NOVAS ESTRATÉGIAS DE SUPLEMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO PARA HIPERTROFIA MUSCULAR

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7302026


Beatriz Oliveira De Almeida
Orientador: Prof. Daniel Chreem


RESUMO

A adoção de uma alimentação saudável, especialmente para pessoas que praticam atividades físicas envolvendo o ganho de massa muscular, passa, inclusive, pela escolha de suplementos que colaboram para alcançar tal objetivos. Além disso, o acompanhamento realizado por profissional capacitado faz com que a pessoas receba a orientação correta na escolha do suplemento. Este estudo tem como objetivo geral verificar, através de evidências científicas, quais as novas estratégias de suplementação e nutrição para hipertrofia muscular. Para isso foram adotados como objetivos específicos discutir o que é a hipertrofia muscular; verificar quais as novas estratégias de nutrição voltadas para a hipertrofia muscular; estudar a eficácia da suplementação na hipertrofia muscular; e verificar o mecanismo de ação dos suplementos no organismo humano associados a estratégias de nutrição voltadas para a hipertrofia muscular. Como metodologia de pesquisa foi adotada a revisão de bibliografia baseada em artigos publicados em revistas científicas que atenderam aos critérios de inclusão, sendo estes o recorte temporal de 10 anos, a disponibilidade em língua portuguesa, o conteúdo pertinente ao tema do estudo e a gratuidade.

Palavras-chave: Hipertrofia Muscular; Nutrição; Suplementação.

ABSTRACT

The adoption of a healthy diet, especially for people who practice physical activities involving muscle mass gain, includes the choice of supplements that collaborate to achieve such goals. In addition, the follow-up carried out by a trained professional means that people receive the correct guidance in choosing the supplement. This study aims to verify, through scientific evidence, which are the new supplementation and nutrition strategies for muscle hypertrophy. For this, specific objectives were adopted to discuss what muscular hypertrophy is; verify which are the new nutrition strategies aimed at muscle hypertrophy; to study the effectiveness of supplementation in muscle hypertrophy; and verify the mechanism of action of supplements in the human body associated with nutrition strategies aimed at muscle hypertrophy. As a research methodology, a bibliographic review was adopted based on articles published in scientific journals that met the inclusion criteria, which were the time frame of 10 years, availability in Portuguese, content relevant to the subject of the study and free of charge.

Keywords: Muscular Hypertrophy; Nutrition; Supplementation.

LISTA DE ABREVIATURAS

ANVISAAgência Nacional de Vigilância Sanitária
BCAABranched-Chain Amino Acids

1 INTRODUÇÃO

Uma vida saudável inclui não apenas a prática de exercícios físicos regulares, mas uma alimentação saudável e equilibrada composta pelos nutrientes necessários para a formação de ossos e músculos, assim como a manutenção dos órgãos. A inclusão de alguns suplementos na alimentação colabora para a melhoria do desempenho físico, assim como na hipertrofia dos músculos (SILVA et al., 2021).

Além disso, a adoção destes suplementos colabora para a redução do peso (gordura corporal) e com o ganho de massa muscular quando associado a atividades físicas regulares. Tudo isso tem como resultado uma melhora da qualidade de vida do praticante, especialmente quando associado a um acompanhamento de um nutricionista especializado em nutrição desportiva (CARVALHO; BARRETO, 2018).

Contudo, vale destacar que nem todos os suplementos alimentares devem ser ingeridos sem orientação profissional. Devido a necessidade pessoal do vigor físico ou da aparência, muitas pessoas fazem uso de suplementos que possuem substância que fazem mal ao organismo, como as anfetamínicas, capazes de dar a sensação de perda de apetite, compromentendo a saúde, ao mesmo tempo em que proporcionam à pessoa maior capacidade de resistência aos exercícios físicos (FERREIRA et al., 2021).

