O USO DE FITOTERÁPICOS E PLANTAS MEDICINAIS PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE DA MULHER

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7368683


Gessyka de Jesus Silva Sousa1
Prof. Dr. Matheus Silva Alves 2


RESUMO

INTRODUÇÃO: O uso de fitoterápicos e plantas medicinais para a promoção da saúde tomam um lugar distinto na vida humana e sobretudo na saúde da mulher, desde os primórdios da humanidade até os dias de hoje. Isso porque as plantas tem grande impacto no que diz respeito a algumas enfermidades. Justifica-se a realização desta pesquisa pela necessidade de trazer por meio de estudos a importância da fitoterapia na saúde da mulher, no qual possui um papel fundamental no fortalecimento da prática de cuidados femininos, pois existem uma variedade de plantas que podem auxiliar desde os incômodos com a menstruação até alterações hormonais do organismo.

OBJETIVOS: apresentar o conhecimento e as práticas dos Fitoterápicos e Plantas medicinais do cuidado a saúde da mulher. Como objetivos específicos têm-se de identificar as principais plantas e fitoterápicos usuais na saúde da mulher, pontuar a inserção das práticas integrativas e complementares no SUS, elencar os benefícios do uso de plantas medicinais para a saúde da mulher e identificar o papel da atenção farmacêutica para o uso de plantas medicinais. 

METÓDOS: A seleção de publicações (artigos científicos, teses e dissertações), foi realizado atendendo ao recorte temporal de publicações entre 2017 a 2022, durante o mês de setembro de 2022. Sendo identificadas publicações nas bases de dados SCIELO, Google Acadêmico e BVS (Web of Science e Biblioteca Digital de Teses e Dissertações).  Foram considerados como critérios de inclusão: artigos que abordam o tema, dentro do recorte temporal entre 2017 a 2022 e escritos em língua portuguesa. Quanto aos critérios de exclusão: artigos que não contemplem a temática e que não estão de acordo com os critérios de exclusão estabelecidos

RESULTADOS: O emprego de práticas naturais na saúde da mulher provém de séculos, de zelos especialmente nos momentos de gestação, parto, puerpério e menstruação, onde as mães, parteiras e curandeiras sugeriam plantas para vômitos, anemia na gravidez, náuseas, cólicas e o eficaz desenvolvimento fetal, abortos e contrações uterinas para o parto. 

CONCLUSÃO: O consumo das plantas medicinais pode estar ligado de acordo com a cultura sobre as suas mais diversas formas de preparos, a aromatização e a conservação de alimentos são uma dessas formas também na utilização das mesmas, sendo bastantes usadas também na produção de fitoterápicos pelos os seus benefícios.

Palavras Chaves: Fitoterapia; Plantas Medicinais; Saúde da Mulher; Farmácia.

ABSTRACT

INTRODUCTION: The use of herbal medicines and medicinal plants for health promotion takes a distinct place in human life and especially in women’s health, from the beginning of humanity to the present day. This is because plants have a great impact with regard to some diseases. This research is justified by the need to bring through studies the importance of phytotherapy in women’s health, in which it has a fundamental role in strengthening the practice of female care, since there are a variety of plants that can help from the discomforts menstruation to hormonal changes in the body.

OBJECTIVES: to present the knowledge and practices of Herbal Medicines and Medicinal Plants for women’s health care. As specific objectives, it is necessary to identify the main plants and herbal medicines used in women’s health, point out the insertion of integrative and complementary practices in the SUS, list the benefits of using medicinal plants for women’s health and identify the role of pharmaceutical care for the use of medicinal plants.

METHODS: The selection of publications (scientific articles, theses and dissertations) was carried out considering the time frame of publications between 2017 and 2022, during the month of September 2022. Publications were identified in the SCIELO, Google Scholar and VHL databases ( Web of Science and Digital Library of Theses and Dissertations). Inclusion criteria were: articles that address the theme, within the time frame between 2017 and 2022 and written in Portuguese. Regarding the exclusion criteria: articles that do not address the theme and that do not comply with the established exclusion criteria

RESULTS: The use of natural practices in women’s health comes from centuries, from zeal especially during pregnancy, childbirth, puerperium and menstruation, where mothers, midwives and healers suggested plants for vomiting, anemia during pregnancy, nausea, colic and the effective fetal development, abortions and uterine contractions for childbirth.

