REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7377872
Bruno Gabriel Cortez de Lima;
Jéssica Vitória Vieira das Chagas;
John Lay Vinhas da Conceição;
Joseph Jones Cauper Tinoco;
Leandra Santos da Conceição;
Profa. Esp. Natalia Gonçalves.
Resumo
Introdução: Segundo a International Headache Society, existem vários tipos de cefaleia, porém a mais comum é a cefaleia do tipo tensional. Sendo caracterizada como uma condição musculoesquelética associada à hiperatividade dos músculos da cabeça e pescoço, sendo eles os pericranianos, suboccipitais e cervicais. Objetivo: Analisar na literatura a eficácia da técnica de liberação miofascial no tratamento da cefaleia do tipo tensional. Materiais e método: Este estudo foi realizado no formato de revisão literária, fazendo um compilado de ensaio clínicos. Cujo objeto de análise é a produção científica veiculada em periódicos indexados nos bancos de dados da Literatura PubMed, PEDro – Physiotherapy Evidenc e Database. Foram encontrados 45 artigos no período de 2012 a 2022. Resultados: Um total de 45 estudos foram inicialmente identificados. Destes, 37 não estavam relacionados diretamente com o tema. 2 foram excluídos pelo critério de estudos repetidos. E 8 selecionados para esta revisão, todos em formato de full paper original. Conclusão: Através desta revisão de literatura, fica evidenciado que a proposta de tratamento utilizando liberação miofascial, quando direcionados para pessoas com cefaleia do tipo tensional, promove redução da dor, melhora da função e qualidade de vida, trazendo uma melhora global dos sintomas nestes indivíduos.
Palavras-chave: “Liberação miofascial”. “Cefaleia tensional”. “Terapia manual”
Abstract
Background: According to the International Headache Society, there are several types of headache, but the most common is tension-type headache. Being characterized as a musculoskeletal condition associated with hyperactivity of the head and neck muscles, being the pericranial, suboccipital and cervical muscles. Pourpose: To analyze in the literature the effectiveness of the myofascial release technique in the treatment of tension-type headache. Methods: This study was carried out in the literature review format, making a compilation of clinical trials. The object of analysis is the scientific production published in journals indexed in the PubMed Literature databases, PEDro – Physiotherapy Evidenc and Database. 45 articles were found in the period from 2012 to 2022. Results: A total of 45 studies were initially identified. Of these, 37 were not directly related to the topic. 2 were excluded by the criterion of repeated studies. And 8 selected for this review, all in original full paper format. Conclusion: Through this literature review, it is evident that the proposed treatment using myofascial release, when directed to people with tension-type headache, promotes pain reduction, improves function and quality of life, bringing an overall improvement of symptoms in these individuals.
Keywords: “Myofascial release”. “Tension headache”. “Manual therapy”
1 INTRODUÇÃO
Segundo a International Headache Society (2018), existem vários tipos de cefaleia, porém a mais comum é a cefaleia do tipo tensional. A cefaleia tensional é uma condição musculoesquelética associada à hiperatividade dos músculos da cabeça e pescoço, sendo eles os pericranianos, suboccipitais e cervicais. Os sintomas característicos da Cefaleia tensional são aumento da sensibilidade e dor na região cervical, podendo tornar-se crônica e em alguns casos incluir sintomas neurológicos.
O estudo de Espí-López et al (2014), observou que a sensibilização central causada por períodos prolongados de dor pode levar à cronificação da cefaleia. Como também que indivíduos com cefaleia tensional apresentam pontos gatilhos nos músculos cervicais e suboccipitais, mais frequentemente no músculo trapézio. A avaliação da mobilidade e amplitude de movimento cervical é fundamental, pois as tensões musculares causam limitação de movimento cervical. Além disso, a percepção da dor e seus diferentes fatores são aspectos que devem ser avaliados nesses pacientes, para buscar compreender a sensação de dor vivenciada pelo paciente, pois isso pode alterar sua qualidade de vida.
