FATORES ASSOCIADOS À CAPACIDADE FUNCIONAL EM PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA SUBMETIDOS AO TRATAMENTO DE HEMODIÁLISE: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA

FACTORS ASSOCIATED WITH FUNCTIONAL CAPACITY IN PATIENTS WITH CHRONIC RENAL FAILURE SUBMITTED TO HEMODIALYSIS TREATMENT: AN INTEGRATIVE LITERATURE REVIEW

FACTORES ASOCIADOS A LA CAPACIDAD FUNCIONAL EN PACIENTES CON INSUFICIENCIA RENAL CRÓNICA SOMETIDOS A TRATAMIENTO DE HEMODIÁLISIS: UNA REVISIÓN INTEGRADORA DE LA LITERATURA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7380924


Ana Júlia Gittler Morais1
Thais Maria Cândido de Maciel2
 Wesley Martins3


RESUMO

Insuficiência renal é a condição na qual os rins perdem a capacidade de efetuar suas funções básicas, podendo ser aguda, quando ocorre súbita e rápida perda da função renal, ou crônica, quando esta perda é lenta, progressiva e irreversível. A hemodiálise está indicada para pacientes que sofrem com estas doenças, é um tratamento que realiza a filtragem das substâncias indesejáveis do sangue através de uma máquina. Portanto, este tratamento é imprescindível para manter a vida da pessoa que perdeu a função renal. Objetivou-se identificar e analisar na literatura nacional a qualidade de vida de pacientes portadores de Insuficiência Renal Crônica (IRC) em tratamento hemodialítico e descrever as dificuldades e desafios vivenciados. Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, realizada entre setembro a novembro de 2022. A coleta de dados foi realizada pela busca de artigos científicos publicados nos últimos seis anos na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS-BIREME) e no portal Scientific Eletronic Library Online (SCIELO). Foram encontrados sete estudos relacionados a temática, categorizados em duas categorias, sendo elas: estudos com foco na qualidade de vida voltado à hemodiálise; e estudo com foco na hemodiálise voltada para a assistência/cuidados de enfermagem. Ressalta-se a necessidade em demonstrar que os pacientes devem compreender ao tratamento de hemodiálise, e com a equipe de enfermagem devem desenvolver sua assistência pautada no individualismo e centrado nas necessidades de cada indivíduo, verificando sua qualidade de vida, bem como sua adaptação a doença.

Palavras-chave: insuficiência renal crônica; enfermagem; hemodiálise.

ABSTRACT

Renal failure is the condition in which the kidneys lose the ability to perform their basic functions, and can be acute, when there is a sudden and rapid loss of renal function, or chronic, when this loss is slow, progressive and irreversible. Hemodialysis is indicated for patients suffering from these diseases, it is a treatment that performs the filtering of undesirable substances from the blood through a machine. Therefore, this treatment is essential to maintain the life of the person who has lost kidney function. The objective was to identify and analyze in the national literature the quality of life of patients with Chronic Renal Failure (CRF) undergoing hemodialysis treatment and describe the difficulties and challenges experienced. This is an integrative literature review, carried out between September and November 2022. Data collection was carried out by searching for scientific articles published in the last six years in the Virtual Health Library (BVS-BIREME) and in the Scientific Electronic Library portal Online (SCIELO). Seven studies related to the theme were found, categorized into two categories, namely: studies focusing on quality of life related to hemodialysis; and a study focused on hemodialysis aimed at nursing assistance/care. It is emphasized the need to demonstrate that patients must understand the hemodialysis treatment, and with the nursing team they must develop their assistance based on individualism and centered on the needs of each individual, verifying their quality of life, as well as their adaptation to the disease.

Keywords: Cronic renal failure; Nursing; Hemodialysis.

