IMPACTO DA QUALIDADE DE VIDA EM MULHERES COM INCONTINÊNCIA URINÁRIA NO PUERPÉRIO: REVISÃO DE LITERATURA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7309918


Ana Caroline Pimenta Miranda1
Emilia Nayara Barbosa Bezerra1
Geiza Menezes Ferreira1
Maria Victoria Souza Freitas 1
Dra. Thaiana Bezerra Duarte2


Resumo 

Introdução: O puerpério é a fase do pós-parto que provoca alterações anatômicas e fisiológicas implícitas no assoalho pélvico da mulher. A incontinência urinária (IU) no pós-parto é uma condição que interfere no convívio social e sexual da mesma, que é classificada como uma perda involuntária da urina, podendo ser momentâneo ou permanente. Apesar da IU não oferecer diretamente um risco à saúde das mulheres ela impacta negativamente na qualidade de vida. Objetivo: Realizar uma revisão de literatura para identificar o impacto da incontinência urinária na qualidade de vida das mulheres no puerpério. Materiais e métodos: Foram consultadas as bases de dados SciELO, Bireme e PubMed. Foram incluídos na revisão artigos publicados a partir do ano de 2007 nos idiomas: Português, Inglês e espanhol, e que abordassem o Impacto da qualidade de vida em mulheres com Incontinência Urinária no puerpério. Resultados: Foram incluídos 7 estudos, com dados de 4.752 mulheres com média de idade de 28,3 anos. Identificou-se que a IU tem um impacto negativo, mas não coloca diretamente em risco a saúde das mulheres. Afeta significativamente a qualidade nos fatores físicos, sociais, sexuais sendo o fator psicológico mais afetado. Conclusão: O estudo demonstrou que a qualidade de vida das mulheres que sofrem com IU no pós-parto é significativamente afetada. Faz-se necessário estudar os fatores que causam a IU, na tentativa de intervir de maneira precoce, evitando ou reduzindo os quadros de IU, principalmente os que surgem no pós-parto. 

Palavras-chave: Incontinência Urinária, Qualidade de vida, Puerpério, Saúde da Mulher. 

Abstract 

Background: The puerperium is the postpartum phase that causes anatomical and physiological changes implicit in the woman’s pelvic floor. Postpartum urinary incontinence (UI) is a condition that interferes with social and sexual life, which is classified as an involuntary loss of urine, which can be momentary or permanent. Although UI does not directly pose a risk to women’s health, it has a negative impact on quality of life. Pourpose:  To carry out a literature review to identify the impact of urinary incontinence on the quality of life of postpartum women. Methods:  The SciELO, Bireme and PubMed databases were consulted. Articles published from 2007 onwards in the following languages: Portuguese, English and Spanish, and which addressed the Impact of quality of life in women with urinary incontinence in the puerperium, were included in the review. Results: Seven studies were included, with data from 4,752 women with a mean age of 28.3 years. It was identified that UI has a negative impact, but does not directly put women’s health at risk. It significantly affects the quality in physical, social, sexual factors being the most affected psychological factor. Conclusion: The study showed that the quality of life of women who suffer from postpartum UI is significantly affected. It is necessary to study the factors that cause UI, in an attempt to intervene early, avoiding or reducing UI cases, especially those that arise in the postpartum period. Keywords: Urinary Incontinence, Quality of life, Puerperium, Women’s Health

1.INTRODUÇÃO 

O puerpério é a fase do pós-parto que provoca alterações anatômicas e fisiológicas implícitas no assoalho pélvico da mulher (LOPES; PRAÇA, 2010). Esse período se estende até 42 dias após o nascimento do bebê, podendo ocasionar também alterações emocionais, onde são destacados depressão, medo, ansiedade e desamparo. Durante a gravidez a musculatura do assoalho pélvico acaba sofrendo alterações e o peso uterino sobre a pelve aumenta a pressão na musculatura podendo acarretar enfraquecimento da Musculatura do Assoalho Pélvico (MAP), lembrando que os músculos do assoalho pélvico viabilizam suporte para a sustentação de órgãos como bexiga e intestino e tendo sua função anormal é impossível manter a continência urinária (LOPES; PRAÇA, 2010). 