CONCLUSION: The consumption of medicinal plants can be linked according to the culture on its most diverse forms of preparation, flavoring and food preservation are one of these ways also in their use, being also used a lot in the production of herbal medicines by its benefits.

Keywords: Phytotherapy; Medicinal plants; Women’s Health; Pharmacy.

1 INTRODUÇÃO

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), saúde é definida como uma condição de total bem-estar mental, físico e social, caminhando para além da ausência de adoecimentos. Possuindo como sustentação essa condição, apresenta programas e políticas de atenção completa à saúde feminina (OPAS, 2018).

O Ministério da Saúde, no ano de 1983, determinou o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), onde incorporou novas perspectivas de saúde, com práticas mais eficientes, associando grupos sociais diferentes, onde a população feminina está inclusas (BRASIL, 2011b, SILVA; ANDRADE e BOSI, 2014). Conforme Rodrigues; Amaral (2012) a utilização da natureza para fins terapêuticos é tão antiga quanto a civilização humana e, por muito tempo, produtos minerais, de plantas e animais foram fundamentais para a área da saúde. 

Em conformidade com o Ministério da Saúde (2015) as Práticas Integrativas e Complementares (PIC) são modelos médicos e recursos terapêuticos complexos empregados para promoção da ampla atenção em saúde, respeitando a cultura, liberdade e o espaço das pessoas. Dessa maneira, como decorrência da transformação de paradigmas associados à auxílio em saúde, da procura da população, de sugestões da Organização Mundial de Saúde (OMS) e de normas nacionais associadas ao tema, em 2006, tornou-se reconhecida a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no Sistema Único de Saúde SUS (PNPIC). Esta política possui como finalidades: a implementação e a incorporação das PIC no SUS, a racionalização de serviços de saúde, o incentivo da participação social e a elevação da resolutibilidade do Sistema.

Perante este cenário que o Brasil regulariza a utilização de fitoterápicos e de plantas medicinais (PM) através da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares do Sistema Único de Saúde (PNPIC) e pela Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (ANVISA 5813/06). Evidencia-se que, conforme a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), fitoterápicos são itens conseguidos a base de plantas medicinais com utilidade curativa, profilática ou paliativa, adquiridos de matérias-primas vegetais, onde a sua eficiência e garantia são autentificadas através de indícios clínicos. Os elementos utilizados pelas plantas medicinais são: folhas, frutos, raízes e sementes, em seu modo seco ou in natura (BRASIL, 2011).

Diante do exposto o objetivo geral que norteou a pesquisa foi: apresentar o conhecimento e as práticas dos Fitoterápicos e Plantas medicinais do cuidado a saúde da mulher. Como objetivos específicos têm-se de identificar as principais plantas e fitoterápicos usuais na saúde da mulher, pontuar a inserção das práticas integrativas e complementares no SUS, elencar os benefícios do uso de plantas medicinais para a saúde da mulher e identificar o papel da atenção farmacêutica para o uso de plantas medicinais. 

2 MÉTODOS

O presente trabalho utilizará o método de Revisão Integrativa da Literatura, de caráter qualitativa, que tem como finalidade organizar o conhecimento científico, produzido sobre o tema investigado, avaliar, sintetizar e buscar evidências disponíveis que possam contribuir para o desenvolvimento da temática (GIL, 2010).

No que tange aos objetivos, essa pesquisa classifica-se como descritiva e exploratória. Dessa forma, a pesquisa descritiva é entendida por Marconi e Lakatos (2017) como uma investigação empírica que tem por principal finalidade o delineamento das características dos fatos ou fenômenos, da avaliação de programas ou do isolamento das principais variáveis.  

Já, a pesquisa exploratória, é esclarecida de acordo com o entendimento de Gil (2010) que explica que, estas têm por desígnio conceder uma maior familiaridade com o problema, tornando-o mais explícito de modo a constituir hipóteses. Seu planejamento tem tendência a ser flexível, considerando vários aspectos referentes ao fato ou ao fenômeno estudado.  

