EFEITOS DA HIDROTERAPIA PARA ALÍVIO DE DOR EM PACIENTE COM FIBROMIALGIA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

EFFECTS OF HYDROTHERAPY FOR PAIN RELIEF IN PATIENTS WITH FIBROMYALGIA: AN INTEGRATIVE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7387924


Evelyn Vasconcelos Colares1 
Felipe Viana dos Santos1 
Fernanda Santa Rita de Souza1 
Luiz Henrique Reis de Águila1 
Marília Aparecida da Silva Lima1
Orientadora: Espe. Klenda Pereira de Oliveira2


Resumo 

Introdução: A fibromialgia (FM) trata-se de uma patologia complexa e crônica de algia, envolvendo principalmente o sistema musculoesquelético. Pode ser considerada uma síndrome clínica e patológica heterogênea, necessitando de tratamento individualizado e adaptado ao paciente. A fisioterapia normalmente tem sido procurada pelos pacientes de FM para redução de dores musculares e distúrbio do sono. Um dos tratamentos que vem se destacando para fibromialgia hoje é a hidroterapia, que utiliza as propriedades físicas da água e do exercício, as forças gravitacionais do sistema musculoesquelético são reduzidas com a ajuda da flutuabilidade, pois há um relaxamento muscular gravitacional.  Objetivo: Identificar os benefícios da Hidroterapia para o tratamento da fibromialgia. Materiais e métodos: As buscas por artigos científicos foram feitas nas bases de dados PubMED, PEDro, Periódicos, no período de setembro a outubro de 2022. Resultados: Nesta revisão foram incluídos 8 artigos. Nos resultados desse estudo pode-se destacar uma melhoria no quadro geral do paciente com fibromialgia. A fisioterapia aquática em piscina aquecida tem se mostrado uma ferramenta eficaz na melhora da qualidade de vida, capacidade funcional, dor e limitações causadas pelos problemas físicos, sociais e emocionais. Conclusão:  A terapia aquática pode ser recomendada como uma abordagem terapêutica com vários resultados positivos, como exemplo na qualidade de vida, redução de dor e a fadiga, que são as principais queixas dos pacientes. 

Palavras-chave: Fibromialgia. Tratamento. Hidroterapia. Efeitos. 

Abstract 

Introduction: Fibromyalgia (FM) is a complex and chronic pathology of pain, mainly involving the musculoskeletal system. It can be considered a heterogeneous clinical and pathological syndrome, requiring individualized treatment adapted to the patient. Physiotherapy has usually been sought by FM patients for the reduction of muscle pain and sleep disturbance. One of the treatments that is becoming prominent for fibromyalgia today is hydrotherapy, which uses the physical properties of water and exercise. The gravitational forces on the musculoskeletal system are reduced with the help of buoyancy, as there is gravitational muscle relaxation. Objective: To identify the benefits of hydrotherapy for the treatment of fibromyalgia. Methods:The search for scientific articles was conducted in the PubMED, PEDro, and Periodicals databases from September to October 2022. Results:In this review 8 articles were included. In the results of this study one can highlight an improvement in the general condition of the patient with fibromyalgia. Aquatic physiotherapy in a heated pool has proven to be an effective tool in improving quality of life, functional capacity, pain, and limitations caused by physical, social, and emotional problems. Conclusion:Aquatic therapy can be recommended as a therapeutic approach with several positive results, such as quality of life, reduction of pain, and fatigue, which are the patients’ main complaints.  

Keywords: “Fibromyalgia’’ “Treatment’’ “Hydrotherapy’’ “effects’’

INTRODUÇÃO  

Segundo PUTTINI (2020) fibromialgia trata-se de uma patologia complexa e crônica de algia, envolvendo principalmente o sistema musculoesquelético, porém é abrangente em outros sistemas. Adverso de outras doenças reumatológicas, não há manifestação por meio de sinais clínicos visíveis: através do exame físico, observa-se uma maior sensibilidade à pressão em alguns pontos específicos, chamados de  tender points. 

Segundo Bair (2020) esta tem como principais características a dor musculoesquelética generalizada, com a fadiga associada, distúrbios do sono e outros sintomas cognitivos e somáticos. E por muito tempo profissionais discutem a causa dessa doença, mas que ainda é desconhecida. Pode ser considerada uma síndrome clínica e patológica heterogênea, necessitando de tratamento individualizado e adaptado ao paciente. Além de ser uma das condições mais comuns observadas na população geral e na prática reumatológica ambulatorial.  

