos verificar que a maioria apresentou pontuação igual ou superior a 7 na escala PEDro, o que indica uma qualidade metodológica de moderada a alta dos mesmos.
Tabela 1. Pontuação escala PEDro dos artigos selecionados
Itens | Baltich et al 2016 | Letafatkar et al 2019 | Taddei et al 2020 | Toresdahl et al 2020 |
1 | Sim | Sim | Sim | Sim |
2 | Sim | Sim | Sim | Sim |
3 | Sim | Sim | Sim | Não |
4 | Sim | Sim | Sim | Sim |
5 | Não | Não | Não | Não |
6 | Não | Não | Não | Não |
7 | Não | Não | Sim | Não |
8 | Sim | Sim | Sim | Sim |
9 | Sim | Sim | Sim | Sim |
10 | Sim | Sim | Sim | Sim |
11 | Sim | Sim | Sim | Sim |
Total | 7 | 7 | 8 | 6 |
Na Tabela 2, podemos verificar as características gerais dos estudos, onde predominou-se trabalhos com corredores com alguma experiência de rodagem, onde apenas um estudo foi realizado com corredores iniciantes (Baltich et al., 2016). Percebe-se que a maioria trabalhou com algum período de follow-up e apesar do estudo de Taddei et al (2020) não ter empregado o mesmo, o período de intervenção foi o maior dos apresentados, sendo de 52 semanas.
As características dos programas de treino empregados nas pesquisas estão contidas na Tabela 3, onde temos: tipo, progressão, duração/frequência/tempo, exercícios envolvidos, séries/repetições e o desfecho dos estudos. Podemos verificar que em todos os artigos os treinos empregados no grupo intervenção foram bem detalhados o que garante uma replicação dos mesmos por outros pesquisadores.
Tabela 2. Características dos estudos
Autor/Ano | Título do artigo | Característica dos participantes | n | Objetivo | Follow-up (semanas) |
Baltich et al., 2016 | Running injuries in novice runners enrolled in different training interventions: a pilot randomized controlled trial | Corredores iniciantes (< 2 anos de experiência) que tenham a corrida como atividade principal, sem lesões nos últimos 3 meses e que não tenham feito treinos com faixa elástica ou funcional para corrida no último ano | 68 | Avaliar o risco de lesões em corredores iniciantes submetidos a diferentes treinamentos de força | 16 |
Letafatkar et al., 2019 | Long-term efficacy of conditioning training program combined with feedback on kinetics and kinematics in male runners | Corredores com experiência ≥ 8Km corrida/semana por pelo menos 2 anos livres de qualquer lesão e que tivessem valgo/varo ≤ 3º | 49 | Comparar os efeitos de um treino de condicionamento de 8 semanas com e sem feedback sobre a biomecânica dos membros inferiores e incidência de lesões em corredores do sexo masculino livres de lesões e avaliar sua eficácia após 1 ano de observação | 52 |
Taddei et al., 2020 | Foot core training to prevent running-related injuries a survival analysis of a single-blind, randomized controlled trial | Corredores com rodagem entre 20 a 100 km/semana ≥ 1 ano, sem experiência em corrida descalço, com calçado minimalista, sem histórico de cirurgias em membros inferiores e doenças crônicas que influenciem na corrida | 118 | Investigar a eficácia de um protocolo de fortalecimento dos músculos do pé na redução da incidência de lesões relacionadas à corrida em corredores recreativos durante o acompanhamento de 1 ano | — |
Toresdahl et al., 2020 | A randomized study of a strength training program to prevent injuries in runners of the New York City marathon | Corredores >18 anos sem lesões atuais e que nunca completaram uma maratona. Ambos os grupos não eram impedidos de realizar outras modalidades de treino de força | 720 | Avaliar o efeito de um programa de treino de força autodirigido na incidência de lesões por uso excessivo que resultassem na não conclusão de uma maratona em corredores treinando para a sua primeira maratona | 1 |
Tabela 3. Características dos programas de treino utilizados nos estudos (continua)
Estudo | Tipo de treino (n) | Progressão do treino | Duração, frequência e tempo do treino | Exercícios envolvidos | Séries e repetições (semanal) | Conclusão do Estudo |
Baltich et al 2016 | G1: Treino de resistência (24) G2: Treino funcional (23) G3: alongamento – controle – (21) | G1: aumentou a intensidade do Theraband a cada 2 semanas; G2: aumentou a dificuldade dos exercícios a cada 2 semanas; G3: mesmo treino | Treino de 8 semanas; Frequência semanal de 3 a 5 vezes + pelo menos 1 sessão de corrida; 25 min cada sessão; Todos os grupos sempre iniciavam com 5 min de aquecimento; | G1: Theraband + exercícios isométricos; G2: bola BOSU + afundo + agachamento + hops + saltos + apoio unipodal; G3: atividade aeróbica (corrida lateral, salto com joelho alto e corrida leve) + alongamento estático (adutores, isquiotibiais, quadríceps e panturrilha) + alongamento dinâmico (calcanhar-bumbum e balanço membro inferior no plano sagital) | G1: faixa elástica (4×10 rep); isometria (3x5s; 5x5s; 3x10s; 5x10s); G2: afundo (10 rep. 5, 10, 20); agachamento (10 rep, 10, 10, 10); hops (5 rep, 5, 10, 10); apoio unipodal (5x30s); saltos (20 rep, 5, 3, 3); G3: alongamento estático (10 min); alongamento dinâmico (10 min) | As taxas de lesões foram semelhantes em ambos os grupos |
