REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7365237
Ricardo Henrique Vieira Sousa1,3
Prof. Dr. Matheus Silva Alves2,3
RESUMO
INTRODUÇÃO: As bactérias são microrganismos que se fazem presentes em todo lugar. Devido ao uso indiscriminado de antibióticos, as bactérias passaram a apresentar mecanismos de resistência ao tratamento de antimicrobianos, esse processo revela as potencialidades bacterianas em codificar os agentes bioquímicos, inibindo os mecanismos de ação desses fármacos.
OBJETIVOS: Estudar sobre a atuação do profissional farmacêutico sob uma perspectiva de controle de bactérias multirresistentes em pacientes hospitalizados.
MÉTODOS: Tratou-se de um estudo descritivo de caráter exploratório do tipo bibliográfico e de perspectiva qualitativa. As buscas foram realizadas na LILACS e Google Acadêmico que possibilitaram a coleta de informações e dados através de artigos e periódicos datados de 2012 a 2022, escritas no idioma português, com os seguintes descritores: bactérias multirresistentes; controle de infecção em pacientes hospitalizados; atuação farmacêutica; antimicrobianos; resistência bacteriana.
RESULTADOS: A partir dos estudos elencados para esta pesquisa, observou-se que o uso de antimicrobianos em hospitais no Brasil tem sido considerado inapropriado, desnecessário ou excessivo, contribuindo de sobremaneira para a ocorrência de infecções hospitalares, sendo imprescindível a estruturação de medidas de controle das infecções hospitalares através de um conjunto de ações estratégicas de controle, tais como a estruturação da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), que tem como o farmacêutico como um dos profissionais necessários para a redução dos casos de infecções hospitalares decorrentes de superbactérias, tais como: Acinetobacter spp, Klebsiella pneumoniae Pseudomonas aeuruginosa, Staphylococcus aureus, e Enterobacter ssp.
CONCLUSÃO: Portanto, através da pesquisa evidenciou-se que através da atuação dos profissionais da Farmácia nos hospitais, houve diminuição dos erros de prescrição de fármacos, contribuindo para promoção da segurança da medicação recebida, especialmente de antimicrobianos, repercutindo na minimização de infecções hospitalares em decorrência de bactérias multirresistentes, além da economia no uso inadequado da medicação.
Palavras-chave: Bactérias multirresistentes; atuação farmacêutica; uso indiscriminado de antimicrobianos.
ABSTRACT
INTRODUCTION: Bacteria are microorganisms that are present everywhere. Due to the indiscriminate use of antibiotics, bacteria began to show mechanisms of resistance to antimicrobial treatment, this process reveals the bacterial potential to encode biochemical agents, inhibiting the mechanisms of action of these drugs.
OBJECTIVES: To study the performance of the pharmaceutical professional from the perspective of controlling multidrug-resistant bacteria in hospitalized patients.
METHODS: This was a descriptive, exploratory, bibliographical study with a qualitative perspective. The searches were carried out in LILACS and Google Scholar, which enabled the collection of information and data through articles and journals dated from 2012 to 2022, written in Portuguese, with the following descriptors: multiresistant bacteria; infection control in hospitalized patients; pharmaceutical performance; antimicrobials; Bacterial resistance.
RESULTS: From the studies listed for this research, it was observed that the use of antimicrobials in hospitals in Brazil has been considered inappropriate, unnecessary or excessive, contributing greatly to the occurrence of hospital infections, being essential to structure control measures of hospital infections through a set of strategic control actions, such as the structuring of the Hospital Infection Control Commission (CCIH), which has the pharmacist as one of the professionals needed to reduce cases of hospital infections resulting from superbugs, such as: Acinetobacter spp, Klebsiella pneumoniae Pseudomonas aeuruginosa, Staphylococcus aureus, and Enterobacter ssp.
CONCLUSION: Therefore, through the research it was evidenced that through the performance of Pharmacy professionals in hospitals, there was a decrease in drug prescription errors, contributing to promoting the safety of the medication received, especially antimicrobials, with repercussions on the minimization of hospital infections in as a result of multidrug-resistant bacteria, in addition to savings in the inappropriate use of medication.
Keywords: Multiresistant bacteria; pharmaceutical performance; indiscriminate use of antimicrobials.