A incontinência urinária (IU) no pós-parto é muito relatada pelas mulheres e é uma condição que interfere no convívio social e sexual da mesma, que é classificada como   uma perda involuntária da urina, podendo ser momentâneo ou permanente. Existem vários tipos de IU, como: Incontinência urinária de esforço, urgência, mista, transbordamento ou paradoxal, contínua e funcional (FERREIRA; SANTOS, 2011). 

A incontinência urinária de esforço é caracterizada como uma perda involuntária de urina ao esforço que acontece através do espirrar, tossir ou na prática de esforço físico como (descer escadas, correr, levantar). É o tipo mais comum encontrado em mulheres no pós-parto com prevalência de 40%, a mesma acontece pela alteração da força da MAP, fraqueza do esfíncter, anormalidade da bexiga, aumento de peso (BORTOLETTO; JULIATO; BRITO; ARAUJO, 2021). 

Apesar da IU não favorecer diretamente um risco à saúde das mulheres ela impacta negativamente na qualidade de vida (QV), que segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) é definida como um conceito que une os aspectos físicos, sociais e mentais, podendo interferir na saúde sexual e impactando principalmente no seu convívio social. Segundo um estudo, 28,2% das mulheres relataram que a IU interfere na sua vida diária afetando a sua qualidade de vida (LOPES; PRAÇA,2010). Inúmeras mulheres relataram que o fator psicológico é o mais afetado justamente pelo constrangimento que ela tem pela perda de urina e o odor que a mesma causa (FERREIRA; SANTOS, 2011). 

Com base no exposto, o estudo tem a finalidade de realizar uma pesquisa mais recente sobre o assunto proposto, uma vez que existem poucos artigos publicados envolvendo a incontinência urinária no puerpério. Percebe-se que existem bastante artigos científicos relacionando a incontinência urinária nas mulheres em geral. Entretanto existem poucos estudos voltados exclusivamente para verificar o real impacto da IU no puerpério, com isso o objetivo deste estudo é realizar uma revisão de literatura para identificar o impacto da incontinência urinária na qualidade de vida das mulheres no puerpério. 

2. MATERIAIS E MÉTODO 

O presente estudo trata-se de uma revisão de literatura dos artigos que abordaram a qualidade de vida das mulheres com Incontinência Urinária no puerpério. Para tal finalidade foram consultadas as bases de dados como Scientific Electronic Library Online – SciELO, Publicações Médicas – PubMed, Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde – Bireme, a busca foi realizada no período de maio e julho de 2022. Utilizaram-se as palavras chaves para explorar a pesquisa: “Incontinência Urinária”, “Urinary incontinence”, “Qualidade de vida”, “Qualities of life”, “Puerpério”, “Puerperium”, “Saúde da Mulher” e “Women´s Health”. 

Foram incluídos na revisão artigos publicados a partir do ano de 2007 nos idiomas: Português, Inglês e espanhol, e que abordassem o Impacto da qualidade de vida em mulheres com Incontinência Urinária no puerpério. Foram excluídos artigos com mulheres multíparas, mulheres com mais de 40 anos, artigos de revisão, ensaios clínicos e artigos duplicados.  

A pesquisa foi realizada através das bases de dados SciELO, Bireme e PubMed, utilizando- se as palavras chaves. Foram aplicados os critérios de inclusão e exclusão até chegar no total de artigos incluídos nesta revisão. 