De acordo com Monzani et al (2016), A dor da cefalia tensional prejudica a capacidade dos trabalhadores de manter o foco físico e cognitivo, reduz a capacidade de trabalho, aumenta o estresse relacionado ao trabalho e reduz a qualidade de vida. E em níveis de dores de cabeça mais severos, podem custar aos funcionários até 2/3 de sua produtividade.
Segundo a Sociedade Brasileira das Cefaleias (2014), dentre as cefaleias primárias, a cefaleia do tipo tensional é a mais comum em sua forma episódica nos indivíduos. No estudo de Corum et al (2016), a cefaleia tensional é uma condição que afeta 20 a 40 % da população em geral, sendo mais incidente em mulheres do que em homens e pode ser classificada em episódica (< 15 dias por mês) e crônica (> 15 dias por mês). Os fatores que desencadeiam a cefaleia tensional podem ser por alterações emocionais, estresse psicossocial, tensão, ansiedade e depressão, estes são sintomas e relatos comuns encontrados na cefaleia tensional.
Para Monzani et al (2016), dentre a ampla gama de tratamentos disponíveis para a cefaleia tensional, a terapia manual é uma forma não invasiva e com melhor custo-benefício para intervir nessa condição. Embora existam vários tipos de terapia manual, as mais eficazes são aquelas que incluem técnicas de liberação miofascial e manipulações articulares na região crânio-cervical. A terapia manual demonstrou melhorar a qualidade de vida do paciente. Entretanto, o fator presenteísmo no trabalho pode causar diferenças nos desfechos do tratamento.
Conforme as evidências consultadas existem várias maneiras de se tratar essa patologia, mas a liberação miofascial é a que possui maior eficácia no tratamento deste tipo de dor de cabeça, contudo as evidências são incompatíveis devido as influências psicossociais e emocionais dos indivíduos, além das diferentes combinações de técnicas, levando a desfechos a níveis de dor e qualidade de vida conflitantes, motivando o presente estudo.
De acordo com Espí-López et al (2022), a cefaleia tensional é uma das principais cefaleias classificada pela International Headache Society em 2018, que detalha os critérios diagnósticos para cada tipo de cefaleia. Geralmente essa dor de cabeça é bilateral, com duração de 30 minutos a 7 dias. O diagnóstico de cefaleia tensional inclui pelo menos dois dos seguintes sintomas: localização bilateral, pressão ou tensão de intensidade leve ou moderada, e não piora com atividade física normal. A cefaleia tensional é dividida principalmente em tipos episódicos e crônicos. O tipo de intensidade episódica de cefaleia envolve pelo menos dez episódios de cefaleia ocorrendo em média menos de um dia por mês. No entanto, a cefaleia tensional episódica frequente ocorre com pelo menos dez episódios de cefaleia, em média 1 a 14 dias por mês por mais de três meses, e não causa náuseas ou vômitos.
Por outro lado, na cefaleia tensional crônica, os episódios ocorrem em média ≥ 15 dias por mês por mais de três meses com a mesma duração da cefaleia tensional episódica e cefaleia tensional frequente.
Segundo Ferragut-Garcías et al (2016), a cefaleia do tensional é a forma mais comum de cefaleia primária benigna. Com uma prevalência de 1 ano de 33,8% para cefaleia tensional episódica e 2,3% para cefaleia tensional crônica, a cefaleia tensional é a segunda patologia mais comum em todo o mundo. Estas circunstâncias fazem desta patologia uma condição médica chocante nas suas dimensões sociais e econômicas.
O estudo de Espí-López et al (2016), a cefaleia tensional tem um impacto socioeconômico significativo, afetando de forma negativa a qualidade de vida social e profissional dos indivíduos. Em um estudo recente, 74% dos participantes que sofrem de cefaleia tensional crônica citaram a frequência de cefaleia como a principal causa de sua incapacidade.
O cefaleia tensional crônica em 60% dos sujeitos teve um impacto moderado nas esferas laborais ou sociais e em 9% teve um impacto forte nessas esferas; 37% tinham problemas de sono; 35% experimentaram mudanças nos níveis de energia e 33% experimentaram mudanças no bem-estar emocional.