Puttini (2020) ressalta que a dor pode afetar todo o corpo, dos pés à cabeça. Um dos fatores que podem piorar essa dor é o estresse físico e mental. Os pacientes descrevem a dor de diversas formas, mas que é constante e equivalente à dor neuropática. Também existem relatos de que 20% a 30% dos pacientes apresentam parestesia nos membros, mãos e troncos, geralmente como sensação de formigamento e agulhadas.  

A Fibromialgia (FM) associa-se a alterações no sistema nervoso central que afetam o processamento de informações sensoriais, amplificando a entrada periférica e/ou gerando a percepção da dor na ausência de um estímulo nocivo (SMITH, 2018) 

Andrade (2017) cita estudos que mostram a diminuição significativa na qualidade de vida de quem sofre dessa síndrome. Muitos apresentam sobrepeso por falta de capacidade funcional ao realizar exercícios físicos.  Além disso, é uma condição que a incidência vem aumentando cada vez mais e necessitando de atenção especializada (NEIRA, 2017).  

O diagnóstico da fibromialgia é minuciosamente clínico, com informações coletadas por uma anamnese e obedecendo alguns critérios para que se possa descartar qualquer outra patologia que seja capaz de ser a causadora da dor generalizada desse paciente. Os critérios estabelecem o conceito de dor crônica generalizada (índice de dor generalizada em 19 pontos) com a mensuração para sono, sintomas cognitivos, fadiga, sintomas de humor e outros pontos de dor. O escore máximo quantifica a gravidade dos sintomas e o índice de dor generalizada podendo chegar até no máximo 31. Para o paciente ser diagnosticado com FM ele precisa alcançar 3 ou mais no índice de dor generalizada, somando ao escore de gravidade dos sintomas um escore total de 12 (PUTTINI, 2020). 

    A primeira escolha para tratamento de fibromialgia seria a terapia não farmacológica, deixando esse tipo de intervenção como segunda opção (NEIRA, 2017) 

A fisioterapia tem um papel importante durante o tratamento de pacientes de FM para redução de dores musculares, melhoria dos sintomas emocionais e com tudo isso devolver a capacidade funcional. (CRUZ, 2016)  

De acordo com Garcia (2018) um tratamento fisioterapêutico eficiente para fibromialgia é a “estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS)”, com objetivo de gerar uma modulação da dor, utiliza-se correntes de baixa frequência, para estimular as fibras nervosas sensoriais.  

Segundo Lorena (2014) exercícios de alongamentos proporcionam a melhora do comprimento muscular funcional, auxiliando na diminuição de pontos de tensões, ajudando na orientação da postura, com melhor amplitude e conhecimento de cada movimento. 

 No entanto Karatay (2018) explica que o tratamento com acupuntura traz um aumento do fluxo sanguíneo local e analgesia.  

Um dos tratamentos que vem se destacando para fibromialgia hoje é a hidroterapia, que utiliza as propriedades físicas da água e do exercício. Proporcionando relaxamento e diminuindo a dor, assim devolvendo a capacidade funcional (ZAMUNÉR, 2019). 

Segundo Calandre (2019), as forças gravitacionais do sistema musculoesquelético são reduzidas com a ajuda da flutuabilidade, pois há um relaxamento muscular gravitacional e a conservação de energia pode reduzir a fadiga, e o processo de imersão vem reduzi respostas neuromusculares.                                                           

A flutuabilidade durante os exercícios aquáticos diminui a força gravitacional, assim reduzindo a pressão nas articulações e favorecendo a amplitude de movimentos. (HEYWOOD et al., 2017). E o empuxo, é utilizado como resistência, assim favorecendo o fortalecimento muscular. (PÕYHONEN et al., 2002) 

O calor específico da água é o responsável pela troca de calor entre o corpo imerso e a água e é isso que vai determinar o tempo de aquecimento do corpo imerso, sendo assim quanto maior o calor específico maior será a facilidade para que haja alterações de temperaturas, pois o calor específico da água é maior que o do ar de modo que o ganho de calor se torna mais fácil (CARMO, 2013). 

A água aquecida reduz os sintomas da espasticidade, facilita o movimento e ganho da mobilidade funcional fazendo com que o paciente tenha uma qualidade de vida melhor (ALMEIDA, 2016). 

No entanto, dosar a intensidade do treinamento resistido e planejar um programa de sobrecarga progressiva em ambientes aquáticos é desafiador devido a vários fatores (por exemplo: velocidade dos movimentos, amplitude de movimento, forma e flutuação, etc). Assim, o exercício tem sido uma das intervenções não farmacológicas mais recomendadas para a FM (BIDONDE, 2017).  