- INTRODUÇÃO
O uso indiscriminado de antibióticos corrobora para o desenvolvimento e evolução das especificidades bacterianas, contribuindo para iminência de características de resistência aos tratamentos farmacológicos. Nesse sentido, essa conjuntura, tornou-se uma pauta pertinente para a saúde pública no Brasil, tendo em vista, que 23 mil mortes anuais no país em decorrência de bactérias multirresistentes (BRITO; CORDEIRO, 2021).
As bactérias multirresistentes compõem o sistema de microrganismos caracterizados como resistentes a diversos antimicrobianos. Essa resistência se dá através de um processo de mutação e de recombinação da carga genética destes, paralelo ao uso indevido e/ou em excesso de fármacos de características antimicrobianas, que a longo prazo fomentam as potencialidades de resistência e disseminação desses microrganismos (QUIRINO; MENDES, 2016).
Desse modo, as pautas emergências sobre saúde hospitalar passaram a ser recorrentes na atualidade, em especial, no controle e combate à essas bactérias, uma vez que é na dinâmica dos hospitais que a proliferação destas se torna mais efetiva. Partindo desse contexto, as bactérias mais comuns no Brasil no que se refere às infecções hospitalares são: Acinetobacter spp, que se tornaram resistentes a antibióticos como os carbapenems (ANVISA, 2016).
Outra bactéria com as mesmas características de resistência são as Klebsiella pneumoniae, que são consideradas endêmicas no país, em virtude das elevadas infecções sanguíneas diagnosticadas em pacientes hospitalizados, sendo resistentes a antimicrobianos carbapenêmicos (BASTOS, 2022).
Outras bactérias como a Pseudomonas aeuruginosa, Staphylococcus aureus, Enterobacter ssp, dentre outras, tem preocupado os profissionais de saúde, posto que a disseminação desses microrganismos e a resistência destes passam a ser potencializadas ao longo do tempo, se não houver medidas eficazes no controle e combate, a fim de minimizar e/ou reduzir casos de mortalidade associadas a infecções por bactérias multirresistentes (BAPTISTA, 2017).
Destarte, considerando que os pacientes hospitalizados estão expostos à diversas conjunturas clínicas de vulnerabilidade, possíveis cenários de infecção causadas por esses antimicrobianos, é imprescindível o controle destes, a fim de diminuir o desenvolvimento, multiplicação e mutação de cepas resistentes. Nesse sentido, a presença dos farmacêuticos (às) nesse contexto é de suma importância, no tocante de avaliar de forma técnica e científica o uso de fármacos, bem como o tempo de utilização e seus desdobramentos no corpo humano. Seu agir profissional pauta-se em atuar na promoção da saúde coletiva e individual, além de possibilitar e facilitar a prevenção e processos curativos de diversas patologias, assim, promovem a formação e estruturação de medicamentos seguros, eficientes e de qualidade a sociedade (MELO; DUARTE; SOUZA, 2020).
Considerando este contexto endêmico e alarmante no cenário da saúde pública no Brasil, torna-se imprescindível discutir acerca da temática proposta, uma vez que altas taxas de mortalidade causadas por esses microrganismos têm sido frequentes nos ambientes hospitalares. Nesse sentido, o presente estudo pretendeu ampliar o arcabouço teórico e científico já existentes, além de fornecer conhecimentos acerca da temática proposta para a comunidade acadêmica e científica, tendo em vista que o agir profissional dos (as) farmacêuticos (as) é de grande valia no controle e combate de bactérias multirresistentes, posto que, estes profissionais inseridos na dinâmica laboratorial e hospitalar, corroboram na efetivação de ações estratégicas e educativas, em especial, em fornecer informações e conhecimentos sobre o uso inadequado e/ou
excessivo dos antibióticos, além de promoverem análises e diagnósticos dos fármacos que possibilitam a eminência de bactérias com características de resistência.
Assim, a presente pesquisa teve como objetivo geral estudar sobre a atuação do profissional farmacêutico sob uma perspectiva de controle de bactérias multirresistentes em pacientes hospitalizados.
