OS BENEFÍCIOS DAS PLANTAS ALIMENTÍCIAS NÃO CONVENCIONAIS PARA A SAÚDE

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7277320


Eliana Neves Pinto da Silva1
Flávia Lazamé do Nascimento1
Francisca Marta Nascimento de Oliveira Freitas2
José Carlos de Sales Ferreira3


RESUMO

Introdução: Dentre as PANC´s encontram-se plantas que têm partes comestíveis e com propriedades nutracêuticas excelentes. É estimado que existam cerca de 390 mil tipos de plantas (RBG 2017). Mesmo com essa grande riqueza foi usado ao decorrer da história do homem cerca de 1000 tipos de plantas como alimentícias (FAO 2018) e nos dias atuais há o cultivo de torno de 300 para várias finalidades como alimento, medicações e demais usos. Objetivo Geral: identificar a composição nutricional de PANC´S, destacando a importância da introdução na alimentação da população para benefício da saúde. Metodologia: Esse estudo foi de abordagem qualitativa, exploratória na modalidade de revisão de literatura. Para o levantamento da literatura foram utilizados livros, revistas, diretrizes sociedade brasileiras, artigos em site como Scielo (Scientific Eletronic Library), PubMed (Serviço de National Library of Medicine). Resultados e Discussão: Pesquisas mostram que existe a possibilidade de se desenvolver tecnologias para o consumo de PANCs, dessa maneira sendo viável a sustentabilidade, sendo assim, uma maneira eficiente que reduzir de sobremaneira o desperdício ou gasto exagerado de alimentos, o que significa o combate à fome. Conclusão: A partir desse estudo foi possível conhecer acerca das PANC´S bem como a sua relevância nutricional e potencial alimentar, ficando evidenciado a partir deste que as PANC´S devem ser introduzidas na rotina alimentar dos indivíduos devido seus benefícios e rica composição.

Palavras-chave: proteínas vegetais comestíveis, Alimentos, dieta e nutrição, Proteínas Vegetais Comestíveis.

ABSTRACT

Introduction: Among the PANC’s there are plants that have edible parts and excellent nutraceutical properties. It is estimated that there are around 390,000 types of plants (RBG 2017). Even with this great wealth, about 1000 types of plants have been used throughout the history of man as food (FAO 2018) and today around 300 are cultivated for various purposes such as food, medications and other uses. General Objective: to identify the nutritional composition of PANC’S, highlighting the importance of introducing them to the population’s diet for the benefit of health. Methodology: This study had a qualitative approach, exploratory in the form of literature review. Books, journals, Brazilian society guidelines, articles on websites such as Scielo (Scientific Electronic Library), PubMed (Service of the National Library of Medicine) were used to survey the literature. Results and Discussion: Research shows that there is a possibility of developing technologies for the consumption of PANCs, thus making sustainability viable, thus being an efficient way to greatly reduce the waste or excessive expenditure of food, which means fighting the hunger. Conclusion: From this study it was possible to know about the PANC’S as well as their nutritional relevance and food potential, being evidenced from this that the PANC’S should be introduced in the food routine of individuals due to their benefits and rich composition.

Keywords: Edible Vegetable Proteins, Food, diet and nutrition, Edible Vegetable Proteins.

  1. INTRODUÇÃO

A alimentação no mundo passou a ser uma preocupação recorrente nas últimas décadas, existia uma compreensão errônea de que os alimentos no futuro seriam escassos, partindo desse ponto deu-se início à Revolução, um dos fatores que contribuíram para a emergência ambientalista da década de 1970, partiu dos impactos da agricultura moderna no meio ambiente (STAGGEMEIER; CAZETTA; MORELLATO, 2017). Segundo Tuler et al. (2019), a Revolução Verde refere-se à invenção e disseminação de novas sementes e práticas agrícolas que permitiam um vasto aumento na produção em países em desenvolvimento durante as décadas de 60 e 70.

A Revolução Verde se espalhou para os países em desenvolvimento e subdesenvolvidos o sucesso do padrão agrícola que já era convencional na Europa, nos Estados Unidos e no Japão. Levando consigo, além do chamado “pacote tecnológico”, a esperança de resolver os problemas da fome. Afinal, com a intensificação da produção, não haveria falta de alimentos para suprir a necessidade da população. De fato, a produção agrícola realmente cresceu vertiginosamente, mas, a euforia das grandes safras, cedeu lugar a uma série de preocupações relacionadas aos problemas socioeconômicos e ambientais provocados por este padrão produtivo (BRACK, 2016).