A Revisão Integrativa da Literatura é realizada através de extensa análise da literatura para embasar discussões sobre métodos e/ou resultados de pesquisa e pensamento sobre estudos futuros (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008). 

Isto posto, o percurso metodológico para a elaboração da pesquisa fica evidente no fluxograma apresentado a seguir:

Figura 1 – Cronograma das etapas de realização do estudo.

Fonte: Elaborado pela autora (2022).

Para a verificação dos dados foram feitos levantamentos bibliográficos utilizando descritores em Ciências da Saúde (DeCS), com os respectivos termos em português: Fitoterapia. Plantas Medicinais. Saúde da Mulher. Farmácia determinados a partir da base de dados da SciELO que apresenta o vocabulário adequado contido nos artigos indexados. 

A seleção de publicações (artigos científicos, teses e dissertações), foi realizado atendendo ao recorte temporal de publicações entre 2017 a 2022, durante o mês de setembro de 2022. Sendo identificadas publicações nas bases de dados SCIELO, Google Acadêmico e BVS (Web of Science e Biblioteca Digital de Teses e Dissertações). 

Foram considerados como critérios de inclusão: artigos que abordam o tema, dentro do recorte temporal entre 2017 a 2022 e escritos em língua portuguesa. Quanto aos critérios de exclusão: artigos que não contemplem a temática e que não estão de acordo com os critérios de exclusão estabelecidos.

A partir daí, serão descritos os resultados e as conclusões dos estudos, em conformidade com o tema abordado, agrupando-os por pontos de similaridade com o intuito de revisar a produção científica, conforme apresentado pela figura 2 abaixo.

Figura 2 – Fluxograma da Coleta de Dados

Fonte: Elaborado pela autora (2022).

3 RESULTADOS

Durante o processo da análise, realizou-se a leitura minunciosa dos artigos levantando principais as informações e os pontos importantes, verificando se estes atendiam ou não aos critérios de inclusão. Os cinco artigos incluídos para este estudo estão relacionados no quadro 1, que apresenta as variáveis estabelecidas para cada estudo: procedência, título do trabalho, autores, periódico e considerações relevantes do trabalho

Quadro 1: Artigos utilizados nesta revisão integrativa.