2 MÉTODOS
2.1 Tipo de estudo
Este estudo trata-se de uma revisão integrativa de caráter exploratório do tipo bibliográfico e de perspectiva qualitativa.
2.2 Estratégia de busca
As buscas foram realizadas nas seguintes bases de dados eletrônicas: Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e LILACS, utilizando-se descritores associados previamente consultados nos Descritores em Ciências da Saúde da BIREME (DECS), em língua portuguesa, são estes: bactérias multirresistentes; controle de infecção em pacientes hospitalizados; atuação farmacêutica; antimicrobianos; resistência bacteriana. Recorreu-se aos operadores lógicos “AND “OR” e “AND NOT” para combinação dos descritores e termos utilizados para rastreamento das publicações.
No que concerne ao Google Acadêmico, enquanto base de dados utilizadas também na construção desta revisão integrativa, foram utilizados os seguintes descritores: bactérias multirresistentes; controle de infecção em pacientes hospitalizados; atuação farmacêutica; antimicrobianos; resistência bacteriana. O operador utilizado para combinação dos descritores e/ou termos foi o sinal de mais (+).
2.3 Critérios de inclusão e exclusão
Foram considerados como critérios de inclusão: (a) estudos que abordavam sobre bactérias multirresistentes; atuação do farmacêutico no controle de bactérias multirresistentes; pacientes hospitalizados; (b) Disponíveis na íntegra e de acesso livre; (c) Publicações no recorte temporal dos últimos dez anos (2012-2022). Foram excluídos artigos que não respondiam aos objetivos do estudo, bem como artigos duplicados e que não estavam disponíveis na íntegra.
2.4 Análise de Dados
Para a análise de dados foi necessária uma leitura exploratória de todo o material utilizado e posteriormente uma leitura seletiva, além de analisar os registros de informações obtidos nos artigos selecionados, como por exemplo, os resultados e discussões encontrados, destaca-se que a pesquisa foi submetida a uma leitura analítica a partir de uma análise descritiva.
3 RESULTADOS
Considerando os moldes propostos pela metodologia deste estudo, a busca eletrônica retornou um total de 640 artigos a partir das palavras-chave descritas anteriormente. Após a seleção manual, por meio da leitura dos títulos e resumos, foram descartados aqueles que não se encaixavam nas propostas da revisão integrativa (n=630). Dentre estes, foram selecionados apenas 10 artigos que foram lidos na íntegra de acordo com o fluxograma abaixo:
Fluxograma 1: Seleção dos estudos
Quadro 1: Artigos utilizados nesta revisão integrativa.
Procedência | Título do Trabalho | Autores | Periódico | Considerações relevantes do trabalho |
Google Acadêmico | A importância do farmacêutico na prevenção e controle junto a equipe do programa de controle e infecção hospitalar | QUIRINO, JMG. MENDES, RC. | Rev. E-ciênc. v.4, n.2, 2016 | A presença do profissional farmacêutico é de grande relevância em que o mesmo é dotado de conhecimentos imprescindíveis ao paciente e demais profissionais de saúde, podendo auxiliar no controle e na escolha adequada dos antimicrobianos com o objetivo principal de prevenir a propagação dos micro-organismos resistentes. |
LILACS | O uso indevido de antibióticos e o iminente risco de resistência bacteriana | BRITO, GB. TREVISAN, M. | Revista Artigos. Com, 30, e7902, 2021. | Os estudos apontaram que há um crescente aumento de bactérias multirresistentes em diversas partes do mundo e esse acontecimento gerou crises no âmbito global de tal forma que sobraram poucas opções de tratamento para infecções bacterianas. Vislumbram-se uma atenção maior das autoridades de saúde e orientações mais assertivas por parte dos profissionais de saúde, principalmente farmacêuticos. |
