OZONIOTERAPIA NO TRATAMENTO DO PÉ DIABÉTICO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7365506


João Victor Silva Rego1
Prof Mestre. Ademilton Costa Alves2


INTRODUÇÃO: A diabetes é uma doença caracterizada pelas altas taxas de glicemia no sangue. É uma condição que exige do paciente muita disciplina em relação ao controle do índice glicêmico, já que as quantidades elevadas de açúcar no sangue podem gerar complicações crônicas. O pé diabético ocorre quando o paciente, depois de se machucar ou ter uma infecção, desenvolve uma úlcera, ou ferida. O tratamento alternativo para o pé diabético com terapia de ozônio é indicado, inicialmente, porque as doenças vasculares dos pés são algumas das recomendações mais comuns de uso do ozônio medicinal. Isso por conta da ação antioxidante, antimicrobiana, aumento da irrigação sanguínea, reduzem o tempo de cicatrização. 

OBJETIVOS: realizar uma revisão integrativa com intuito de melhor compreender a importância da terapia integrativa denominada ozonioterapia no tratamento do pé diabético. 

MÉTODOS: Trata-se de um estudo retrospectivo, com revisão literária. A busca de dados foi realizada por meio de consulta a periódicos e posterior leitura minuciosa dos títulos e resumos de trabalhos completos. Utilizou-se como descritores de busca, tanto em português quanto em inglês, os termos: “Ozonioterapia; tratamento; e pé diabético”; ozone therapy; treatment; and diabetic foot, respectivamente, nas bases de dados, LiLACS e PubMed, no período de 30 de maio a 18 de novembro de 2022. 

RESULTADOS: Para seleção dos artigos ultilizados para escrita do presente trabalho, encontramos um total de 237 artigos relacionados com o título, destes 99 foram produções do LILACS e 138 da PubMed. Após a submissão gradativa aos critérios de exclusão adotados, o número de trabalhos diminuiu para 54. E apenas 11 trabalhos foram selecionados, apesar dos outros artigos científicos trazerem informações relevantes, acabaram fugindo do tema; ou tinham outros medicamentos relacionados ao ozônio; ou informações repetidas; 

CONCLUSÃO: os 11 autores que foram selecionados afirmaram que por meio dos seus estudos e pesquisas a ozonioterarapia é muito eficaz para a cicatrização do pé diabético. 

Palavra-chave:Ozônio; Terapia; Ferida do pé. 

ABSTRACT 

INTRODUCTION: Diabetes is a disease characterized by high blood sugar levels. It is a condition that requires the patient to be very disciplined about controlling the glycemic index, since the high amounts of sugar in the blood can lead to chronic complications. Diabetic foot occurs when the patient, after being injured or having an infection, develops an ulcer, or sore. The alternative treatment for diabetic foot with ozone therapy is indicated, initially, because vascular diseases of the feet are some of the most common recommendations for the use of medicinal ozone. This is because of the antioxidant action, antimicrobial, increased blood supply, reduced healing time 

OBJECTIVES: to carry out an integrative review in order to better understand the importance of the integrative therapy called ozone therapy in the treatment of diabetic foot. 

METHODS: This is a retrospective study, with a literature review. The search for data was conducted by consulting journals and then reading the titles and abstracts of complete papers. It was used as search descriptors, both in Portuguese and English, the terms: “Ozone therapy; treatment; and diabetic foot”; ozone therapy; treatment; and diabetic foot, respectively, in the databases, LiLACS and PubMed, in the period from May 30 to November 18, 2022. 

RESULTS To select the articles used to write this paper, we found a total of 237 articles related to the title, of which 99 were LILACS and 138 PubMed productions. After gradual submission to the exclusion criteria adopted, the number of articles decreased to 54. Although the other scientific articles brought relevant information, they ran away from the theme, or had other drugs related to ozone, or repeated information; 

CONCLUSION: the 11 authors who were selected stated that, through their studies and research, ozone therapy is very effective for healing the diabetic foot. 

Keyword: Ozone; Therapy; foot wound. 

