REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7377685
Beatriz Oliveira Santos;
Camila Matos Paula;
Emanuelly Mendes;
Isabella Da Silva Anderson;
Stephanie Aparecida Da Silva Fernandes;
Orientador: Prof. Dr. Carlos Noriega.
Resumo
Hoje vivemos em um mundo globalizado e em constante modernização, onde as instituições privadas precisam se destacar em meio a concorrência. Na construção civil não é diferente, visto que na hora de escolher a empresa para um determinado empreendimento é levado em consideração a sua produtividade, entregas nos prazos acordados e orçamentos, além de outros fatores que não cabem na discussão deste artigo.
O canteiro de obras está introduzido desde o início de uma obra e é um importante elemento para que as construtoras possam gerir todo o andamento da construção. Um canteiro bem organizado pode impactar diretamente a produtividade e andamento de todas as etapas construtivas.
O intuito deste artigo é mostrar através de uma revisão bibliográfica a importância da implementação da logística dentro de um canteiro de obras e que com aplicações eficientes podemos trazer maior desempenho operacional, menor desperdício, entregas dentro de prazos e orçamentos pré-estabelecidos. Também queremos mostrar que com as práticas instaladas em momentos de situações adversas, como por exemplo, a pandemia do COVID 19, ainda é possível manter e seguir o planejamento inicial.
Palavras-chave: Logística, Canteiro de Obras, Produtividade, Desperdício.
Abstract
Today we live in a globalized and constantly modernizing world, where private institutions need to stand out from the competition. In civil construction isn’t different, when we got the for a company to particular project, its productivity, deliveries within the agreed deadlines and budgets, in addition to other factors that do not fit in the discussion of this article, are taken into account.
The construction site is introduced in the beginning of working process, it is an important element for the construction companies to be able to manage the entire progress of the construction. A well-organized site can directly impact productivity and progress in all construction stages.
The purpose of this article is to show through a literature review the importance of implementing logistics within a construction site and that with efficient applications we can bring greater operational performance, less waste, deliveries within deadlines and pre-established budgets. We also want to show that with the practices in place, in times of adverse situations such as the pandemic that brought several problems, we still managed to maintain the initial planning.
Keywords: Logistics, construction site, productivity, waste
O desempenho da construção civil está particularmente ligado ao contexto econômico, social e político em que o país se encontra. Ao longo das últimas décadas, ele foi marcado por sucessivos altos e baixos, que afetaram os processos e produtos como são conhecidos atualmente.
Em março de 2020 o Brasil vivenciou uma mudança devido ao surgimento de uma pandemia que afetou os setores econômicos e sociais do país, por conta do COVID-19, a população teve que se adequar e adotar medidas de isolamento social, gerando assim, uma queda na economia (Fiocruz, 2022).
Contudo, com a mudança de cenário em 2021 a construção civil cresceu 9,7%, após registrar uma queda de 6,3% em 2020 (IBGE, 2022); de acordo com a economista da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Ieda Vasconcelos, este foi o melhor desempenho do setor desde 2010, demonstrando uma tomada de força e de como o setor atua para uma retomada econômica do país.
Considerando o anteriormente mencionado, a indústria da construção trouxe consigo formas de aumentar sua produtividade, qualidade do produto, ao mesmo tempo em que buscou reduzir custos e prazos para que ficasse garantido o lucro.
Entretanto, nessa mesma indústria ainda hoje, existem obras sendo executadas de forma antiquada, sem um planejamento formal, garantias de prazos ou orçamentos, esse problema recorrente se intensifica e é bem visível nas obras públicas de grande e pequeno porte.
Segundo o TCE (Tribunal de Contas do Estado de São Paulo) no último levantamento realizado referente ao terceiro trimestre de 2021, o estado possuía mais de 1075 obras paradas ou atrasadas, sendo dessas 433 em atraso, onde os contratos somam mais de 24 bilhões de reais.
Podemos evidenciar como exemplo aqui na cidade de São Paulo, a linha 6- laranja do metrô, que veio com o intuito de ligar a zona norte ao centro (CNN Brasil) , reduzindo o trajeto que hoje é realizado de ônibus e possui percurso de 1 hora e 30 minutos em média para 23 minutos. A linha deveria ter cerca de 15km de extensão e 15 estações e impactar a vida de centenas de milhares de paulistanos, porém até hoje nenhuma das estações foram entregues.
Desde 2008 a construção da linha 6 já era discutida e a primeira previsão de entrega seria para o ano de 2012, porém o projeto não foi para frente, foram informados novos prazos para que as obras começassem em 2013, e fossem concluídas em 2019. A obra deu início somente no ano de 2015, mas no ano seguinte elas já foram paralisadas devido o consórcio responsável alegar não possuir recursos financeiros para continuar. Após aproximadamente 4 anos, em fevereiro de 2020 foi anunciado a retomada das obras com previsão de entrega para 2024, porém atualmente o governo já trabalha com o prazo de entrega para 2025 e um orçamento, que inicialmente deveria ser de 2 bilhões e que atualmente possui orçamento de 15 bilhões.
Nessa perspectiva, a implantação de uma logística para o gerenciamento de obra, se apresenta para que possa haver mudanças neste processo arcaico, visando melhorar o aumento da produtividade, qualidade, segurança e redução de desperdício, sendo assim, um fator decisivo para determinar o sucesso da obra.
Neste contexto, a logística está diretamente relacionada à melhoria dos fluxos de processos de produção e redução de desperdícios, dentro do canteiro de obra. A logística tem impacto na produtividade, prazos, custos e qualidade na construção; pode ser dividida em duas subdivisões: a primeira classifica as atividades principais onde envolvem transporte, gerenciamento de estoque e processamento de pedidos, enquanto a segunda está relacionada à armazenagem, manuseio de materiais, embalagem, compras e ao sistema de informação.
Deste modo, considera-se a gestão do canteiro de obras como uma ferramenta de grande importância para se obter resultados satisfatórios ao final da mesma, e fazer com que as empresas que investem em uma boa gestão se sobressaiam a outras que optam por métodos de implantação de canteiros sem nenhuma gestão na disputa pelo mercado.
Vale ressaltar, que além da importância nos aspectos sociais e econômicos, a construção civil tem uma interferência muito forte na natureza. Ela utiliza recursos naturais de uma forma substancial e isso a relaciona com o meio ambiente, quer seja na obtenção da sua matéria-prima, quer seja nas grandes quantidades de entulhos gerados pelo setor, assim como o uso do espaço urbano.
