ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA HUMANIZAÇÃO DO PARTO NATURAL  

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7327543


Paloma Silva Rocha1


Resumo: 

Revisão integrativa da literatura científica com o objetivo de evidenciar, de forma humanizada, a importância da assistência dos profissionais de enfermagem à mulher durante o parto, e os impactos que essa assistência reflete no desenvolvimento da mulher como mãe e nos cuidados com o recém-nascido. Foram realizadas buscas dos artigos científicos para desenvolver este estudo de revisão nas seguintes bases de dados: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Literatura LatinoAmericana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), e Scientific Electronic Library Online (SCIELO). Para o desenvolvimento desta íntegra, foram selecionados, a partir de descritores de ciência da saúde, os seguintes termos: “Assistência de enfermagem”, “Parto humanizado” e “Parto natural”. Foram incluídos os artigos publicados nos últimos dez anos, de idioma português e disponíveis na íntegra. Conclui-se que se faz necessário ampliar a educação para a saúde com vistas à assistência de enfermagem com qualidade. 

Palavras-chave: Assistência de enfermagem; Parto humanizado; Parto natural.  

Abstract: 

Integrative review of the scientific literature with the objective of the importance of the assistance of nursing professionals in a humanized way to the woman during childbirth, and the impacts that this assistance reflected in the development of the woman as a mother and in the care with the newborn evidence. Scientific articles to develop this review study were published in the following databases: Virtual Health Library (VHL), Latin American and Caribbean Literature on Health Sciences (LACS), Scientific Electronic Library Online (SCIELO) . For the development of this integrity, the terms: “Nursing care”, “Humanized childbirth”, and “Natural childbirth” were selected from the health science descriptors. For inclusion of inclusion: articles published in the last ten years, Portuguese language and which are available in full. It is concluded that it is necessary to expand health education with a view to quality care. 

Keywords: Nursing assistance; Humanized birth; Natural childbirth. 

1 INTRODUÇÃO 

Segundo Jacob et al. (2022), o parto e o nascimento são momentos marcantes na vida da mulher e do bebê e, em meio à sociedade atual e moderna, espera-se, dos profissionais que prestam assistência, uma atenção humanizada com respeito ao direito de decisões da mulher, desde que não interfiram no estado de saúde da mãe e do bebê, Porém, na prática e pelo índices epidemiológicos, no Brasil ainda existe um grande número de intervenções medicamentosas, cirúrgicas e técnicas desnecessárias durante o atendimento à mulher em trabalho de parto. 

O acolher, apoiar e cuidar se fazem necessários durante todo o trabalho do parto. Entende Se o cuidado como recheado de significados, englobando o estar próximo da pessoa cuidada, correspondendo às suas necessidades, respeitando suas particularidades e privacidade (FERREIRA, 2013).  

Nagahama e Santiago (2011) evidenciam que, para que essa independência seja respeitada, a interação entre enfermeiro e mulher no processo, desde a gravidez, parto e puerpério, necessita se fundamentar no diálogo afetividade, na atenção do bem-estar físico, mental, social e espiritual.  

A humanização da assistência é uma necessidade dos usuários de serviços de saúde e vem sendo bastante pautada por diversos autores. Oliveira, Rodrigues e Guedes (2011) salientam que humanizar a assistência é ver o indivíduo como um todo, tornando, portanto, a humanização intrínseca à integralidade e para se produzir ação humanizada em saúde é necessária uma concepção ampliada e integral do processo saúde-doença. 

Nos últimos anos, houve a implantação da Rede Cegonha no país, uma estratégia do Ministério da Saúde que organiza e estrutura o atendimento materno-infantil, no qual se prioriza e se destaca a importância de acolher e assegurar o atendimento humanizado à mãe e ao bebê, com o objetivo de diminuir a taxa de mortalidade materna e neonatal, e as práticas interventivas do parto humanizado, como a cesariana, que é considerada, por muitos profissionais, a técnica de parto mais eletiva (CAVALCANTI et al., 2013). 

A assistência de enfermagem tem ganhado cada vez mais espaço no atendimento integral à mulher, e as práticas integrativas estão presentes no dia a dia das maternidades e casas de parto. Os enfermeiros atualizam seus conhecimentos técnicos científicos e oferecem um atendimento humanizado, respeitando e acolhendo os direitos da mulher, colocando-se à disposição para melhor atendê-las e proporcionar um momento natural, único e especial sem intervenções medicamentosas e técnicas, optando pela medicina alternativa (RODRIGUES et al., 2018). 

O conceito de humanização é amplo e se estende a todas as áreas da saúde pública, devendo estar presente desde o início do atendimento à mulher no pré-natal até o puerpério. Nesta fase de mudanças hormonais e fragilidade pessoal, a mulher deve ser acolhida em sua totalidade, assim, uma assistência humanizada também disseminará bons resultados na recuperação física, psicológica, educação continuada da rede de apoio, na relação mãe/bebê, aleitamento materno e na fase de adaptação materno-infantil (BRASIL, 2017). 