Silva e Ferreira (2014) concordam que a ingestão dos suplementos deve ocorrer com acompanhamento profissional visando a segurança alimentar da pessoa. Apesar do mercado de suplementos ofertar uma série de opções e de movimentar uma quantidade significativa de dinheiro, dependendo da dieta alimentar da pessoa, um determinando tipo de suplemento deve ou não ser administrado. Além disso, os suplementos devem estar em acordo com as normas dos órgãos competentes, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

Os suplementos alimentares, quando inseridos adequadamente na alimentação da pessoa, tem como objetivo a reposição de nutrientes ou como auxílio quando o objetivo é a busca pela melhora no desempenho físico e incremento da força muscular. Contudo, vale destacar novamente que o uso destes suplementos sem a devida orientação nutricional pode não fazer o efeito desejado (SILVA et al., 2021).

Estes compostos são comumente ingeridos de forma oral. Trata-se de um complemento a aimentação que resulta em aumento da performance durante uma atividade física envolvendo força, por exemplo, como a musculação. Apesar de terem, comumente, alto valor calórico, a carga do exercício físico acaba por consumi-la, evitando o aumento de peso devido a gordura corporal (CARVALHO et al., 2018).

Segundo Carvalho e Barreto (2018), o uso de suplementos alimentares por praticantes de atividades físicas de alto desempenho é muito comum. Isso ocorre devido ao fato destes esportistas buscarem melhora na sua capacidade de força. Com o aumento da carga é possível potencializar a força através da ingestão dos suplementos, tendo como resposta do organismo a hipertrofia muscular.

Também pode ser compreendida como sendo um “crescimento dos elementos contráteis, que ficam maiores, e uma expansão da matriz extracelular para suportar esse crescimento” (TEIXEIRA, 2017, p. 2). Através de um estímulo constante, especialmente de exercícios de carga/força, associado a ingestão de proteínas, há um aumento dos músculos graças a sua capacidade de se remodelar.

Existem vários tipos de suplementos alimentares que visam aumento de força e a hipertrofia, como as proteínas, carnitina, creatina, microelementos e os aminoácidos (glutamina, lisina, arginina, entre outros). Algumas proteínas que fazem parte destes suplementos podem ser obtidas através da clara de ovos e do soro de leite (SILVA et al., 2021).

Diante do que foi apresentado, tem-se como problema de pesquisa para este estudo a seguinte formulação: Quais as novas estratégias de suplementação e nutrição para hipertrofia muscular?

2. OBJETIVO

2.1 Objetivo geral

Verificar, através de evidências científicas, quais as novas estratégias de suplementação e nutrição para hipertrofia muscular?

2.2 Objetivos específicos

  1. Discutir o que é a hipertrofia muscular.
  2. Verificar quais as novas estratégias de nutrição voltadas para a hipertrofia muscular.
  3. Estudar a eficácia da suplementação na hipertrofia muscular.
  4. Verificar o mecanismo de ação dos suplementos no organismo humano associados a estratégias de nutrição voltadas para a hipertrofia muscular.

3 METODOLOGIA

Como metodologia de pesquisa foi adotada a revisão de bibliografia baseada em artigos publicados em revistas científicas que atenderam aos critérios de inclusão, sendo estes o recorte temporal de 10 anos, a disponibilidade em língua portuguesa, o conteúdo pertinente ao tema do estudo e a gratuidade. Para a pesquisa on line, foram utilizados como palavras-chave os termos “hipertrofia muscular”, “nutrição” e “suplementação”. Após a adoção dos critérios de inclusão foram selecionados os artigos constantes no capítulo de referências.

4 REVISÃO DA LITERATURA

4.1 HIPERTROFIA MUSCULAR

As atividades físicas, como o levantamento de peso e a musculação, têm como resultado mudanças significativas, tanto na fisiologia, quanto na bioquímica do organismo humano. Com isso, há uma melhora no desempenho físico e no rendimento, além do fato de que se evita a atrofia muscular. Quando a pessoa faz tais atividades com intensidade e em um ritmo esportivo, as mudanças no corpo podem ser vistas na hipertrofia muscular (FISCHBORN, 2009).