O fato de a FM estar associada à dor crônica sem qualquer dano tecidual periférico óbvio leva ao conceito de dor nociplástica: ou seja, dor que surge da nocicepção alterada, apesar de nenhuma evidência clara de dano tecidual real ou ameaçado, causa-se a ativação de identificar os benefícios da Hidroterapia para o tratamento da fibromialgia, nociceptores periféricos ou evidência de qualquer doença ou lesão causadora do sistema somatossensorial (TROUVIN, 2019). Isso torna a FM muito difícil de diagnosticar e requer diretrizes que reflitam não apenas os critérios de classificação propostos, mas também os mecanismos patogenéticos.  

A Fibromialgia é a segunda causa de doenças reumatológicas no Brasil, seus sintomas têm alto impacto na qualidade de vida. Dessa maneira, a necessidade de acompanhamento multiprofissional se torna indispensável. A fisioterapia utiliza a Hidroterapia como recurso de tratamento e com base nas buscas realizadas, observa-se a falta de artigos científicos na modalidade de revisão bibliográfica, abordando a hidroterapia como uma das opções mais recomendadas, daí a grande necessidade da realização dessa pesquisa, com a finalidade de   bem como  esclarecer as alterações fisiológicas geradas após período de tratamento,  analisar a  influência  do tratamento precoce e comparar a hidroterapia com outras técnicas fisioterapêuticas no tratamento de Fibromialgia.

 MATERIAIS E MÉTODOS 

Esta pesquisa trata-se de uma Revisão bibliográfica realizada no período de setembro a outubro de 2022 sobre hidroterapia para alívio da dor na fibromialgia. As buscas por artigos científicos foram feitas nas bases de dados PubMED, PEDro, Periódicos, utilizando as palavras chaves: Fibromyalgia (Fibromialgia); Treatment (Tratamento); Hydrotherapy (Hidroterapia); Effects (Efeitos). Os critérios de inclusão foram: artigos científicos de estudo de casos, ensaios clínicos e revisão sistemática sobre o benefício da hidroterapia na fibromialgia, hidroterapia no alívio da dor, publicações em português e inglês. Os critérios de exclusão foram: estudos que faziam associação da hidroterapia a outro tipo de terapia, como a farmacológica, para o alívio da dor; artigos sem afinidades com os temas Hidroterapia, alívio da dor ou Fibromialgia. 

Inicialmente, foi realizada uma coleta na base de dados onde foram analisados artigos com base no título e resumo, sendo excluídos os que não tiveram compatibilidade com o tema. Posteriormente, os artigos selecionados foram avaliados, levando em consideração os critérios de inclusão, e sendo observados as intervenções e resultados. 

RESULTADOS  

Esta revisão Bibliográfica foi feita de acordo com os critérios de inclusão descritos na (Figura 1), sendo incluído somente estudos com relação ao tema, foram encontrados 62 artigos científicos com as palavras chaves: Fibromyalgia Treatment Hydrotherapy effects, 06 artigos científicos foram selecionados para realizar esta revisão, dentre os estudos há revisões sistemáticas, qualitativas, meta-análise de ensaios clínicos, randomizados, estudo de caso e revisão narrativa. 

Figura 1: Fluxograma de identificação, 2022

Fonte: Pesquisa dos autores. 

Figura 2: tabela de resultados, 2022. 