3. RESULTADOS  

Foram identificados um total de 142 artigos, sendo assim, 42 no PubMed, 23 no Bireme e 77 no SciELO. Foram excluídos 19 publicações por estarem duplicadas. Após a exclusão dos duplicados foram selecionados 123 artigos para leitura de título e resumo, pertencendo 39 no PubMed, 21 no Bireme e 63 no SciELO. Excluíram-se 64 publicações por serem artigos com mulheres multíparas (N=8), mulheres acima de 40 anos (N=12), revisão e ensaios clínicos (N=29) publicados anteriormente ao ano de 2007 (N=15). Posteriormente, foram lidos na íntegra 59 artigos e exclusos 52, pois não avaliava a QV (N=24), não relatava período do puerpério (N=11) e não relacionava IU com QV (N=17). Após isso se resultou um total de 7 artigos incluídos nesta revisão, conforme a figura 1. 

Figura 1: Fluxograma do estudo.

AUTOR/ ANO OBJETIVO METODOLOGIA RESULTADOS 
Lopes; Praça. (2019) Avaliar a qualidade de vida das mulheres que referiram incontinência urinária após o parto, atendidas na Maternidade Municipal de Londrina. Estudo de coorte, realizado com 358 puérperas atendidas na maternidade Municipal de Londrina. Foi dividido em três etapas a coleta de dados: 48 horas após o parto, terceiro mês e sexto mês após o parto. Para avaliação da qualidade de vida das mulheres incontinentes foi utilizado o King ‘s Health Questionnaire. O grupo apresentou média de 24,6 anos e incidência de incontinência urinária no pós-parto de 10,5%. Na qualidade de vida, os resultados mostraram maior comprometimento nos fatores de percepção geral de saúde, medidas de gravidade, impacto da 
incontinência, limitações das atividades diárias e físicas. 
Rocha et al. (2017) Identificar e avaliar a prevalência e fatores de risco para incontinência urinária três meses após o parto. Estudo transversal que incluiu 268 puérperas, que tiveram parto no Centro Hospitalar Tâmega e Sousa em 2013 e 2014. Foram avaliadas durante o período de internação após o parto. Utilizou-se o questionário ICIQ-  Short Form. Posteriormente, foram contactadas  telefonicamente 3 meses após o parto, para responder questões acerca da incontinência urinária no pós-parto. No pós-parto (n= 237), 28.69% das mulheres com incontinência urinária tiveram parto vaginal e 5.91% das mulheres foram submetidas a cesariana (D = 0.001). Neste grupo de mulheres com incontinência urinária no pós-parto (n = 82), 31.69% apresentaram incontinência urinária após 3 meses e 68.31% das mulheres apresentavam sintomatologia durante a gravidez (D < 0,001). A IU tem um grande impacto psicossocial na QV, mas não é um risco à vida. 
Lopes; Praça. (2010) Caracterizar a ocorrência de incontinência urinária autorreferida pela mulher no período pós-parto. Um estudo epidemiológico, transversal, que entrevistou 288 mulheres com até seis meses de pós-parto, atendidas pelo serviço de saúde do município de São Paulo. Resultados mostraram que, dentre as 71 mulheres autorreferidas como incontinentes, (28%) relataram que incontinência urinária interferia na sua vida diária; (53,5%) eram primíparas; (96%) das mulheres não receberam orientações sobre o preparo do períneo no período gestacional ou no pós-parto. Verificou-se que, no pósparto, as mulheres não informam sobre a ocorrência de perda de urina ao profissional de saúde. 
Bortoletto et al. (2021) Avaliar a prevalência dos tipos de incontinência urinária em mulheres após parto vaginal e cesárea, e identificar os fatores de risco associados à presença e à gravidade da incontinência urinária nessa população. Estudo de corte transversal com 120 mulheres, 12 a 18 meses após o parto, entrevistadas telefonicamente com questionários validados sobre sintomas urinários e vaginais A prevalência de incontinência urinária foi de 52,5% e a de incontinência urinária de esforço, de 40%, sem diferença com relação ao parto (p = 0,945 e 0,770). A maioria apresentava incontinência urinária leve (80%), e não houve diferença nas médias dos questionários. O predomínio de IU leve muitas vezes é perceptível, pois o impacto na qualidade de vida não é tão significativo, o que faz com que as mesmas não busquem o serviço de saúde. 
Martínez et al. (2019) Estabelecer a associação entre desconforto e problemas frequentes de mulheres no Estudo transversal sobre mulheres espanholas no pós-parto. Os dados foram coletados sobre variáveis sociodemográficas, obstétricas e neonatais, sobre problemas/ 2.990 mulheres participaram do estudo. Os maiores problemas que causaram perda de qualidade de vida foram sintomas depressivos, 
puerpério e seu escore de qualidade de vida desconforto materno pós-parto e em parâmetros que são indicadores de qualidade de vida. Foi utilizado questionário SF-36. problemas de lactação, problemas para a relação sexual após o parto e problemas urinários como a incontinência urinária, entre outros. Estes foram detectados como risco fatores que afetam a qualidade de vida da puérpera. 
Lopes; Lorey. (2012) Avaliar se a incontinência urinária urinária (IU) no puerpério compromete a qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) atendidas em um hospital público terciário e ensino do interior da província de São Paulo e em quais aspectos. Trata-se de estudo caso-controle que incluiu 344 puérperas, com até 90 dias pós-parto. Aplicou-se o questionário formulado e validado, o International Consultation on Incontinence Questionnaire – Short -Form (ICIQSF), o King’s Health Questionnaire (KHQ) e o Medical Outcomes Study 36 – Item Short Form Health Survey (SF-36). O escore médio do ICIQ-SF foi 13,9 (dp=3,7). Casos apresentaram pontuação média elevada nos domínios impacto da incontinência, emoções, limitações de atividades diárias e físicas do KHQ. Os grupos diferiram nos domínios físicos, dor, estado geral de saúde, vitalidade, aspectos sociais e saúde mental do SF-36. A IU afeta a saúde física e mental das puérperas. 
Moossdorff et al. (2021) Investigar a prevalência de IU autorreferida, o nível de incômodo experimentado e crenças, para explicar o comportamento de busca de ajuda em mulheres na Holanda 6 semanas a um ano pós-parto Realizou-se uma pesquisa digital entre puérperas, compartilhada nas redes sociais, para a inclusão no estudo. Foi utilizado o questionário International Consultation Incontinence Questionnaire-Urinary Incontinence Short Form (ICIQ-UI SF), ICIQ Sintomas do Trato Urinário Inferior Qualidade de Vida (ICIQ-LUTSqol), e Perguntas sobre crenças e busca de ajuda comportamental. A pesquisa incluiu 415 mulheres. A prevalência geral de IU foi de 57,1% (intervalo de confiança de 95% (IC) (52,3-61,8). Em 38% das mulheres relataram incômodo, 25% procuraram ajuda. As mulheres que procuravam ajuda apresentaram pontuações significativamente mais altas para incômodo, medido pelo ICIQ-Ul SF, do que os que não procuram ajuda (p = 0,001). 