LILACS | Atribuição do farmacêutico na comissão de controle de infecção hospitalar quanto ao uso de antimicrobianos | SOUZA, APS. CARNEIRO, LF. KHOURI, AG. SANTOS, SO. SILVEIRA, AA. COSTA, AC. | Revista Referências Em Saúde Do Centro Universitário Estácio De Goiás, 2(02), 2019. | O profissional farmacêutico, representando o setor de farmácia, inserido nesta comissão como membro consultor, colabora tanto para a prevenção das infecções quanto para a incidência de resistência a antimicrobianos, sendo este usado muitas vezes de forma indiscriminada. Suas principais atribuições estão voltadas a desenvolver atividades de conscientização e monitorização que leve ao uso adequado destes medicamentos. É importante ressaltar que as ações de prevenção à resistência bacteriana só apresentam eficácia quando há colaboração de todos os profissionais de saúde. |
Google Acadêmico | O farmacêutico frente ao risco do uso irracional de antibióticos | PEREIRA, TJ. ANDRADE, LG. ABREU, TP. | Revista Ibero-Americana De Humanidades, Ciências E Educação, 7(9), 2021 | É possível evidenciar então que uma das maneiras mais eficazes de combater a resistência bacteriana é o uso racional de antibióticos, tendo como responsável o profissional farmacêutico, onde o mesmo atua diretamente na dispensação correta desses medicamentos, bem como na instrução e promoção de saúde junto à população. |
Google Acadêmico | O papel do farmacêutico no combate a resistência bacteriana | BASTOS, IO. | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG, Campus Cuité | Centro de Educação e Saúde – CES, 2022 | A resistência bacteriana atualmente é um problema mundial, sendo evidenciada pelo aparecimento de bactérias que não mais respondem a fármacos que eram anteriormente usados para seu tratamento, isso devido ao uso indiscriminado dos antibióticos ao longo dos anos, sendo o farmacêutico um dos profissionais de saúde responsáveis por ações que vão desde orientações de uso dos fármacos à medidas de conscientização. |
Google Acadêmico | Uso indiscriminado de antibióticos e resistência bacteriana | PEDROSO, MTR. BATISTA, MAT. | Biblioteca Digital – Faculdade de Pindamonhangaba, 2014. | O profissional farmacêutico tem plena capacidade para atuar em diversas frentes de combate e este problema de saúde que assola toda população indiscriminadamente, como integrar o corpo de multiprofissionais da saúde na seleção dos medicamentos; na busca de novas alternativas na indústria de medicamentos, visando suplantar a resistência, a informação é um dos fatores determinados no controle desta causa. |
Google Acadêmico | Impacto da resistência bacteriana no combate das infecções relacionadas à assistência à saúde. | CORREIA, CMO. | Universidade Federal da Paraíba CNPQ: Ciências da Saúde: Farmácia,2014. | O ambiente ocupado por pacientes colonizados ou infectados pode se tornar contaminado por bactérias e constituir um reservatório secundário, favorecendo a transmissão cruzada. Desta forma, há o surgimento de novas cepas que produzem enzimas como as β-lactamases do tipo de amplo espectro (ESBL), AmpC e carbapenemases, principalmente as NDM-1 e KPC, as quais são capazes de degradar antimicrobianos, bem como podem produzir modificações que impedem a entrada ou alteram o sítio de ação das drogas que fazem parte dos mecanismos de resistência de bactérias Gram positivas e Gram negativas |
Google Acadêmico | Atuação do farmacêutico na comissão de controle de infecção hospitalar: Revisão sistemática | OLIVEIRA, LB. SANTOS, RL. CUNHA, RAR. SOUZA, APS. | Revista Multidisciplinar Em Saúde, 2(2), 48. 2017. | O farmacêutico é o profissional capacitado para avaliar as prescrições, propor o uso racional de medicamentos e praticar a atenção farmacêutica, oferecendo informações sobre a utilização dos medicamentos. Com base, nesse contexto, o objetivo do trabalho foi verificar o papel do farmacêutico na CCIH, de forma a prevenir e controlar a disseminação bacteriana. |
Google Acadêmico | Resistência bacteriana aos antibióticos em ambiente hospitalar: atuação do farmacêutico nesse contexto | MORAIS, JCM. | Revista eletrônica Estácio saúde, vol. 5, no 1, 2012. | Observou-se nesta revisão que a disseminação das bactérias resistentes é rápida e o desconhecimento dos aspectos farmacológicos do antibiótico ocasiona o aceleramento do surgimento de novos agentes infecciosos resistentes. O farmacêutico possui informações sobre a farmacologia e está capacitado para definir critérios referentes ao uso de antibióticos em hospitais, prevenindo o uso irracional e o aumento de bactérias resistentes. |