Vale destacar, desde o primeiro momento, que a hipertrofia muscular diz respeito ao aumento significativo do volume dos músculos resultante de atividade física onde uma carga é imposta. Na hipertrofia o “tecido muscular esquelético exibe uma plasticidade e capacidade de adaptação notáveis” (RODRIGUES, 2017, p. 2).

Um exemplo como pode ser obtida a hipertrofia é na musculação ou nos treinamentos de grande intensidade e força (FISCHBORN, 2009; CARVALHO et al., 2018).

A musculação é uma das modalidades mais praticadas no mundo, tanto por parte dos mais jovens quanto por idosos e pelo público infantil, para os quais geralmente é realizada com certas adaptações. Além disso, é indicada para prevenção e controle de doenças, como a diabetes […] esta modalidade tem um caráter individual, em que diversos objetivos podem ser alcançados com a sua prática, por exemplo, a hipertrofia muscular, perda de peso gordo, melhoria na aptidão física, dentre outros (CARVALHO et al., 2018, 216).

Diante disso, a hipertrofia pode ser compreendida como uma resposta do corpo a esta carga, que exige uma resposta em forma de força, resultando em aumento visível dos músculos (CARVALHO et al., 2018).

Para Rodrigues (2017), a hipertrofia pode ser descrita como sendo o aumento dos elementos contráteis, ou seja, dos músculos, que tem a sua estrutura aumentada devido a uma expansão da matriz extracelular. Através do aumento das atividades físicas, associada a uma alimentação rica em proteínas, tem-se um crescimento das fibras musculares individuais.

Ferreira et al. (2021) afirmam que para manter a hipertrofia muscular é preciso que o sistema imunológico do atleta esteja fortalecido. Isso só é possível se for garantido o nível de proteínas plasmáticas ideal para as condições fisiológicas do atleta, que é bem superior à de uma pessoa que não faz atividades físicas em intensidade. Vale destacar que este nível depende, também, do tipo de exercício que está sendo praticado.

A recomendacao de proteinas para a população comum segundo as DRI (Dietary Reference Intakes) considera o consumo de 0,8 g/kg/dia para indivíduos adultos saudaveis, levando em consideracao que os efeitos acarretados devido ao consumo elevado do nutriente sao desconhecidos. Considerando o balanco nitrogenado para adultos saudaveis a recomendacao e de 105 a 132 mg/kg/dia de nitrogenio, sendo para isto necessario o consumo de 0,65 a 0,83 g/kg/dia de proteina de boa qualidade (FERREIRA et al., 2021, p.48-49).

4.2 ESTRATÉGIAS DE NUTRIÇÃO VOLTADAS PARA A HIPERTROFIA MUSCULAR

Segundo Silva et al. (2021), o processo para a hipertrofia muscular passa pelo acompanhamento de um profissional. Isso ocorre devido ao fato de que é o nutricionista o profissional indicado para lhe fornece uma dienta adequada para alcançar os seus objetivos físicos. Além disso, é este profissional que vai equilibrar a quantidade necessária diária de proteínas, de lipídios, carboidratos, entre outros elementos para essa dieta específica.

Além disso, Fischborn (2009) aponta que, apesar dos benefícios dos suplementos alimentares e da atividade física regular, a nutrição tem um papel indispensável na qualidade de vida de pessoas que fazem atividades físicas para hipertofia muscular.

Os benefícios proporcionados pela prática de exercícios regulares são bem documentados. Em se tratando especificamente dos exercícios com pesos, evidências científicas respaldam que um programa adequado de treinamento induz inúmeros benefícios, tais como: melhorias na resposta da insulina à sobrecarga de glicose e na sensibilidade à insulina, menor probabilidade de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, entre outros. No entanto, a grande maioria dos indivíduos adultos jovens que aderem a programas regulares de exercícios com pesos têm maior preocupação estética, que se resume ao aumento da força e massa muscular, que não necessariamente se restringem aos limites fisiológicos benéficos à saúde (FISCHBORN, 2009, p.133).