Autor/ano Tipo de estudo Objetivo Metodologia Resultados 
Johannes Nauman e Catharina Sadeghiani, 2014 Revisão sistematica qualitativa e meta-análise de ensaios clínicos randomizados O objetivo desta pesquisa é atualizar a literatura sobre os diferentes tipos de tratamento na balneoterapia e hidroterapia na síndrome da fibromialgia. Pesquisas literárias até abril de   2013, teve como objetivo artigos de revisões siste máticas e metanálises, em Bases   de dados bibliográficas eletrônicas (Medline via Pubmed, Cochra ne Central Register of Controlled Trials, EMBASE e CAMBASE) co m a busca ampla em tratamentos   voltados para balneoterapia e hidroterapia. Este estudo apresentou  que na Hidroterapia houve redução da dor e melhora na qualidade de vida. Na Balneoterapia houve uma melhora do tamanho médio a grande  na dor e em pontos dolorosos, Nenhum efeito foi observado no final do  tratamento para sintomas depressivos. 
Rubens Vinicius Letieri, Guilherme  E. Furtado, Mirian Grei Letieric Suelen M. Góesd, Cláudio  J. Borba Pinheiro, Suellen O. Veronez, A ngela M. Magri f, Estélio M.   Dantase, 2013. Estudo de Caso. O objetivo deste estudo foi analisar os efeitos do tratamento por   hidroterapia na  qualidade de vida, na percepção  da dor, e sintomas depressivos em pacientes   com fibromialgia. Foram avaliados 64 indivíduos do sexo feminino,   separados em   dois grupos com diagnóstico de fibromialgia, Os   indivíduos foram avaliados através da Escala Analó- gica Visual de   Dor (EVA). Os   participantes foram submetidos a  um tratamento    hidrocinesioterapêutico numa piscina aquecida a  33°C com duas   sessões de 45 minutos por semana, ao longo de   15 semanas, num total de 30 sessões. Os exercíci os subaquáticos   foram: de condicionamento cardiovascular, de   força, de mobilidade, de coordenação, de equilíbrio, de alongamento e de relaxamento muscular. Utilizouse a ANOVA   2×2 e KruskalWallis para análise estatística. Apresentou-se melhora significativa na percepção da intensidade da  dor, qualidade de vida e sintomas de depressão. 
Sabela Rivas  Neira, Amélia Pasqual Marques, Ramón   Fernández Cervantes, 2016. Ensaio Clínico Randomizado. O objetivo deste estudo é determinar a eficácia de dois protocolos de fisioterapia para melhorar o equilíbrio e diminuir a dor   em mulheres com FM. Este estudo foi realizado por 40   mulheres, membros da “Associação Fibromialgia, Síndrome de Fadiga Crônica e   Sensibilidade Quí mica Múltipla”   (ACOFIFA), em A Cor uña (Espanha). Avaliará a  capacidade física e o equilíbrio está tico/dinâmico. Os  pacientes serão a valiados em três momentos distintos: Na linha de  base, imediatamente após o término do tratamento e no seguimento de 6 semanas.Este protocolo de estudo detalha duas intervenções de fisioterapia em mulheres com fibromialgia para melhorar o equilíbrio e diminuir a  dor: terapia aquática e terapia terrestre. Na litera tura atual há falta de rigor metodológico e um  número limitado de estudos que descrevem protocolos de fisioterapia  para o manejo dos sintomas da fibromialgia. São necessários trabalhos  científicos de alta qualidade para destacar a fisioterapia como uma das opções de tratamento  mais recomendadas para essa síndrome. 
Leonardo Victor Galvão-Moreira, Lailson Oliveira de Castro, Ed Carl os Rey Moura, Caio Marcio B arros de Oliveir a, João Nogueir a Neto, Lyvia Maria Rodrigues de Sousa Gomes & Plíni o da Cunha Lea l, 2020.Revisão sistematica e metaanálise.Avaliar os efeito s de exercícios e m piscina na sintomatologia da   dor em adultos   com síndrome da fibromialgia. Foi realizada um a busca no banco de dados por dois revisores independentes. Para meta-análise, a escala a nalógica (VAS)  para dor foi usada como desfecho primário e o Impacto da Fibromialgia; O escore do questionário   (FIQ) foi utilizado como desfecho secundário. Foram selecionados 14  estudos para metaanalise, sendo utilizados 10 estudos para análise  de sensibilidade do desfecho primário ou secundário. Dados agrupados de 10 ensaios controlados randomizados revêlaram que os pacientes  que se submeteram a  exercícios em piscina  exibiram uma média significativamente menor  no escore VAS em comparação aos controles.  As pontuações do FIQ,  os dados de 10 ensaios  clínicos randomizados  foram agrupados e uma pontuação média mais  baixa também foi mostra do no grupo que se submeteu a um programa de  exercícios em piscina. 
Antônio Roberto Zamunér,   Carolina Pieroni Andrade, Eduardo Aguilar Arca, Mariana Arias-Avila, 2019. Revisão Narrativa. O objetivo desta revisão narrativa é apresentar as   perspectivas atuais da terapia com  água e as bases fisiológicas para os mecanismos  que sustentam   seu uso no comtrole da dor em  pacientes com   Síndrome da Fibromialgia. Iniciaram uma busca nas seguintes bases de dados: MEDLINE/ PubMed, Scopus, Web of Science, SciELO, CINAHL, LILACS, Sci enceDirect e Springer. Foram selecionados Ensaios clínicos ran domizados, ensaios clínicos não randomizados e  estudos de dese nho cruzado avali ando os efeitos   de qualquer intervenção aquática na dor em pacientes com Síndrome da fibromialgia, a qualidade metodoló-gica dos estudos  foi analisada por meio da escala PEDro. A hidroterapia é recomendada como abordagem terapêutica não  farmacológica no manejo de pacientes com Síndrome da Fibromialgia, melhorando a dor, a fadiga e a qualidade de vida. Estudos futuros deve m se concentrar em esclarecer se mecanismos e efeitos duradouros são superiores a outros tipos de intervenções não farmacológicas. 
PEREZ DE LA CRUZ e Johan LAMBECK, 2016.Estudo de caso. O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos de   um programa de Ai Chi à base de água na qualidade de vida relacionada à saúde de indivíduos com Síndrome da Fibromialgia.Foi realizado um estudo piloto   experimental      com uma amostra de 20 mulheres diagnosticadas    com Fibromialgia  e recrutadas em dois ambientes   diferentes. As   avaliações foram realizadas usando  a escala analógica visual e os escores resumidos de saúde física e mental Short   Form-36. As medições ocorreram no início e após a conclusão de 10   sessões de tratamento. Após 10 sessões de tratamento, foram encontradas melhoras  significativas em pratica mente todas as variáveis em estudo, com diferenças significativas em   valores como percepção de  dor, vitalidade, saúde  mental, bem como melhora geral percebida na qualidade de vida. 