Ainda com o aumento significativo na produção em escala mundial de alimentos, ainda assim, segundo a FAO (2020) 720 e 811 milhões de pessoas passaram fome, de certo pode-se afirmar que este cenário não está ligado de forma direta à escassez de alimentos, e sim na qualidade que lhes contém.

A Lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006 que regulamenta o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN), instituído pela Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN), dispõe à população direitos de terem quantidade e qualidade no alimento, garantindo o mínimo necessário à sua sobrevivência.

Nos últimos anos, estudos sinalizam a possibilidade do desenvolvimento de tecnologias com utilização de plantas alimentícias não convencionais (PANC), como metodologia do desenvolvimento sustentável, da redução do desperdício de alimentos, do combate à fome e da obtenção de produtos funcionais (GOLLNER-REIS et al., 2017).

Dentre as PANC´s encontram-se plantas que têm partes comestíveis e com propriedades nutracêuticas excelentes. Entretanto sofrem um pré-conceito, sendo conhecidas popularmente como ‘mato’, ´inço’, algumas destas crescem espontaneamente na natureza, e por esse motivo muitas pessoas, erroneamente, acham que não podem consumi-las (KINUPP, LORENZI, 2014). É notório que antigamente, as PANC´s, eram consumidas com mais facilidades, porém, com a industrialização, a urbanização e o contato com a natureza foi ficando no passado.

É estimado que existam cerca de 390 mil tipos de plantas (RBG, 2017). Mesmo com essa grande riqueza foi usado ao decorrer da história do homem cerca de 1000 tipos de plantas como alimentícias (FAO, 2018) e nos dias atuais há o cultivo de torno de 300 para várias finalidades como alimento, medicações e demais usos. Dentre essas, apenas 15 tipos de plantas, sendo estas o arroz, trigo, milho, soja, sorgo, cevada, cana-de-açúcar, beterraba, feijão, amendoim, batata, batata-doce, mandioca, coco e banana, representam 90% da alimentação mundial (REIFSCHNEIDER et al., 2015).

O objetivo geral desse estudo é identificar a composição nutricional de PANC´S, destacando a importância da introdução na alimentação da população para benefício da saúde.

METODOLOGIA

2.1 Tipo de estudo

Esse estudo trata-se de uma pesquisa exploratória de abordagem qualitativa. Segundo Marconi e Lakatos (2017), na pesquisa qualitativa, o cientista é ao mesmo tempo o sujeito e o objeto de suas pesquisas. No Tipo de pesquisa exploratória as os métodos são mais flexíveis, não exigindo o uso de ferramentas complexas.

2.2 Coleta de dados

Para o levantamento da literatura foram utilizados livros, revistas, diretrizes de sociedades brasileiras, artigos científicos obtidos através de sites como Scielo (Scientific Eletronic Library), PubMed (Serviço de National Library of Medicine).

Para a busca de artigos, foram utilizados os descritores: proteínas vegetais comestíveis. Alimentos, dieta e nutrição. Proteínas Vegetais Comestíveis, publicados entre os anos de 2012 à 2022.

2.3 Análise de dados

Conforme análise realizada da pesquisa bibliográfica, o mercado alimentar e a indústria têm de maneira categórica, influenciado e “ditado” a constante padronização da alimentação, de modo tal que ameaça é evidente à qualidade daquilo que o nosso organismo ingere. “Avançamos para um mundo com mais alimentos, mas com menor diversidade e segurança alimentar” (TERRA; VIEIRA, 2019, p. 8).

O estudo crescente sobre as PANC’s é importante e pode contribuir para incrementar e diversificar a alimentação da população, uma vez que elas possuem várias características nutricionais ainda desconhecidas ou ignoradas. O incentivo ao seu cultivo também merece atenção, uma vez que facilita sua comercialização e seu acesso a um maior número de pessoas (XAVIER, 2015).

A escolha dos estudos foram realizadas através da busca nas bases de dados citadas, por meio do cruzamento das palavras-chave através dos boleanos AND/ OR em todos os índices, a fim de capitar o maior numero de artigos, passando assim através da leitura dos resumos, a selecionar os estudos que fizeram parte desse trabalho.

  1. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 PANC e suas espécies

Estima-se que cerca de 390.000 espécies de plantas sejam conhecidas no mundo. Apesar dessa alta riqueza, o homem utilizou cerca de mil espécies para alimentação ao longo de sua história e atualmente cultiva cerca de 300 para diversos fins como alimentação, medicina, construção e outros. Destas, apenas 15 espécies (arroz, trigo, milho, soja, sorgo, cevada, cana-de-açúcar, beterraba, feijão, amendoim, batata, batata-doce, mandioca, coco e banana) representam 90% da dieta mundial (FAO, 2018; REIFSCHNEIDER, et al., 2015).