Logo, o desperdício de materiais é um dos fatores que mais gera custos para o setor da construção civil. A expectativa dos pesquisadores com relação a esse tema não é positiva. De acordo com a Transparency Market Research, estima-se que o desperdício de materiais na construção civil chegue a 2,2 bilhões de toneladas globalmente até 2025 (Paula Lunardelli).
Devido a todos os problemas citados anteriormente o setor está preocupado em mudar esse cenário. A redução dos desperdícios proporciona benefícios para o meio ambiente, para a sociedade e para a própria empresa, ficando mais uma vez em evidência o que uma boa gestão pode agregar para as empresas que querem estar em alta, neste mercado.
Para efetuar uma boa gestão do canteiro, devemos lembrar dos colaboradores que o compõem, não visibilizando somente o lucro da obra, gastos gerenciais ou o desperdício gerado pelos materiais, mas sim colocando em prática a norma regulamentadora NR6 – que regulamenta a execução do trabalho com uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), sem estar condicionada a setores ou atividades econômicas específicas, e nos atentar na utilização da NR17- onde visa estabelecer as diretrizes e os requisitos que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar conforto, segurança, saúde e desempenho eficiente no trabalho, devemos entrelaçar estes pontos a qualidade do serviço executado, pois a avaliação de desempenho é o parâmetro responsável por mensurar a capacidade da eficiência de cada setor envolvido no processo da construção civil. A gestão de qualidade acontece através do mapeamento de fluxo, nele é possível identificar os principais passos para encontrar os desperdícios e atividades que não agrega valor ao processo produtivo.
- Objetivo
O trabalho possui por objetivo, estudar a logística e métodos de gestão e aplicação de logística para a utilização do tempo, de forma a possibilitar que as equipes trabalhem com segurança, através da minimização das movimentações de materiais, mão de obra e componentes, aumentando a produtividade e reduzindo desperdícios.
2.1 Objetivo específico
Os objetivos específicos desta pesquisa, são os seguintes:
- Caracterizar os parâmetros em função da logística e gestão do canteiro de obras, mediante revisões bibliográficas;
- Estudar soluções de logísticas que podem trazer impactos na produtividade e racionalização dos canteiros de obras.
- Levantamento dos principais métodos de gestão que podem ser utilizados no canteiro de obras para uma melhor produtividade dentro da obra.
- Metodologia
Para o desenvolvimento deste trabalho, foi realizada uma pesquisa bibliográfica abrangente ao planejamento e implantação de gestão dos canteiros de obra, assim possibilitando verificar sua atuação na qualidade, custo, prazos e desperdícios nas obras.
Utilizamos na nossa pesquisa monografias que tratam do assunto de canteiro de obras, planejamentos de obras, desperdícios e logística, além das revistas especializadas na área de construção Civil, reportagens, livros que possuem como tema principal o canteiro de obras e a logística, além de sites especializados no assunto principal, tal como também nos assuntos secundários que foram surgindo a cada evidenciação que foi apresentada.
Para o fechamento deste processo, foi realizado um levantamento dos principais métodos de logística e gestão, trazendo consigo sua eficiência quando colocada em prática.
- Canteiro de obras
O canteiro de obras pode ser definido, de acordo com a norma ABNT NBR 12284 (1991) – Áreas de vivência em canteiro de obras -, como “áreas destinadas à execução e apoio dos trabalhos da indústria da construção, dividindo-se em áreas operacionais e áreas de vivência”. Já a Norma Regulamentadora 18 – Condições e meio ambiente de trabalho na Indústria da Construção (MINISTÉRIO DO TRABALHO, 2018) – define como sendo a área de trabalho fixa e temporária onde se desenvolvem operações de apoio e execução de uma obra.
Dessas duas definições, é possível observar, em comum, a função do canteiro como conjunto de áreas onde ocorre a execução da obra, planejado para fazer a distribuição de materiais, equipamentos e da mão de obra, de forma efetiva e que seja entendida de forma inteligente, de modo que toda essa distribuição contribua para o andamento físico.
A área de canteiro de obra precisa ser planejada e projetada antecipadamente, para Saurin e Formoso (2006) planejar o canteiro de obras é definido como sendo o planejamento do layout e da logística das suas instalações provisórias, instalações de segurança e sistema de movimentação e armazenamento de materiais.
No que diz respeito às condições de trabalho, faz-se a referência a Norma Regulamentadora (NR 18) – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção, que traz diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de organização para a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção.
Quando se trata do planejamento do layout escolhido para a obra que será executada, o planejador deve definir as ideias já colocando em questão a disposição das instalações provisórias, os armazenamentos e a área de movimentação dos colaboradores, área de recebimento dos materiais e movimentações das máquinas em geral. O planejamento deste projeto quando bem executado, influencia na dinâmica da obra, isso porque essa colocação em campo promove diminuição de tempo na distribuição dos materiais, das pessoas e máquinas, fazendo que a dinâmica de cada etapa seja eficiente.
De acordo com Lllingworth (1993), os canteiros de obra podem ser enquadrados dentro de um dos três seguintes tipos: restritos, amplos, longos e estreitos.
Em suma, nos canteiros restritos as construções ocupam o terreno completo ou uma alta percentagem deste, possuindo acessos restritos, em exemplo, temos as construções em áreas centrais da cidade, ampliações e reforma. Os amplos, por sua vez, são construções que ocupam somente uma parcela relativamente pequena do terreno, possuindo disponibilidade de acessos para veículos e de espaço para áreas de armazenamento e acomodação de pessoal, em exemplo, são construções de plantas industriais, conjuntos habitacionais horizontais e outras grandes obras como barragens ou sinais hidroelétricos. Por fim, os canteiros longos e estreitos, são construções restritas em apenas uma das dimensões, com possibilidade de acesso em poucos pontos do canteiro, em exemplo, são trabalho em estradas de ferro e rodagem, redes de gás e petróleo e alguns casos de obras de edificações em zonas urbanas.
De acordo com o autor mencionado anteriormente, faz-se necessário que o canteiro de obra se enquadre em um destes grupos, para que se possa traçar o seu planejamento.