 DISCUSSÃO 

O tratamento da fibromialgia tem como um dos principais objetivos o alívio da dor, melhora no condicionamento físico e fadiga. Seguindo nesse contexto, o intuito desse estudo foi mensurar os benefícios da Hidroterapia no tratamento de fibromialgia (LETIERI et al., 2013). 

Nos resultados desse estudo pode-se destacar uma melhoria no quadro geral do paciente com fibromialgia. Com a melhora da percepção da dor, diminuição dos sintomas de depressão e o aumento na qualidade de vida dos pacientes. Utilizando a piscina com água quente e exercícios subaquáticos de condicionamento. As propriedades da água deixam os movimentos mais lentos e causam um estado de relaxamento na musculatura geral. Se ocorrer interrupção no tratamento pode haver a perda de todos os benefícios adquiridos, o que considera a intervenção contínua (LETIERI et al. 2013). 

   Durante a imersão, os estímulos sensoriais competem com os estímulos dolorosos, interrompendo o ciclo da dor (SILVA et al., 2012). Dessa maneira, os efeitos estão relacionados a alívio da dor, diminuição dos espasmos, relaxamento muscular, aumento da amplitude de movimento, aumento da circulação sanguínea, fortalecimento muscular, aumento da resistência muscular e melhora na autoestima. Sendo assim o ambiente aquático um local ideal para se realizar um programa de exercícios nessas condições (NEIRA et al., 2017). 

Obtiveram-se achados de alteração na qualidade do sono e na melhora da mesma após a implementação da hidrocinesioterapia. Estudos mostram que o sono não reparador está presente em quase todos os pacientes com Síndrome da Fibromialgia (SFM), em comparação a menos da metade dos indivíduos saudáveis. Em relação à qualidade do sono, verificou-se que inicialmente os pacientes tinham alteração no sono, no entanto, imediatamente após o programa de hidrocinesioterapia, houve melhora significativa (SILVA et al., 2012). 

A melhora do grau de sonolência e da qualidade do sono pode estar relacionada com o aumento da serotonina, produzida pelos efeitos dos exercícios aeróbios realizados na água   aquecida (SILVA et al., 2012). Os pacientes com SFM têm redução de serotonina, o que desregula o sono desses indivíduos. Por outro lado, com o nível de serotonina aumentado, há maior produção de melatonina, que tem como funções regular o sono e melhorar a qualidade do mesmo, proporcionando a sensação de descanso (GOLDENBERG et al., 1991) 

Em contrapartida (NAUMANN et al., 2014) não encontrou evidências na melhora dos sintomas da depressão, avaliados por meio do Inventário de Depressão de Beck (BDI) e pela contagem de pontos dolorosos (TPC). As técnicas utilizadas foram banho galvanizado e exercícios em água pura. Mas também foi observada a melhora na dor. Em relação aos problemas de qualidade de vida relacionados à saúde medidos pelo Questionário de Impacto da Fibromialgia (FIQ) no final do tratamento, houve evidência moderada a forte para uma pequena melhora.  

Perez de La Cruz et al. (2018) utilizou a técnica de Ai chi aquático no tratamento de fibromialgia, que consiste em movimentos lentos realizados em uma sequência progressiva de dificuldade crescente e combinada com respiração profunda, realizada a uma taxa de entre quatorze e dezesseis respirações por minuto, As sessões foram realizadas em uma piscina, com profundidade de cento e dez cm. A temperatura da água foi de 33°C, com vinte sessões de quarenta minutos. 