Segundo Moraska et al (2015), nos últimos anos, o ponto-gatilho miofascial tornou-se um interessante tema de estudo da cefaleia tensional. Pacientes com esta patologia têm presença e suscetibilidade aumentadas à pontos-gatilhos nos músculos pericranianos. Há evidências de que a presença de pontos-gatilhos e a sensibilidade à dor são suficientes para distinguir entre populações com e sem cefaleia. Padrões muscular característicos, sensibilidade nodular, dor referida e presença de resposta espasmódica local à estimulação. As formas transitórias a crônicas de cefaleia tensional estão associadas a estímulos nociceptivos persistentes do tecido miofascial periférico, sensibilizando o sistema nervoso central e aumentando sua excitabilidade. Pontos-gatilhos ativos podem induzir fenômenos de dor mediada que recapitulam os relatos dos pacientes, estabelecendo uma ligação direta entre os tecidos periféricos e a dor central da cefaleia.
O estudo de Ferragut-Garcías et al (2016), explica que os sintomas, referem-se a uma sensibilização periférica associada à dor miofascial nos músculos da cabeça e pescoço, como também um aumento da sensibilidade mecânica das raízes nervosas. No entanto, como resultado de aferências nociceptivas persistentes, estudos anteriores também sugeriram sensibilização central com processamento alterado da dor e/ou mecanismos inibitórios que constituem uma característica crônica dessa patologia. Tendo uma das estruturas sensibilizadas o núcleo trigeminal caudal.
Para Espí-López et al (2022), um dos achados mais importantes é a hipersensibilidade dos músculos pericranianos nesses pacientes. Essa hipersensibilidade geralmente ocorre entre os ataques à medida que as dores de cabeça pioram e aumentam em intensidade e frequência com razões fisiopatológicas.
O ensaio clínico de Berggreen et al (2012) evidencia que a experiência clínica sugere que a cefaleia tensional crônica é frequentemente causada por pontos-gatilho miofasciais em músculos específicos da cabeça, pescoço e ombros. Enfatiza também que foi demonstrado que pacientes que sofrem de cefaleia tensional crônica apresentam números maiores de pontogatilhos em comparação com indivíduos saudáveis, ou seja, sem cefaleia tensional crônica. Pacientes com pronto-gatilhos ativos e cefaleia tensional crônica apresentaram maior intensidade e frequência de cefaleia do que aqueles com pontos-gatilhos latentes, e a dor localizada e proporções apresentaram padrão semelhante ao pontos-gatilho ativo. Isso sugere que o ponto-gatilhos é um dos fatores que contribuem para o perfil de dor da cefaleia tensional crônica. O ponto-gatilhos pode, portanto, ser visto como uma grande zona hiperalgésica com sensibilidade aumentada e limiares de dor à pressão reduzidos em áreas de dor associadas à cabeça. No entanto, o papel do ponto-gatilhos na cefaleia não exclui a relevância de outros fatores físicos e psicológicos no aumento e manutenção da cefaleia tensional crônica, que são conhecidos por exacerbar e promover a atividade do ponto-gatilho.
Para Georgoudis et al (2017), as técnicas de liberação miofascial tratam os pontos gatilho miofasciais sensibilizados e os padrões de dor muscular e associados que eles geram, estabelecendo uma ligação direta entre o quadro clínico da cefaleia tensional e a percepção subjetiva da dor do paciente, com o objetivo de estabelecer uma relação. Também há evidências de que intervenções direcionadas a pontos-gatilho miofasciais podem reduzir a intensidade da dor de cabeça local, a extensão da dor associada e a sensibilidade.
Contudo, de acordo com Espí-López et al (2014), estudos subsequentes mostraram que a terapia manipulativa combinada reduz efetivamente a frequência, intensidade e duração das dores de cabeça, com impacto positivo na qualidade de vida, incapacidade e amplitude de movimento geral.
Segundo Espí-López et al (2016), como relatado anteriormente, o tratamento para cefaleia tensional com terapia manual com inibição dos tecidos moles suboccipital associada a manipulação vertebral reduziu o quadro álgico, como também fotofobia, fonofobia e sensibilidade pericraniana. Esse tipo de intervenção terapêutica também contribuiu a uma melhoria na qualidade de vida em diferentes dimensões relacionadas às atividades físicas moderadas e ao papel emocional. Mostra também que esses ganhos foram mais significativos quando a terapia de pontos-gatilho miofasciais foi associada. Evidenciando que maior amplitude de movimento na flexão cervical superior são observados quando várias técnicas de manipulação são adicionadas a um protocolo de massagem clássico.