1 INTRODUÇÃO 

O primeiro registro da diabetes aconteceu em 1550 a.C por Ebers, relatando sintoma de poliúria. Mas após séculos em 1674, Thomas Willis redescobriu o que os Indianos haviam descoberto a 400 a.C. que a urina se apresentava adocicada. Em 1776 o Dr. Matthew Dobson desenvolveu um método para determinar a concentração de glicose na urina, livrando os médicos do dissabor de provar a urina. Devido a poliúria muitos que estudavam a diabetes acreditavam que a doença seria um problema renal ou na bexiga, mas Thomas Cawley documentou no ano de 1778 que o pâncreas se apresentava atrofiado na autópsia de um paciente portador de diabetes. Os estudos sobre diabetes ocorreram por anos e entre 1835 e 1875 onde Lancereaux e Bouchardat observaram que havia dois tipos de diabetes, em pessoas jovens nas quais não eram obesos e em adultos obesos, desta forma, se iniciou a estratificação do que seria reconhecido em tempos atuais como diabetes tipo I e tipo II. Entretanto a doença só foi reconhecida como entidade clínica em 1812 (IDF 2022; VARELLA, 2020). 

Diabetes mellitus é uma doença cosmopolita sua incidência aumenta a cada ano, devido à máalimentação, falta de exercícios físicos e à obesidade. A diabetes mellitus (DM) é caracterizadapor um grupo de distúrbios metabólicos que resultam em níveis elevados de glicose no sangue, também chamada de hiperglicemia, que desencadeia dois grandes problemas. O primeiro a curto prazo, é a falta de glicose nas células, que elas precisam para funcionar adequadamente, no segundo ocorrerá uma lesão dos vasos sanguíneos após anos da doença, onde o excesso de glicose é tóxico para as células dos mesmos, fazendo com que àsartérias sofram progressivas lesões (SBD, 2017). 

Os principais tipos de diabetes mellitus (DM) são o tipo I e tipo II, a DM I é caracterizada como uma doença genética autoimune, onde o paciente apresenta deficiência de células betas pancreáticas como principal mecanismo de elevação da glicemia em jejum. A principal função da insulina é levar glicose para dentro das células, via receptor de insulina (transportador de glicose – GLUT), sem esse hormônio o organismo não consegue fazer a utilização de carboidratos para gerar energia. Por outro lado, a DM tipo II apresenta uma perda progressiva na secreção à insulina, combinada com resistência a insulina, ocasionando um aumento descontrolado. Entretanto, existe o grupo dos pré-diabéticos onde as células do seu corpo não respondem normalmente à insulina. O pâncreas produz mais insulina para tentar fazer com que as células respondam. Eventualmente, o pâncreas não consegue acompanhar a produções de insulina, causando um aumento no índice glicêmico, preparando assim o terreno para a diabetes tipo II no futuro. Desse modo, o indivíduo deve ffazer práticas de exercícios físicos, alimentação balanceada e terapia medicamentosa, para não evoluir para um quadro de DM tipo II (SOUSA et al., 2013; PAOLI; WERSTUCK, 2020). 

Segundo os dados da 10ª edição da Federação Internacional de Diabetes (IDF), a diabetes é uma das doenças que mais crescem no século XXI. Em 2021, onde mais de 537 milhões de pessoas são diabéticas, esse número está se projetando para chegar a 643 milhões em 2030 e 783 milhões até 2045. Além disso, estima-se que mais de 6,7 milhões de pessoas com idade entre 20 e 79 anos morreriam de causas relacionadas a diabetes em 2021. O número de crianças e adolescentes (ou seja, até 19 anos) que vivem com diabetes aumenta anualmente proveniente aos maus hábitos como alimentação desregulada, sedentarismo e obesidade. Outro motivo de alerta, é a expressiva porcentagem de 45% das pessoas com diabetes não diagnosticada referente a DM do tipo II. Isso destaca urgência na necessidade de melhorias para o diagnóstico de pessoas com diabetes, pois muitos não sabem que têm essa patologia (IDF,2021). 