Vale destacar que o planejamento do canteiro deve ser encarado como um processo gerencial como qualquer outro, incluindo etapas de coletas de dados e avaliação do planejamento.
Além disso, os canteiros são divididos em duas áreas: a de vivência e as operacionais, tratando-se da área de vivência, o engenheiro responsável deve obedecer às normas técnicas, portanto deve-se ser considerada a NR 18 e a NBR 12284 (NB 1367), visando o cuidado com as condições de saúde e de segurança do trabalho. Essa norma regulamentadora é quem estabelece as condições específicas para a construção civil, uma das principais aplicações é nos projetos de produção, no layout do canteiro e suas evoluções, que vão se modificando de acordo com as quantidades de colaboradores, e por isso esse layout deve ser bem planejado para atender o pico da obra, bem como as demais fases que a obra passará.
É muito importante assegurar um ambiente de trabalho produtivo e saudável e seguir a NR 18, bem como as demais normas garante toda a evolução saudável da construção. É importante também frisar que é dever de garantir os direitos dos colaboradores, evitando assim as penalidades aos empregadores (empreiteiros) e ao engenheiro civil responsável pela obra.
Considerando assim a divisão da área de vivência, é importante para assegurar que as documentações estejam em dia e de acordo com a necessidade estabelecida em norma, documentações como:
- PCMAT;
- CIPA.
Portanto os elementos que constituem a área de vivência são:
- Vestiários feminino e masculino;
- Instalações sanitárias femininas e masculinas (quantidade varia de acordo com efetivo de obra);
- Refeitório;
- Cozinha (caso haja restaurante em obra);
- Área de lazer;
- Alojamento (caso necessário);
- Ambulatório (obra com mais de 50 colaboradores);
Tratando-se de áreas operacionais os principais elementos são:
- Escritórios;
- Portaria;
- Almoxarifado;
- Depósitos;
- Central de concreto;
- Central de argamassa;
- Central de armação;
- Sala de controle tecnológico;
- Entre outras áreas de produção.
A projeção de um canteiro deve respeitar todos os pontos colocados acima, bem como considerar o posicionamento de todos os elementos que compõe a obra, e com isso o engenheiro precisa considerar o cronograma de obra, orçamento, histograma, as restrições e a área locada, as necessidades do canteiro e as definições técnicas.
Levando em consideração os últimos dois anos (2019/2022), onde a construção teve que adotar medidas totalmente diferente do que os engenheiros estão acostumados, com o incio da pandemia do COVID -19 as empresas se mobilizaram para trabalhar de forma remota, e expor o menos possível seus colaboradores , na construção civil não foi muito diferente, foi necessários adotar medidas para expor o menos possível os funcionários, a instalação de uma enfermeira em obra para medição de temperatura e acompanhamento diário das condições dos mesmo era uma tarefa muito importante, bem como a mudança nas instalações como refeitório e vestiários.
Vieira (2006) destaca que um canteiro bem planejado e com uma logística bem desenvolvida pode proporcionar importantes melhorias no processo produtivo, como:
- Promover a realização de operações seguras e salubres, não gerando descontinuidades produtivas por acidentes de trabalho;
- Minimizar distâncias para movimentação de pessoal e matéria com consequente redução de tempos improdutivos;
- Redução sensível com perdas de materiais devido ao excesso de movimentação, assim como a deterioração dos mesmos;
- Aumentar o tempo produtivo;
- Evitar obstrução da movimentação de materiais e equipamentos;
- A manutenção de um canteiro limpo e organizado consegue também manter a boa moral dos trabalhadores e, dessa forma, torná-los mais produtivos e colaborativos.
- Gestão
Este capítulo abrange o contexto histórico e conceitua gestão, além de mostrar sua importância no contexto da construção de edificações.
5.1 Contexto histórico de gestão no âmbito de engenharia civil
O termo gestão vem do latim “gestio-gestionis”, que significa executar, muitas pessoas possuem a ideia de que gestão e planejamento são a mesma coisa, de fato, ambos são partes de um processo muito importante, que é atingir as metas de longo prazo da organização, mas seus significados são distintos. Caracterizamos planejamento como uma abordagem utilizada quando se está formando a direção de uma organização, definição de visão, missão e valores, por sua vez a gestão, é o processo geral percorrido para chegar a essa direção, desde o planejamento até a execução, podemos dizer que o planejamento contempla o “antes”, enquanto a gestão está interligada ao “durante”.
Gestão constitui-se em trabalhar com os recursos disponíveis da maneira mais eficaz possível para atingir os objetivos esperados com o mínimo de despesas; podemos classificar como gestão um conjunto de princípios relacionados às funções de planejar, organizar, dirigir e controlar.
Figura 1 – Princípios da Gestão
Algumas pessoas enxergam a gestão como um conceito pós-moderno, vindo posteriormente a Guerra Fria, devido às mudanças e novidades que acarretaram da transformação digital à tecnologia como um todo. Outros, porém, constatam um pensamento similar à gestão entre os comerciantes sumérios e os construtores das pirâmides do Antigo Egito. Nos séculos XVIII e XIX, pós-revolução industrial ocorreram mudanças nos ambientes de trabalho, as teorias práticas adotadas por militares passaram a ser aplicadas nas fábricas.
Economistas clássicos, como Adam Smith (1723 – 1790) e John Stuart Mill (1806 – 1873), trouxeram a parte teórica para a alocação de recursos, os processos produtivos e a precificação. Ao mesmo tempo, inovadores como Eli Whitney (1765 – 1825), James Watt (1736 – 1819) e Matthew Boulton (1728 – 1809), desenvolveram elementos de produção técnica, como padronização, procedimentos de controle de qualidade, contabilidade de custos, intercambialidade de peças e planejamento (G4 Educação).
5.2 Metodologias de gestão atual
É de extrema importância para a empresa, conhecer os marcos legais instituídos para a construção civil no contexto em que a obra está inserida, assim evitando atrasos burocráticas, impedimento de atividades, multas por condutas não adequadas e até mesmo o fechamento da obra.