Essa revisão apresenta resultados de 7 estudos, sendo eles transversal (N= 4), coorte (N=2) e caso controle (N= 1). Com dados de 4.752 mulheres e média de idade de 28,3 anos.  

Dentre os estudos incluídos foram utilizados 4 formulários estruturados pelos próprios autores para obter informações sobre variáveis sociodemográficas, ginecológicas e obstétricas. Outros instrumentos usufruídos para avaliar a  incontinência urinária na qualidade de vida relacionada à saúde foram King’s Health Questionnaire – KHQ (LOPES; PRAÇA, 2010; 

LEROY; LOPES, 2012), International Consultation on Incontinence Questionnaire Short Form 

–  ICIQ-SF (ROCHA ET AL, 2017; BORTOLETTO ET AL, 2021; MOSSODORFF ET AL, 2021), International Consultation on Incontinence Questionnaire Short Form 36 – ICIQ-SF36 

(MARTINEZ ET AL, 2019; LEROY; LOPES, 2012), International Consultation on Incontinence Questionnaire Lower Urinary Tract Symptoms Quality of Life – ICIQ-LUTSqol (MOSSODORFF ET AL, 2021), ICIQ Vaginal Symptoms – ICIQ-VS (BORTOLETTO ET AL, 2021) todos foram adaptados para o português.  