Por se tratar de uma doença que evolui durante o tempo, os indivíduos acometidos com diabetes tende a piorar seu estado de saúde ao passar dos anos, devido as complicações derivadas de um mau controle glicêmico, o que afeta diretamente a qualidade de vida, assim gerando prejuízos no funcionamento físico, incluindo complicações de curto a longos prazos, como sintomas e efeitos colaterais das medicações. Os problemas nos pés representam uma das mais importantes complicações crônicas do diabetes mellitos, sendo assim espera-se uma prevalência ainda maior, considerando as precárias condições de vida bem como, dificuldades de acesso aos serviços de saúde e ausência de integralidade das ações de promoção, prevenção e tratamento (SANTOS et al., 2013). 

O pé diabético é uma complicação grave do diabetes mellitus, caracterizado por infecções, ulcerações ou destruições dos tecidos, associadas a anormalidades neurológicas e doença vascular periférica nos membros inferiores. Assim, quando se fala do pé diabético, deve-se ressaltar a sua fisiopatologia, que envolve a neuropatia sensorial e motora, a doença vascular periférica e o imunocomprometimento. As lesões geralmente ocorrem de traumas frequentemente que se complicam com gangrenas e infecções, ocasionadas por falhas no processo de cicatrização as quais podem resultar em amputação, quando não tratadas (SANTOS et al., 2013) 

A amputação é frequentemente necessária nos casos em que os pacientes apresentam infecções ou gangrena extenso, caracterizando membro não salvável, portanto, candidato à amputação. As chances de ter membros amputados são maiores nos diabéticos tabagistas. A nicotina existente no fumo provoca a vasoconstrição, que diminui o calibre dos vasos, dificultando a circulação do sangue. As úlceras do pé diabético geralmente resultam de uma combinação entre dois ou mais fatores de risco, como neuropatia e angiopatia, sendo que a infecção raramente é a causa primária do desenvolvimento da lesão ulcerativa. Estima-se que as úlceras nos pés se fazem presentes em aproximadamente 85% de todas as amputações diabéticas (PEDROSA et al., 2016). 

Dentre as terapias existentes a ozonioterapia se mostra uma terapia evolutiva, que alcança resultados com um curto tempo de tratamento e eficiência. A ozonioterapia designa qualquer técnica terapêutica que utiliza gás ozônio (O3) que é uma mistura gasosa de cerca de 95% de oxigênio e não mais que 5% de ozônio. O ozônio é um potente agente oxidante contra bactérias gram-positivas e negativas, vírus, protozoários e fungos. Sendo um agente terapêutico clínico avançado para o tratamento de feridas crônicas, incluindo úlceras, com melhorias significativas nos resultados de cicatrização rápida de feridas, na estimulação imunológica, no tratamento de todas as infecções. Quando o sangue é exposto ao ozônio, ele reage com a água do plasma e com os ácidos graxos insaturados presente nas membranas das células, originando o peróxido de hidrogênio (H202) (OLIVEIRA, 2016). 

O ozônio age nos patógenos destruído o revestimento celular das bactérias, fazendo uma oxidação dos fosfolipídios, lipoproteínas, com isso impedindo o crescimento em certas fases dos seus ciclos. A ozonioterapia utilizada para tratamententos do pé diabético tem se mostrado eficiencia na desinfecção da pele, pois remove as infecções oriunda de protozoários, secretando oxigênio na corrente sanguínea, aumentando a quantidade de glicólise nos glóbulos vermelhos, estimulando o difosfogliceratos que reduzem a afinidade da hemoglobina pelo oxigênio e facilitando sua liberação nos tecidos, sendo absorvido lentamente em grandes quantidades pela pele e oxidando as toxinas que são expelidas pela mesma em vez de armazená-las no fígado. Além disso, estimula o sistema imunológico a “limpar” as veias, artérias, reduz a inflamação, dor, estimulando a produção de hormônios e enzimas para níveis normais. A decomposição do ozônio em tecidos inflamados aumenta a disponibilidade de oxigênio, melhorando o metabolismo local, a reprodução do tecido, e reparo da mucosa (SHITE, 2016). 