RESUMEN

La insuficiencia renal es la condición en la que los riñones pierden la capacidad de realizar sus funciones básicas, y puede ser aguda, cuando se produce una pérdida repentina y rápida de la función renal, o crónica, cuando esta pérdida es lenta, progresiva e irreversible. La hemodiálisis está indicada para pacientes que padecen estas enfermedades, es un tratamiento que realiza la filtración de sustancias indeseables de la sangre a través de una máquina. Por tanto, este tratamiento es fundamental para mantener la vida de la persona que ha perdido la función renal. El objetivo fue identificar y analizar en la literatura nacional la calidad de vida de pacientes con Insuficiencia Renal Crónica (IRC) en tratamiento de hemodiálisis y describir las dificultades y desafíos experimentados. Se trata de una revisión integrativa de la literatura, realizada entre septiembre y noviembre de 2022. La recolección de datos se realizó mediante la búsqueda de artículos científicos publicados en los últimos seis años en la Biblioteca Virtual en Salud (BVS-BIREME) y en el portal Biblioteca Científica Electrónica en Línea (SCIELO). Fueron encontrados siete estudios relacionados con el tema, categorizados en dos categorías, a saber: estudios con foco en la calidad de vida relacionada con la hemodiálisis; y un estudio enfocado en hemodiálisis dirigido a la asistencia/cuidado de enfermería. Se destaca la necesidad de demostrar que los pacientes deben comprender el tratamiento de hemodiálisis, y con el equipo de enfermería deben desarrollar su asistencia con base en el individualismo y centrada en las necesidades de cada individuo, verificando su calidad de vida, así como su adaptación a la enfermedad.

Palabras Clave: Falla renal cronica; Enfermería; Hemodiálisis.

INTRODUÇÃO

Os rins são órgãos de grande importância, pois controlam o volume dos líquidos, além de produzir e secretar hormônios. O desequilíbrio dessas funções pode causar a insuficiência renal, uma doença em que os rins perdem a capacidade de remover e equilibrar fluidos no organismo, habitualmente as causas são desidratação, falta de sangue nos rins, obstrução do fluxo urinário, lesões no próprio rim, infecções, septicemia, uso de medicamentos por conta própria. Normalmente pode se desenvolver de forma aguda, quando há a capacidade de restaurar as funções, ou crônica, quando não há essa capacidade (NAISA, 2018).
No Brasil a insuficiência renal se tornou um problema de saúde pública, estudos epidemiológicos mostram que o número de pacientes em programa de diálise cresceu consideravelmente nos últimos oito anos (TERRA, 2010). Em 2009 apurou-se que havia cerca de 77.589 pacientes em diálise no Brasil e que a incidência de novos pacientes aumentou 8% ao ano e que os gastos com programas de diálise e transplante renal situam-se em torno de R$1,4 bilhões ao ano (TERRA e BASTOS, 2010).
O tratamento de hemodiálise é feito através de uma máquina, que fará a função de um rim, retirando as substâncias tóxicas, água e sais minerais. São realizadas terapias renais substitutivas, hemodiálise, diálise peritoneal e transplante renal (MOTTA, 2018). Destaca-se também a importância de realizar o tratamento com a dieta, restringir o consumo hídrico e o uso de medicamentos.
Diante do exposto, a presente pesquisa buscou identificar na literatura nacional e analisar os fatores associados à capacidade funcional em pacientes com Insuficiência Renal Crônica (IRC) submetidos ao tratamento de hemodiálise.

MÉTODO

Trata-se de um estudo de revisão integrativa da literatura, pela qual permite a construção de uma análise ampla da literatura, contribuindo para discussões sobre métodos e resultados de pesquisas, assim como reflexões sobre a realização de futuros estudos. Tal pesquisa abordará a questão de fatores associados a capacidade funcional em pacientes com insuficiência renal crônica submetidos ao tratamento de hemodiálise em âmbito nacional. 
A pesquisa foi realizada por meio dos estudos disponíveis na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS-BIREME) e no portal Scientific Eletronic Library On line (SCIELO). A coleta de dados ocorreu no período de setembro a novembro de 2022. 

Os critérios estabelecidos como inclusão nessa pesquisa foram: estudos completos e originais disponibilizados gratuitamente nesses bancos de dados previamente estabelecidos. Também foi estipulado o período de publicação entre os últimos seis anos (2017 a 2022), assim como estar publicado no idioma português.