Portanto o objetivo deste estudo é analisar na literatura a eficácia da técnica de liberação miofascial no tratamento da cefaleia do tipo tensional. Analisar a aplicação de técnicas de liberação miofascial na cefaleia tensional, identificar aos principais músculos trabalhados na liberação miofascial e verificar quais as técnicas de liberação miofascial utilizadas no tratamento da cefaleia tensional de estresse.
- MATERIAIS E MÉTODO
Este estudo foi realizado no formato de revisão literária, fazendo um compilado de ensaio clínicos. Os resultados foram demonstrados através dos estudos que mostraram os desfechos do tratamento de liberação miofascial em pacientes com cefaleia tensional. A pesquisa foi realizada por meio de periódicos indexados nos bancos de dados da Literatura PubMed, PEDro – Physiotherapy Evidence e Database, onde os descritores utilizados na busca foram: Tension – Type headache, myofascial release, manual therapy. Os critérios de inclusão foram: artigos sobre cefaléia tensional por estresse; liberação miofascial na cefaléia; liberação miofascial associado a mais uma técnica de fisioterapia no tratamento da cefaleia tensional; artigos em inglês; artigos de terapias manuais que envolvam liberação miofascial; e estudo/ensaio clinico randomizado. Os critérios de exclusão: artigos não inclusos nas plataformas PEDro e PubMed; cefaleia tensional proveniente de causas estruturais; artigos fora do período estabelecido de 2012 a 2022; e artigos de revisão. Para o levantamento de dados, foi utilizado o programa Word, no qual foi abordado o assunto. Posteriormente foi realizada uma análise de caráter qualitativa e não experimental do levantamento bibliográfico, considerando os critérios acima mencionados, selecionando artigos de maior relevância para o objetivo deste estudo.
3. RESULTADOS
Um total de 45 estudos foram inicialmente identificados. Destes, 37 não estavam relacionados diretamente com o tema. 2 foram excluídos pelo critério de estudos repetidos. E 8 selecionados para esta revisão, todos em formato de full paper original.
AUTOR/ANO | TÍTULO/TIPO DE ESTUDO | OBJETIVO | METODOLOGIA | RESULTADOS |
Corum et al 2021 | Os efeitos comparativos da manipulação espinhal, liberação miofascial e exercícios em pacientes com dor de cabeça do tipo tensional com dor no pescoço: Ensaio clínico randomizado | Avaliar os efeitos de dois métodos de tratamento manual da dor, incapacidade e limiar de dor à pressão em pacientes com cefaleia do tipo tensional com dor no pescoço. | N= 45 pacientes distribuídos em três grupos. 8 sessões de tratamento: grupo manipulação mais exercício. Grupo Inibição suboccipital mais exercício. Apenas exercício (controle). | O grupo de manipulação mostrou melhorias estatisticamente significativas em todos os critérios de resultado quando comparado ao grupo controle. |
Georgoudis et al 2017 | O efeito da liberação miofascial e diatermia por micro-ondas combinada com acupuntura versus terapia com acupuntura em pacientes com cefaleia do tipo tensional: Ensaio clínico randomizado | O objetivo deste estudo foi comparar a eficácia de um protocolo de acupuntura/alonga mento versus acupuntura/alonga mento mais técnicas de fisioterapia, em pacientes com cefaleia tensional | N= 44 pacientes. Distribuídos em 2 grupos de tratamento (grupo controle, acupuntura/along amento; grupo experimental, acupuntura/along amento mais fisioterapia). 10 sessões de tratamento por de 4 semanas | Uma melhora foi observada em ambos os grupos em relação à medida de desfecho principal, limiar de dor a pressão. |
Espí-López GV et 2016 al | Eficácia da terapia manual na frequência e intensidade da dor, ansiedade e depressão em pacientes com cefaleia do tipo tensional: Ensaio clínico randomizado | Avaliar a eficácia de três tratamentos de terapia manual em pacientes com cefaleia tensional. | N= 84 participantes com cefaleia tensional. 4 grupos: tecidos moles suboccipitais; grupo técnicas articulatórias; grupo combinação de ambas as técnicas, quarto grupo foi o grupo controle. Tratamento de 4 semanas | Grupo técnicas articulatórias são mais eficientes do que técnicas de tecidos moles, ou uma combinação, na redução dos sintomas e dos níveis psicológicos. |