A amostra analisada identificou que a IU tem um impacto negativo, mas não coloca diretamente em risco a saúde das mulheres. Afeta significativamente a QV nos fatores físicos, sociais, sexuais sendo o fator psicológico mais afetado. 

4 DISCUSSÃO 

O período gestacional provoca alterações anatômicas e fisiológicas no assoalho pélvico da mulher que acaba se estendendo no período do pós parto. A incontinência urinária está relacionada ao enfraquecimento dos músculos do assoalho pélvico, afetando a qualidade de vida das mulheres nesse período. Lopes; Praça, (2010). A gestação possui um efeito cumulativo negativo sobre a musculatura pélvica, o que associado a parte mecânica e hormonal resulta em um alargamento da musculatura mesmo depois do pós-parto. (ROCHA et al, 2017). 

 Tendo em vista que os estudos selecionados nesta revisão descrevem que são muitos os fatores que levam a mulher desencadear a incontinência urinária, como: aumento de peso, histerectomia, paridade, mulheres com mais de 60 anos, mulheres primíparas, e a própria alteração anatômica e fisiológica que acontece no período gestacional. O MAP acaba que na maioria das vezes tendo seu funcionamento anormal não conseguindo manter a continência urinária.  

Logo, a partir desses resultados percebe-se que há um impacto na QV, ainda que não coloque em risco a saúde da mulher. Segundo Leroy e Praça (2012 e Lopes e Praça (2019) a IU afeta na realização das atividades de vida diária (AVDs), gerando limitação sociais, sexuais, sendo o fator psicológico o mais afetado, justamente pelo constrangimento que o odor e a perda de urina causam. Embora, Bortoletto et al (2021) enfatize que a IU não afeta significativamente a QV, pois muitas vezes ela não é perceptível, fazendo com que a mulher não busque serviços de saúde. 

Consoante com o estudo, Moossdorff et al. (2021) referiram que o tipo de IU com mais predominância no período do puerpério é a incontinência urinária de esforço (IUE) afetando a QV das mulheres, dando ênfase que as mulheres primíparas têm uma condição maior para adquirirem a IU. Lopes e Praça (2010), demonstram que na entrevista que os mesmos fizeram a prevalência de IU está presente nas mulheres com faixa etária de 26 anos afetando a sua qualidade de vida e a vida social.  

Pantoja (2022) destaca que a IUE tem uma grande prevalência em mulheres mais jovens e ressalta que a episiotomia e parto vaginal aumentam as taxas de IUE. Segundo Lopes e Praça (2010) os fatores que desencadeiam a IU nas mulheres primíparas sucedem-se pela relação com o parto, falta de preparo do períneo, episiotomia, parto via fórceps, peso do bebê e pela força que as mulheres fazem durante o trabalho de parto. A revisão realizada por Picolotto (2018) corrobora que há uma associação significativa entre perda de urina e algumas variáveis como tabagismo, incontinência durante a gravidez, parto vaginal (OR 2,36 – p=0,02) e uso de fórceps (OR 1,870 – p=0,024).  

Moosdorf et al. (2021) retratam em seu estudo que a prevalência da IU consiste em um período de 3 a 6 meses. Da mesma forma, Rocha et al (2017) descrevem que a IU pode persistir entre 4 a 6 meses no puerpério. Já Colla (2017) ressalta que os sintomas podem permanecer por 4 ou 6 semanas. Esse sintoma pode se tornar perceptível quando desencadeado no período da gravidez, impactando negativamente na saúde da mulher. Segundo revisão feita por Abreu (2011), vários autores confirmaram que o início da IUE durante a gestação e perdurável 3 meses após o parto representa um dos fatores de risco mais importantes para a existência de IU a longo prazo. 