Desde 2018, a ozonioterapia é utilizada como uma das modalidades de práticas integrativas e complementares em saúde incluídas pela Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), no Sistema Único de Saúde (SUS). Sendo assim, o ozônio tem um papel fundamental para o tratamento complementar das úlceras do pé diabetico, dentre outras lesões de base isquêmica e/ou infecciosa, pois, além de eliminar patógenos, aumenta aoxigenação tecidual desencadeando sucessivos processos de liberação de citocinas para reparação tecidual (SILVA LEMOS, 2018). 

Dessa forma, o presente trabalho tem como objetivo realizar uma revisão integrativa com intuito de melhor compreender a importância da terapia integrativa denominada ozonioterapia no tratamento do pé diabético.  

2 MÉTODOS 

Trata-se de um estudo retrospectivo, com revisão literária. A busca de dados foi realizada por meio de consulta a periódicos e posterior leitura minuciosa dos títulos e resumos de trabalhos completos. Utilizou-se como descritores de busca, tanto em português quanto em inglês, os termos: “Ozonioterapia; tratamento; e pé diabético”; ozone therapy; treatment; and diabetic foot, respectivamente, nas bases de dados, LiLACS e PubMed, no período de 30 de maio a 18 de novembro de 2022. 

Foram incluídos na pesquisa artigos de revisão de literatura, publicadas entre os anos de 2012 a 2022, nos respectivos idiomas que abordassem a temática proposta 

“OZONIOTERAPIA NO TRATAMENTO DO PÉ DIABÉTICO”. Como critérios de 

exclusão, descartou-se artigos científicos que não corroboram com o presente tema do trabalho e que não estão dentro do período de delimitação do artigo. 

Para a pré-seleção dos artigos foram realizadas fases de identificação; triagem; elegibilidades; inclusão dos títulos e resumos, sendo escolhidos os que abordassem o tema da pesquisa. Foram considerados apenas artigos que relatam a ozonioterapia no tratamento do pé diabético. 

Os detalhes dos artigos selecionados estão descritos no Quadro 1. 

3 RESULTADOS 

Para seleção dos artigos utilizados para escrita do presente trabalho, encontramos um total de 237 artigos relacionados com o título, destes 99 foram produções do LILACS e 138 da PubMed. Após a submissão gradativa aos critérios de exclusão adotados, o número de trabalhos diminuiu para 54. E apenas 11 trabalhos foram selecionados, conforme referenciado no Fluxograma 1. Após uma leitura minuciosa, apesar dos outros artigos científicos trazerem informações relevantes, acabaram fugindo do tema; ou tinham outros medicamentos relacionados ao ozônio; ou informações repetidas; ou abordando outros aspectos que não eram essenciais ao tema, foram lidos para determinar quais informações seriam extraídas, para serem usadas no presente estudo. A análise de dados ocorreu pela leitura minuciosa, dos estudos, possibilitando a extração das principais ideias de cada autor, considerando os resultados evidenciados e as conclusões de cada publicação. 

Conforme os critérios de inclusão e exclusão 11 artigos científicos foram selecionados, perante o fluxograma abaixo.

Fluxograma 1 – Seleção dos artigos

Fonte: Elaborado pelo autor (2022).

Quadro 1: Descrição sobre os artigos analisados, quanto a procedência, título do trabalho, autores, periódico e considerações relevantes do trabalho. 