Para a construção desta revisão integrativa da literatura, optou-se por adotar as etapas estabelecidas pelo método de Gil (2010). A seguir, serão descritos os procedimentos que utilizaremos:

  • 1ª: Identificação do tema e seleção da hipótese ou questão da pesquisa para elaboração da pesquisa integrativa.
  • 2ª: Estabelecimento de critérios para a inclusão e exclusão de estudos/amostragem ou busca na literatura.
  • 3ª: Definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados/categorização dos estudos.
  • 4ª: Avaliação dos estudos.
  • 5ª: Interpretação dos resultados.
  • 6ª: Apresentação da revisão/síntese do conhecimento.

Nos bancos de dados previamente estabelecidos, foram utilizados os seguintes descritores: “Enfermagem”; “Hemodiálise”; “Insuficiência Renal” para a eleição dos artigos científicos. Ressalta-se que em primeiro momento foram analisados os títulos e resumos de cada artigo, a fim de realizar uma primeira filtragem dos estudos relacionados ao tema proposto.

Após essa primeira seleção, os artigos selecionados passaram para análise completa, na qual as pesquisadoras analisaram a pertinência do estudo e a relação com a pergunta de pesquisa, totalizando somente os artigos que consigam responder à questão norteadora. Os dados levantados nessa pesquisa foram analisados de forma descritiva. 

    Por se tratar de um estudo de revisão integrativa da literatura, esse estudo não passou por análise do Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos (CEP), visto que nenhum dado individualizado foi levantado, todavia as pesquisadoras se comprometem em respeitar todas as questões éticas e legais regidos nas resoluções CNS 466/2012 e CNS 510/2015.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O estudo justifica-se pela significância profissional e social que o assunto consegue abordar, sendo necessário conhecer os materiais bibliográficos ligados à hemodiálise, se dado à pacientes com IRC, desde a concepção ao tratamento, verificando sua qualidade de vida, bem como sua adaptação a doença.

No Quadro 1 estão reunidos os artigos conforme a seleção. Estão organizados de acordo com as seguintes variáveis: Número do artigo, Título do estudo, Autores, Revista, e Ano de publicação e Objetivo.

Quadro 1

Distribuição dos artigos conforme as variáveis: Número do artigo, Título do estudo, Autores, Revista e ano de publicação, Objetivo.

Fonte: coleta de dados

Diante dos sete estudos levantados, elencamos duas categorias distintas para discussão, sendo elas: Estudos com foco na qualidade de vida voltado à hemodiálise; Estudos com foco em hemodiálise voltada para a assistência/cuidados da enfermagem (Tabela 1).

Tabela 1

Classificação dos estudos encontrados de acordo com as categorias temáticas

Fonte: Coleta de dados

Quanto as categorias criadas de acordo com os resultados encontrados, percebe-se que 57,14% dos estudos focaram na qualidade de vida voltada para a hemodiálise, enquanto 42,85% abordaram a hemodiálise voltada para a assistência e cuidados de enfermagem. A seguir serão discutidos separadamente cada categoria.

Estudos com foco na qualidade de vida voltado à hemodiálise

Ao abordar a categoria direcionada à qualidade de vida, pôde-se levantar os artigos A1; A3; A5 e A6.

O estudo A1 teve como objetivo avaliar a capacidade funcional e qualidade de vida dos pacientes com doença renal crônica hospitalizados, muitas pesquisas apontam que ocorre uma diminuição nas funções e na qualidade de vida de pacientes que realizam hemodiálise.

A metodologia utilizada no artigo foi quantitativa, descritiva e desenvolvimento transversal. Teve como público-alvo pacientes renais crônicos internados na clínica médica do HMS – Pará, a coleta de dados ocorreu em maio de 2018. O público-alvo foi composto por indivíduos maiores de 18 anos, de ambos os gêneros, com diagnóstico de DRC e em tratamento de hemodiálise. Foi aplicado três questionários: o primeiro para análise clínica, o segundo para avaliar a qualidade de vida dos indivíduos e o terceiro para avaliar a capacidade funcional. Os materiais coletados foram estudados por meio de estatísticas descritivas, levando em consideração a média, desvio de padrão e porcentagem.

