ASSESSMENT FROM QUALITY OF LIFE IN ASMATHIC’S CHILDREN TAKE CAREFULLY AT PUBLIC HEALTH SYSTEM IN ARACAJU-SE
1ALMEIDA, P.C.A..; ²SILVA JR., W.M.
¹Graduada em fisioterapia pela Universidade Tiradentes-SE; ²Mestre em Bioengenharia pela Universidade Federal da Paraíba; graduado em Fisioterapia pela UFPB
Trabalho de monografia do curso de fisioterapia da Universidade Tiradentes (UNIT-SE) www.unit.br.
Paula Cristina Andrade Almeida- Rua Humberto Pinto do Valle, 185, Grageru, Aracaju-SE CEP: 49025-310. paulinhaft@pop.com.br
RESUMO
Esse artigo objetivou avaliar a qualidade de vida de crianças de 0 a 12 anos, com diagnóstico clínico de asma e atendidas em unidades de saúde da família no município de Aracaju-SE. A análise foi feita através de questionário desenvolvido pelos autores, a partir de uma adaptação do Asthma Quality of Life Questionnaire (AQLQ) de Elizabeth Juniper. As alterações foi necessária para adequá-la à faixa etária estudada e para o acréscimo de perguntas importantes e não existentes em outros modelos. Foram distribuídos 250 questionários em 15 postos de saúde, contando com a participação dos agentes comunitários (ACS) para sua aplicação. Entre os principais resultados constatamos que os cuidados com o ambiente nem sempre são respeitados, prejudicando assim a controle da patologia; há uma posição superprotetora por parte dos pais que dificulta o convívio social das crianças; e evidenciou-se dificuldades em adesão e continuação do tratamento por ele ser longo e oneroso, pois muitos dos medicamentos necessários não são distribuídos gratuitamente nos postos de saúde.
Palavras-chave: asma; crianças; qualidade de vida
ABSTRACT
This article objectified to evaluate the quality of life of children of 0 to 12 years, with clinical diagnosis of asthma and taken care of in units of family’s health in Aracaju. The analysis was made through questionnaire developed for the authors, from an adaptation of the Asthma Quality of Life Questionnaire (AQLQ) of Elizabeth Juniper. The modification was necessary to adjust it for the age studied and for the addition of important question that it isn’t in others models. 250 questionnaires in 15 ranks of health had been distributed, counting on the participation of the communitarian agents (ACS) for its application. Amongst the main results, we evidence that the cares with the environment aren’t respected, thus it’s harming for the control of the pathology; the parents have a superprotective position and the social conviviality of the children makes it difficult; and acknowledge that exist difficulties in adhesion to the treatment because it is long and onerous, therefore the necessary medicines aren’t distributed gratuitously in the health ranks.
Key-words: asthma; children; quality of life.
INTRODUÇÃO
A asma é um distúrbio inflamatório crônico dos pulmões, decorrente da hipersensibilidade da traqueobrônquica a diversos fatores irritantes, que provocam estreitamento difuso do calibre das vias aéreas, acarretando difícil respiração. Este fenômeno pode regredir de maneira espontânea ou após tratamento terapêutico. Os sintomas mais comuns durante as crises são: tórax rígido, episódios de tosse seca, esforço respiratório, sensação de opressão torácica e dispnéia com obstrução variável ao fluxo aéreo. A alteração da mecânica pulmonar é caracterizada pelo aumento da resistência ao fluxo aéreo e diminuição da complacência 1.
Em uma visão simplificada encontramos dois tipos básicos de asma, extrínseca e intrínseca, dependendo do tipo de estímulo causador da hiperreatividade brônquica. Nos estímulos internos, as infecções respiratórias desempenham papel relevante na etiopatogenia das crises de asma. Mesmo na asma extrínseca, na qual a alergia representa componentes patogênicos essenciais, a maioria das crises é associada também a outros agentes desencadeantes. Além da infecção, instabilidade climática, exercícios físicos, fatores psicológicos, tabagismo (ativo e passivo), exposição a odores e poeiras inorgânicas irritantes e, finalmente, para efeitos de certos fármacos.