Procedência Título do Trabalho Autores Periódico Considerações relevantes do trabalho 
PUBMED Efficacy of comprehensive ozone therapy in diabetic foot ulcer healing. Eficácia de ozônio abrangente terapia no pé diabético cicatrização de úlcera. Izadi et al., 2018 Diabetes Metab Syndr .2019 Jan-Fev;13(1):822- 825. doi: 10.1016/j.dsx.2018.11.060. Epub 2018 1 de dezembro. Todos os pacientes tiveram fechamento completo da ferida no pé no grupo que utilizou o ozônio. A média de idade dos pacientes incluídos nos resultados foi de 59 anos ± 12,593 e 53 anos ± 10,212 para o grupo ozônio e grupo controle. 
PUBMED Os efeitos terapêuticos da ozonioterapia ao portador de pé diabético: uma revisão integrativa da literature Neves e Araújo et al.,2019 CESUPA (8), 58274–7932. Os estudos apresentaram benefícios, destacando-se o uso do ozônio na redução do crescimento bacteriano, diminuição da infecção, redução das chances de amputações e aceleração da reparação tecidual no pé diabético. 
LILACS Benefícios da ozonioterapia no tratamento de úlceras nos pés em pessoas com Diabetes Mellitus Batista et al.,2021 Enterostomal Ther., 2021, 19: e1821. O uso da ozonioterapia apresentou diversos benefícios no progresso do reparo tecidual de úlceras nos pés em pessoas com diabetes, aumentando o tecido de granulação, promovendo atividades antissépticas e bactericidas e prevenindo o estresse oxidativo. 
LILACS Efeito da Ozonioterapia na cicatrização de feridas do pé diabético Marchesini e Ribeiro 2020 Fisioter Bras v. 21, n. 21, (3):281-8 No presente estudo pode-se obsevar o expresivo efeito do ozônio sobre as bactérias multirresistentes, Pseudomonas aeruginosa, obteve-se uma redução de 99% de unidades formadoras de colônias e houve uma diminuição de 45,5cm² da lesão tecidual no pé diabético. 
PUBMED Influência da ozonioterapia na cicatrização de úlceras do pé diabético Mota et al., 2020 Brazilian Journal of Development, 6(8), 58274–58286. O tratamento convencional para feridas do pé diabético é ineficiente devido à multiplicação de bactérias resistentes. Para infectados, inicialmente pode-se empregar o ozônio como desinfetante, pois o gás é tanto bactericida como fungicida, e para se obter uma ferida livre de patógenos; pode- 
    se aplicar doses baixas posteriormente da mistura gasosa oxigênio-ozônio para acelerar a cicatrização da lesão. 
LILACS O uso da terapia com ozônio no tratamento do pé diabetico :revisão integrative Tanaka et al., 2020 Research, Society and Development, v. 9, n. 12, e44791211319, 2020 O uso do ozônio como uma modalidade promissora de tratamento, que proporciona redução do tempo de cicatrização e melhora no aspecto das lesões. Contudo, nem todos os estudos apresentam o tempo de aplicação e a via de tratamento. Há a necessidade de novas pesquisas para criar padronizações ou protocolos, a fim de otimizar a qualidade de atendimento aos pacientes com pé diabético 
LILACS Ação da ozonioterapia nas úlceras no pé diabético Pinheiro 2019 Revista Cathedral, 3(2), 82-90. Há uma escassez literária quanto a eficácia desse tipo de tratamento com ozonioterapia para o pé diabético, porém segudo o autor, há evidências que a terapia com ozônio é potencialmente eficaz para o tratamento de feridas crônicas, em especial, nas feridas do pé diabético, potencializando a cicatrização e fechamento total dessa ferida complexa. 
LILACS Influência da ozonioterapia na cicatrização de úlceras do pé diabético Crispim et al., 2019 UniCEUB , v. 7, n. 11, e4714027484, 2019 Dentre as formas de tratamento com ozônio estão a utilização de óleo ozonizado sobre a ferida e a aplicação local de uma mistura de gases ozônio e oxigênio diretamente sobre a úlcera no pé. Além disso, o ozônio funciona bem quando insuflado em microambiente controlado (saco plástico). A ozonização, quando comparada ao uso de antibióticos convencionais, pode reduzir o tamanho das lesões e abreviar o tempo de internação dos pacientes a curto prazo, mas aparentemente não promove a cura total da úlcera nem reduz o número de complicações. 
LILACS O aumento dos fatores de crescimento desempenha um Zhnag et al., 2014 Philozon, Austin, [sv], [sn], p.1-8, 2014. O presente estudo avalio se 50 pacientes com ulceras nos pés, onde foram divididos 
 papel na cicatrização de feridas promovida pela terapia não invasiva com oxigênio-ozônio em pacientes diabéticos com úlceras nos pés   em dois grupos: controle tratado, onde o paciente utiliza terapia padrão; e o grupo de ozônio, tratado com terapia padrão associado ao oxigênio-ozônio. A taxa efetiva do grupo ozônio foi significativamente maior do que a do grupo controle (92% versus 64%, P < 0,05). A redução do tamanho da ferida foi significativamente maior no grupo ozônio do que no grupo controle (P < 0,001) 
 PUBMED Ozone therapy effectiveness in patients with ulcerous lesions due to diabetes mellitus Eficácia da ozonioterapia em pacientes com lesões ulcerosas por diabetes mellitus Rosul & Patskan 2016 Wiad Lek. 2016;69(1):7-9. PMID: 27162287. O uso do ozônio tem efeito clínico evidente, afetando significativamente o curso das fases do processo da ferida, promove a melhora dos índices de peroxidação lipídica e de proteção antioxidante, reduz o tempo de internação e o prazo de tratamento de pacientes com pé diabético. 
PUBMED Apresentação de um caso de pé diabético neuro-infeccioso tratado com terapia de ozônio Fernandez et al 2015 Revista CENIC Ciencias Biológicas, 28 (2), 302- 310. São conhecidos os efeitos biológicos da Ozonioterapia tanto na fase pré-clínica, quanto clínica, e dentro desses efeitos biológicos da terapia com ozônio no pé diabético estão: a estimulação dos antioxidantes, efeito imunomodulador, efeito germicida contra bactérias, vírus, protozoários e cogumelos. Por outro lado, sabe-se que as complicações do paciente podem alterar a forma do tratamento e as dosagens de ozônio, sendo elas o pé diabético neuroinfeccioso associado a imunodeficiência e o estado séptico do paciente, que em muitas ocasiões pode ser prejudicial à vida do paciente. 