Diante do exposto, o objetivo deste estudo é compreender a assistência de enfermagem na promoção do parto humanizado, e contribuir, de forma indireta, nas tomadas de decisões, e de forma direta, na assistência e segurança de todo o processo parturitivo. 

2 REVISÃO DE LITERATURA 

Segundo Silva et al. (2017), o parto é considerado um momento único na vida de cada mulher, marcado pela singularidade da experiência vivenciada antes, durante e após o nascimento do bebê. Cada mulher necessita da assistência humanizada, ou seja, atendimento integral, respeitoso e baseado em conhecimentos técnicos e científicos (SILVA et al., 2017). 

Durante muito tempo, as mulheres tinham como cultura o parto natural, sendo acompanhadas por parteiras que assistiam o trabalho de parto acontecer de forma fisiológica, sem intervenção. Ao passar dos anos e com o desenvolvimento da tecnologia e estudos, descobriu-se uma técnica cirúrgica, chamada de cesariana, que, até a atualidade, é utilizada também como opção para o nascimento do bebê (CASTRO; CLAPIS, 2005).   

O entendimento sobre a humanização da assistência obstétrica tem ganhado proporção, com o direito de escolha da mulher respaldado pelo Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN) que visa à assistência de qualidade pela equipe de enfermagem com o mínimo de intervenções possíveis durante o trabalho de parto, oferecendo o parto humanizado (MALHEIROS et al., 2012). 

Para que o profissional realize um atendimento humanizado, é importante estar atualizado sobre as técnicas seguras e práticas integrativas complementares para manejo de alívio da dor e evolução do trabalho de parto, minimizando as práticas intervencionistas, salientando que a orientação sobre as fases do trabalho de parto à mulher e seu acompanhante é imprescindível (ANDRADE et al., 2017).  De acordo com Vieira et al. (2016), o Ministério da Saúde classifica as boas práticas obstétricas em quatro categorias para que ocorra o parto e o nascimento com segurança e dignidade, ajudando a mulher a ter mais confiança, tranquilidade, realização e felicidade. Essas categorias foram criadas para fortalecer a utilização correta das 16 boas práticas e promover uma assistência adequada e segura no momento do trabalho de parto e parto.

Quadro 1: Boas práticas obstétricas em quatro categorias. 

Categoria A Práticas que devem ser estimuladas. 
Categoria B Práticas que podem prejudicar e devem ser eliminadas 
Categoria C Práticas que não existem evidências suficientes e devem ser usadas com cautela. 
Categoria D Práticas que são utilizadas de maneira incorreta. 
Fonte: Adaptado De Vieira et al., 2016

Martins et al. (2005) relatam que a experiência dos cuidados durante o trabalho de parto marcará a vida da mulher e influenciará no relacionamento mamãe/bebê, pois esse momento é marcado por alteração hormonal, sensibilidade e vulnerabilidade. Caso não seja bem assistida, a mãe poderá manifestar traumas que influenciarão, de forma negativa, nos cuidados com o recém nascido; porém, se bem assistida e orientada, além de praticar o que aprendeu com os profissionais, o binômio mãe-bebê terá desenvolvimento emocional afetivo positivo. 

3 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO 

Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, tipo de estudo que tem por finalidade retratar conhecimentos de estudos de forma clara e objetiva, conduzindo a busca por relatos de conteúdos presentes na íntegra com fundamentação teórica válida. A seguinte revisão reproduz a pesquisa e coleta de dados que foi realizada no período de 2022, cujos dados foram analisados por pesquisa de artigos, livros e documentos. 

Foram realizadas buscas dos artigos científicos para prosseguimento deste estudo de revisão integrativa de literatura nas seguintes bases de dados: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), 

Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), MEDLINE e Scientific Electronic Library Online (SCIELO).  Para seu desenvolvimento, foram selecionados, a partir de descritores de ciência da saúde, os seguintes termos: “Assistência de enfermagem”, “Parto humanizado”, e “Parto natural”.  

Os critérios de inclusão utilizados foram: artigos publicados nos últimos dez anos, no idioma português e que estivessem disponíveis na íntegra. Artigos duplicados em base de dados, estudo não original, tipo revisão de literatura, monografia e tese não se enquadram neste estudo. 

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS  

De acordo com as Diretrizes Nacionais de Assistência ao Parto Normal, do Ministério da Saúde (BRASIL, 2017), a mulher no parto deve ser tratada com respeito, ter acesso a informações baseadas em evidências e participar da tomada de decisões. Para isso, os profissionais que as atendem devem construir com elas uma relação de confiança, questionando-as sobre seus desejos e expectativas. Devem também estar cientes da importância de sua atitude, do tom de voz e palavras utilizadas, bem como da importância de como o cuidado é prestado em novos horizontes e novas linguagens. A humanização inclui proporcionar às mães acesso de um momento emocional a outro por meio do cuidado, além de segurança, equilíbrio e harmonia (BRASIL, 2017; MOTTA et al., 2016; ZAGONEL, 1997). 