Letafatkar et al 2019 | G1: Grupo condicionamento (16) G2: Grupo condicionamento com feedback visual e verbal (17) G3: Grupo placebo (16) | O tempo de execução na esteira aumentou gradualmente de 15 para 30 min durante as 8 semanas | Treino de 8 semanas; Frequência semanal de 3 vezes; G1/G2: 35-60 min cada sessão (5 a 10 min aquecimento, 15 a 20 min exercícios e 15 a 30 min para corrida) G3: 20 a 30 min | G1/G2: Agachamento + afundo + abdução/ rotação extensão do quadril com faixa elástica + propriocepção + coordenação do pé (bola BOSU – flexão plantar com joelho fletido + extensão/flexão joelhos + apoio no calcanhar) + alongamento (quadríceps + isquiotibiais + e panturrilha) + min corrida esteira; G3: abdominal + extensão tronco + bíceps + tríceps + alongamento (peitoral) | G1/G2: exercício: 3×15 rep.; alongamento 3x15s; G3: 3×10-15 rep; alongamento 3x15s | Após o folow-up o grupo condicionamento com feedback apresentou menor índice de lesões e melhora da biomecânica da corrida, havendo diferença comparativa com o grupo placebo |
Tabela 3. Características dos programas de treino utilizados nos estudos (conclusão)
Estudo | Tipo de treino (n) | Progressão do treino | Duração, frequência e tempo do treino | Exercícios envolvidos | Séries e repetições (semanal) | Conclusão do Estudo |
Taddei et al 2020 | G1: treinamento da musculatura de pé e tornozelo (57) G2: alongamento – controle – (61) | G1: progressão semanal de volume e dificuldade G2: mesma intensidade | Treino de 12 meses (8 semanas de forma supervisionada); Frequência semanal de 3 vezes; 20-30 min cada sessão | G1: 12 exercícios para tornozelo e pé (rolar bola sob o pé, bater os pés no solo, flexão plantar – em pé -, inversão e eversão sentado, abdução do pé com faixa elástica, dorsiflexão com faixa na ponta dos dedos, agarrar bola com todos os dedos, apertar dedos, agarrar bola com região metatarsofalangeana, abdução e adução dedos, encurtar os pés e elevação arco plantar; G2: 5 min de alongamento estático (panturrilha, quadríceps, isquiotibiais, adutores, glúteos e tronco. | G1: variada para cada exercício; G2: 1 série de 20s pra cada membro inferior | Corredores do grupo treinamento tiveram uma menor taxa de lesões quando comparados ao grupo controle, com um fator de 2.42, reduzindo o risco de lesões com 4 a 8 meses de treino |
Toresdahl et al 2020 | G1: treinamento de força (352) G2: observação – participar ou não de qualquer tipo de treino de força – (368); | G1: progressão de iniciante para avançado conforme percepção pessoal G2: — | G1: Treino de 12 semanas Frequência semanal de 3 vezes 10 min cada sessão G2: — | G1: fortalecimento do core, abdutores de quadril e quadríceps G2: — | G1: Iniciante: agachamento (20 rep); prancha frontal (até 1 min); afundo (10 rep cada membro); prancha lateral esquerda/direita (até 1 min cada); toque no pé com uma perna (10 rep cada membro); agachamento (20 rep); Avançado: mesmas repetições, sendo, agachamento e afundo realizados de forma pliométrica G2: — | Não houve diferença significante na incidência de lesões ou tempo de chegada entre os grupos. As semelhanças entre os grupos podem ter ocorrido devido ao fato dos corredores de ambos os grupos já participarem de um programa de treino de força |
DISCUSSÃO
Dentre os trabalhos encontrados, a maioria envolveu corredores com alguma experiência (LETAFATKAR et al., 2019; TADDEI et al., 2020; TORESDAHL et al., 2020) e apenas um foi realizado com corredores iniciantes (BALTICH et al., 2016). A prática da corrida de rua é uma modalidade esportiva inserida dentro do atletismo que, além de ser um esporte aeróbico, também demanda força e resistência, deixando o praticante vulnerável a lesões agudas e/ou crônicas (ISHIDA et al., 2013). Os esportistas, independentemente do tempo de prática, estão sujeitos a lesões de ordem multifatorial, havendo assim a necessidade de compreender o contexto no qual essas lesões ocorrem para a formulação de intervenções personalizadas (BOLLING et al., 2018). Isso corrobora com os achados em ambos os trabalhos dessa pesquisa, onde foi verificada a incidência de lesões em ambos os perfis de praticantes de corrida, sejam eles com alguma experiência ou não.