4 REVISÃO INTEGRATIVA 

Os estudos de Marchesini e Ribeiro (2020) ressaltam que a terapia com o ozônio traz resultados positivos no reparo tecidual, além de atuar de modo eficiente em outras condições patológicas e fisiológicas. Pode ser considerada uma vantagem para a saúde pública já que é uma alternativa de baixo custo que promove a aceleração do processo cicatricial e que pode ser uma alternativa complementar ao tratamento de feridas do pé diabetico. A cicatrização de feridas é um processo complexo; portanto, não é possível determinar com exatidão a porcentagem de ozônio responsável, mas, de acordo com a literatura, nosso relato de caso confirma um importante envolvimento da ozonioterapia no reparo tecidual quando os tratamentos tradicionais não são adequados. 

Acrescentam os autores Rosul & Patskan, (2016) que além de sua ação antimicrobiana, a administração de ozônio tópico estimula a angiogênese, o que aumenta a irrigação da área atingida, melhora os índices de peroxidação lipídica e de proteção antioxidante e diminui o tempo de cicatrização. Consequentemente, isso reduz o tempo de internação e o risco de amputação do pé diabetico. O ozônio na forma tópica como adjuvante é uma alternativa ideal para reduzir o uso de antimicrobianos, já que não possui efeitos adversos, exceto quando há superdosagem, podendo ser usado por longos períodos, o que não é indicado para os antibióticos. 

Em concordância, Neves e Araújo et al., (2019) expressam que o ozônio ganha o comportamento de potencial tratamento complementar para úlceras do pé diabético, dentre diferentes lesões de base isquêmica e/ou infecciosa, pois, além de eliminar patógenos, aumenta a oxigenação do tecido, desencadeando sucessivos processos de liberação de citocinas, para reparação tecidual. Contribui Fernandez et al., (2015) que ao tratarem o pé diabético neuroinfeccioso com ozonioterapia, perceberam melhora do quadro clínico, com desaparecimento de área necrosada, diminuição significativa das úlceras, presença de tecido de granulação e ausência de sinais de infecção. 