Entretanto no estudo de Letieri et al., (2013) utilizando a hidrocinesioterapia associada a exercícios subaquáticos como: condicionamento cardiovascular, treinamento de força, equilíbrio, alongamento, relaxamento e mobilidade com piscina aquecida, sessões de duração de quarenta e cinco minutos. Obteve resultados significativos, a hidrocinesioterapia é eficaz como terapia alternativa no tratamento da FM. Foi observada melhora estatisticamente significativa em todas as dimensões avaliadas, incluindo aspectos relacionados à saúde física e também às percepções individuais do estado psicológico relacionado à FM. Segundo Perez de La Cruz et al (2018) sobre a técnica de Ai chi,  achados sugerem que a terapia aquática tem uma influência positiva em mulheres diagnosticadas com SFM, produzindo uma melhora na percepção da dor. 

Geytenbeek et al (2002) utilizou a hidroterapia associada aos princípios da água e obteve resultados positivos no uso da hidroterapia, o uso de hidroterapia para dor, função, força de mobilidade articular e equilíbrio. Além disso, o exercício parece ser o componente mais eficaz de um programa de hidroterapia para a SFM, sugere-se que o efeito de alívio da dor dos exercícios aquáticos seja devido ao efeito conjunto do exercício, água morna e flutuabilidade nos receptores térmicos e mecanorreceptores. 

Entretanto, na revisão sistemática e meta-análise Exercício baseado em piscina para melhora da dor, não obtiveram resultados significativos em seu estudo devido ao baixo número de estudos sobre o tema. Assim, no estudo de Geytenbeek (2002) o exercício em ambiente aquático mostra-se ser mais vantajoso no que diz respeito a tratamento.  

Conforme Fernandes (2016), a fisioterapia aquática em piscina aquecida tem se mostrado uma ferramenta eficaz na melhora da qualidade de vida, capacidade funcional, dor e limitações causadas pelos problemas físicos, sociais e emocionais de mulheres com fibromialgia. Além disso, o exercício em água pré-aquecida melhorou a qualidade do sono e a qualidade de vida em pacientes com fibromialgia ( MANNERKORPI et al., 2003). 

Acredita-se que esses benefícios estejam associados ao suporte contínuo fornecido pela água na ausência de força concêntrica, o que reduz a sobrecarga óssea e promove o relaxamento muscular. Movimentos lentos realizados na água também podem prevenir lesões musculares. Em geral, a hidroterapia pode aumentar a tolerância ao exercício e os níveis de resistência, melhorar os níveis de condicionamento físico e reduzir a sintomatologia da dor (MANNERKORPI, 2003). 

De acordo com os autores Reyes et al (2011) a atividade física desempenha um papel fundamental na qualidade de vida, pois seu exercício proporciona boas condições físicas e psicológicas, ampliando o humor, aliviando o estresse diário e aumentando a expectativa de vida. Um programa contínuo de exercícios físicos para pacientes com fibromialgia também melhora a coordenação motora e outras habilidades físicas necessárias para realizar atividades diárias (MANNERKORPI et al., 2003). 

Foi demonstrado que o exercício aumenta a liberação de endorfinas, criando uma sensação de conforto, alívio da dor e estimulação psicológica, proporcionando melhora da aptidão física e redução dos sintomas nociceptivos. Inicialmente, os programas de exercícios podem causar aumento dos sintomas, principalmente dor e fadiga, porém, com a continuidade das atividades, esses desconfortos tendem a diminuir (ADAMS et al., 2005). Os benefícios começam a aparecer entre a oitava e a décima semana após o início dos exercícios e continuam aumentando até a vigésima semana, superando o desconforto inicial. Portanto, o exercício físico regular pode ser adotado como uma abordagem de otimização do tratamento da fibromialgia, que promove alívio da dor e outros sintomas, restaura a capacidade física e mantém a funcionalidade (ORTEGA et al., 2009). 

Contribuições futuras 

Este estudo reúne dados de artigos mais recentes que ajudarão profissionais e estudantes da saúde sobre a eficácia da hidroterapia no tratamento não farmacológico para diminuição da dor na FM, apresentando benefícios e características do tratamento. É uma revisão integrativa abrangente, que incluiu a hidroterapia e balneoterapia junto com seus impactos na qualidade de vida específica da doença (FIQ) e na redução da dor na fibromialgia. 

Apesar dos achados positivos neste estudo, houve condições que dificultaram a pesquisa. A falta de bibliografias com enfoque na hidroterapia como tratamento e estudos de casos com resultados inconclusivos. Há necessidade de estudos de alta qualidade com maiores amostras para aprofundar sobre a influência do tratamento precoce da hidroterapia na fibromialgia.   