Ferragutgarcías et al 2016 | Eficácia de um tratamento envolvendo tecido moles técnicas e\ou técnicas de mobilização neural em gerenciamento da dor de cabeça tipo tensional: Ensaio clínico randomizado | Avaliar os efeitos de um protocolo envolvendo técnicas mobilização neural no tratamento da cefaleia do tipo tensional frequente e crônica | N= 97 pacientes com cefaleia tensional frequente ou cefaleia tensional crônica. Designados para os grupos A, B, C ou D placebo; (B) técnicas de tecidos moles; (C) mobilização neural; (D) uma combinação de (A) e (C). | O Grupo D: tecidos moles e mobilização neural, induziu mudanças significativas no limiar de dor à pressão em pacientes com cefaleia tensional frequente ou cefaleia tensional crônica. |
Monzani et al 2016 | Terapia manual para cefaleia do tipo tensional relacionada à qualidade de vida no trabalho e presenteísmo no trabalho: Análise secundária de um estudo randomizado | Avaliar a eficácia da terapia manual para cefaleia tensional na qualidade de vida no trabalho e como o presenteísmo no trabalho afeta essa relação | N= 80 pacientes (85% mulheres) com cefaleia tensional e sem sintomas atuais de qualquer outra doença concomitante. | Os tratamentos incluindo técnicas de tecidos moles foram mais eficaz para melhorar a qualidade de vida no trabalho |
Moraska et al 2015 | Massagem de cabeça e pescoço com foco no ponto gatilho miofascial para dor de cabeça do tipo tensão recorrente: Ensaio clínico randomizado | O presente estudo aplicou a massagem focada em ponto-gatilho de pacientes com cefaleia tensional em um para avaliar a eficácia na redução da dor de cefaleia | N= 56 pacientes com cefaleia tensional. 12 sessões de massagem ou placebo, ao longo de 6 semanas | A mudança clínica percebida foi maior redução na cefaleia para o grupo massagem do que no grupo placebo |
Espí-López GV et al 2014 | Eficácia da terapia manual e manipulativa na percepção da dor e movimento cervical em pacientes com cefaleia do tipo tensional: Ensaio clínico randomizado | O objetivo deste estudo foi avaliar a eficácia dos tratamentos de terapia manipulativa e manual em relação à percepção da dor e mobilidade do pescoço em pacientes com cefaleia do tipo tensional | N= 84 pacientes com cefaleia tensional. Divididos em 3 grupos (terapia manual, terapia manipulativa, uma combinação de terapia manual e manipulativa) e um grupo controle. 4 sessões de tratamento durante 4 semanas. | Ambos os tratamentos, mostraram eficácia para pacientes com cefaleia tensional no que diz respeito à percepção da dor e amplitude de movimento. |
Berggreen et al 2012 | Tratamento de pontos-gatilho miofasciais em pacientes do sexo feminino com cefaleia tensional crônica: Ensaio clínico randomizado | Avaliar a eficácia da massagem miofascial de pontos-gatilho nos músculos da cabeça, pescoço e ombros em relação à dor no tratamento de mulheres com cefaleia tensional crônica. | N= 49 Grupo de tratamento (n=20) (uma sessão de massagem nos pontos-gatilho por semana durante 10 semanas) um grupo controle que não recebeu nenhum tratamento (n= 19). | A massagem miofascial em pontos gatilho tem efeito benéfico sobre a dor em pacientes do sexo feminino com cefaleia tensional crônica. |
4. DISCUSSÃO
A liberação miofascial é uma técnica muito abordada nos estudos devido aos seus resultados interessantes em pacientes com cefaleia tensional. Isso corrobora o estudo de Berggreen et al (2012), onde diz que os pontos-gatilhos miofasciais nos músculos da cabeça e pescoço referem maior intensidade de dor de cabeça nestes pacientes. Através disso seu estudo comparou a intervenção com liberação miofascial de pontos-gatilhos com placebo, e trouxe resultados benéficos em mulheres com esta patologia. Compartilhando do mesmo pensamento Moraska et al (2015), diz que pessoas com cefaleia do tipo tensional apresentam maior sensibilidade nos pontos-gatilhos miofasciais nos músculos pericranianos do que pessoas sem cefaleia. Contribuindo para este achado Espí-lópez et al (2014), diz que indivíduos com cefaleia do tipo tensional possuem presença de pontos-gatilhos ativos na região suboccipital e no músculo trapézio. Pode-se dizer que a cefaleia do tipo tensional está diretamente ligada a presença ou não de pontos-gatilhos nesta região.