A NBR 15575:2013 – Norma de Desempenho é um conjunto de diretrizes onde tem a finalidade de informar, orientar e normatizar a construção de qualquer edificação habitacional e todos os seus sistemas produtivos. Possui o papel de amparar os principais sistemas construtivos de uma edificação, com base no resultado que se deseja atingir, não na forma como obtê-lo, a mesma estabelece padrões mínimos de qualidade que devem ser analisados pelos incorporadores e construtores na hora da execução para que, depois de pronta, se sirva ao resultado pretendido ao longo de sua utilização, os métodos de avaliação são os meios de avaliação do cumprimento, e dos critérios estabelecidos para cada requisito, compreendendo as análises, verificações e simulações aplicados de acordo com o objetivo e o momento de sua realização.
Abaixo apresentamos algumas das principais metodologias da atualidade, consideradas ágeis.
KPI
O KPI tem como finalidade traduzir o desempenho de um determinado procedimento, atendendo aos objetivos definidos, sempre está entrelaçado a determinado número ou percentual em relação ao plano. “Se você não pode medir, você não pode gerenciar.” (Peter Drucker – Considerado o pai da administração moderna).
Figura 2- Motivos que tornam os KPIs fundamentais
Os principais focos de desempenho através desse sistema são denominados como indicadores de produtividade, indicadores de qualidade, indicadores de capacidade e indicadores estratégicos.
PDCA
PDCA é uma sigla para Plan, Do, Check e Act (Planeje, Faça, Verifique e Aja), esta metodologia pode ser chamada de Ciclo de Shewhart ou Ciclo de Deming, o objetivos do PDCA é fazer com que os processos de uma empresa sejam acelerados e aperfeiçoados, podendo perceber problemas com maior facilidade, verificando os fatores causadores e as possíveis soluções.
Figura 3 – Ciclo do PDCA
O ciclo PDCA é um dos melhores métodos para a implementação da filosofia dos 5S em uma empresa, esta filosofia constitui-se em:
Seiri – Essa técnica é utilizada para identificar e eliminar objetos e informações desnecessárias, existentes no local de trabalho.
Seiton – Seu conceito chave é a simplificação, os materiais devem ser colocados em locais de fácil acesso e de maneira que seja simples verificar quando estão fora de lugar.
Seiso – Nesta etapa é importante manter uma organização no ambiente que a torne o trabalho mais produtivo.
Seiketsu – Manter uma padronização no momento da realização da tarefa, fazendo assim que o serviço seja feito de maneira mais rápida e prática.
Shitsuke – A disciplina para evoluir qualquer tipo de trabalho, faz ele se tornar mais produtivo.
SCRUM
O Scrum é um tipo de metodologia ágil com estrutura simples, onde usa sequências de trabalho ajuda pessoas, equipes e organizações a gerarem valor por meio de soluções adaptativas para problemas complexos, aprender por meio de suas experiências, organizar-se enquanto resolvem problemas e refletir em suas vitórias e derrotas para melhorar continuamente.
O Scrum nasceu em meio às fábricas no ano de 1986 e, se ampliou para o setor de desenvolvimento de software, sendo uma ferramenta para combater os processos de gerenciamento de projetos no estilo cascata. Jeff Sutherland originou o primeiro projeto no framework Scrum em 1993, trabalhando com Ken Schwaber, desenvolveu o Scrum como um processo formal em 1995.
5.3 Gestão no canteiro de obras
Na etapa em que se considera a gestão do canteiro deve-se levar em consideração em qual tipologia de canteiro se encontra e analisar os projetos de implantação e bem como o macro fluxo do método construtivo da obra, pois o posicionamento das áreas de vivências, baias, armazenamento dos materiais deve respeitar a ordem à movimentação da obra e ter possibilidades de realocação fácil no processo em que a obra estiver rodando os serviços.
A etapa preliminar para a gerência de um canteiro é coletar os dados necessários e avaliar o planejamento versus macro fluxo da sua empresa.
Atualmente temos empresas que possuem seu sistema de canteiros padronizados, o que de fato facilita o trabalho de gestão do engenheiro, que deve avaliar se é necessário melhorias e adequar pequenos pontos de quando necessário, quando não há essas informações prontamente disponíveis há pontos a serem analisados, são esses:
- Recomenda-se uso de um check list com todas as necessidades do canteiro e onde serão locados os pontos importantes como, por exemplo, as instalações sanitárias provisórias, sendo elas uma das últimas instalações a serem deslocadas;
- A coleta de informações referente a instalações de esgoto e entrada de energia no entorno, edificações existentes, localização se há muita movimentação de veículos, trânsito intenso, pra realizar a portaria de recebimento de material;
- Em cima do projeto executivo é preciso definir as técnicas da obra, a fim de ficarem claro quais espaços precisam-se deixar livres para circulação e para estocagem do material, este que precisa chegar o mais rápido possível até o colaborador que irá executar o projeto. Exemplo, obras em alvenaria estrutural é necessário um espaço para baía de graute, entrada e saída de caminhão, área do controle tecnológico e estocagem dos blocos com vossas identificações de resistência nominal, todos esses itens o mais próximo possível do elevador cremalheira, mini grua ou grua, a fim de alimentar a produção com mais rapidez e garantir o planejamento para os pavimentos;
- Estimativa dos efetivos de obra, para mensurar as instalações considerando o efetivo inicial, pico da obra até a fase de desmobilização na fase final de entrega da obra;
- O cronograma físico da obra é importante tê-lo em forma de layout, uma vez que é comum que aconteça interferências que podem retardar ou adiantar processos, pois há interferências que não conseguimos controlar, como chuvas, ventanias, frio intenso ou até mesmo calor intenso. Embora o cronograma físico possa sofrer essas alterações deve-se na medida do possível tirar proveito da programação feita inicialmente sem que haja alterações, garantindo que os processos atendam a programação planejada. Além disso, a análise do cronograma layout permite identificar a possibilidade de que algum material não possa chegar a tempo e ser estocado simultaneamente como cimento, areia, bloco, o prazo das realocações das instalações provisórias, o prazo de início e fim da estrutura, garantindo o espaço necessário para estocagem dos blocos e localização do silo de argamassa até o final do serviço.
Figura 4 – Estocagem de Materiais
Figura 5 – Layout do Canteiro de Obras
Figura 6 – Áreas de circulação de materiais
Figura 7 – Áreas de circulação de materiais
5.4 Perdas na construção civil
De acordo com o Dicionário Aurélio de Língua Portuguesa, o substantivo “perda”, significa ato ou efeito de perder ou ser privado de algo que possuía, diminuição que alguma coisa sofre em seu volume, peso ou valor.