ProcedênciaTítulo do TrabalhoAutoresPeriódicoConsiderações relevantes do trabalho
1 SCIELOFitoterápicos e plantas medicinais na prática de promoção da saúde da mulher: revisão integrativa.Aragão (2018)Cogitare Enferm.Dentre as terapêuticas mais utilizadas observou-se Jia-Wei-XiaoYao-San, Cyperus rotundus, Leonurus heterophyllus e Malva, sendo estes utilizados na forma de infusão. Diante da leitura dos artigos evidenciou-se uma prática pouco baseada nas evidencias científicas para indicação e prescrição de fitoterápicos e plantas medicinais.
2 GOOGLE ACADÊMICOFitoterapia como intervenção em saúde da mulher: revisão integrativa da literatura. Silva et al,. (2020)Cogitare Enferm.Os achados deste estudo indicam um baixo número de artigos que abordam fitoterapia na intervenção em saúde da mulher. É importante salientar que as plantas medicinais podem ser utilizadas para diminuição dos sinais da menopausa e tratamento da infertilidade, de infecções ginecológicas e de distúrbios hormonais
3 BVSMedicinal Plants and Herbal Products From Brazil: How Can We Improve Quality? Palhares et al,. (2021).Frontiers in PharmacologyApesar de seu potencial, a vegetação nativa do Brasil vem sofrendo intensa destruição: todos os ecossistemas, incluindo a floresta amazônica, foram rapidamente substituídos por monoculturas de cana-de-açúcar, soja, eucalipto e pecuária, levando a um intenso processo de erosão genética e cultural . Por outro lado, mais recentemente, tem sido estimulado o desenvolvimento de bioprodutos a partir de plantas brasileiras, visando um mercado baseado na bioeconomia, que não só traz benefícios à saúde, mas também é importante para a conservação da biodiversidade e consequente mitigação das mudanças climáticas
4 BVSMedicinal plants and herbal medicines in primary health care: The perception of the professionals. Mattos et al,. (2018)Ciência e Saúde Coletiva,As associações bivariadas foram avaliadas pelo teste Qui-Quadrado ou teste exato de Fisher para as variáveis. Apesar de 65,6% dos entrevistados saberem da existência da PNPIC, a presença de fitoterápicos na Lista Nacional de Medicamentos era desconhecida por 85,4%. A maioria (96,2%) dos profissionais acredita nos efeitos terapêuticos das plantas medicinais, mas não prescreve esse medicamento. No entanto, 98,7% concordaram com a iniciativa de oferecer essa prática complementar e integrativa pelo SUS após capacitação na área.
5 SCIELOAnálise dos programas de plantas medicinais e fitoterápicos no Sistema Único de Saúde (SUS) sob a perspectiva territorial. Ribeiro, (2019)Ciência & Saúde ColetivaOs resultados apontam que o crescimento dos programas foi acompanhado pela opção por fitoterápicos industrializados, concentrando-se espacialmente no Sul e Sudeste. Foram identificadas duas fases nesse processo: 1980-2008, caracterizada por ações mais horizontais ligadas a diversidades regionais; e 2008-atual, caracterizada por ações mais verticalizadas na escala nacional a Política Nacional possibilitou aumento do número de programas, mas pouco fomentou suas expressões regionais.
6 SCIELOO conhecimento de discentes de enfermagem sobre uso de plantas medicinais como terapia complementar Nursing students knowledge on use of medicinal plants as supplementary therapyBadke et al,. (2017).Revista de Pesquisa Cuidado é Fundamental OnlineO conhecimento dos discentes referente ao uso de plantas medicinais é de origem popular. Observou-se a insegurança que os graduandos possuem frente à atuação como futuros profissionais nas orientações referentes ao uso das plantas medicinais, apontando a necessidade de avançar no ensino de enfermagem. Conclusão: Destaca-se a necessidade de revisão nos currículos para que deem suporte sobre o tema, com vistas à promoção da saúde e a integralidade do cuidado.
7 SCIELOPlantas medicinais e pessoas com tuberculose: descrição de práticas de cuidado no norte da Bahia, 2017. Freitas et al,. (2020).Revista do Sistema Único de Saúde do Brasil Epidemiologia e Serviços de SaúdeObservou-se ampla utilização de plantas medicinais como prática de cuidado com atuberculose em municípios do norte da Bahia. Nesse panorama, recomenda-sequestionar e orientar sobre seu uso adequado, e, na ausência de evidência científica quesustente os benefícios trazidos por elas durante o tratamento da doença, desaconselhar amanutenção da terapia combinada.
8 GOOGLE ACADÊMICADisponibilidade de medicamentos fitoterápicos e plantas medicinais nas unidades de atenção básica do estado de São Paulo: Resultados do programa nacional de melhoria do acesso e da qualidade da atenção básica (PMAQ Caccia-Bava, et al,. (2017).Ciência e Saúde Coletiva.Um panorama das 4.249 unidades de saúde do estado de São Paulo e a prescrição de plantas medicinais ou fitoterápicos nesses locais onde apenas 467 (16%) dessas possuíam a disposição esse tipo de tratamento.
9 GOOGLE ACADÊMICAUtilização de plantas medicinais como remédio caseiro na Atenção Primária em Blumenau, Santa Catarina, Brasil. Zeni et al,. (2017).Ciência e Saúde Coletiva,Pesquisas constatam que estas plantas possuem uma função significativa na medicina tradicional no decorrer da gravidez, parto e cuidados pós-parto, incluindo a sua utilização para fertilidade feminina, menorréia, gravidez, controle de natalidade e lactação.
10 GOOGLE ACADÊMICAVivências de acolhimento na unidade de saúde da família: a experiência do cantinho do chá na UBS do GrotãoCarvalho et al,.(2020).Saúde Em RedesDe acordo com os dados obdos é possível destacar que o uso do chá é um disposivo importante para estreitar os vínculos entre usuários, profissionais, estudantes e demais atores sociais relacionados nos processos de trabalho. Além disso, também resgata os usos, sendos, costumes e conhecimentos das plantas medicinais no cuidado a saúde, contribuindo para melhoria do acolhimento aos usuários, ancorado na Políca Nacional de Prácas Integravas Complementares em Saúde (PNPICS).