O Brasil é possuidor da maior biodiversidade do planeta Terra, e detentor de 15 a 20% das espécies do mundo (POLESI et al., 2017). Segundo Fioravanti (2016), os 46.097 exemplares de espécies nativas, contribuem de maneira categórica para que o Brasil, seja o País continental com a maior diversidade de espécies do mundo, sendo 43% endêmicas, ou seja, é aquela espécie de vegetal que ocorre somente em uma determinada área ou região geográfica, tendo por causar quaisquer barreiras físicas, climáticas e biológicas que delimitem com eficácia a distribuição de uma espécie ou provoquem a sua separação do grupo original.

Conforme Altieri e Nicholls (2013) cerca de 1/3 dessa biodiversidade vegetal pode ser utilizada como alimentação, com ao menos mil espécies conhecidas de Plantas Alimentícias não Convencionais (PANC’s). De acordo com os dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), calcula-se que as plantas alimentícias em todo o planeta eram de 10 mil espécies, porém, esse número foi reduzido 170 nos últimos cem anos (ALTIERI; NICHOLLS, 2013; KELEN et al., 2015; FIORAVANTI, 2016; LIRA, 2018).

Pesquisas mostram que existe a possibilidade de se desenvolver tecnologias para o consumo de PANC’s, dessa maneira sendo viável a sustentabilidade, sendo assim, uma maneira eficiente que reduzir de sobremaneira o desperdício ou gasto exagerado de alimentos, o que significa o combate à fome (KINUPP; LORENZI, 2014).

As PANC’s podem ser cultivadas em regiões que são consideradas infrutíferas, assim há um aproveitamento da área considerada improdutiva devido as estações do ano serem mutáveis, ou seja, as PANC’s apresentam mais robustez, independente às condições sazonais, desse modo a quantidade de alimentos disponíveis seria contínua (CHOMENKO et al., 2016; TERRA; VIERA, 2019).

A indústria alimentícia, percebeu a rapidez do crescimento da população, com isso existe a necessidade de alimento fácil, com o emprego de agrotóxicos e elementos químicos que torna um estorvo para abranger ou garantir a segurança alimentar e nutricional, dessa maneira qualquer espaço pequeno em qualquer lugar, seja em casa ou em uma janela, ou edifício são possibilidade para a manipulação e cultivo dessas plantas, que além de completar o cardápio alimentar podem fomentar uma atividade comercial, como uma fonte de renda alternativa visto que se pode comercializar produtos alimentares tendo por base as PANC’s (TERRA; VIERA, 2019).

3.2 O valor nutricional das PANC’s

Consideradas com uma excepcional, fonte nutricional (minerais e vitaminas), as PANC´s são dotadas de propriedades que lhes certifica efeitos antioxidantes (substancia que tem a capacidade de proteger as células contra efeitos dos radicais livres produzidos no organismo), anti-inflamatórios e terapêuticos, e deve-se respeitar suas propriedades e seu modo de preparo, contudo são necessários mais pesquisas sobre a possível presença de fotoquímicos tóxicos ou presença de fatores antinutricionais quando o consumo é realizado de forma inadequada (PASCHOAL; SOUZA, 2015; NASCIMENTO et al., 2015).

Para elucidar o valor nutricional das PANC´s, é necessário ter o conhecimento de sua composição, beneficiando-se de suas propriedades como fonte de recursos (BORGES; SILVA, 2018). As PANC´s são grandes fontes de recursos naturais, são carregadas com alto valor nutricional, e tem forte potencial, isso deve ao fato de possuírem alto teor de sais minerais, vitaminas, fibras, carboidratos e proteínas, além do reconhecido êxito funcional (CHOMENKO et al., 2016).

Entre as várias espécies apontadas como PANC’s pode-se exemplificar a Beldroega (Portulaca oleracea), Bertalha (Anredera cordifolia), Ora-pro-nóbis (Pereskia aculeata), Taioba (Xanthosama sagitfolium) e Major Gomes (Talinum paniculatum) (KELEN et al., 2015). Talinum paniculatum pertencente à família Talinaceae, é originária da América tropical, pode chegar até 1 metro de altura, suas folhas são ricas em flavonóides, saponinas, taninos, esteróides e triterpenos, utilizado na alimentação, e tambem na medicina popular, para tratar diversas enfermidades, incluindo enfermidades pulmonares e distúrbios gastrointestinais (SOUZA et al., 2013; LIRA et al., 2018; BRACK, 2016).