Carvalho e Barreto (2018) concordam com essa colocação e vão além ao mencionar que, por compreender exatamente as necessidades do corpo, o nutricionista é capaz de fazer a indicação correta às necessidades da pessoa que está fazendo atividades físicas, especialmente as de alto desempenho. Com isso, o profissional, de posse das ações nutricionais de várias substâncias e alimentos específicos e voltados para nutrição esportiva, pode estabelecer os níveis desejáveis para se alcançar a hipertrofia desejada.

Um estudo realizado por Silva e Ferreira (2014) apresentou dados relevantes acerca da venda de suplementos no Brasil, utilizados especialmente por pessoas que buscam a melhora no desempenho físico e na hipertrofia. Em sua pesquisa, os autores revelaram que no país, no ano de sua publicação, havia mais de 3.500 suplementos, sendo estes, mais de 60% voltados para hipertrofia muscular.

Dentre os 3526 produtos, 68,7% possuíam obrigatoriedade de registro no Ministério da Saúde, sendo a maioria registrada como “Alimentos para atletas” (49%, n=1189). Constatou-se que 70,7% dos fabricantes de 2425 suplemen­tos estavam ou comercializavam produtos em situação irregular. Dentre os 100 suplementos destinados ao emagrecimento e hipertrofia líderes de venda na internet, 40% eram vendidos ilegalmente. Todos os produ­tos regularizados vendidos para emagrecimento e 22% para hipertrofia estavam registrados em categorias incompatíveis aos fins comerciais. Todos os websites ofertavam alimentos funcionais como fitoterápicos e vice-versa, e 27% vendiam alimentos de origem animal como fitoterápicos. Dentre os suplementos regis­trados para nutrição enteral (n=91), 45% eram vendidos para fins estéticos e explosão muscular. […] Suplementos para hipertrofia muscular e emagrecimento podem constituir tendência de mercado no Brasil. A decisão do Ministério da Saúde de isentar categorias de alimentos para atletas, e outros fins específicos da obrigatoriedade de registro, pode aumentar os riscos à saúde dos consumidores (SILVA; FERREIRA, 2014, p.374).

Tal estudo corrobora com a importância de se ter um acompanhamento profissional quando o objetivo é a hipertrofia, assim como qualquer outra mudança na dieta e no desempenho físico. Além disso, com o acompanhamento profissional, o suplemento nutricional e a mudança na dieta terão melhores resultados (FERREIRA et al., 2021).

Os suplementos alimentares possuem alta significância em termos de ganhos de massa muscular e redução de gordura corporal, mas o conjunto de suas propriedades é responsável pela melhoria na qualidade de vida dos indivíduos e inserção de padrões alimentares favoráveis aos resultados satisfatórios em termos de saúde. O interesse em compreender a eficácia de proteínas e aminoácidos inseridos em combinação a exercícios físicos fornece ao nutricionista recursos para execução de um plano de trabalho adequado e efetivo (CARVALHO; BARRETO, 2018, p.2).

Um estudo realizado por Barboza et al. (2015), em que os autores buscaram verificar como se dá o consumo de suplementos a base de proteínas, suplementos e energéticos em um grupo de paratletas verificou a necessidade de acompanhamento profissional na dieta para se alcançar os objetivos de melhora no desempenho corporal, ou seja, na melhora da massa muscular e na hipertrofia.

O consumo de suplementos alimentares visando a hipertrofia muscular é apontado por Silva et al. (2021), em grande parte, devido aos estímulos realizados pelo marketing das marcas. Contudo, os autores ressaltam que isso não desabona os efeitos dos suplementos, mas que serve de parâmetro quando se observa o sucesso de alguns suplementos sobre outros.