Em um estudo americano, constatou-se que a prevalência de asma nos Estados Unidos variava de 4% a 9% da população infantil, sendo mais freqüente em crianças pobres (de origem africana) e em idade escolar. Essa população faltava duas vezes mais aulas do que as crianças não asmáticas. Em estudo multicêntrico do Instituto Internacional de Asma e Alergia em Crianças (ISAAC) realizado em 56 países demonstrou variabilidade de asma ativa de 1,6% a 36,8%, estando o Brasil em 8° lugar, com prevalência média de 20%. Em serviços de pediatria, a asma é responsável por aproximadamente 5% das consultas ambulatoriais e até 16% das consultas de emergência 2; 3; 4.
A asma por ser uma patologia que requer um tratamento a longo prazo e por não ser muita bem divulgada e conhecida entre a população, é cercada de crenças e mitos a seu respeito. O tratamento necessário nos períodos intercrises, sem sintomas, não é bem entendido e recebido pela população em geral, principalmente a mais carente. A dificuldade aumenta porque muitos dos medicamentos necessários não são distribuídos na rede pública e postos de saúde, e os pacientes não possuem condições econômicas para as despesas acarretadas pela patologia 5.
A importância de se fazer uma análise sobre a qualidade de vida de pessoas carentes que são atendidas em postos de saúde, é conhecer o sistema de urgência vigente nos casos de crises e exacerbações dos que sofrem de asma. Avaliar o conhecimento dos pacientes, familiares e responsáveis, acerca dos cuidados preventivos, curativos e em momentos de crise. Além de verificar quais os prejuízos encontrados nas atividades de vida diária, e a relação da adesão ao tratamento com as condições sócio-econômicas.
MATERIAL E MÉTODOS
Inicialmente foi realizado um teste piloto com a participação de 20 pessoas para que fossem detectadas possíveis falhas no entendimento das perguntas assim como para receber sugestões como complemento do questionário. Dentre os participantes contamos com profissionais de saúde, maior parte, pessoas asmáticas e não asmáticas. Ao final do teste, confirmou-se a baixa complexidade das questões, facilidade de entendimento e aplicação do instrumento, justificando a manutenção do questionário inicial até o final da pesquisa.
O questionário foi adaptado do modelo para adultos de Elizabeth Juniper, o Asthma Quality of Life Questionnaire (AQLQ), adequando as perguntas à faixa etária da pesquisa (0 a 12 anos) e acrescentando questões baseadas nos objetivos específicos da pesquisa. O resultado foi um questionário com 6 questões sobre ambiente e limpeza domiciliar e 7 questões sobre qualidade de vida, englobando perguntas sobre as atividades de vida diária das crianças e de seus pais que poderiam sofrer interferências, diretas ou indiretas, da patologia, além de questionar o controle medicamentoso.
Após autorização da Secretaria Municipal de Saúde, 15 postos de saúde na cidade de Aracaju foram aleatoriamente selecionados, com localização variada para abranger diferentes zonas e populações. Ser uma Unidade de Saúde da Família foi considerado um critério de inclusão na pesquisa devido à existência de agentes comunitários de saúde (ACS). Estes recebiam uma aula sobre a patologia, reconhecimento de sintomas e sobre a aplicação do questionário.
Foram distribuídos 250 questionários nessas unidades de saúde obtendo-se uma taxa de retorno de 11,2%. O instrumento foi aplicado em domicílio pelos ACS que assistiram à aula e receberam orientações, para que conseguisse abranger um grande contingente de pessoas nos bairros selecionados. Os ACS aplicavam os questionários aos pais ou responsáveis legais de crianças de 0 a 12 anos que tinham o diagnóstico clínico de asma.
Algumas das dificuldades encontradas na pesquisa foram: desconhecimento da patologia e sua conseqüente desvalorização como doença importante na saúde pública; a dificuldade para catalogar os usuários dos postos de saúde; a falta de continuidade de tratamento com um único profissional, ocasionando tratamento apenas em momentos de crise 6.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Entre a população estudada houve uma média de idade de 3 anos e 8 meses, e uma predominância do sexo masculino (72%) em relação ao feminino (28%). Repetindo resultados anteriores como BEZERRA7 em 1980 e ZULATO8 em 2000.