Quadro 1: Valor Nutricional das PANC´S (g 100 g-1)

Espécie (folhas)Umidade*Proteína*Lipídeos*Carboidrato*Fibra alimentar*Cinzas*Valor calórico*
(g 100 g-1)



kcal
Almeirão roxo90,251,730,532,733,441,3322,57
Anredera89,61,360,674,012,471,4527,57
Azedinha92,132,070,271,952,531,0518,51
Bertalha93,252,010,211,312,021,215,17
Beldroega91,921,270,441,832,761,4316,43
Capuchinha82,25,001,135,174,461,5350,85
Caruru76,175,580,356,317,384,2150,71
Jambu82,093,850,264,376,532,9035,22
Major-gomes93,531,040,112,281,481,5714,23
Peixinho75,334,140,934,2313,212,1641,85
Ora-pro-nóbis88,652,10,512,653,882,3322,62
Serralha87,323,570,522,424,341,8428,6
Taioba86,583,050,624,123,891,7434,26
Vinagreira81,523,970,636,945,31,5349,31

Fonte: Brotrel et al., 2020.

A composição proximal quantifica em porcentagem os itens presentes no alimento, os quais são água, proteína, carboidratos, lipídios, fibras e cinzas (OHSE et al., 2009). Para mais dessa existe também o conteúdo de minerais, o qual dimensiona a presença de cálcio, potássio, sódio e magnésio, entre outros (KINUPP; BARROS, 2008; BARREIRA et al., 2015).

Além de que, as hortaliças, legumes e verduras não-convencionais, frequentemente, são dotados de abundantes compostos antioxidantes (Quadro 2). Assim, a determinação tanto de compostos fenólicos quanto de atividade antioxidante é de suma importância. Compostos fenólicos tem atividade farmacológica como antinutricional está envolvida em processos referente a cor, aroma e adstringência (NASCIMENTO, 2015; NASCIMENTO, 2012).

Quadro 2: Configuração de minerais de 14 espécies de hortaliças folhosas não convencionais.

EspécieSódioPotássioMagnésioCálcioManganêsFerroZincoCobreFósforo
(mg 100 g-1)







Anredera7,75302,93161,97202,250,160,830,440,0719,88
Almeirão roxo2,63533,8530,3898,550,160,980,340,0029,58
Azedinha2,77623,31105,0384,400,935,870,450,1446,00
Beldroega3,87891,21151,27107,061,036,490,590,1542,81
Bertalha8,21304,34165,75186,591,062,880,730,2053,87
Capuchinha1,88167,7434,1573,210,270,460,760,0843,63
Caruru4,55304,4766,11139,720,172,070,390,0421,45
Jambu1,64230,1427,8369,360,573,800,140,0719,87
Major gomes3,61496,43252,63113,042,251,890,570,2384,50
Ora-pro-nóbis5,42322,9894,46269,387,311,330,280,2517,61
Peixinho——106,9610,14124,80,616,830,090,0516,04
Serralha26,33282,4643,84105,740,570,740,420,1336,75
Taioba1,05302,8623,8277,630,321,170,210,1050,60
Vinagreira5,95531,46108,19231,960,861,472,390,20138,23

Fonte: Brotrel et al., 2020.

A atividade antioxidante está ligada de forma direta a capacitância de transformar e/ou reduzira oxidação dos radicais livres, previne efeitos danosos ao organismo (BARREIRA et al., 2015). Levando em consideração ainda os compostos antioxidantes, é importante mencionar a vitamina C, cuja presença é citada em diversas PANC’s e seu consumos é importante para a prevenção do envelhecimento e de doenças degenerativas sendo consequência do excesso de radicais livres no organismo (BIONDO et al., 2018).

É extremamente necessário e importante que resgate-se, e valorize-se o que representa as PANC´s, tanto no ponto de vista cultural, econômico e social, contudo o nutricional, levando em consideração o cultivo feito por comunidades com sua colaboração na questão da nutrição (KINUPP; LORENZI, 2014; BARBIERI et al., 2014).

3.3 A importância da divulgação para a população

É notório que com o passar dos tempos o referencial de comida, alimentação, muda com as gerações, atualmente, vive-se na era dos fast-food, da comida fora de casa, a com o passar dos tempos cria-se um conceito, e este por sua vez, se diferencia a partir do conhecimento sobre comida, a procura por uma vida saudável leva a sociedade a buscar novas alternativas para incluir no seu cotidiano levando em consideração a funcionalidade e a sustentabilidade, de modo que o reflexo dessa procura leva esta sociedade ao natural (COSTA, 2012).