Os resultados obtidos mostraram que os pacientes que participaram desse estudo, apresentavam um índice baixo referente a qualidade de vida, maioria dos casos eram do sexo masculino, sendo 63,60% comparado a 36,40% do sexo feminino. O estudo identificou que desses casos, 36,36% convivem também com outras comorbidades, como Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial, dificultando assim seu tratamento e melhora, e quando se trata de aspecto físico e mental, os pacientes sentem mais dificuldades, pois quando estão em tratamento dialítico limita-se muito a vida social dos mesmos. E apesar da porcentagem de pacientes do sexo feminino ter sido inferior, estas se encontravam em piores condições de saúde funcional e de qualidade de vida.

Em comparação com os dados desse estudo, uma pesquisa realizada por Pinheiro, et al., (2016), identificou que para que o indivíduo possa levar a vida sem maiores prejuízos nos hábitos de viver após a descoberta da doença e início do tratamento de hemodiálise, ele depende diretamente de algumas condições boas e favoráveis em seu cotidiano. A enfermagem tem como principal foco o cuidado e a assistência ao paciente, e estes, vão além dos procedimentos técnicos e requerem um estabelecimento de relacionamento cliente-profissional, a fim de entender as maiores necessidades do paciente para garantir um trabalho humanizado, preocupado com o ser cuidado.

Ao analisar o estudo A3, teve como objetivo analisar a habilidade dos pacientes que possuem a Doença renal crônica, de se auto cuidar e auto prover a qualidade de vida.

A metodologia utilizada foi a correlacional, de corte transversal, com abordagem quantitativa, realizada em uma unidade de terapia renal substitutiva, dados foram recolhidos através de um questionário de caracterização sociodemográfica, a escala de avaliação do agenciamento de autocuidado.

Os resultados obtidos mostram que os pacientes apontaram a importância de se praticar o autocuidado, já que a doença requer isso para a manutenção da vida, concluíram que os pacientes que possuem a doença desenvolvem um bom nível de capacidade de autocuidado. Confiasse que a pesquisa ajude positivamente, para que seja planejado estratégias de assistência para os pacientes renais crônicos, como por exemplo promover atividades lúdicas no momento em que realizam hemodiálise isso ajuda no desenvolvimento cognitivo, estimular o paciente a dormir as oito horas de sono necessárias, uma alimentação saudável e exercícios físicos, informações básicas aos pacientes minimizarão o impacto da doença, melhorarão as ações de autocuidado, como contribuirão com a melhoria da qualidade de vida.

Sobre esse aspecto, uma pesquisa realizada na Santa Casa de Misericórdia de Maringá-PR, apresentou as principais dimensões expostas pelos pacientes renais crônicos sujeitados ao tratamento de hemodiálise, constatou a prevalência de saúde mental 69,14%, dor 67,57%, estado geral de saúde 66,99% e capacidade funcional. Assim sendo, a necessidade de um atendimento que procure, ao mesmo tempo, dar conta dos aspectos físicos, emocionais, sociais, psíquicos e biológicos. Neste sentido, ações lúdicas e recreativas que favoreçam a integração social e alguns tipos de exercícios físicos podem contribuir para a melhora da qualidade de vida desses pacientes (CATTAI et al., 2007).

O estudo A5 objetivou analisar a qualidade de vida de pacientes que possuem doença renal crônica e que realizam hemodiálise.

A metodologia utilizada foi descritiva, transversal, foi realizado um questionário com 40 pacientes de uma unidade hospitalar de João Pessoa, Paraíba, no ano de 2016.

Os resultados mostram que a qualidade de vida de homens e mulheres, é a pior pontuação média para o alcance “Físico” e a melhor pontuação para o alcance “Relação sociais”. Sendo assim observa-se que a população afetada por IRC se situa em idade produtiva no país, influenciando diretamente o sistema previdenciário, aumentando os gastos com programas sociais que compõe a aposentadoria precoce e serviços de saúde, o tratamento afeta na condição física no paciente, fornece mudanças nas atividades diárias, os hábitos alimentares e na capacidade de trabalho.