De fato, o uso de suplementos na dieta, especialmente por pessoas que praticam a musculação, acabou com o passar do tempo sendo considerada como uma “estratégia na busca pelo aprimoramento do desempenho corporal” (CARVALHO et al., 2018, 216). Ou seja, tornou-se mais um recurso para a melhoria dos resultados em um período mais curto do que a pessoa levaria sem o uso dos suplementos.

4.3 SUPLEMENTAÇÃO NA HIPERTROFIA MUSCULAR

Os suplementos alimentares são produtos que devem ser consumidos por via oral com objetivo primordial de complementação alimentar baseado em evidência. No comércio destes produtos é possível encontrar mais comumente os que possuem na sua composição aminoácidos (beta alanina), vitaminas, proteínas (como albumina e whey protein obtidas das claras de ovos e do soro do leite) (CARVALHO et al., 2018).

Os suplementos são descritos por Ferreira (2017) como sendo um produto que é consumido por atletas, tanto os de alto rendimento, quanto pessoas comuns que praticam atividades físicas visando a hipertrofia. Segundo o autor, no que diz respeito a escolha dos suplementos, as mulheres optam mais pelos suplementos a base de ferro. Já os homens preferem os suplementos a base de proteínas e creatina.

Para Lara e Correia (2015), o uso e os benefícios do consumo de proteínas, especialmente para atletas, não é uma novidade. Contudo, as autoras ressaltam que o uso elevado como forma de sulplemento associado aos aminoácidos é pauta de muitas discussões. Isso ocorre devido ao fato de as proteínas fazerem parte da dieta visando atender as necessidades do organismo. Quando esse consumo for excessivo pode causar mais danos que benefícios, sendo necessário o acompanhamento por profissional.

Segundo Fischborn (2009, p.133), o “whey protein é composto por proteínas extraídas da porção aquosa do leite, gerada durante o processo de fabricação do queijo. O perfil de aminoácidos das proteínas do soro, principalmente ricas em leucina, pode favorecer o anabolismo muscular”. Trata-se de uma das fontes de glutationa mais ricas e mais utilizadas pelos atletas de alto desempenho. Além destes, ainda temos a creatinina, glutamina, cartinitina e cafeína (CARVALHO et al., 2018).

Ferreira (2017) concorda com essas colocações ao afirmar que estas substâncias são mais eficazes. Além disso, existe na literatura uma gama de estudos que apresentam a eficácia de suplementos a base de proteínas, de aminoácidos de cadeia ramificada, de caseína, β-alanina, entre outros, como a vitamina C, vitamina D e vitamina E.

A suplementação com carnitina é feita objetivando a oxidação de gorduras e carboidratos, como também para retardar a fadiga muscular. O uso de creatina está associado ao aumento dos estoques de fosfocreatina muscular, acelerando a recuperação, principalmente em exercícios de curta duração. A utilização de vitaminas, principalmente C e E, é encorajada por seus efeitos antioxidantes. Ferro, zinco, magnésio, cobre e iodo são microelementos atuantes como agentes anabólicos e sua deficiência dificulta a reparação do dano tissular. A cafeína pode melhorar a mobilização de ácidos graxos livres no tecido adiposo, contribuindo com uma menor utilização de glicogênio, sendo também um ativador do sistema nervoso central. O uso de proteínas supera muitas vezes o uso de qualquer outro tipo de suplemento, pela sua alta contribuição com a hipertrofia muscular (CARVALHO et al., 2018, p.220).

Uma pesquisa realizada por Lara e Correia (2015) apresentou resultados positivos sobre o uso da suplementação proteica de creatinina monoidratada. Segundo as autoras, o uso associado ao carboidrato apresentou resultados positivos no que diz respeito ao ganho de massa muscular. Além disso, o estudo revelou que esta combinação é segura para pessoas acima dos 60 anos de idade e não causa impacto nas suas funções hepáticas.