Grande parte dos responsáveis não saiba o tempo exato em que havia recebido o diagnóstico de asma. Isto pode ser explicado pelo fato de crianças até cinco anos apresentarem vias aéreas estreitadas, facilitando obstruções por edema de mucosa ou secreção, além de existirem outras patologias que ocasionam sibilância e são comuns nessa faixa etária 9.
Quanto ao tipo de habitação encontramos que 76% das crianças moravam em casas com telhas. Essa investigação se fez necessária porque casas sem laje liberam fragmentos de telha e madeira durante todo o dia, aumentando a quantidade de alérgenos presentes em tais domicílios e dificultando o controle ambiental. Além disso, são residências mais susceptíveis à umidade e frieza que também podem ser prejudiciais, principalmente se associadas ao aparecimento de mofo.
Em relação ao quarto da criança foi questionada a presença de objetos acumuladores de poeira, freqüência e utensílios de limpeza, além de cuidados com colchão e travesseiro. Visualizados nos Gráficos 1e 2, e Tabela 1.
A análise desses itens é importante por interferirem diretamente no controle da patologia, porém são muitas vezes esquecidos. Uma criança com susceptibilidade genética à asma pode ser sensibilizada por esses produtos de limpeza com cheiro e começar a desenvolver hiperreatividade brônquica ao entrar em contato com esses e outros alérgenos (substância que ocasiona a hipersensibilidade brônquica) 10.
Quanto à qualidade de vida foram avaliadas atividades variadas que poderiam ser iniciadoras de crises, obtendo o resultado representado no Gráfico 3.
Cada uma dessas ações tem seu mérito individual, pois variam entre atividades que necessitam de baixa carga energética e outras que exigem esforços de maior intensidade. Essa variação indica diferenças na gravidade da asma encontrada dentro do grupo estudado, sendo importante na diferenciação do tratamento e acompanhamento das crianças que apresentaram sintomas ao fazer esforços mínimos.
No aspecto social, é importante salutar a deficiência nos estudos e nas práticas esportivas. Dentre as crianças em fase escolar, 40% referem déficit nos estudos e 20% nas atividades recreacionais desenvolvidas no colégio, 32% faltam repetidamente às aulas, variando de 1 a 4 ausências mensais. Com a reunião dos dados citados, encontramos uma porcentagem de 32% no prejuízo do convívio social, acarretando uma ansiedade excessiva e problemas psicossociais para as crianças e para seus cuidadores.
Com relação aos medicamentos foi averiguada uma falta de regularidade no tratamento intercrises, a falta de conhecimento sobre a importância dos medicamentos em períodos assintomáticos, por parte dos pais, sendo que o manejo desses medicamentos está demonstrado no Gráfico 04.
O tratamento em períodos remissivos é imprescindível para os asmáticos, pois reduzem a inflamação recorrente da patologia. Isto ocasiona uma proteção extra para o paciente já que ao entrar em contato com um alérgeno ou ele não entrará em crise ou ela terá uma dimensão menor. Porém, este efeito não será alcançado se os medicamentos não forem usados corretamente, inclusive sem sintomas.
Também questionamos a existência de internações, perguntando a quantidade de eventos durante toda a vida. Encontrando uma freqüência de 33% com hospitalização única, 16% com dois internamentos e 8% com 3 ou mais internações. É importante verificarmos o número de internações hospitalares, pois é uma fonte de gasto para o governo que pode ser reduzida se os asmáticos tiverem o controle da patologia. No III Consenso no Manejo da Asma 4 está descrito que a asma foi a quarta causa de internação do SUS em 1996 ocasionando um custo de 76 milhões de reais aos cofres públicos constituindo o terceiro maior valor gasto com uma enfermidade. Portanto, é de suma importância programas que contribuam com o controle da patologia para que esses números possam reduzir.