O atendimento humanizado à mulher grávida deve ser iniciado desde o primeiro atendimento no pré-natal até o puerpério, período em que a mulher precisará de apoio e informações sobre as mudanças fisiológicas e psicológicas que passará durante todo o período de gestação, parto e puerpério (BRASIL, 2005).  

Durante a gestação, a mulher tem o direito de ser acompanhada por meio de consultas intercaladas entre médico e enfermeiro, profissionais capacitados para direcionar a mulher e tirar suas dúvidas, fortalecendo o vínculo da equipe com a gestante, visto que, no decorrer das consultas, a relação de confiança entre profissional e paciente é primordial, assim como a presença de um acompanhante, de preferência o parceiro, que, ao estar presente nas consultas, participará da preparação para o parto (BUSANELLO et al, 2010). 

Nas consultas, os profissionais têm o papel fundamental de ajudar na preparação psicológica da mulher para o parto, levando em consideração que a grande maioria sente medo da dor do parto e, muitas vezes, optam pela cirurgia, pois entendem que será a maneira mais fácil de ganhar o bebê e não sofrer com a dor. É importante que, no decorrer dessa preparação, sejam apresentadas as técnicas para alívio da dor e evidenciado que, durante o parto humanizado, essas técnicas serão utilizadas para que a mulher se sinta mais confortável e confiante na sua decisão (AVANZI et al., 2019).  

A assistência profissional na vida da mulher que está passando por um processo de transformação na sua vida, como um todo, deve ser assistida de forma empática, pois tal assistência não prestada ou negligenciada poderá afetar no desenvolvimento de mãe e filho, podendo esta mulher ser acometida por depressão pós-parto, frustração, tristeza e até mesmo ser acarretada com outros tipos de morbidade (POLES et al., 2018). 

Segundo a Portaria GM/MS nº 715, de 4 de abril de 2022, a Rede de Atenção Materna e Infantil (RAMI) resguarda vários direitos da mulher, entre eles, o direito de receber informações e orientações da gestação, planejamento familiar e reprodutivo, dando abertura para que a mulher tenha autonomia para expor opiniões e desejos sobre esse momento de transformação (BRASIL, 2022).  

A assistência de enfermagem no parto reflete diretamente no desenvolvimento do trabalho de parto, e a humanização é a chave para que o parto seja assistido de forma respeitosa e com o mínimo de intervenções possíveis. Assim, o profissional utiliza conhecimentos técnicos científicos e práticas integrativas complementares, como musicoterapia, aromaterapia, exercícios e massagens, para induzir, de forma natural, as contrações e evoluir para o parto (NÓBREGA et al., 2019).   

A equipe que realiza o acompanhamento da mulher em trabalho de parto deve prestar atendimento humanizado, e toda a equipe deve respeitar a vontade da mulher no momento de dor e vulnerabilidade, desde que suas decisões não causem danos à própria saúde e a do bebê. Dentro desse atendimento, a enfermagem já pode ressaltar as orientações para uma boa recuperação e relação com o bebê durante o puerpério (BUSANELLO et al., 2010). 

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Ao concluir este trabalho, é possível visualizar que a questão norteadora foi respondida, através de estudos técnico-científicos os quais comprovam a importância da realização do atendimento humanizado da equipe à mulher parturiente, em especial, a importância da atuação do enfermeiro e os resultados positivos, demonstrando satisfação e realização da mulher que viveu essa experiência sendo assistida pela enfermagem.  

O estudo conclui que a assistência humanizada da enfermagem e o apoio prestados pela equipe, utilizando as técnicas não farmacológicas, o respeito ao tempo de trabalho de parto sem intervenções, a implementação de terapias, como aromaterapia, musicoterapia, além de promoverem um avanço no trabalho de parto, por ter sido um processo prazeroso à memória afetiva positiva que a mulher cria durante esse processo, que reflete diretamente nos cuidados e relação com o recém-nascido. 

Durante a finalização deste trabalho, é possível constatar que as mulheres atendidas por enfermeiros demonstram maior satisfação do que as que foram atendidas pelos demais profissionais. Assim, destaca-se que cada vez mais a equipe de enfermagem presta assistência ao parto de forma humanizada, marcando a vida das mulheres positivamente e promovendo, consequentemente, um bom puerpério.  

REFERÊNCIAS 


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1Graduanda do Curso de Enfermagem, do Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos – Uniceplac. E-mail: palomasirocha@hotmail.com