A proteína, segundo Ferreira et al. (2021), tem sido utilizada por atletas há muito tempo devido a demanda corporal, ou seja, a necessidade do corpo em reparar os danos causados pelo esforço físico acima do normal. Além disso, o corpo necessita da manutenção das vias metabólicas, assim como que haja uma renovação na síntese dos novos tecidos.

Devido a importância da proteína para atletas, Lara e Correia (2015), ressaltam que o consumo elevado está diretamente associado a campanhas de marketing de indústrias milionárias de suplementos, o que requer cautela na escolha do suplemento. Além disso, que a escolha da proteína pode afetar no resultado final, especialmente para atletas. Nos treinamentos de resistência, a proteína do soro do leite e da soja são as mais indicadas, apesar desta última apresentar em menores taxas de síntese muscular proteica. Não foi possível obter dados relevantes associados ao consumo da proteída do leite e soja em comparação com a carne.

A proteina e um polimero de elevado peso molecular, formada por complexos aminoácidos que podem estar ligados em formacoes peptidicas. Peptideos quando conjugados, formam proteínas presentes na estrutura de todos os tecidos, formando anticorpos e enzimas, realizando atividades de coagulacao e transporte e mediando quase todas as reacoes do organismo, como a contracao muscular e o trofismo intestinal. Tambem sao responsaveis por desempenharem importantes funcoes como atividade enzimatica, hormonal, imunologica e transporte de substâncias (LARA; CORREIA, 2015, p.48).

Após a realização de atividades físicas de impacto e de resistência, como as corridas de 3 horas, por exemplo, é possível perceber o aumento dos níveis de proteína no corpo do ser humano por até dois dias após a atividade. Contudo, segundo Fischborn (2009), isso só ocorre se houver estímulos suficientes no organismo.

Além disso, devido ao fato de os atletas precisarem de uma constante reparação tecidual, sendo essa muito superior às pessoas normais e que não realizam atividades físicas de alto desempenho, a suplementação da proteína colabora para que haja a síntece de novos tecidos, além da realização da manutenção das vias metabólicas. Com isso é possível que o atleta mantenha a hipertrofia desejada (LARA; CORREIA, 2015).

A Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte estabelece a ingestão de 1,6 a 1,7 g/kg a cada dia, para atletas com o objetivo de ganho de massa muscular. Ja para os esportes com predominio de resistencia, deve-se calcular a oferta de 1,2 a 1,6 g/kg/dia, considerando que neste caso a proteina tem papel auxiliar no fornecimento de energia para a atividade. A posicao da American Dietetic Association recomenda um consumo proteico de 1,2 a 1,4 g/kg/dia para atletas de resistencia e 1,2 a 1,7 g/kg/dia para atletas de forca (FERREIRA et al., 2021, p.49).

Para Barboza et al. (2015), a hipertrofia pode ser alcançada através da suplementação proteica e da caseína. Para os autores, através do uso de caseína e de suplementos do tipo whey protein é possível alcançar níveis de glutamina similares aos encontrados em atletas fisiculturistas. Ao associar o ácido linoleico ao treinamento por aproximadamente 5 semanas é possível alcançar-se benefícios sobre a massa magra.

Vale destacar que o consumo de proteínas por pessoas comuns é de 0,8g/kg/dia. Já para atletas, o consumo é de 1,6 a 1,7 g/kg/dia para aqueles que buscam aumento de massa muscular. Para atletas de resistência esse consumo é de 1,2 a 1,6 g/kg/dia (LARA; CORREIA, 2015).

Acerca dos aminoácidos, como a beta alanina, Carvalho e Barreto (2018, p.2) afirmam que “são as unidades básicas de uma proteína e nove destes são considerados essenciais, ou seja, não podem ser sintetizados de modo endógeno”. Colaborando com a discussão, segundo Zandoná (2019, p. 10) “a beta-alanina (BA) é um aminoácido não proteogênico produzido endogenamente no fígado […], podendo também ser obtida através do consumo de alimentos como carne de porco, aves e peixes”.