Foi encontrada uma superproteção por parte dos pais, em relação a crianças asmáticas, pois 56% deles não saem à noite; 80% proíbem as crianças de tomarem gelado e 76% evitam lugares públicos com presença de tabagistas. Porém, apesar dessa grande porcentagem de pais com cuidados com o cigarro em público, encontramos fumantes em 48% das casas dessas crianças, mostrando que o mesmo cuidado nem sempre se estende ao domicílio.
Enfatizando-se a repercussão social da patologia, foi questionado a facilidade de acesso aos medicamentos e se há abandono do tratamento por falta de condições econômicas para aquisição dos remédios. Dentre os entrevistados 40% dos pais indicaram não ter fácil acesso aos medicamentos e 48% afirmaram deixar de comprar os remédios por falta de condições financeiras. Nesta mesma pergunta, encontramos pais que afirmaram comprar os medicamentos para os filhos, mas o faziam em detrimento de outros utensílios domésticos essenciais, acarretando assim um grande desconforto para toda a família.
CONCLUSÃO
Como conclusão do presente trabalho podemos afirmar que a qualidade de vida de crianças asmáticas, assim como de seus familiares, sofre interferências diretas da asma. A falta de recursos financeiros prejudica a adesão ao tratamento e deixa pais e crianças em constante ansiedade, prejudicando também o controle de patologia.
REFERÊNCIAS
1- Araújo, M.A.M. Estudo e implementação de técnicas para a análise da função pulmonar em crianças asmáticas. Relatório Científico do PIBIC da Universidade Federal da Paraíba; Departamento de Tecnologia Mecânica. João Pessoa; 2001.
2- Matsumotc, T.; Carvalho de, W.B.; Hirschheimer, M.R. Terapia intensiva pediátrica. Editora Atheneu, 2ª edição, São Paulo, 1997.
3-Cukier, A.; Stelmach, R.; Asma. Atualizado em 21/09/2001. Disponível em meio eletrônico em. Acesso em 19-06-2004
4- III Consenso Brasileiro No Manejo Da Asma. Jornal de Pneumologia. Volume 28, Suplemento 1, Brasília- DF; 2002.
5-Tebiriçá, J.N. Emerson, F.;. Asthma and education. Rev. Bras. Alerg. Imunopatol. 1998; 21(6):209-217.
6- Almeida, P.C.A.; Oliveira, S.B.; Silva Jr. W.M. Estudo da qualidade de vida em crianças asmáticas atendidas nos sitemas público e particular da cidade de Aracaju. Monografia de graduação. Curso de Fisioterapia da Universidade Tiradentes, Aracaju, Julho de 2005.
7- Bezerra, M.L. da C.; Alves J r. J.B.; Rego, Filho, O.F. do; Rios, J.B.M. Avaliação clínica da asma na criança. Jornal de Pediatria, vol 48 (2), 1980.
8- Zulato S.A., Kamoi T.O., Rosário Filho, N.A. Assessment of education on asthma in outpatient clinic. Rev. Brasileira de Alergia e Imunopatologia. 2000; 23(4):137-142.
9-Yoshino, M.K; Rodrigues, M.S.; Villela, S.H. Diagnóstico da Asma. Parte II: na criança. Medicina Prat K, vol 1 n°3, 1987.
10- Melo, R. M. B. de, Lima, L. S. De; Sarinho, E. S.C.. Associação entre controle ambiental domiciliar e exacerbação da asma em crianças e adolescentes do município de Camaragibe, Pernambuco. J. bras. pneumol. [online]. jan./fev. 2005, vol.31, no.1 [citado 09 Outubro 2005], p.5-12 Disponível na World Wide Web: . ISSN 1806-3713.
11-Scala, C.S.K.da; Naspitz, C.K.; Solé, D. Adaptação e validação do pediatric asthma quality of life questionnaire (PAQLQ-A) em crianças asmáticas e adolescentes brasileiros com asma. Jornal de Pediatria, 81(1):54-60, 2005.
12-Silva Jr, W.M.da. Estudo da bioimpedância mecânica do sistema respiratório com a técnica de oscilações forçadas em crianças asmáticas.Dissertação de Mestrado em Bioengenharia da Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa, 2003.