LILACS | Resistência bacteriana e a atuação do farmacêutico na promoção do uso racional de antibacterianos em âmbito hospitalar | SILVA, JO. PAIXÃO, JÁ. | Revista Artigos. Com, 29, e7563, 2021 | É notório que o uso indiscriminado dos antibióticos é um agravo que aumenta a resistência bacteriana dificultando o tratamento e profilaxia de infecções pelos resultados negativos na redução da sua eficácia e variações da sensibilidade das bactérias diante desses medicamentos, o que torna o controle do uso de antimicrobianos, pela ciência e profissionais de saúde, desafiador e relevante para proteção da população diante da resistência que os microrganismos têm desenvolvido. |
4 REVISÃO INTEGRATIVA
As bactérias multirresistentes são aquelas que se tornam resistentes à ação de vários antibióticos por meio de mutações. Esse processo de resistir à antibióticos, se dá através da formação de biofilmes que esses microrganismos desenvolvem, contribuindo para uma dinâmica de multiplicação no lúmen de dispositivos invasivos, ainda, se tornam resistentes, pois adquirem genes que permitem a interferência de mecanismos de ação dos antimicrobianos seja através de mutação do DNA ou por transferência de plasmídeos (QUIRINO; MENDES, 2016).
De acordo com os estudos de Quirino e Mendes (2016) o aumento da resistência bacteriana a vários agentes antimicrobianos acarreta em dificuldades nos cuidados terapêuticos individuais e contribui para o aumento das taxas de infecções em unidades hospitalares. A utilização de antibióticos deve ser criteriosa e restritas a algumas circunstâncias, pois o uso inadequado e/ou irregular pode trazer como consequências: falha do tratamento ou da profilaxia, interações medicamentosas indesejáveis, erros de medicação e, portanto, o aumento da resistência bacteriana aos antibióticos.
Estudos têm demonstrado que o uso de antimicrobianos nos hospitais tem sido considerado inapropriado, desnecessário ou excessivo e um dos motivos recorrentes de infecções hospitalares por uso irregular de antimicrobianos. Nesse sentido, a elevada utilização dos mesmos pode estar relacionada à ausência de uma política de controle dos medicamentos prescritos no hospital e à falta de protocolos de uso de antimicrobianos, gerando excesso de prescrições (QUIRINO; MENDES, 2016); (BRITO; TREVISAN, 2021).
Desta forma, a omissão de programas que possam controlar a incidência de microrganismos, que antes eram sensíveis aos antimicrobianos comuns, podem se restringir e causar infecções dentro do ambiente hospitalar, sendo a uma das principais causas de morbidade e mortalidade nos pacientes internados, tendo em vista que estes já se encontram em situação de vulnerabilidade física em decorrência de seus quadros clínicos (BRITO; TREVISAN, 2021).
Nos estudos de Bastos (2022) a resistência bacteriana pode ser atribuída a diversos fatores tais como: uso indiscriminado dos antibióticos, profissionais da saúde mal capacitados na prescrição desses fármacos, deficiência em programas de prevenção e controle de contaminação, dificuldade de inserção de novos fármacos em combate a resistência bacteriana e ainda dificuldades por parte governamental na vigilância e controle do uso de antimicrobianos.
Segundo Souza et al., (2019) a importância da estruturação de medidas de controle das infecções hospitalares é uma estratégia pertinente a redução de infecções hospitalares por microrganismos, ou seja, a ampliação da atuação da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH). O CCIH preconiza a presença do profissional farmacêutico, como parte imprescindível no controle de infecções, uma vez que desempenha atividades voltadas ao uso racional de medicamentos, controle de infecções hospitalares e, portanto, da diminuição dos índices de resistência bacteriana.