Fonte: Autor, 2022.

4 REVISÃO INTEGRATIVA

No decorrer da história, os indivíduos agregam e aplicam conhecimentos e vivências em relação ao meio no qual está incluso, para que possam conseguir uma inter-relação e guarnecimento de suas utilidades de sobrevivência. Consoante a Rezende e Cocco (2002) as plantas medicinais utilizadas pelas coletividades há mais de 600 mil anos, tornando-se pesquisadas por trabalhos arqueológicos em ruínas do Irã (REZENDE; COCCO, 2002). Em meio há inúmeros rituais, práticas e conhecimentos, a natureza dispõe uma função essencial, pois proporciona alimento, acolhimento e terapêuticas empregadas na saúde das pessoas (BADKE et al., 2016).

Em meio aos variados contextos que as civilizações atravessavam, a preocupação com a saúde e a utilização das PM consistia, em grande parte, aperfeiçoado pelas mulheres (NORDENG, 2011). Sabedoria esta que era passada verbalmente de cuidador para outro, no qual mantinha-se além da sabedoria a relação de carinho, por uma pessoa cuidar do bem-estar do outro. Conforme BADKE et al. (2016), este vínculo produz transmissão e proximidade de conhecimento, no qual a imagem da mulher ainda é parâmetro cultural nos zelos dos familiares.

O emprego de práticas naturais na saúde da mulher provém de séculos, de zelos especialmente nos momentos de gestação, parto, puerpério e menstruação, onde as mães, parteiras e curandeiras sugeriam plantas para vômitos, anemia na gravidez, náuseas, cólicas e o eficaz desenvolvimento fetal, abortos e contrações uterinas para o parto (NALUMANSI; KAMATENESI-MUGISHA; ANYWAR, 2017).

De acordo com Nalumansi, Kamatenesi-Mugisha e Anywar (2017), 80% dos cidadãos africanos aplicam plantas medicinais para adversidades de saúde reprodutiva. Em uma pesquisa feita em Malawi, Nigéria, Uganda e regiões da Ásia declarou que exista uma grande escolha por parteiras pelas grávidas e pelos homens da comunidade, por confiarem nos seus trabalhos, pela prontidão de admissão e oferta dos métodos naturais.

No sudeste da Ásia os recursos fitoterápicos habituais para a saúde reprodutiva das mulheres são imensos, tornando-se comumente em mulheres em faixa etária reprodutiva. Da mesma maneira como, em uma pesquisa com os indivíduos Gaboneses, citaram 189 espécies para a utilização na saúde da mulher, no qual, curandeiros eram chamados em clínicas para dar suporte em partos complexos (ONG E KIM, 2015).

Consoante a Marques et al., (2015), as técnicas optativas, são comuns também na população brasileira, ocorrendo de forma predominante nas comunidades de baixa renda e apresentadas pelas mulheres, por elas executarem encargo de cuidadoras e determinarem os pareceres das demandas de saúde dos familiares. Evidencia-se que pesquisas novas apontam que existe um grande entendimento e uso de PM entre as mulheres com faixa etária acima de 30 anos, isto resulta da aglomeração de vivências e do seguimento sociocultural, onde elas compreendem através dos conhecimentos medicinais familiares de inúmeras gerações as prováveis condições compatíveis as doenças, sendo de origens naturais ou sobrenaturais (OLIVEIRA; LUCENA, 2015; PEREIRA et al. 2015).

Destaca-se que nas últimas décadas ocorreu uma transição gradativa dos modelos de saúde, incorporando a sistematização e a tecnologia na saúde da comunidade, principalmente na saúde da mulher, tendo em vista a alta mortalidade materna e as consequências da utilização desordenado das ervas, o protótipo biomédico empoderou-se, contribuindo a medicalização proveniente do laboratório e tipificando a fisiologia feminina como processo de contínua mudança precisando do aporte industrial, no qual fez-se uma leitura a respeito de cada mudança feminina que de acordo com Vieira (2002, p.24-25) foi julgada  como “gravidez e menopausa como doença, menstruação como um distúrbio crônico e parto um evento cirúrgico”.