Apesar de alguns estudos trazerem a liberação miofascial como destaque no tratamento da cefaleia tensional, o estudo de Monzani et al (2016), comparou a liberação miofascial com técnica de manipulação cervical, trazendo resultados equivalentes com a adição desta terapia. Além disso seu estudo diz que a cefaleia tensional afeta o desempenho físico e o foco no trabalho, além de reduzir a qualidade nas tarefas, afetando de forma significativa as atividades no trabalho. Isso infere que a intensidade da cefaleia afeta não só a qualidade de vida mas também as atividades laborais. Entre as alternativas de tratamento para cefaleia tensional o estudo de Corum et al (2021), fortalece o uso da manipulação cervical nestes pacientes, evidenciando resultados significativos quanto a gravidade da dor e a frequência da cefaleia em comparação com a liberação miofascial, além disso o autor também nos mostra que os exercícios cervicais podem ser associados nas condutas terapêuticas.
Espí-lópez et al (2014), diz que a tensão nos músculos trapézio e suboccipital podem levar a uma diminuição da amplitude de movimento da cervical, contribuindo para a dor e ajudando na investigação da causa dos sintomas. Isso nos mostra que uma avaliação criteriosa olhando outros aspectos além da dor, é fundamental para escolher a melhor terapia para esta patologia. Concomitantemente, Espí-lópez et al (2016), diz que apesar da mobilidade cervical, o tratamento com terapia manual também auxilia no relaxamento dos músculos crânio cervicais, reduzindo de forma significativa condições psicológicas como ansiedade e depressão. Evidenciando que uma abordagem reducionista não se apresenta como uma boa opção de tratamento para estes indivíduos.
O estudo de Georgoudis et al (2017), comparou a liberação miofascial e eletroterapia com acupuntura e alongamento, mostrando que não houve diferenças clínicas e estatísticas em ambos os grupos quanto a percepção de dor e na avaliação através do algômetro de pressão. Ferragut-garcías et al (2016), em seu estudo, comparou tanto a liberação miofascial sozinha quanto combinada com mobilização neural, trazendo desfechos superiores quando feita de forma isolada, demonstrou que a liberação miofascial pode ser a primeira opção no tratamento desses pacientes.
5. CONCLUSÃO
Fica evidenciado que a proposta de tratamento utilizando liberação miofascial, quando direcionados para pessoas com cefaleia do tipo tensional, promove redução da dor, melhora da função e qualidade de vida, trazendo uma melhora global dos sintomas nestes indivíduos. Analisando os estudos, pode-se perceber que há uma adesão em utilizar essa técnica de terapia manual nos músculos pericranianos, suboccipitais e cervicais, além da combinação com outras terapias manuais. A fim de trabalhar desequilíbrios biomecânicos, fatores psicológicos e também a nível neuromuscular.
Esta revisão possibilita ampliar os conhecimentos acerca da cefaleia tensional, seus tipos e melhores estratégias de tratamento para esse acometimento através da terapia manual, onde há diversas opções de recursos para o tratamento da cefaleia. Sendo assim, esta revisão serve como base de consulta para clínicos ou profissionais que atendam essa população.
REFERÊNCIAS
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