As mulheres apresentam piora nesse domínio em relação aos homens, dificuldade diante do seu cotidiano, sua responsabilidade, de cuidar da casa e dos filhos, acarretando maios estresse físico. Sendo assim, uma abordagem ampla dessa questão deve ser realizada, inclui uma equipe multiprofissional e interdisciplinar, na questão da enfermagem, é indispensável o aprofundamento dos aspectos que mais acometem a qualidade de vida de homens e mulheres, para que possa acrescentar no planejamento de ações mais especificas e uma assistência mais afetuosa.

Sobre isso, um estudo realizado por Martins et al. (2005) mostrou que o estudo oferece subsídios para implementação de novas estratégias para melhoria na qualidade de vida e que esforços devem ser realizados no sentido de otimizar o tratamento hemodialítico tais como: hemodiálise diária, diálise no período noturno, visitas domiciliares, adequação do tratamento entre outros, visando apoiar essas pessoas no enfrentamento da doença renal crônica e seu tratamento, além de servir de motivação para novas pesquisas.

O estudo A6 teve como objetivo avaliar a qualidade de vida de pessoas com Insuficiência Renal Crônica (IRC) em tratamento hemodialítico por meio do instrumento Kidney Disease and Quality of Life – Short Form (KDQOL-SF™ 1.3), instrumento utilizado para avaliar a qualidade de vida dos indivíduos portadores da insuficiência renal crônica que realizam hemodiálise.

A metodologia utilizada nesse artigo foi quantitativa, transversal, pela qual foi utilizado instrumento elaborado pelos pesquisadores, contemplando questões sociodemográficas e aplicado o Kidney Disease and Quality of Life – Short Form (KDQOL-SF™ 1.3), os participantes do estudo foram pacientes renais crônicos em tratamento hemodialítico que foram escolhidos por meio de amostragem aleatória simples, e teve como critério de inclusão ter idade igual ou maior a 18 anos e estar realizando hemodiálise a mais de três meses. Como critério de exclusão, apresentar instabilidade clínica.

Os resultados do estudo revelaram o predomínio de mulheres em tratamento hemodialítico, além disso foi identificado que grande parte dos pacientes não possuíam expectativa de melhora da doença. Isso pode estar relacionado com as dificuldades de adaptação às mudanças impostas pela IRC e pelo tratamento hemodialítico, isso reflete na aplicação dos questionários, muitos entrevistados apresentaram dificuldade no entendimento das questões, foi necessário repetir muitas delas, mudando a linguagem para facilitar a compreensão, isso mostra que formas lóticas de ensinamento facilitam a adesão ao tratamento. 

A IRC causa um grande choque na vida dos pacientes, principalmente na área emocional, porque após o diagnostico a vida dos pacientes muda, passam a precisar de ajuda tanto para coisas básicas do dia-a-dia ou para o trabalho, então acaba dando margem para o paciente desenvolver ansiedade ou depressão, portanto é muito importante o apoio familiar e orientações dos profissionais da área da saúde, porque por ser uma situação nova, o enfermo acaba que não tem conhecimento suficientes para lidar com a aquele momento, então é de extrema importância o acompanhamento com uma  equipe multidisciplinar, que dará todo o suporte necessário nesse momento, e como consequência o paciente terá uma melhora significativa. 

Sobre o instrumento KDQOL-SF™ 1.3, mostrou-se eficiente para avaliar a qualidade de vida dos pacientes com IRC. A utilização do KDQOL-SF™ 1.3 serve como auxílio aos enfermeiros que trabalham nas unidades de hemodiálise, bem como aos demais membros da equipe de saúde. Utilizando o questionário periodicamente, é possível identificar os problemas que mais impactam na QVRS dos pacientes, subsidiando o planejamento do cuidado e a implementação de ações específicas de enfermagem.

Em comparação com os dados desse estudo, uma pesquisa realizada por Pinheiro, et al., (2016), levantou que vale ressaltar e observar com atenção que o tempo de tratamento de hemodiálise interfere nas dimensões do funcionamento físico, energia e fadiga, pois os mesmos alteram a capacidade de desempenhar as atividades diárias. Porém, o tempo de permanência na hemodiálise induz o paciente a buscar formas de lidar com as alterações dos domínios com o passar do tempo, sendo este um fator favorável a uma melhor qualidade de vida.

Estudos com foco na hemodiálise voltada para a assistência/cuidados de enfermagem

Ao abordar a categoria direcionada a assistência e cuidados de enfermagem, pôde-se levantar os artigos A2; A4 e A7.

Ao analisar o estudo A2, os autores objetivaram descobrir quais são as complicações que aparecem no decorrer das sessões de hemodiálise e as prováveis intervenções de enfermagem mais eficazes nos determinados momentos.

Quanto a metodologia, foi proposto um estudo descritivo e quantitativo, realizado em um hospital público na cidade de Brasília, Distrito Federal. As informações foram recolhidas por meio de um formulário e foram avaliadas características especificas, como por exemplo: prescrição da hemodiálise, sinais vitais e complicações no decorrer das sessões de hemodiálise.

Os resultados mostram que as principais complicações foram aquelas referente ao sistema hemodinâmico: hipotensão e arritmias. Foram avaliadas 31 sessões de hemodiálise, das quais, 15 desses pacientes encontravam-se gravemente doente com diagnóstico de insuficiência renal aguda; 87,1% dos pacientes apresentaram no mínimo uma complicação durante a sessão, e a média de complicações por procedimento foi de 2,6%. Foi observado a ocorrência de hipotermia, hipoglicemia, coagulação do sistema e falta de fluxo vascular.

Os autores afirmam que apesar dos evidentes avanços tecnológicos na área de hemodiálise e no uso de protocolos e técnicas seguras, ainda assim o paciente está propenso a complicações durante a terapia dialítica, o que exige do enfermeiro intensivista e nefrologista um amplo conhecimento clínico e um extenso recurso aplicado nesses procedimentos, deve ser desenvolvido um  planejamento  de  cuidados sistematizados  e  independente  dos  cuidados empregados na rotina diária deve ser construído para  que  auxilie  toda  a  equipe  de  enfermagem envolvida  na  diálise.  O uso de protocolos institucionais validados facilita e promove maior segurança nas intervenções realizadas.

Sobre esse aspecto, uma pesquisa realizada em Alfenas-MG levantou as principais complicações apresentadas pelos pacientes renais crônicos submetidos à hemodiálise, pelas quais perceberam predomínio da hipertensão arterial (62,7%), seguido de vômitos (44,8%), tontura (41,3%) e cefaleia (24,1%). Para tanto, nessas situações a equipe de enfermagem tem papel fundamental, tanto no suporte terapêutico como no auxilio e desenvolvimento de uma autoimagem positiva, descobrindo, junto ao paciente, novas maneiras de viver dentro de seus limites (TERRA et al., 2010).

O objetivo do estudo A4 foi mostrar as histórias de jovens e adultos que possuem a doença renal crônica e que realizam hemodiálise, os sintomas podem ser diferentes de paciente para paciente, o que acaba o confundindo com outras doenças, então isso o torna difícil de ser diagnóstico, quando paciente é diagnosticado é um momento muito singular, pois cada paciente reage de uma maneira, é um momento impactante, é lento o processo de entendimento e aceitação, momento de muita negatividade, mas o passo principal para a aceitação é a conformação e a conscientização do ser portador da doença

A metodologia proposta no estudo foi descritiva, exploratório, com abordagem qualitativa, a partir dos conceitos relacionados aos aspectos culturais. Os oito pacientes foram encontrados em um serviço de nefrologia, localizado em um município no sul do Brasil. Os critérios de inclusão foram: estar na faixa etária compreendida entre 20 e 41 anos; encontrar-se em tratamento hemodialítico há mais de seis meses.

Os resultados obtidos neste estudo ajudarão a compreender as peculiaridades da vida de jovens e adultos com DRC em hemodiálise, os primeiros sintomas de desordem do organismo os levam a buscar diagnóstico no sistema formal de saúde. Vale ressaltar que, apesar dos avanços significativos no sistema de saúde, ainda há obstáculos a serem superados ao longo do tempo, à medida que os acidentes detectados na fase de diagnóstico se tornam aparentes. que certamente agravarão a condição dos pacientes com DRC. Nesse sentido, é importante que os profissionais de saúde estejam preparados para cuidar desses indivíduos de forma única e holística, atendendo às necessidades individuais, para que o cuidado prestado atenda a uma condição tão marcante.