Em vista disso, essa alteração foi fortalecida pela revolução industrial e científica, onde as técnicas terapêuticas necessitariam mostrar fundamento científico em procedimentos experimentais. Desta forma, as substâncias alopáticas conseguiram lugar nas funções de saúde e na rotina dos indivíduos. Embora a inflexibilidade científica os indivíduos queixam-se dos impactos divergentes provocados por estas substâncias e a elevada despesa.

À face do exposto, organizações mundiais, fazendo reconhecimento da valorização e a predominância das práticas naturais na vida dos indivíduos, proporcionaram debates acerca de políticas públicas e regulamentações dos fitoterápicos e das plantas medicinais direcionadas para a população e para os profissionais.

Acrescenta Silva et al,. (2020) que a síntese do conhecimento indicou a necessidade de intensificar esforços para o desenvolvimento de mais pesquisas com fitoterapia na intervenção da saúde da mulher no tratamento das doenças ginecológicas, sem desconsiderar os conhecimentos tradicionais acerca das plantas medicinais que são transmitidos entre gerações. 

Corrobora Palhares et al,. (2021) que as plantas medicinais e os produtos naturais derivados são comumente usados para controlar os sintomas de vários distúrbios ginecológicos entre eles para tratar endometrioses e/ou a síndrome do ovário policístico. As plantas medicinais, como fontes de moléculas promissoras para o desenvolvimento de medicamentos, possuem menor custo quando comparado às pesquisas com moléculas sintéticas. Nas plantas, existem naturalmente associações de fitoquímicos que podem apresentar ação sinérgica, o que pode refletir numa soma de benefícios para a saúde. Um exemplo são os efeitos do chá verde e do chá preto como antioxidantes, tendo ação preventiva de doenças cardiovasculares e câncer, além de outros

Segundo as pesquisas de Mattos et al,. (2018) a utilização de plantas medicinais e fitoterápicos na saúde da mulher desempenha papel fundamental no fortalecimento de exercícios de cuidados femininos, pois existe uma grande diversidade de plantas que podem auxiliar desde as condições biológicas como as sociais, como os incômodos com a menstruação até alterações hormonais do organismo. As mais importantes PMs citados nos estudos foram Zingiber offi cinale Roscoe, Allium sativum L., Cucurbita pepo L., Ricinus communis L., Vernonia amygdalina Delile e Garcinia kola Heckel, Zingiber offi cinale (gengibre) eram as espécies mais comuns para o tratamento de náuseas e vômitos induzidos pela gravidez. Além do mais, apresentaram que o gengibre é comumente empregue universalmente por parturientes, no emprego de para náuseas e vômitos na gravidez.

Sendo assim para Mattos et al,. (2018) o intuito de prevenir doenças inflamatórias pélvicas, o tratamento imediato da gonorreia é muito importante, sendo assim interessante notar a inibição inflamatória nesta através de algumas plantas, como por exemplo, extratos vegetais com os solventes diclorometano e éter de petróleo da casca de Adansonia digitata, casca de Bolusanthus speciosus, casca de Pterocarpus angolensis, folhas de Pappea capensis, extratos de etanol e água da casca de Bolusanthus speciosus.

Em concordância Ribeiro, (2019) afirma que Política Nacional possibilitou um aumento expressivo no número de programas de fitoterapia no SUS existentes no país, por outro lado, pouco fomentou suas expressões regionais e a incorporação das horizontalidades dos lugares nas políticas (em âmbito nacional e municipal). Ademais, também intensificou e propiciou a manutenção da concentração espacial dos programas municipais de fitoterapia em algumas porções das regiões Sul e Sudeste do país favorecendo a existência da Região Concentrada.

Badke et al,. (2017) quanto aos profissionais, a taxa de prescrição ainda é baixa, os enfermeiros se mostram relutantes e inseguros em incentivarem o uso dessas plantas, visto que, o conhecimento deles sobre esse assunto se dá, em sua maioria, por vivencias familiares e não pelo viés acadêmico. O uso de fitoterápicos e plantas medicinais vem crescendo nos últimos anos e passou por duas fases distintas: uma anterior aos programas governamentais de uso desses compostos em 2008 e outra após essa data, sendo que, a principal diferença entre elas é o fato desses programas verticalizarem este conhecimento, fazendo com que as indústrias dominem essa área, que na verdade deveria estar mais horizontalizada, ou seja, vinculada as culturas e saberes de cada região.