CONCLUSÃO 

Esse estudo tem como objetivo considerar a hidroterapia um tratamento de excelência no manejo de pacientes com fibromialgia. Foi observado que a terapia aquática pode ser recomendada como uma abordagem terapêutica com vários resultados positivos, como exemplo na qualidade de vida, redução de dor e a fadiga, que são as principais queixas dos pacientes.  

No entanto, ainda pode-se encontrar algumas inconsistências nos reais efeitos fisiológicos da água e na aplicabilidade das técnicas. É importante que sejam realizados estudos futuros com o intuito de esclarecer o mecanismo de ação, quais os impactos essa intervenção pode causar por um longo período. 

REFERÊNCIAS  

ADAMS, N; SIM J. Abordagens de reabilitação na fibromialgia. Reabilitação de Incapacidade. v. 27, n. 12, p. 711-723 2005.  DOI: 10.1080/09638280400014709 

ALMEIDA, Y. B. de; ALBUQUERQUE, A.P. Os Benefícios da Hidroterapia em idosos com Espasticidade Pós AVC. in CONGRESSO EURO AMERICANO DE MOTRICIDADE HUMANA, 2016. p. 73-81.  

ANDRADE, Carolina P.; ZAMUNÉR, Antonio R.; FORTI, et al. Oxygen uptake and body composition after aquatic physical training in women with fibromyalgia: a randomized controlled trial. European Journal Of Physical And Rehabilitation Medicine, [S.L.], v. 53, n. 5, p. 751-758, Out. 2017. Edizioni Minerva Medica. http://dx.doi.org/10.23736/s1973-9087.17.04543-9.  

BAIR M. J; KREBS E. E; Fibromyalgia. Ann Intern Med. v. 172, n. 5, p. 33-48. mar 2020. Doi: 10.7326/AITC202003030. PMID: 32120395.  

BIDONDE J; BUSCH A. J, SCHACHTER C. L, et al. Aerobic exercise training for adults with fibromyalgia. Cochrane Database Syst Rev. v. 6 n. CD012700. Jun 2017. doi: 10.1002/14651858.CD012700. 

CALANDRE, E.P; RODRÍGUEZ-Claro, M. L; RICO-Villademoros F; VILCHEZ J.S; HIDALGO, J; DELGADO-Rodriguez, A. Efeitos do exercício em piscina na sintomatologia da fibromialgia e na qualidade do sono: uma comparação prospectiva randomizada entre alongamento e Ai Chi . Clin Exp Rheumatol. v. 27, n. 5, supl.  56, p. 0021-0028. set-out 2009.  PMID: 20074435 

CARMO, L. Calor específico da Água. Fisioterapia Aquática, 2013.  

FERNANDES, G; JENNINGS, F; NERY, C. M. V; et al. Nadar melhora a dor e capacidade funcional de pacientes com fibromialgia: um ensaio clínico randomizado. Arch Phys Med Rehabil. v. 97, n. 8, 1269-75, Ago 2016. doi: 10.1016/j.apmr.2016.01.026. Epub 2016 Feb 20. PMID: 26903145. 

GALVÃO-Moreira, L. V; et al.  Pool-based exercise for amelioration of pain in adults with fibromyalgia syndrome: A systematic review and meta-analysis. Mod Rheumatol. Vol 4, p. 904-911, jul 2021. Doi: 10.1080/14397595.2020.1829339. Epub 2021 Feb 25. PMID: 32990113. 

GARCÍA, M. Á.; SERRANO  M. D; BRAVO, E., E; ANDO L, S. et  al. Efectos analgésicos de la estimulación eléctrica nerviosa transcutánea en pacientes con fibromialgia: una revisión sistemática [Analgesic effects of transcutaneous electrical nerve stimulation (TENS) in patients with fibromyalgia: A systematic review. Atencion primaria, v. 51, n. 7, p. 406–415. 2019. https://doi.org/10.1016/j.aprim.2018.03.010  

GEYTENBEEK, J. Evidência para hidroterapia eficaz. Fisioterapia v. 88, ed. 9, p. 514- 529, set 2002. https://doi.org/10.1016/S0031-9406(05)60134-4 

KARATAY, S; OKUR, S. C; UZKESER, H., et al. Effects of Acupuncture Treatment on Fibromyalgia Symptoms, Serotonin, and Substance P Levels: A Randomized Sham and Placebo-Controlled Clinical Trial. Pain medicine (Malden, Mass.), v. 19, n. 3, p. 615–628. 2018. https://doi.org/10.1093/pm/pnx263  

LETIERI, R. V et al. Pain, quality of life, self perception of health and depression in patients with fibromyalgia, submited to hydrokinesiotherapy. Rev Bras Reumatol, v. 53, n. 6, p. 494-500. nov-dez 2013. Doi: 10.1016/j.rbr.2013.04.004. PMID: 24477728. 