Conforme os achados do presente estudo identifica-se que as mulheres não receberam orientação sobre IU no período gestacional, ressaltando sobre a alteração que ocorre nesse período e as possíveis complicações que as mesmas podem apresentar, tendo em vista que a IU é muito comum no puerpério.  

Segundo os estudos feito por Martinez et al (2019) problemas sexuais foram identificados como fator de risco para pior qualidade de vida no puerpério, pois as mulheres relatam dor genital nas primeiras 6 semanas. Enquanto, Vaz Junior et al (2015) demonstram que uma deficiência na lubrificação vaginal, contribui para dificuldades na relação sexual, mas não impossibilita a mulher de manter relações.  

Este estudo afirma que a incontinência urinária é uma disfunção que afeta as mulheres no período do puerpério e que causa um impacto negativo na vida das mesmas. Durante a pesquisa foi visível perceber que muitas mulheres dos estudos não tinham conhecimento sobre a IU e muitas achavam que a perda de urina era um fator fisiológico da gestação. Foi percebido que as mulheres não tinham uma orientação sobre as possíveis disfunções e alterações que ocorrem no período gestacional, onde merece uma grande ênfase justamente para as mesmas estarem atentas aos sintomas que podem vir aparecer no período da gestação e no puerpério. Com essas informações, as mesmas seriam orientadas a procurar um serviço de saúde para um bom tratamento (LOPES; PRAÇA, 2010).  

Nesse sentido, a fisioterapia tem eficácia como opção de tratamento e prevenção de IU. O fortalecimento do assoalho pélvico (MAP) reduz o risco de desenvolvimento da incontinência urinária e o mesmo tem uma grande eficácia no tratamento. O treinamento dos músculos do assoalho pélvico (TMAP) tem uma referência no tratamento de incontinência urinária de urgência, esforço e mista, consistindo em exercícios de contrações voluntárias dos músculos do assoalho pélvico, melhorando o controle da perda de urina. (SIGURDARDOTTIR et al, 2019). 

5 CONCLUSÃO 

O estudo demonstrou que a qualidade de vida das mulheres que sofrem com IU no pósparto é significativamente afetada, ocasionando em alguns casos manifestações de novas disfunções, que poderiam ser prevenidas se essas mulheres recebessem a orientação adequada para prevenir a incontinência urinária..  

A falta de orientação associado aos transtornos causados pela IU resulta em impacto na qualidade de vida da mulher que apresenta esse quadro, como a indisposição para realização das AVDs, diminuição na libido, indisposição para realização de atividades físicas, assim como isolamento social, o qual é um fator de risco para a manifestação de um quadro depressivo.  

Faz-se necessário novos estudos que almejam intervir de maneira preventiva em novos casos, sabendo-se que alguns fatores contribuem para a predisposição da IU em determinados grupos de mulheres, como, por exemplo, paridade, a idade, alteração anatômica e fisiológica, a aumento de peso dentre outros, principalmente os que surgem no pós-parto, já que em virtude da própria gestação algumas modificações já são esperadas. 

Sugere-se com isso, a presença de profissionais qualificados que possam contribuir precocemente aplicando tratamento e orientação adequada a essas mulheres, que por vezes acabam omitindo os sintomas da IU, acreditando não ter relevância o relato de tal fato. 

Neste contexto, destaca-se o profissional fisioterapeuta, o qual graças a sua formação, detém de conhecimento técnico-científico mais eficaz, que contribui consideravelmente na prevenção e tratamento dos músculos do assoalho pélvico, os quais são diretamente afetados pelo processo gravídico. 

As técnicas aplicadas por esses profissionais buscam o fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico, que impacta positivamente na redução da incontinência urinária, além possibilitar o aumento da libido e disposição para realização das atividades diárias, assim como recuperação mais rápida dessa musculatura no pós-parto, o que influencia a qualidade de vida da mulher.


REFERÊNCIAS  

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 1Discente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE
2Doutorado em Reabilitação e Desempenho Funcional, Docente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE.