REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7365148
Janaina de Carvalho Vasconcelos Lacerda1
Co-autor: Prof. Dr. Saulo José Figueiredo Mendes2
RESUMO
INTRODUÇÃO: O profissional farmacêutico tem um papel muito relevante, entretanto sua atuação frente à pandemia da COVID- 19 nas farmácias comunitárias fez toda a diferença, sobretudo no que diz respeito aos cuidados contra a automedicação.
OBJETIVOS: Averiguar, através de um relato de experiência, em uma rede de farmácia comercial, os impactos e mudanças que a atual pandemia do coronavírus trouxe ao profissional farmacêutico. Trazendo assim embasamento teórico-prático para que gestores e administradores de farmácias comerciais possam atribuir medidas frente às implicações do Covid-19.
MÉTODOS: O estudo se caracterizou por uma pesquisa de caráter bibliográfico e descritivo, através de um relato de experiência sobre a participação do farmacêutico no contexto da farmácia comercial.
RESULTADOS: Este estudo foi constituído de um relato de experiência de caráter qualitativo, descritivo e exploratório a respeito do impacto da pandemia do Covid-19 no âmbito do trabalho do farmacêutico, realizada em uma rede de farmácia comercial do município de São Luís, Maranhão. Se baseou na experiência de um profissional farmacêutico que atua na área da farmácia comercial e contribui como responsável técnico no local. Foi acompanhado o cotidiano do profissional no funcionamento do estabelecimento, bem como as suas vivências e contribuição como farmacêutico na atenção e prestação de serviço aos pacientes da farmácia em meio a pandemia do Covid-19. As informações foram coletadas por meio de acompanhamento observacional, quanto à experiência do profissional na área da farmácia comercial.
CONCLUSÃO: O profissional farmacêutico dentro de suas habilitações é o mais capacitado para prestar orientação farmacêutica. Sendo importante em todo trajeto que medicamento traça até chegar ao seu consumidor final, pois ele está apto a criar e disseminar campanhas preventivas e políticas sobre o uso racional de medicamentos, minimizando a automedicação, de modo a garantir o bem estar da população
Palavra-chave: Coronavírus; Isolamento Social; Farmácia Comunitária.
ABSTRACT
INTRODUCTION: The pharmaceutical professional has a very relevant role, however his performance in the face of the COVID-19 pandemic in community pharmacies made all the difference, especially with regard to care against self-medication.
OBJECTIVES: to investigate, through an experience report, in a commercial pharmacy network, the effects and changes that the current coronavirus pandemic has brought to the pharmaceutical professional. Thus bringing theoretical and practical basis so that managers and administrators of commercial pharmacies can assign measures against Covid-19.
METHODS: The study was characterized by a bibliographical and descriptive research.
RESULTS: This study was acquired from an experience report of a qualitative, descriptive and exploratory nature regarding the impact of the Covid-19 pandemic on the scope of the pharmacist’s work, carried out in a commercial pharmacy network in the municipality of São Luís, Maranhão. It was based on the experience of a pharmaceutical professional who works in the area of commercial pharmacy and contributes as a technical manager on site. The daily life of the professional in the operation of the establishment was accompanied by him, as well as the experiences and contribution as a pharmacist in the care and provision of service to pharmacy patients in the midst of the Covid-19 pandemic. Information was collected through observational follow-up, regarding the professional’s experience in the field of commercial pharmacy.
CONCLUSION: Within their qualifications, the pharmaceutical professional is the most qualified to provide pharmaceutical guidance. It is important throughout the path that the medicine traces until it reaches its final consumer, as it is able to create and disseminate preventive campaigns and policies on the rational use of medicines, minimizing self-medication, in order to guarantee the well-being of the population
Keyword: CoronaVirus; Social Isolation; Community Pharmacy
1 INTRODUÇÃO
A assistência farmacêutica se estabelece em um conjunto de ações que estão entre a seleção, programação, aquisição, distribuição, dispensação dos medicamentos, além de garantir a qualidade dos produtos e serviços, bem como a sua avaliação e acompanhamento de sua utilização (BERMUDEZ, 2018). Para isto, é necessário que se disponha de recursos humanos qualificados na área da farmácia, aptos para lidar com diversos aspectos dos medicamentos (COSTA, 2017).
O profissional farmacêutico deve ser qualificado e preparado para selecionar os medicamentos mais seguros, eficazes e de melhor custo, a partir das necessidades e situação de seu paciente; armazenar; distribuir e transportar de forma adequada para que garanta a permanência da qualidade dos medicamentos; organizar estoques; elaborar e atualizar protocolos e diretrizes para garantir a qualidade e uso adequado dos medicamentos (SOUZA, 2017). Se tornando assim, o profissional fundamental em programas governamentais, serviços de saúde privados e farmácias públicas, onde ainda hoje, tem gerado diversos problemas de saúde pública por carência de profissionais atuantes (CHAVES, 2018).
O farmacêutico, e outros profissionais de saúde, são responsáveis pela promoção da saúde e bem-estar do paciente inserido na comunidade em que está atuando. James e Rovers (2003) identificaram quatro categorias de iniciativas que podem ser implantadas pelos farmacêuticos para a melhoria do estado de saúde da comunidade: “acompanhamento e educação do estado para o paciente; avaliação dos seus fatores de risco; prevenção da saúde; promoção da saúde e vigilância das doenças.” A promoção da saúde pode ser feita através da disposição de serviços de prevenção clínica, da vigilância e publicações em saúde pública e promoção do uso racional de medicamentos pela sociedade (PETTRES, 2018).
Segundo a OMS, em relação a medidas que podem ser adotadas para a promoção da saúde, o farmacêutico presente nas drogarias, farmácias comerciais ou farmácia privativa dos hospitais e unidades ambulatoriais de saúde, podem trabalhar sob os pontos da orientação o serviço de farmácia, do desenvolvendo as habilidades da comunidade e incentivando os indivíduos à ação comunitária (BRANDENBURG, 2020).
Visto a situação emergente que nos encontramos nos últimos dois anos, os sistemas de saúde de todo mundo correram seus olhos e atenção máxima ao cuidado e resguarda da população contra a ameaça do novo coronavírus. Hospitais, farmácias e outras instituições estabeleceram normas, diretrizes e protocolos para averiguar a segurança de pacientes e funcionários, onde muitas vezes foram necessárias mudanças completas em setores e funções de todo quadro (PETTRES, 2018).
O período da pandemia trouxe inúmeros desafios para o setor farmacêutico, com aumento na demanda de medicamentos e serviços. Isso porque as farmácias/drogarias estão abrangidas como estabelecimentos que realizam atividades essenciais durante o período de pandemia, por realizar a comercialização de produtos para saúde e pela prestação de serviços de saúde à população cabendo ao farmacêutico manter um controle estratégico na aquisição e dispensação de medicamentos, produtos e materiais essenciais no combate, prevenção e tratamento frente ao coronavírus, a fim de evitar a falta de qualquer item essencial durante o período pandêmico (CASSANO et al,. 2020).
De maneira geral, os principais serviços prestados nas farmácias e drogarias são a dispensação de medicamentos e assistência farmacêutica. A farmácia é o primeiro local em que pacientes buscam orientações ou um tratamento ao apresentarem sintomas de doenças comuns. Nesses casos, é muito frequente a prática da automedicação, um hábito que traz diversos riscos à saúde, sendo então uma das funções do farmacêutico na farmácia comunitária orientar o cuidado inicial ao paciente buscando a promoção do uso racional do medicamento (FITZGERALD et al., 2020).
A automedicação fundamenta-se pelo o uso de medicamentos sem a orientação ou prescrição médica. É uma forma muito comum de auto atenção à saúde, consistindo na utilização de um produto para tratar ou aliviar dores, seja por conta própria ou por indicação de pessoas não habilitadas. Infelizmente durante a pandemia houve um acentuado uso de medicamentos sem prescrição médica, sobretudo da Hidroxicloroquina. Algo preocupante que traz riscos seríssimos à saúde (MATTEDI et. al., 2020).
Diante desse contexto, torna-se relevante avaliar as atribuições do farmacêutico no período da pandemia e como esse profissional foi essencial na prestação de serviços e dispensação de medicamentos. Dessa forma, através desse trabalho, espera-se o reconhecimento do profissional, bem como evidenciar a sua relevância no cenário da saúde pública. Para isso, o atual trabalho visa averiguar, através de um relato de experiência, em uma rede de farmácia comercial, os impactos e mudanças que a atual pandemia do coronavírus trouxe ao profissional farmacêutico. Trazendo assim embasamento teórico-prático para que gestores e administradores de farmácias comerciais possam atribuir medidas frente às implicações do Covid-19.
2 MÉTODOS
O estudo se caracterizou por uma pesquisa de caráter bibliográfico e descritivo. Considera-se bibliográfica, porque para a fundamentação teórico-metodológica do trabalho foi realizada uma investigação baseada em diversas obras e autores. Sobre a pesquisa bibliográfica Fachin (2005), afirma que é um conjunto de conhecimentos reunidos em obras de toda natureza. Tem como finalidade conduzir o leitor a pesquisa de determinado assunto, proporcionando o saber. Ela se fundamenta em vários procedimentos metodológicos, desde a leitura até como fichar, organizar, organizar e resumir o texto; ela é a base para as demais pesquisas.
É descritiva, porque visou descrever as percepções do farmacêutico no combate a pandemia da COVID-19, a importância da sua atuação como um agente promotor do uso racional de medicamentos. Na pesquisa descritiva realiza-se o estudo, a análise, o registro e a interpretação dos fatos do mundo físico sem a interferência do pesquisador. A finalidade da pesquisa descritiva é observar, registrar e analisar os fenômenos ou sistemas técnicos, sem, contudo, entrar no mérito dos conteúdos (BARROS; LEHFELD, 2007).
Este estudo foi constituído de um relato de experiência de caráter qualitativo, descritivo e exploratório a respeito do impacto da pandemia do Covid-19 no âmbito do trabalho do farmacêutico, realizado em uma rede de farmácia comercial do município de São Luís, Maranhão. Se baseou na experiência de um profissional farmacêutico que atua na área da farmácia comercial e contribui como responsável técnico no local.
Foi acompanhado o cotidiano do profissional no funcionamento do estabelecimento, bem como as suas vivências e contribuição como farmacêutico na atenção e prestação de serviço aos pacientes da farmácia em meio a pandemia do Covid-19.
As informações foram coletadas por meio de acompanhamento observacional, quanto à experiência do profissional na área da farmácia comercial. Convém destacar que, por ser um relato de experiência, não foi necessária a apreciação do estudo pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade CEUMA (UNICEUMA). Para embasamento científico do relato de experiência, foram utilizadas base de dados, como a Scientific Eletronic Library Online (SciELO), PUBMED e Google Acadêmico, além de documentos oficiais e plataformas interativas do Ministério da Saúde, que apresentam estatísticas e informações sobre o controle da Covid-19.
A análise de dados foi realizada de maneira descritiva e qualitativa, no intuito de evidenciar o trabalho do profissional farmacêutico na farmácia comercial, seguindo a orientação metodológica de Minayo (2012), que preconiza as seguintes etapas analíticas: transcrição e leitura das informações, ordenamento dos dados, classificando-os em categorias e realizando a análise final.
3 RESULTADOS
Como resultado dessas a vivências do profissional farmacêutico na farmácia comercial observou-se que, durante a pandemia, houve um aumento expressivo das demandas e do trabalho dentro do ambiente da farmácia comunitária, foi verificado ainda que os diversos serviços e contribuições ali realizadas, como, por exemplo: a atenção farmacêutica; o cuidado farmacêutico quanto à prevenção, combate e tratamento dos sintomas da doença; o trabalho orientativo à população de orientar ações a fim de reduzir disseminação do vírus, os cuidados essenciais com a higiene pessoal, dentre outros foram de suma relevância para a população.
Em um primeiro momento foi feito um pequeno questionário com alguns farmacêuticos de uma farmácia comunitária, foram 5 no total. A pergunta-chave feita foi sobre a sua atuação durante a pandemia dentro do contexto de farmácia.
Foi unânime a resposta dos 5 profissionais, onde eles descreveram que foi um momento de caos, uma vez que além de estarem na linha de frente, como uma demanda muito maior de pacientes, tiveram ainda que lidar com aspectos emocionais tanto pessoais quanto dentro do próprio estabelecimento. O medo de contrair a doença e acabar levando para suas famílias, a grande quantidade de pessoas fazendo o teste rápido e positivando e ainda houve o grande problema da automedicação, sobretudo da Cloroquina.
Os profissionais ressaltaram que as mídias fizeram um desserviço muito grande ao disseminar FAKE NEWS de medicamentos supostamente bons para o COVID-19, o que fez com que piorasse muito o caos já instalado. A sobrecarga de trabalho também foi algo relevante, visto que devido a grande quantidade de pessoas houve uma necessidade maior de colaboradores fazendo com que aumentasse o volume de colaboradores.
Os profissionais também ressaltaram as incertezas que haviam dentro da própria farmácia: se estavam ou não doentes, se voltaria ou não para casa (no caso eles relataram que tinham receio de voltar pra casa e de alguma forma passar o vírus para seus familiares) e ainda havia os pacientes que chegavam em um estado emocional, em alguns casos, de muito medo, desequilíbrio e desinformados.
4 DISCUSSÃO
A farmácia se tornou um estabelecimento de saúde, onde é exigida a presença de um profissional farmacêutico em tempo integral. A farmácia, hoje, possui qualidade de farmácia clínica, onde o cliente passou a ser, de fato, um paciente, e os ambientes farmacêuticos vêm se qualificando cada vez mais e se diversificando, na busca incansável de levar aos pacientes mais informações e ações de promoção à saúde e à vida (MATTEDI et. al., 2020).
As farmácias representam um papel fundamental no sistema de saúde, pela população que atende e pela atribuição de zelar pela saúde pública e promover a assistência farmacêutica. As farmácias devem adotar medidas no sentido de proteger seus colaboradores e os cidadãos que a frequentam, bem como contribuir para a propagação de informações a respeito da COVID-19. Os serviços farmacêuticos devem ser realizados levando em consideração diversos aspectos, dentre eles: o suprimento de medicamentos, o gerenciamento do uso de medicamentos, o aspecto pessoal e o tratamento farmacoterapêutico (CFF, 2020).
Nesse período de pandemia, os farmacêuticos realizam, dentre outras atividades, o monitoramento das reações adversas de medicamentos, participam de consultas multidisciplinares, realizam a reconciliação de medicamentos e revisão de prescrições, buscam promover o uso racional de medicamentos e contribuem para a identificação de casos suspeitos ou confirmados da doença. Outra atividade de suma importância dos serviços farmacêuticos é a contribuição para evitar uma maior disseminação do vírus entre a comunidade como um todo (CRF/SP, 2020). (MUNHOZ et al., 2020).
No ambiente da farmácia comunitária, foi verificado os diversos serviços e contribuições ali realizadas, como, por exemplo: a atenção farmacêutica; o cuidado farmacêutico quanto à prevenção, combate e tratamento dos sintomas da doença; o trabalho orientativo à população de orientar ações a fim de reduzir disseminação do vírus, os cuidados essenciais com a higiene pessoal, dentre outros. (MUNHOZ et al., 2020).
A revisão de Monteiro FCC, et al., (2020) reforça que cabe ao farmacêutico e à equipe multiprofissional monitorar o uso destas medicações, por serem terapias novas com poucos indícios científicos, podendo acarretar agravos ou retardar a evolução clínica dos pacientes acometidos pela COVID-19.
De tal modo como Llamazares CMF e Briz EL (2020); afirma a contribuição da elaboração de protocolos clínicos no norteamento de condutas da equipe multiprofissional além de favorecer o desenvolvimento das atividades clínicas farmacêuticas. O cuidado com a estabilidade das drogas, seja posteriormente diluição ou reconstituição, foi fundamental para a economia e o aproveitamento de recursos escassos, na forma como conduzimos a farmácia satélite. O papel executado pelas farmacêuticas residentes em orientar nessas condutas foi de grande valia para minimizar a utilização dos poucos medicamentos.
Os cuidados farmacêuticos acerca dos pacientes acometidos pela COVID-19 foram muito além das alas hospitalares, a execução da atenção farmacêutica nas farmácias públicas e privadas foi essencial para o uso racional de medicações diante do desespero e caos gerados pelo não conhecimento de uma terapia específica e a disseminação rápida de muitas informações com ou sem respaldo científico.
Por fim, conforme Silva MJS, et al., (2020), a atuação dos farmacêuticos na pandemia determinada pela COVID-19 foi essencial, tanto no fornecimento e controle dos estoques dos medicamentos e materiais médico-hospitalares, como em suas atividades assistenciais clínicas, lidando com o uso seguro e racional de medicamentos, prevenindo erros relacionados a medicamentos.
A morbimortalidade relacionada a medicamentos é um importante problema de saúde pública; nesse sentido, a atenção farmacêutica objetiva a provisão responsável da farmacoterapia para alcançar resultados definidos que melhorem a qualidade de vida dos pacientes. A prática da atenção farmacêutica pode reduzir os problemas preveníveis relacionados à farmacoterapia (REIS, 2018).
O profissional farmacêutico busca a cada dia o seu espaço na farmácia; dentro de suas habilitações é o profissional capacitado para prestar assistência farmacêutica, cujo objetivo principal é conscientizar o indivíduo/paciente que os medicamentos utilizados corretamente e sob orientação médica propiciam alívio de males que afetam a sua saúde (SOUZA, 2008).
Condiz-se no resultado da evolução dos modelos de prática farmacêutica, diretamente vinculada à estruturação do complexo médico industrial; busca prevenir ou resolver os problemas farmacoterapêuticos de maneira sistematizada e documentada, envolvendo o acompanhamento do paciente com o responsabilizar-se para que o medicamento prescrito seja seguro e eficaz, e atentando para que as reações adversas proveniente deste sejam as mínimas possíveis e quando surgirem, que possam ser resolvidas imediatamente (REIS, 2018).
A base da Atenção Farmacêutica está no acompanhamento farmacoterapêutico dos pacientes, buscando a obtenção de resultados terapêuticos desejados por meio da resolução dos problemas farmacoterapêuticos; portanto, no contexto da automedicação é necessário que o profissional farmacêutico tenha como perfil de competência uma compreensão sobre os princípios que norteiam a Atenção Farmacêutica, como elemento da Assistência Farmacêutica (FREITAS, 2008);
Com a interação direta do farmacêutico, a Atenção Farmacêutica torna-se um novo modelo, centralizado no paciente; é uma alternativa que busca melhorar a qualidade do processo de utilização de medicamentos (REIS, 2018).
O farmacêutico tem ampliado o foco das suas ações, ao longo das últimas quatro décadas, da preparação de medicamentos para cuidado centrado no paciente, ampliando o rol de Serviços Farmacêuticos. A farmácia é uma instituição de saúde, de acesso fácil e gratuito, onde o usuário, muitas vezes, procura, em primeiro lugar, desinteressadamente, mas seguro, a orientação do farmacêutico.
Assim sendo, é imprescindível para este ter a noção exata de sua competência e dos seus limites de sua intervenção no processo saúde-doença, para que assuma a atitude correta, no momento oportuno, avaliando a situação do doente, conduzindo-o, se necessário, a uma consulta médica ou ao hospital, em caso de urgência. (SILVA, 2008).
A Assistência Farmacêutica trata de um conjunto de ações voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde, tanto individual como coletivo, tendo o medicamento como insumo essencial, visando o acesso e seu uso racional (BRANCO, 2012). Este conjunto envolve a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de medicamentos e insumos, bem como a sua seleção, programação, aquisição, distribuição, dispensação, garantia da qualidade dos produtos e serviços, acompanhamento e avaliação de sua utilização, na perspectiva da obtenção de resultados concretos e da melhoria da qualidade de vida da população.
Através da assistência farmacêutica, o farmacêutico passa a ser corresponsável pela qualidade de vida do paciente, pois como tem sua formação dirigida ao medicamento, torna-se o profissional capacitado em garantir a qualidade do mesmo e, consequentemente, de uma qualificada assistência farmacêutica por meio da orientação adequada sobre o uso do medicamento.
Nesse contexto, os sistemas de atenção à saúde devem estar organizados para oferecer uma atenção contínua e integral a diferentes grupos populacionais, considerando suas características singulares de saúde, que envolvem fatores sociais, econômicos e culturais (BRANCO, 2012).
Assim, os sistemas de atenção à saúde podem ser entendidos como respostas sociais deliberadas às necessidades de saúde da população, que se expressam em situações demográficas e epidemiológicas singulares (BARROSO, 2008).
No entanto, a falta de respostas oportunas a essas necessidades desencadeou uma crise nos sistemas de saúde, reflexo tanto da situação epidemiológica dominada pelas condições crônicas como da não garantia de continuidade do cuidado (BUCCI, 2013).
Contudo, para que a Atenção Básica à Saúde (ABS) possa resultar em todos esses benefícios, deve ser reformulada, a m de cumprir três papéis essenciais nas Redes de Atenção à Saúde: a resolução, ou seja, a capacidade para solucionar mais de 85% dos problemas de saúde de sua população; a coordenação, isto é, a capacidade de orientar pessoas, de informações e de produtos entre os componentes das redes; e a responsabilização, quer dizer, a capacidade de acolher e responsabilizar-se, sanitária e economicamente, por sua população (MENDES, 2010).
Neste meio entende-se que a qualificação do profissional é um importante ponto de destaque no mercado competitivo que resulta no uso seguro de instruções para aquisição de produtos e a maximização do custo-benefício diante da relação cliente/farmacêutico, além de ressaltar que a dispensação racional de medicamentos diminui a automedicação e melhora o tratamento dos usuários deste serviço diante de um monitoramento eficaz (BARCELOS, 2015).
Neste sentido, percebe-se que as farmácias da atualidade têm seu profissional farmacêutico não apenas para fiscalização de alguns serviços, gerando um enfoque na qualidade do serviço prestado aos seus clientes diante da promoção de saúde para garantir o uso correto de medicamentos diante da assistência. A Assistência Farmacêutica integra as diretrizes da Política Nacional de Medicamentos, devendo ser considerada como uma das atividades prioritárias da assistência à saúde, em face de sua transversalidade com as demais ações programas de saúde (BARROSO, 2008).
A importância do profissional farmacêutico, por meio da atenção farmacêutica como um elemento importante de formação humana na promoção da saúde. A profissão farmacêutica vem sofrendo transformações ao longo do tempo, desencadeadas pelo desenvolvimento e mecanização da indústria farmacêutica, aliada à padronização de formulações para a produção de medicamentos em larga escala e à descoberta de novos fármacos (FREITAS, 2020).
A morbimortalidade relacionada a medicamentos é um importante problema de saúde pública; nesse sentido, a atenção farmacêutica objetiva a provisão responsável da farmacoterapia para alcançar resultados definidos que melhorem a qualidade de vida dos pacientes. A prática da atenção farmacêutica pode reduzir os problemas preveníveis relacionados à farmacoterapia (REIS, 2018).