Skoyles (1974) define desperdício sendo a diferença entre a quantidade de material entregue na obra, reduzida de eventuais transferências para outras obras, e aquela que é empregada efetivamente na construção ou usada para trabalho temporário, a declaração é completada mais tarde pelo mesmo autor, quando classifica as perdas, de acordo com a sua natureza, em dois tipos principais: direta e indireta.
A perda direta é classificada como a perda de materiais que não podem ser recuperados ou utilizados, ou, ainda que são perdidos durante o processo de execução, pois são destruídos ou danificados, impedindo sua utilização no processo de construção; a perda indireta é caracterizada da perda direta por representar somente uma perda financeira, pois os materiais não são perdidos fisicamente, podem ser ainda classificados em perdas por substituição, perdas por produção ou por negligência.
No ano de 1981 o autor traz consigo a consideração que as perdas de materiais ocorrem em todos os estágios da construção, desde a chegada do material na obra, sua estocagem e transporte, até o seu emprego no local a que se destina. O autor apresenta ainda outra classificação das perdas, levando em conta as etapas do processo: projeto, fornecimento de materiais, gerenciamento da obra, orçamentação, e assim por diante.
Podendo citar os principais pontos ocorrentes na etapa do processo como: perdas ocorridas nas etapas de transporte externo, recebimento, estocagem, transporte interno; perdas ocorridas na produção; e perdas que podem ocorrer em qualquer etapa do processo, como roubo, vandalismo, extravio, acidente ou substituição. As perdas podem ser atribuídas originárias no projeto; fabricação e no fornecimento de materiais; na elaboração do orçamento; na administração da empresa e até mesmo podem ser perdas originadas no setor de compras e no gerenciamento do empreendimento.
Na construção civil, os desperdícios ou perdas, são relacionados à qualidade e distintos como “consequência de um processo de baixa qualidade, gerando produtos de qualidade deficiente” (Silveira, Scardoelli, Fonseca, 1993, p. 4)
Segundo Pinto (1995) estima-se que no Brasil a perda de materiais pode chegar a 20% em sistemas construtivos convencionais, sendo a argamassa e seus componentes os principais vilões, contribuindo com 60% do entulho gerado. PICCHI (1993) estimou, baseando em hipóteses e estimativas de custos de inúmeros tipos de desperdício frequentes, que 30% do valor na construção de uma edificação brasileira corresponde à desperdício, sendo equivalente dizer que a cada três prédios construídos, um quarto prédio nestes termos seria jogado fora; estima que o desperdício relacionado ao entulho gerado, expresso em porcentagem do custo da obra, é da ordem de 5%. Para Picchi (1993) o desperdício na construção civil brasileira é muito alto se comparado a outros países, pois em países europeus os valores do desperdício de material podem variar, em massa, entre 10 e 15%.
A Gestão da Qualidade torna-se um requisito substancial para todas as empresas que pretendem competir e garantir seu espaço no mercado de trabalho, com a finalidade de controlar e administrar a qualidade dos serviços e produtos, garantindo um produto final com elevado grau de concorrência e qualidade, além da satisfação e superação das expectativas do cliente final, várias ferramentas foram criadas como forma de garantir a eficiência da gestão e sua qualidade, ficando evidente que apesar dos recursos já existentes é necessário que os profissionais deixem de encarar a gestão da qualidade como um problema, passando assim a considerá-la como solução para prevenir futuros erros e garantir a qualidade de seus serviços.
5.5 Aumentos dos Custos dos materiais da construção Civil
Além dos desperdícios de materiais ao longo do desenvolvimento da obra, outro ponto a se destacar é que nos últimos anos o custo da obra teve aumentos expressivos e manter o projeto dentro do orçamento proposto se torna mais difícil.
O INCC (Índice nacional de construção civil) fechou o ano de 2021 em 13,84% frente ao IPCA (Índice de preço ao consumidor amplo), o índice oficial que mede a inflação do Brasil e é divulgado pelo IBGE ( Instituto Brasileiro de geografia e estatística) o índice fechou em 10,6% no mesmo período, porém se formos analisar a fundo os dados disponibilizados pela CBIC (Câmara Brasileira da indústria da construção), através da economista Ieda Santos, durante o período de julho de 2020 até novembro de 2021 o aumento dos referidos custos foi de 23,26%.
De acordo com os dados divulgados pelo CBIC, entre janeiro de 2021 até dezembro do mesmo ano, os insumos foram os materiais que mais se destacaram quando falamos do aumento de preços, como por exemplo, os vergalhões de aço ou carbono que apresentam (+41,60%), tubos e conexões (+26,05%), argamassa (+23,82%), massa de concreto (+18,77%).
São diversos os fatores que contribuíram para a nossa situação, o aumento do dólar, que encerrou 2021 com variação de +7,61% visto que a commodities são negociados na moeda americana, materiais como aço, cobre e entre outros consequentemente tivera grande valorização, além de do aumento natural devido às incertezas da produção mediante a pandemia. Outro ponto de destaque foi que devido à crise sanitária vivida, muitas produções tiveram interrupções e mesmo quando voltaram não conseguiram suprir toda a demanda dada pelo mercado global, atrasando os prazos de entrega e consequentemente os preços.
Como destacamos nos últimos parágrafos o desperdício de materiais e ato custo da construção civil impactam diretamente no produto final, no entanto podemos com soluções logísticas dentro do canteiro de obras, atenuar esta realidade dentro da construção civil e consequentemente aumentar nossa produtividade.
5.6 Restrições Legais em Canteiros de Obra
De acordo com Lei da Construção Civil – Lei 4864/65 e NR 18, a jurisdição local implementa uma enorme influência no planejamento logístico de canteiros de obra, administrando regras e regulamentos relacionados da seguinte forma:
- Limites de ruídos emitidos pela obra;
- Restrições relativas às vias públicas, como exemplo, limites de altura.
- Requisitos de gerenciamento de poeira;
- Requisitos ou restrições para autorização de fechamento de estradas ou calçadas.
- Restrições aéreas, por conta das linhas de energia ou restrições de altura do espaço aéreo/guindaste/grua.
Por tanto, todas as restrições legais são de extrema importância, devendo serem consideradas por todos da área de construção civil, porém é fundamental conhecer as que dizem respeito à utilização das vias públicas, principalmente horários restritos para caminhões de cargas no município, e as restrições de ruído, particularmente perto das áreas residenciais.Obtendo um plano de ação dentro do planejamento da obra, para que a jurisdição seja respeitada e todo serviço do canteiro atendido dentro do prazo.