Além disso, a suplementação a base de beta alanina pode colaborar com o aumento dos níveis de carnosina intramuscular, sendo, então, responsável pela capacidade de tamponamento da fibra muscular, ou seja, no desempenho de atividades que requerem alto desempenho.

[…] pesquisas comprovaram que a suplementação de beta alanina era responsável pelo aumento dos estoques musculares do dipeptídeo carnosina (β-alanil-L-histidina) em até 50%, e que o efeito intramuscular desta biomolécula é eficaz no exercício. Por outro lado, atualmente compreende-se que a suplementação crônica de beta alanina se deposita em fibras rápidas (tipo 2) sobre as fibras lentas (tipo 1) e promovem maior rendimento em exercícios anaeróbicos caracterizados pela alta intensidade e curta duração (>60seg <240seg) (CARVALHO; BARRETO, 2018, p.3).

Ainda sobre Zandoná (2019, p. 10) a beta-alanina é um “percursor limitante da síntese de carnosina, um dipeptídeo formado pela combinação dos aminoácidos L-histidina e BA com o auxílio da enzima carnosina sintase”.

Entre os suplementos indicados para hipertrofia muscular, Silva et al. (2021, p.7.312) destacam a BCAA, que tem sido “considerado um dos maiores aliados na obtenção de massa livre de gordura e hipertrofia muscular, sendo indicado o consumo diário de uma porção média variando entre 20 e 30g/dia”. Segundo Carvalho et al., (2018, p.220), “a glutamina, os aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA, do inglês branched-chain amino acids), a arginina, a lisina e a ornitina compõem os aminoácidos de maior utilização por parte dos praticantes de musculação”.

Lara e Correia (2015) apresentaram resultados positivos em seu estudo sobre a suplementação baseada em L-arginina e L-aspartato, especialmente nas respostas metabólicas e cardiovasculares. Segundo a pesquisa, os efeitos positivos estão relacionados às atividades realizadas por atletas.

Silva et al. (2021), que fizeram um estudo voltado para o uso dos suplementos na composição corporal, estes alimentos auxiliam, tanto a mudança da composição do corpo das pessoas que fazem uso do produto, quanto da sua performance. Contudo, sem uma mudança na dieta, o resultado pode não ser o esperado, evidenciando aqui o acompanhamento do profissional de nutrição.

Trata-se, então, de alimentos que possuem em sua composição elementos que não podem e devem substituir uma refeição convencional. Ou seja, o seu uso deve ser feito visando o condicionamento físico, como complemento e não substituição de nutrientes (CARVALHO et al., 2018).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do que foi apresentado neste estudo foi possível obter dados significativos sobre as estratégias de nutrição voltadas para a hipertrofia muscular baseadas, especialmente, na suplementação. Através do referencial teórico pesquisado foi possível concluir que a suplementação proteica apresenta benefícios relevantes para os praticantes de atividades físicas que visam a hipertrofia muscular.

A caseína também foi indicada por alguns autores como benéfica para se alcançar a hipertrofia muscular, especialmente quando associada a proteína do leite. Contudo, vários autores ressaltam a importância do acompanhamento profissional na tomada de decisão sobre o tipo de suplementos que se irá consumir.

Sendo assim é possível concluir, baseado nas evidências coletadas, que entre as estratégias nutricionais voltadas para a hipertrofia muscular, os pesquisadores indicam os suplementos a base de proteína, como a albumina e whey protein, assim como a creatinina monoidratada e a caseína. Contudo, assim como ressaltado em vários momentos, a escolha do suplemento deve ser feita junto a um profissional capacitado, especialmente nos casos de atletas de alto rendimento.

Espera-se que este estudo colabore para a melhor compreensão sobre a hipertrofia muscular e as novas estratégias nutricionais. Além disso, que sirva de incentive para que novas pesquisas sejam realizadas no futuro, especialmente no que diz respeito a busca pelo conhecimento, como para o desempenho profissional.

REFERÊNCIAS

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