Com o processo de expansão econômica, política e cultural em nível mundial, principalmente no que se refere a alimentação, no quesito produção, que de fato passou por gigantescas mudanças, devido ao avanço tecnológico na indústria alimentar (KELLEN et al., 2015).

A partir do crescimento, do avanço da produção de alimentos, por meio das grandes industrias no seguimento alimentício, houve também, um crescimento negativo na saúde do ser humano, produzindo assim uma relação entre a alimentação e as doenças crônicas como hipertensão, diabetes, sobrepeso, tendo déficits nutricionais de forma predominante (STAGGEMEIER et al., 2017).

A partir de então, compreende-se que para obter uma alimentação repleta de equilíbrio e saúde, fica evidenciado que deve ser extinto do cardápio os alimentos industrializados, sendo assim, dever ser introduzido uma alimentação que contenha carboidratos, fibras, vitaminas, entre outros que podem ser encontrados em alimentos naturais (STAGGEMEIER et al., 2017).

Desse modo, as Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC´s), apresentam como excelente fonte de nutrientes, é importante ressaltar que o acrônimo PANC foi criado em 2008 pelo Biólogo e Professor Valdely Ferreira Kinupp, e este faz referência a todas as plantas que possuem uma ou mais partes comestíveis, cultivadas ou não, nativas ou exóticas que não são comuns ao cardápio (KELEN et al., 2015).

Assim, de acordo com Kinupp e Lorenzi (2014), as PANC´s eram o que alimentava e supria o homem dos tempos mais remotos, é evidente que a grande maioria das pessoas não tem essa noção devido à falta de produção e exploração e com falta de uso acaba caindo esquecimento.

O que se entende, é que no Brasil existe a falta de conhecimento sobre as potencialidades nutricionais, devido à escassez de pesquisas, e não somente a isso, mas também, pelo cultivo insuficiente e fata de disseminação de técnicas de manejo não se atentando para as características de cada, de acordo Barbieri et al. (2014), a variedade alimentar no Brasil é extremamente escassa, o que contribui de maneira clara para esse escassez, é o fato de que a produção agrícola, esta pautada em média em 30 plantas diferentes, o que mostra que existem uma multiplicidade de plantas, que tem grande potencial em todos os aspectos, porém, são desimportantes e insignificantes, por causa da falta de colocação no mercado.

As PANC´s seriam capazes de se enquadrar no cardápio cotidiano, isso não acontece ao fato de que a população de maneira geral não tem conhecimento e acreditam por características que essas plantas são ervas daninhas, e acabam ignorando-as (LIBERATO et al., 2019).

É extremamente importante ter o entendimento que essas plantas que são consumidas, são dotadas de nutrientes e garantem segurança (XAVIER, 2015). De acordo com Kinupp e Lorenzi (2014), a globalização, o cotidiano, o estilo de vida corrido que é imposto, contribui para a falta de disponibilidade em conhece-las, de modo que o consumo fácil, rápido e industrializado é incentivado. É importante mencionar que o consumo de consumo das PANC’s favorece a melhora nutricional de pessoas desfavorecidos socialmente e em todas áreas tanto urbanas quanto rurais como também em todas as regiões do Brasil (ALMEIDA et al., 2012).

  1. CONCLUSÃO

A partir desse estudo foi possível conhecer acerca das PANC´S bem como a sua relevância nutricional e potencial alimentar, ficando evidenciado a partir deste que as PANC´S devem ser introduzidas na rotina alimentar dos indivíduos devido seus benefícios e rica composição.

A utilização das PANC´s traz consigo diversos benefícios, dentre os quais destaca-se os inumeros recursos naturais, o alto valor nutricional, o forte potencial, isso se deve ao fato das PANC´s possuírem um alto teor de sais minerais, vitaminas, fibras, carboidratos e proteínas, além do reconhecimento ao estímulo funcional.

REFERÊNCIAS

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¹Graduanda do Curso de Bacharelado em Nutrição do Centro Universitário FAMETRO. E-mail: enevespintodasilva24@gmail.com; E-mail: flavialazame@gmail.com

2Orientadora do TCC, Doutora em Biotecnologia pela Universidade Federal do Amazonas. Docente do Curso de Bacharelado em Nutrição do Centro Universitário FAMETRO. E-mail: francisca.freitas@fametro.edu.br

3Co-orientador(a) do TCC, Mestre em Ciências do alimento pela Universidade Federal do Amazonas. Docente do Curso de Bacharelado em Nutrição do Centro Universitário FAMETRO. E-mail: jose.ferreira@fametro.edu.br