- Logística
Este capítulo aborda o contexto histórico e conceitual, além de mostrar sua relevância no contexto da construção de edificações.
6.1 Logística – Contexto histórico
O termo logístico vem de origem grega da palavra logistiki, que significa contabilidade e organização financeira. No entanto, a palavra logística como conhecemos hoje tem origem no verbo francês “logistique”, onde possui como significado uma arte que trata do planejamento e realização de vários projetos.
A logística como atividade surgiu inicialmente como parte da arte dos militares, era utilizada nas operações militares da Grécia Antiga, pelo Império Romano e Império Bizantin, caracterizada como a área que cuidava do planejamento de vários itens importantes, tais como: armazenamento, distribuição e manutenção de vários tipos de materiais, (armas, roupas, alimentos, saúde, transportes e demais utensílios utilizados), porém mais tarde o termo logística também passou a designar a gestão, armazenamento e distribuição de recursos para uma determinada atividade.
Define-se a palavra logística como: “O ramo da ciência militar responsável por obter, dar manutenção e transportar material, pessoas e equipamentos”. Outra definição para logística é: “O tempo relativo ao posicionamento de recursos”. Oxford English Dictionary
Nos Estados Unidos da América, o Tenente Rogers introduziu a Logística como matéria na Escola de Guerra Naval, no ano de 1888. No entanto, logística passou a ser tratada como ciência apenas em 1917, onde teve sua origem nas teorias criadas e desenvolvidas, pelo Tenente-Coronel Thorpe (1875-1936), do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos da América, no mesmo ano, publicou também o livro Pure logistics: the science of war preparation” (Logística Pura: a ciência da preparação para a guerra). Segundo o próprio autor, esta publicação dizia que “a estratégia e a tática proporcionam o esquema da condução das operações militares, enquanto a logística proporciona os meios”.
No Brasil a logística mesmo sendo praticada por décadas, conquistou sua maturidade comercial somente na década de 1990, quando o processo de redução de alíquotas de importação começou a ser praticada. Entretanto, como as empresas não estavam preparadas para este cenário de abertura de mercado, muitas enfrentaram grandes dificuldades, tendo assim o logístico papel fundamental para guiá-las a um novo patamar, onde pudessem atender às demandas desse período com profissionalismo e agilidade. Hoje em nosso país, a logística é um negócio de grandes proporções e que evolui rapidamente.
6.2 Logística empresarial
Nos dias atuais a logística empresarial se encontra em diversos tipos de empresa e possui diversas funções, é reconhecida como parte essencial nas empresas, caracterizada por ser um departamento responsável pela gestão de materiais, sejam eles em qualquer seguimento, administra recursos financeiros, planeja a produção, o armazenamento, transporte e distribuição desses materiais. A área tem crescido muito, já que por vez as organizações estão buscando cada vez mais pela qualidade de seus serviços e produtos, e a logística é uma parte importante para que isso ocorra.
As empresas e organizações começaram a captar e a adotar a mensagem logística apenas nos primórdios do século XX (CARVALHO; DIAS, 2004). Porém após a 2ª Guerra Mundial, na década de 1950, a logística passou a ganhar espaço no ambiente empresarial, deixando se ser tratada pelos indivíduos e passou a ser gerenciada pelas empresas de forma coordenada, considerando o inter-relacionamento das atividades (BALLOU, 2006). Nos anos 1960, a logística tinha principalmente, uma vertente operacional, vista como sistemas de atividades integradas, nos anos de 1970, passa a ser caracterizada por ter uma área funcional e estratégica, já nos anos 1980, a logística passa a ser vista como serviço, começando a aparecer os sistemas logísticos de informação, e nos anos 1990, surge a gestão da cadeia logística (CARVALHO, 2002).
Os primeiros registros dessa gestão coordenada foram formatados pelo engenheiro francês Jules Dupuit, por volta do ano de 1844, onde Dupuit fez relações entre os custos de transporte marítimo e terrestre de mercadorias, inserindo variáveis de risco (perdas e danos) e custos de armazenamento. Apenas no ano de 1961, foi publicado o primeiro livro-texto sugerindo os benefícios da logística coordenada: Physical Distribuition Management: Logistic Problems of the Firm, de Edward W. Smykay, Donald J. Bowersox e Fran H. Mossman (New York: Macmillan, 1961).
O Council of Logistics Management – Conselho de Gestão Logística, define logística como: “Um processo de planejamento, implementação e para controle da eficiência e da eficácia do fluxo e armazenamento de materiais (matéria-prima, em processo, e produtos acabados) e informação relacionada do ponto de origem ao ponto de destino com o propósito de satisfazer as necessidades do consumidor.”
Para a Association for Operations Management – Associação para gestão de operações, caracteriza-se como logística “Cadeia de Suprimento é uma rede global utilizada para entregar produtos e serviços desde as matérias-primas até os produtos finais, ao consumidor por meio da construção de um fluxo de informação, distribuição física e dinheiro”.
Por sua vez CHRISTOPHER (1999) traz como definição a logística “o processo de gerenciar estrategicamente a aquisição, movimentação e armazenagem de materiais, peças e produtos acabados com o fluxo de informações associado através da organização e seus canais de marketing, de modo a poder maximizar as lucratividades presente e futura através do atendimento dos pedidos a baixo custo”, pois os elementos de um sistema logístico não atuam de forma individual e se justificam pela contribuição que dão à performance total do sistema.
O CSCMP – Council of Supply Chain Management Professionals, organização de gestores logísticos fundada no ano de 1963, adota as seguintes definições (CSCMP, 2022): A gestão logística é a parte da gestão da cadeia de suprimentos que planeja, implementa e controla o fluxo e armazenamento de mercadorias, serviços e informações relacionadas entre o ponto de origem e o ponto de consumo de forma eficiente e eficaz. para atender aos requisitos dos clientes.