LORENA, S. B; LIMA M. C; RANZOLIN, A, DUARTE Â. L. Effects of muscle stretching exercises in the treatment of fibromyalgia: a systematic review. Rev Bras Reumatol. v. 55, n. 2, p. 167-173.2015 doi:10.1016/j.rbr.2014.08.015 

MANNERKORPI,, K; IVERSEN, M. D. Exercício físico na fibromialgia e síndromes relacionadas. Melhor prática Res Clin Rheumatol. v. 17, ed. 4,  p. 629-647. agos 2003.  https://doi.org/10.1016/s1521-6942(03)00038-x 

NAUMANN, J, SADAGHIANI, C. Therapeutic benefit of balneotherapy and hydrotherapy in the management of fibromyalgia syndrome: a qualitative systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. Arthritis Res Ther. v. 16, ed. 4, n. R141. jul 2014. doi: 10.1186/ar4603. PMID: 25000940; PMCID: PMC4227103. 

NEIRA, R. S, MARQUES P. A, PERES, P. I, et al. Effectiveness of Aquatic Therapy vs Land-based Therapy for Balance and Pain in Women with Fibromyalgia: a study protocol for a randomised controlled trial. BMC Musculoskelet Disord. v. 18, n. 22. jan 2017. doi: 10.1186/s12891-016-1364-5. PMID: 28103853; PMCID: PMC5244527. 

ORTEGA, E; GARCIA, J. J; MARTIN-CORDERO, L; ESCALANTE, Y; SAAVEDRA, JM. Exercício em fibromialgia e distúrbios inflamatórios relacionados: efeitos conhecidos e chances desconhecidas. Exerc Immunol Rev, v. 15, p. 42-65, 2009. PMID: 19957871. 

PÉREZ DE LA CRUZ, S; LAMBECK, J. A new approach towards improved quality of life in fibromyalgia: a pilot study on the effects of an aquatic Ai Chi program. Int J Rheum Dis. v. 21, n. 8, p 1525-1532. agosto 2016. doi: 10.1111/1756-185X.12930. Epub 2016 Jul 26. PMID: 27457628. 

PÖYHÖNEN, T.; SIPILÄ, S.; KESKINEN, K. L.; et al. Effects of aquatic resistance training on neuromuscular performance in healthy women. Medicine & Science in Sports & Exercise, v.34, n.12. p. 2103- 2109, 2002. 

PUTTINI, S.  P.; GIORGI, V.; MAROTTO, D. et al. Fibromialgia: uma atualização sobre características clínicas, etiopatogenia e tratamento. Nat Rev Rheumatol. v. 16, p. 645–660. 2020. https://doi.org/10.1038/s41584-020-00506-w 

REYES DEL PASO, G. A; GARRIDO, S; PULGAR, A; DUSCHEK, S. Autonomic controle cardiovascular e respostas à estimulação da dor experimental na síndrome da fibromialgia. J Psychosom Res, 2011.  70.125-34. 

SILVA, K. M; TUCANO, S. J; KUMPEL, C; et al.. Effect of hydrotherapy on quality of life, functional capacity and sleep quality in patients with fibromyalgia. Rev Bras Reumatol. 2012 Dec;52(6):851-7. PMID: 23223696.. 

SMITH, E. O. C, NICOL, A. L, CHRISTIANSON, J. A. Mecanismos potenciais subjacentes à dor centralizada e intervenções terapêuticas emergentes. Neurociências de células frontais. 2018;12. doi:10.3389/fncel.2018.00035 

TROUVIN, A. P, PERROT, S. Novos conceitos de dor. Melhores Práticas Res Clin Rheumatol, v. 33, n.3. jun 2019.  https://doi.org/10.1016/j.berh.2019.04.007 

ZAMUNÉR, A. R; ANDRADE, C. P; ARCA, E. A; ÁVILA, M. A. Impact of water therapy on pain management in patients with fibromyalgia: current perspectives. J Pain Res. v. 3, n. 12, p. 1971-2000. jul 2019. doi: 10.2147/JPR.S161494. PMID: 31308729; PMCID: PMC6613198. 


 1Discentes do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE.

2Especialização em Fisioterapia Neurofuncional, Docente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE  – Endereço: Av. Joaquim Nabuco, 1232, Centro | Manaus | AM | CEP: 69020-030 | (92) 3212-5000.