Caccia-Bava, et al,. (2017) a interação dos saberes entre os profissionais da saúde e a comunidade devem ser encorajados e fomentados, trazendo assim uma maneira segura no uso das PM, além de ser uma forma de rastrear, de maneira mais objetiva, quais plantas são utilizadas pela população e as suas peculiaridades, o que ajudaria em pesquisas farmacológicas na procura de novas formas de tratamento. A confecção de cartilhas, panfletos e aplicativos com instruções sobre o uso e as interações das PM, pode ser uma forma de aumentar o uso sem correr o risco de causarem dano aos usuários. No que tange a promoção de saúde, as formas de interação mais efetivas são as rodas de conversa e as hortas terapêuticas, programas de atenção básica que proporcionam o reconhecimento e a troca entre comunidade e profissionais da saúde.

Por isso para Zeni (2017) que traz um projeto da horta ecológica, onde pessoas da comunidade participam de reuniões e rodas de conversa com discentes da área da saúde, a fim de minimizar a distância desses profissionais e promover a troca do conhecimento entre os grupos, desde o cultivo das plantas, ao preparo dos chás e a abordagem aos usuários e participantes. A melhor maneira de utilizar as PM para a promoção da saúde é a junção do conhecimento popular com a orientação dos profissionais.

Carvalho et al,.(2020) torna-se imprescindível a participação dos profissionais de saúde na orientação da população em relação ao uso da fitoterapia como intervenção em ginecologia, tendo em vista a peculiaridade de cada planta e sua utilização adequada. Ademais, os benefícios do uso das plantas medicinais para a população feminina são redução de custos com saúde, promoção de saúde e prevenção de patologias, com eficácia comprovada cientificamente e junção do conhecimento empírico.

De acordo com os estudos de Aragão (2018) o uso de plantas medicinais e fitoterápicos enaltece o valor e respeita os hábitos culturais da população, o que também corrobora os resultados reportados em estudos internacionais que focalizaram a diversidade cultural no cuidado da saúde. Outro fator importante é o baixo custo que estes recursos trazem para os serviços de saúde. Diante do exposto, faz-se necessário mais pesquisas relacionadas a eficácia e o uso dos fitoterápicos, bem como das plantas medicinas, para que se fortaleça este saber na literatura e passe a ser inserido no cotidiano dos profissionais. Além disso, é necessária educação contínua aos profissionais que já estão atuando, bem como disciplinas nos cursos de graduação que reportem estes medicamentos naturais para os cuidados na saúde da mulher.

5 CONCLUSÃO

Diante de tudo que foi exposto pelos autores observa-se que assegurar à população brasileira a entrada segura e a utilização racional de fitoterápicos e plantas medicinais, proporcionando a utilização sustentável da biodiversidade, o progresso da indústria nacional e da cadeia produtiva. Esse é o intuito da Política e do Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos.

 O uso das plantas para tratar doenças é bastante comum em vários Países, portanto, as pesquisas buscam estudar e evidenciar o uso terapêutico de algumas plantas para a segurança de seus usuários extraindo todos os possíveis benefícios. É visto que uma das resoluções instruídas pela PPNPMF é a ampliamento das alternativas terapêuticas e desenvolvimento da atenção à saúde aos utilizadores do Sistema Único de Saúde (SUS). 

Dessa maneira, a mulher à frente da sua conduta social em distintas comunidades e tempos, transformou-se a fornecedora de zelar, usufruindo atribuições no cenário comunitário e familiar em adquirir os saberes convencionais e repassá-los entre as gerações. 

De acordo com pesquisas as práticas terapêuticas são empregues com grande regularidade entre as mulheres e na saúde da mulher, sendo mais vigente nas em mulheres com idade superior a 30 anos.

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1Acadêmico do Curso de Farmácia, Universidade CEUMA
Artigo científico apresentado à Universidade CEUMA, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Farmácia..

Docente do Curso de Farmácia, Universidade CEUMA.