- Gestão Logística – Fronteiras e Relacionamento
As atividades de gerenciamento de logística normalmente incluem gerenciamento de transporte de entrada e saída, gerenciamento de frota, armazenamento, manuseio de materiais, atendimento de pedidos, projeto de rede logística, gerenciamento de estoque, planejamento de oferta/demanda e gerenciamento de fornecedores de serviços de logística terceirizados. Em graus variados, a função de logística também inclui fornecimento e aquisição, planejamento e programação de produção, embalagem e montagem e atendimento ao cliente. Está envolvido em todos os níveis de planejamento e execução – estratégico, operacional e tático. A gestão logística é uma função integradora, que coordena e otimiza todas as atividades logísticas, bem como integra as atividades logísticas com outras funções, incluindo marketing, vendas, fabricação, finanças e tecnologia da informação.
O termo mais novo é o de “gerenciamento da cadeia de suprimentos” (Supply Chain Management, em inglês), onde caracteriza-se a cadeia de suprimentos como um leque amplo do que apenas a logística, englobando não apenas o ponto de origem ao ponto de consumo, mas sim enfatizando interações que ocorrentes entre áreas de suprimentos, marketing e produção, principalmente a interação entre cada elo da cadeia.
6.3 Logística no canteiro de obras
Trazer a logística para o canteiro de obras envolve diversos fatores que podem ser divididos em dois tipos de atividades, onde a primeira, tem como principais compromissos, o transporte, gerenciamento de estoque e processamento de pedidos. Já a segunda parte envolve atividades ligadas à armazenagem, manuseio de materiais, as embalagens, as compras e ao sistema de informação.
Ter um bom gerenciamento é aplicar a logística no canteiro de obras pode trazer grandes benefícios para a obra, como por exemplo:
- Maior agilidade na resolução de problemas: Quando temos um sistema logístico eficiente é possível ter maior controle dos processos e gerenciamento integrado, localizando assim, com maior facilidade as falhas e consequentemente encontrar a resolução com maior agilidade, evitando o retrabalho, atrasos no cronograma e aumento da produtividade.
- Controle dos estoques: dentro do canteiro de obras é armazenado o material que será utilizado nas diversas fases do empreendimento, porém não é necessário ter grandes quantidades dos materiais e não pode ocorrer a falta deles, por isso quando o estoque é bem controlado e gerenciado, questões de falta ou excesso de materiais não ocorre visto que o setor de compras consegue identificar a hora certa de adquirir determinado produto de acordo com a evolução da obra, além de evitar o desperdícios de materiais que foram mal armazenados e estocados de maneira incorreta
Investir em logística dentro do canteiro é trazer organização e planejamento da localização da cada parte que agrega o canteiro, na circulação de materiais, funcionários e equipamentos. São diversos os segmentos logísticos dentro do canteiro que devem ser considerados para o planejamento durante todas as etapas do empreendimento.
Devemos levar em consideração toda a logística do Layout do canteiro, visto que esse segmento tem como objetivo a gestão de todos os fluxos ao longo de toda a obra e deve ser pensado de acordo com a NR18- Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção.
O layout deve ser bem planejado e diversos parâmetros devem ser levados em consideração para otimizar o tempo e minimizar a perda de recursos, pois quando não utilizamos soluções logísticas a entrega de produtos, movimentação de maquinário, deslocamento de mão de obra e materiais são afetados ocasionando assim a perda de produtividade.
Quando falamos de movimentação, dentro de uma obra temos grande fluxo de entrada de pedestres, veículos e maquinário durante todo o andamento da obra, por isso é necessário conhecer o volume de movimentação para identificar e programar o deslocamento de todos os envolvidos, entrega de insumos para cada fase.
O almoxarifado é um dos locais que possui maior relevância pois é onde temos os materiais e ferramentas e a logística de estoque tem como objetivo controlar a entrega dos insumos para economizar espaços e recursos. Hoje, a tendência é que os estoques sejam os menores possíveis, deixando armazenados somente os produtos necessários para a fase atual da obra e por isso é importante manter o controle das quantidades e possuir bons fornecedores para que as entregas sejam feitas no momento correto.
Nos almoxarifados, além da logística de estoques, outro segmento logístico que engloba é a do armazenamento, visto que a organização é essencial para possuir o controle de estoques além de garantir que os materiais estão sendo guardados nos locais corretos e de maneira correta, respeitando assim o limite de empilhamento e a proteção contra agentes externos para que nenhum dos insumos possam perder suas propriedades físicas.
Outro ponto importante é que os locais escolhidos sejam próximos das suas respectivas áreas de utilização para que não sejam necessários grandes deslocamentos, por isso é importante possuir uma boa logística de distribuição, pois com o planejamento do fornecimento de todos os materiais e ferramentas necessárias é possível monitorar todas as etapas previstas.
Quando ocorre o final de uma obra, mesmo com todo o controle dos estoques, pode ocorrer a sobra de materiais. Por isso a logística reserva é utilizada com o objetivo de evitar o desperdício e perda desses insumos não utilizados, dando assim uma nova finalidade, seja o envio para um outro empreendimento que pertença a construtora ou envio para almoxarifados centrais para uma utilização futura.
6.4 Recursos Tecnológicos aliados a Logística em Canteiro de Obra
O Aumento dos lucros e a retenção dos gastos na construção civil, estão representados na gestão e controle de prazos. A fim de atingir transformações no sistema construtivo, engenheiros, coordenadores e gerentes de obras começaram a enxergar que dos recursos tecnológicos, cumpria esse dever complexo em que a gestão se enquadra (BORGES, 2013).
Os recursos tecnológicos ganharam seu reconhecimento e entram como um aditivo na construção, podendo ser uma tecnologia manual ou a tecnologia que substitua pessoas. Soares e Carneiro (2016), explica que a construção abriga desde as indústrias de tecnologia de ponta e capital intensivo, como cimento, química e siderurgia, entre outros serviços relacionados, mas possuem baixa na tecnologia. A utilização dos recursos tecnológicos nas indústrias de fabricação de cimentos, por exemplo, está inserido também nas máquinas dos serviços que as pessoas fazem, diminuindo a fadiga do trabalhador, ajudando na melhoria à produtividade e o tempo em que o cimento é produzido, facilitando assim sua chegada ao ambiente da obra de maneira mais amplificada. (SOARES; CARNEIRO, et, al., 2016)
Recentemente, podemos contar com programas de desenho em computador e softwares capacitados para administração de calendários e empreendimento de obras, por exemplo. Contando com o apoio da tecnologia, o responsável adquire rapidez no planejamento e execução das obras, agilidade no monitoramento de seu desenvolvimento e também uma maior supervisão e assertividade dos percursos da construção (BORGES, 2013).