Em um estudo realizado por Pereira, Andrade e Abreu (2021) na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Instituto Dr. José Frota de Fortaleza- CE, mostrou uma diminuição nos custos com antibióticos de amplo espectro. Esse cenário justifica-se através da atuação e presença do farmacêutico no CCIH, implantação de uma ficha de controle de dispensação de antimicrobianos que favoreceu o acompanhamento diário do paciente durante o processo de terapia, bem como o monitoramento do tempo de tratamento. Destaca-se ainda a redução dos casos de infecção por bactérias como: Acinetobacter spp, Klebsiella pneumoniae Pseudomonas aeuruginosa, Staphylococcus aureus, e Enterobacter ssp, haja vista que o farmacêutico desenvolve atividades efetivas e eficazes no controle de infecções hospitalares, fortalecendo também o trabalho da equipe multiprofissional, com vistas na diminuição da disseminação de microrganismos resistentes, e ainda, na promoção do uso adequado de antimicrobianos e melhoria da assistência aos pacientes hospitalizados.
Deste modo, o farmacêutico dotado de competências e habilidades científicas, atuam na racionalização do uso de antibióticos, explicitando sobre o uso inadequado, no que tange dosagem e duração, além de promover a assistência e cuidados farmacêuticos a partir de ações e estratégias educativas quanto ao uso de medicamento antimicrobianos (PEREIRA; ANDRADE; ABREU, 2022).
É pertinente que estes profissionais atuam também na ampliação do conhecimento a população sobre o uso inadequado de antibióticos, além de se capacitarem de forma contínuo sobre esta conjuntura social e emergente no Brasil, ou seja, quando o farmacêutico (a) definir estratégias educativas sobre a utilização indiscriminada e excessivo desses fármacos, incentivam a iniciativa de medidas de combate, além de contribuírem para a redução de bactérias multirresistentes. Assim, seu exercício profissional no ambiente hospitalar e de controle de infecções, associa-se na promoção do uso racional de antibióticos, além de fornecer informações laboratoriais e de padronização desses medicamentos (PEDROSO; BATISTA, 2014).
Em um outro estudo realizado por Oliveira et al., (2017) demonstrou-se que as atribuições do farmacêutico na CCIH estão sobretudo relacionadas ao uso racional de antimicrobianos, padronização dos antimicrobianos e liberação dos relatórios de consumo. Foi realizada uma entrevista com 22 profissionais da saúde incluindo médicos, enfermeiros e uma farmacêutica, a fim de analisar a organização da estrutura da CCIH, as atividades desenvolvidas por cada profissional e educação continuada para colaboradores dos hospitais. Foi demonstrado que as atividades realizadas especialmente por um farmacêutico presente na CCIH contribuíram para diminuição da resistência bacteriana e custos hospitalares melhorando a assistência prestada na unidade hospitalar.
De acordo com Morais (2012) o farmacêutico hospitalar diminui os altos custos envolvidos com as medicações, em especial os antibióticos que são prescritos indiscriminadamente e com a intervenção do farmacêutico a terapia medicamentosa é correta e os custos reduzidos.
Esta perspectiva corrobora de sobremaneira com os apontamentos de Silva e Paixão (2021) que explicitam que o farmacêutico pode orientar os profissionais prescritores quanto ao uso de antimicrobianos, informando que nem toda infecção requer essa medicação. Infecções virais não necessitam de tratamento com antibióticos e o uso não previne infecções bacterianas, mas faz surgir bactérias resistentes com dificuldade de tratamento farmacológico. Usando de forma racional estes medicamentos preserva-se a potencialidade do fármaco alcançando o sucesso terapêutico evitando recidivas de infecções com bactérias mais resistentes.
5 CONCLUSÃO
Portanto, a infecção hospitalar ocorre em ambientes hospitalares atingindo principalmente pacientes imunocomprometidos e se torna mais grave quando provocada por bactérias resistentes aos antibióticos. Evidenciou-se que o farmacêutico tem várias atribuições na Comissão de Controle de Infecção Hospitalar sendo a principal o controle de antibióticos, e, portanto, dos quadros de infecção hospitalar. Através dos conhecimentos farmacológicos diminui-se os erros de prescrição e administração de medicamentos que muitas vezes ocorrem pela falta de informação e orientação, garantindo assim a segurança da medicação recebida, bem como a minimização de infecções hospitalares em decorrência de bactérias multirresistentes, além da economia no uso inadequado da medicação.
REFERÊNCIAS
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1Acadêmico do Curso de Farmácia, Universidade CEUMA.
2Docente do Curso de Farmácia, Universidade CEUMA.
3Laboratório de Biotecnologia, Universidade CEUMA.