Condiz-se no resultado da evolução dos modelos de prática farmacêutica, diretamente vinculada à estruturação do complexo médico industrial; busca prevenir ou resolver os problemas farmacoterapêuticos de maneira sistematizada e documentada, envolvendo o acompanhamento do paciente com o responsabilizar-se para que o medicamento prescrito seja seguro e eficaz, e atentando para que as reações adversas proveniente deste sejam as mínimas possíveis e quando surgirem, que possam ser resolvidas imediatamente (REIS, 2018).
Destarte em 2020 a palavras COVID-19, Pandemia, Recursos escassos se tornaram desafios reais que se apresentaram nessa importante fase de residência. Uma farmácia satélite, que atendesse diversos setores que compunham esse quadro de atendimento ao COVID-19, parecia bastante racional. Interagir com a equipe multiprofissional, organizando protocolos em conjunto para uso seguro e racional de medicamentos, visto que estes estavam escassos, mostrou-se eficaz. Buscou-se também um trabalho de padronização de medicamentos, avaliação de estabilidade, aprazamentos simultâneos de mesmas drogas, o que muito colaborou nesse processo.
Com a interação direta do farmacêutico, a Atenção Farmacêutica torna-se um novo modelo, centralizado no paciente; é uma alternativa que busca melhorar a qualidade do processo de utilização de medicamentos (REIS, 2018).
A base da Atenção Farmacêutica está no acompanhamento farmacoterapêutico dos pacientes, buscando a obtenção de resultados terapêuticos desejados por meio da resolução dos problemas farmacoterapêuticos; portanto, no contexto da automedicação é necessário que o profissional farmacêutico tenha como perfil de competência uma compreensão sobre os princípios que norteiam a Atenção Farmacêutica, como elemento da Assistência Farmacêutica (FREITAS, 2008).
O profissional farmacêutico busca a cada dia o seu espaço na farmácia; dentro de suas habilitações é o profissional capacitado para prestar assistência farmacêutica, cujo objetivo principal é conscientizar o indivíduo/paciente que os medicamentos utilizados corretamente e sob orientação médica propiciam alívio de males que afetam a sua saúde (SOUZA, 2008).
5 CONCLUSÃO
A COVID-19 afetou toda a dinâmica e a rotina do farmacêutico dentro da farmácia comunitária, pois houve a necessidade de se adotar maiores esforços desde a dispensação de medicamentos, até o atendimento de forma rápida, segura e eficaz de clientes e pacientes que se dirigiam em busca de medicamentos e testes rápidos. Houve também a necessidade de se fazer treinamentos e capacitações de urgência dentro da farmácia, tanto presencial quanto online, de forma que se qualifique os farmacêuticos para atender toda a demanda que surgiu por conta da COVID-19.
Houve a necessidade de inovar também a maneira de se dispensar medicamentos e facilitar o acesso aos pacientes, pois o contato físico era proibido, o que alavancou extremadamente as vendas online, fazendo surgir a criação da telemedicina dentro do estabelecimento, facilitando juntamente com uma equipe multidisciplinar, o atendimento e a atenção farmacêutica, para facilitar a rotina de pacientes e farmacêutico, liberou a venda de medicamentos da portaria 344/98 de uso controlado através de receitas recebidas digitalmente.
Visando a proteção dos farmacêuticos, o CFF providenciou a compra de EPIS e aumentou regularmente a fiscalização dentro da farmácia, pois alguns farmacêuticos também foram acometidos pelo vírus da COVID-19.
A atuação do profissional farmacêutico ampliou consideravelmente dentro da farmácia comercial, e tais mudanças tendem a continuar mesmo após a pandemia, como a realização de testes rápidos para detectar o vírus da covid-19, a orientação ao uso racional de medicamentos, e a necessidade de se adaptar ao novo, trazendo assim uma maior valorização ao profissional aos dias atuais.
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1 Acadêmico do Curso de Farmácia, Universidade CEUMA.
2 Docente do Curso de Farmácia Universidade CEUMA.