Por meio da aplicação de um software qualificado na indústria da construção civil, as tarefas se tornam mais dinâmicas, com menor existência de falhas nas previsões de tempo e investimento. Uma solução integral possibilita que a área de engenharia melhore seu serviço de modo ordenado, trazendo pleno controle entre o planejamento de obra e a assistência física das obras. (BORGES, 2013).
Uma ferramenta muito citada na atualidade é o BIM. Com o Building Information Modeling (Modelagem de Informações da Construção) ajuda na criação de modelos virtuais precisos de uma construção, do projeto estrutural ao hidráulico e elétrico. Depois de concluídos, esses modelos virtuais, contêm dados precisos para quem vai executar e fazer a gestão da obra (BOWERSOX; CLOSS, et. al., 2002).
O BIM também permite o compartilhamento de informações e combater retrabalho no canteiro de obras. Os envolvidos podem revisar e editar o projeto quantas vezes forem necessárias antes da execução (SOARES; CARNEIRO, et, al., 2016).
- Resultados e Discussões
Para uma boa obra ser concluída com excelência, notamos que diversos fatores são indispensáveis para o andamento das atividades dentro do canteiro de obra, conforme foi analisado e com base nos estudos para este artigo.
Ao longo de toda a revisão bibliográfica e pesquisa, podemos perceber que atualmente a gestão vem ganhando mais espaço dentro das construtoras, pois uma obra com uma gestão eficaz é capaz de sair dos imprevistos e situações críticas sem prejudicar o orçamento, qualidade do projeto e o ambiente de trabalho. Podemos utilizar como exemplo a Pandemia, onde foi necessário que as empresas adotassem novos protocolos para que não ocorressem atrasos nos prazos, que mesmo com o aumento dos preços dos insumos o projeto não saísse do que foi orçado, além de proteger os seus funcionários da contaminação do vírus.
Devemos nos atentar às metodologias de gestão atuais, que são extremamentes importantes para as construtoras, pois possuem como objetivo informar, orientar e padronizar os procedimentos, para uma melhoria contínua. Os métodos analisados no decorrer deste artigo são: KPI, PDCA e SCRUM; caracterizamos o KPI por ser um sistema focado em indicadores de desempenho e produtividade, o PDCA, é conhecido como Ciclo de Shewhart ou Ciclo de Deming, tem por objetivo notar problemas com maior facilidade, uma ferramenta que permite a implementação da filosofia do 5S, por sua vez o SCRUM é um software que conta com uma estrutura simples na ajuda de organização e gerar valores por meio de soluções adaptativas. Podemos observar os pilares principais de cada método listados na tabela abaixo:
Tabela 1 – Comparativo de métodos de gestão
Com a análise teórica de vários autores, foi possível determinar as recomendações gerais quanto à organização dos canteiros por meio do layout, instalações provisórias, segurança, movimentação e armazenamento de materiais, porém apesar de tais recomendações, os métodos de logística e gestão não são igualitários para todas as obras, hoje em dia os projetos desenvolvidos pelas construtoras visam ocupar o terreno, onde será construído o empreendimento na sua totalidade, cada vez mais aproveitando ao máximo o terreno, dificultando assim a disposição dos itens citados anteriormente.
Levando em consideração os primórdios da logística, que é um tema extremamente importante quando se trata de organização, planejamento e gestão de todo ou qualquer ambiente, trazemos sua evolução no decorrer de toda sua história, assim podendo mostrar seu desenvolvimento ocorrido entre os métodos construtivos que foram sendo empregados ao decorrer dos anos.
Tabela 2 – História da Logística
Figura 8 – A importância da logística
- Considerações finais
O objetivo geral desse artigo foi observar, analisar e compreender, a logística e gestão de canteiros de obras, de forma que as equipes trabalhem com mais produtividade, através da minimização das movimentações de materiais, mão de obra e componentes, aumentando a produtividade e reduzindo desperdícios.
Logo, uma obra com uma gestão e um planejamento logístico eficaz, consegue alcançar os seus objetivos, supracitados nesse artigo. E para isso, não são necessários grandes investimentos. Para trazer as práticas ao cotidiano pequenos ajustes, tanto no dia a dia da obra, quanto nas primeiras fases de planejamento, devem ser reforçados para que ao final tragam grandes benefícios às construtoras, assim prezando cada vez mais por produtividade e diminuir os números de desperdícios.
Ao se falar da logística temos diversos pontos a discutir, pois a mesma faz parte de todas as áreas do canteiro de obras, a começar pela logística de espaço, pois um canteiro limpo e organizado, onde os ambientes foram pensados para que facilitasse a locomoção de operários, materiais e maquinários traz grande agilidade no dia a dia, já que o funcionário não vai perder grandes períodos de tempo para chegar em um armazém, por exemplo, e consequentemente terá maior produtividade e aproveitamento no seu trabalho.
Assim, é nítido a necessidade de prever no projeto do canteiro todas as modificações que as diferentes etapas construtivas do empreendimento, a fim de evitar possíveis imprevistos que possam afetar o decorrer da obra.
Com o mundo sempre em constante evolução e com a tecnologia se inovando a cada instante e cada vez mais, a mesma se tornando presente ao nosso cotidiano, a utilização do Software e programas é quase que parte da nossa rotina, trazer essas tecnologias como aliado a na construção civil traz grandes benefícios para auxiliar os gestores nos controles de prazos e orçamentos ao decorrer do projeto, pois através deles conseguimos ver onde os recursos estão sendo depositados, se estão sendo bem aproveitados e não está ocorrendo desperdícios ou falta de matéria prima, e caso ocorra, temos a possibilidade de identificar onde está o erro e corrigir antes de maiores impactos.
Portanto, pode-se concluir que é crescente a preocupação com os temas aqui dissertados e a maior adesão, por parte das construtoras, a uma logística e gestão bem desenvolvida, pois é perceptível que uma gestão eficiente pode proporcionar importantes melhorias no processo produtivo, como promover a realização de obras com mais segurança, não gerando descontinuidade produtiva, como outros benéficios citados anteriormente. Assim, essas melhorias estão sempre inclusas nas empresas que optam por inovar e acreditam na evolução global da tecnologia e processos da gestão.
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