Todos os trabalhos utilizaram o treino de força para membros inferiores de uma forma geral, com exceção de Taddei et al (2020) que trabalhou apenas na musculatura do tornozelo e pé. Dentre os exercícios para membros inferiores, o agachamento e afundo foram predominantes. Esses dois exercícios focam no músculo quadríceps auxiliando na estabilização do joelho e a atrofia do mesmo pode estar presente em indivíduos com dor patelofemoral (GILES et al., 2013). Tal acometimento apresenta prevalência tanto em corredores de longa distância quanto em militares (LOPES et al., 2012; LANKHORST et al., 2012).
Apesar disso, foi verificado nos estudos de Baltich et al (2016) e Toresdahl et al (2020) não foram encontradas diferenças na incidência de lesões entre os grupos fortalecimento e controle. Em contrapartida, Letafatkar et al (2019) e Taddei et al (2020) divergem dos achados e encontraram diferenças entre os grupos, favoráveis ao fortalecimento, sendo que no primeiro estudo houve melhora na biomecânica da corrida e prevenção de lesões por até 1 ano quando somados fortalecimento ao feedback visual e auditivo, e no segundo, o exercício atuou como fator de proteção de 2.42x a partir do 4º mês de treino quando comparado ao controle. Todavia, vale ressaltar que no estudo Toresdahl et al (2020) os sujeitos do grupo controle poderiam participar ou não de algum programa de fortalecimento, sendo verificado que parte dos indivíduos desse grupo realizou algum tipo de treino de força com frequência semanal de no mínimo 2 vezes, tal fato, pode ter interferido no desfecho final do estudo.
Ao verificarmos a duração dos treinos, apesar do período de 8 semanas ser predominante em metade deles (BALTICH et al., 2016, LETAFATKAR et al.,2019), Toresdahl et al (2020) executou treinos durante 12 semanas e Taddei et al (2020) por 52 semanas, sendo a progressão do treino aumentada gradualmente a cada semana ou conforme percepção pessoal. Ambos os estudos tiveram como unanimidade a frequência semanal de no mínimo 3 vezes por semana, tendo como tempo em cada sessão variando de 10 a 60 minutos. Quanto às repetições, os estudos variavam de séries simples por tempo à múltiplas (3 séries) e com até 15 repetições nos demais. Treinos com múltiplas séries podem ser mais benéficos quando comparados com séries únicas, no entanto, deve-se avaliar a capacidade do sujeito previamente à prescrição da mesma (SUCHOMEL, et al., 2018).
CONCLUSÃO
Foram encontrados poucos estudos voltados à programas de exercício como protetores de lesões em corredores. Metade dos trabalhos apresentaram desfecho positivo, tanto com exercícios voltados aos membros inferiores quanto específicos para a musculatura do pé, no entanto, faz-se necessário o desenvolvimento de mais trabalhos acerca do tema.
Limitações do estudo
Temos como limitações desse estudo a inclusão de artigos publicados apenas nos últimos 7 anos e a possibilidade de artigos elegíveis estarem publicados em revistas não disponíveis nas bases de dados eletrônicas utilizadas.
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