De acordo com a pesquisa realizada por Lata, et al., (2006), concluiu que a hemodiálise é um tratamento paliativo, pois não recupera integralmente a saúde do paciente, ocasionando desgaste físico, estresse mental e emocional. O enfermeiro, por meio do diagnóstico de enfermagem, pode sistematizar seu trabalho, oferecer cuidado e qualidade individualizada a essa clientela.

O estudo A7 teve por objetivo conhecer a percepção do paciente sobre sua condição enquanto doente renal crônico em hemodiálise e sustentou-se na necessidade de se conhecer a percepção da pessoa sobre sua condição, bem como os itinerários percorridos através de suas experiências no adoecimento e tratamento, permitindo assim a construção de olhar e cuidado mais qualificado a estes indivíduos.

Quanto a metodologia, utilizou-se de estudo qualitativo, do tipo exploratório, realizado por meio de entrevistas com enfoque na percepção da pessoa sobre sua condição enquanto doente renal crônico em hemodiálise. Foram considerados critérios de inclusão usuários atendidos pelo SUS em tratamento de hemodiálise, de ambos os sexos e com idade superior a 18 anos, e foram excluídos pacientes em isolamento de contato, confusão mental, ou que apresentassem alguma alteração emocional. 

Os resultados mostraram que todos, ao sentirem os sintomas, procuram primeiramente os serviços formais de saúde. Dos entrevistados, a maioria relatou ter descoberto a DRC através de exames clínicos, sendo acompanhados a partir de então exclusivamente pela clínica de especialidade renal, efetuando na mesma o tratamento hemodialítico. Em relação aos sentimentos vivenciados pelas pessoas que enfrentam uma IRC, a negação apareceu de modo recorrente, mostrando que, ao se descobrirem como portadores da doença, muitos não entendem a magnitude que se apresenta. 

Além disso, a maioria dos entrevistados possuem alguma comorbidade associada a DRC, a Diabetes Mellitus e a Hipertensão Arterial Sistêmica são importantes patologias que acabam ocasionando a manifestação da doença, geralmente quando não são tratadas, sendo assim a atenção primaria a saúde é a uma porta de entrada, então ela detém um papel muito importante na prevenção, a participação ativa das unidades primarias na prevenção de comorbidades é extremamente necessária, montar equipes multidisciplinares que ajudem e auxiliem os pacientes dando todo suporte necessário, porque com estratégias de prevenção automaticamente irá reduzir as taxas de DRC.

Sobre isso, uma pesquisa realizada por Ferreira, et al., (2020), identificou que é expressiva a prevalência de HAS, Diabetes na amostra estudada, sendo assim, fica evidente a importância da implementação de novas estratégias de abordagem terapêutica com o intuito de reduzir os impactos e as consequências da doença.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a aparição dos primeiros sintomas de Insuficiência Renal, é necessário que o paciente busque ajuda profissional para poder ter um diagnóstico concreto da doença. A doença afeta de forma direta o dia a dia do indivíduo, assim como sua qualidade de vida, necessitando de apoio nessa transição e adequação da nova rotina.

A equipe de enfermagem deve desenvolver sua assistência de enfermagem pautada no individualismo e centrado nas necessidades de cada indivíduo, englobando os familiares nesse processo adaptativo.

A ampliação de estudos voltados à temática é primordial, sobretudo envolvendo os familiares no processo de transição do cuidado ao indivíduo em terapia dialítica.

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1Discente concluinte do curso de Bacharelado em Enfermagem do Centro Universitário Dinâmica das Cataratas (UDC). E-mail: anagiitler@hotmail.com
2Discente concluinte do curso de Bacharelado em Enfermagem do Centro Universitário Dinâmica das Cataratas (UDC). E-mail: thaisde_maciel@hotmail.com
3Enfermeiro. Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP). Docente nos cursos de Enfermagem do Centro Universitário Dinâmica das Cataratas (UDC) e da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE). E-mail: wesley.martins@udc.edu.br