Pinheiro (2019) assinala que a associação da ozonioterapia com a terapia convencional favorece a cicatrização da úlcera em pé diabético. Onde essa técnica apresenta fortes propriedades antissépticas, com aumento oxigenação local, a aceleração e a reparação tissular, no entanto, mais pesquisas devem ser realizadas para consolidação desses achados e garantir a consistência antes que a prática clínica possa ser considerada isoladamente eficaz. 

Segundo Mota et al., (2020) há um crescente interesse pela comunidade científica e boa aceitação do tratamento com ozônio pelas revistas acadêmicas, apesar do número de pesquisas acerca do assunto não ser extenso. Diversos trabalhos demonstraram resultados positivos da utilização de ozônio como adjuvante da terapia convencional para úlceras do pé diabético, e concluíram que a ozonioterapia é uma ferramenta terapêutica complementar ao tratamento convencional. No entanto, esses pesquisadores reinteram ainda que há muito a esclarecer acerca do tema e mais pesquisas devem ser conduzidas com metodologia apropriada para que a utilização do ozônio seja validada e amplamente aceita pela comunidade acadêmica e pelos profissionais da saúde. 

Crispim et al., (2019) afimam que a ozonioterapia associada à terapia convencional favorece a cicatrização da úlcera em pé diabético, provavelmente porque apresenta fortes propriedades antissépticas, com maior oxigenação no local, devido à neovascularização induzida e acelera a reparação tissular. Em concordância o autor Zhnag (2019) acrescenta que além de acelerar a reversão de quadros mais graves, sessões regulares de ozonioterapia ajudam o corpo a combater os efeitos nocivos da patologia e auxilia os pacientes na manutenção dos níveis de insulina. 

Izadi et al., (2018) expressam sobre o gás ozônio ser um potente atuante oxidante em oposição as bactérias gram-positivas e negativas, vírus, protozoários e fungos. Por isso é um poderoso atuante terapêutico clínico avançado para o tratamento de feridas crônicas como o caso do pé diabético, abrangendo as úlceras com progressos muito expressivos em suas decorrências de cicatrização rápida de feridas, na estimulação imunológica e no tratamento de toda e qualquer infecção. 

Sobre o pé diabético Batista et al., (2021) discorrem que a ozonioterapia demonstrou ser uma técnica bastante favorável. Pacientes tratados pela medicina tradicional, conjuntamente com a prescrição dessa terapia em caráter complementar e integrativo, alcançaram resultados mais satisfatórios, seguros e custos reduzidos nas contas médicas. Assim, foi notável o sucesso no tratamento de feridas e ulcerações de difíceis cicatrizações, devendo ser implementada na saúde pública em benefício às pessoas que são acometidas por essa enfermidade. 

Tanaka et al., (2020) confirmam que a cerca de estudos futuros é relevante a inserção de maior detalhamento das aplicações de ozônio e inclusão de delineamentos com ensaios clínicos randomizados, tendo em vista o contínuo aprimoramento a ser realizado nos processos de padronização e/ou criação de protocolos, objetivando trazer evidências mais concisas sobre essa terapia. Por fim, esse baixo custo no tratamento e a demonstração de resultados satisfatórios enaltecem a necessidade de desenvolver cada dia mais a ozonioterapia com uma terapia integrativa associativa na cicatrização de feridas do pé diabético. 

5 CONCLUSÃO 

Conclui-se que essa técnica integrativa denominada ozonioterapia usada no tratamento do pé diabético, reduz o tamanho das lesões, diminui o tempo de internação a curto e logo prazo e diminui significativamente as chances de amputações. O ozônio apresenta fortes propriedades antissépticas, aumento da oxigenação local, aumento da irrigação sanguínea, aumento da aceleração e reparação tissular. 

No entanto, ainda há muito a esclarecer acerca do tema e mais pesquisas devem ser conduzidas com metodologia apropriada para que a utilização do ozônio seja mais bem validada e amplamente aceita pela comunidade acadêmica e pelos profissionais da saúde. 


REFERÊNCIAS 

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