OCORRÊNCIA DE SALMONELOSE NO BRASIL E SUAS IMPLICAÇÕES EM SAÚDE PÚBLICA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7274722


 Maurício Pereira Brito¹ 
Ana Cristina Feijó dos Santos¹ 
Francisca Marta Nascimento de Oliveira Freitas²


RESUMO

Este estudo procurou reunir informações importantes que permitiram uma melhor compreensão da gravidade das Doenças Veiculadas por Alimentos (DVA´S) procedentes dos alimentos contaminados pela bactéria Salmonella, identificando histórico, etiologia, aspecto epidemiológico, transmissão e disseminação, patogenia, patologia, sinais clínicos, diagnóstico, tratamento, indicadores de avaliação e profilaxia. A Salmonella representa um grupo de bactérias que pode causar doença gastrointestinal e, geralmente, é evidenciada em alimentos de procedência animal, como carnes, leite e seus subprodutos, ovos, entre outros. O ciclo de sua incubação é em média de 18 horas após a consumação de alimentos infectados. Os sintomas principais são: diarréia, febre, cefaléia, cólica abdominal e costumam durar entre 4 a 7 dias. Representa uma ameaça para o ser humano que consome alimentos contaminados por ela devido ao seu potencial invasivo e, portanto, patogênico. Existem mais de 2.600 sorotipos diferentes de Salmonella. Os mais comuns no mundo, atualmente, são Salmonella Enteritidis e Salmonella Typhimurium. Contudo o hemótipo mais grave para o ser humano é a Salmonella Typhi resultando em hipertermia, mais conhecida como febre tifóide podendo ser letal.

Palavras-chave: Salmonela Doença Veiculada por Alimentos (DTA), Controle

ABSTRACT

This study gather important information to better understand the severity of Foodborne Diseases ( DTA ) coming contaminated by the bacterium Salmonella food identifying history , etiology , epidemiological aspect , transmission and dissemination , pathogenesis , pathology , clinical signs , diagnosis, treatment measures of control and prevention . Salmonella is a group of bacteria that can cause gastrointestinal illness and is usually found in foods of animal origin such as meat , dairy , eggs , among others . The incubation period was on average 18 hours after eating contaminated food. The main symptoms are diarrhea, fever, headache , abdominal cramps and usually last 4-7 days. Represents a risk to the population that consumes contaminated by it due to its invasive potential food and therefore pathogenic. There are over 2,600 different Salmonella serotypes . The most common in the world today are Salmonella serotype for man is Salmonella Typhi causing typhoid fever.                   

Keywords: Salmonella Disease Transmitted by Food (DTA), Control.    

1. INTRODUÇÃO

A Samonella spp é um microorganismo entérico  resposnável por relevantes infecções alimentares, tornando-se um dos essenciais agentes implicados em surtos protocolados no mundo (MAIJALA; RANTA; SEUNA, 2005). A sua identificação nos gêneros alimentícios é um expressivo problema para a saúde das pessoas que não deve ser permitido nos países em progressão, e sobretudo nos países em busca de progressão, pois os indícios e manifestações podem ser mal identificados, carregando ainda mais toda organização de saúde (FLOWERES,1988). 

As Salmonelas expande-se vastamente no meio ambiente, sendo capaz de propagar-se, segundo Siqueira (1995), na superfície da terra, na atmosfera, na água, esgotos, nos animais, em seres humanos, nos alimentos, material fecal, em máquinas. Contudo, seu ecossistema natural é o intestino, trato entérico, do homem e animais, além de seus subprodutos (SILVA, 2020).

As transmissões transcorrem seguidamente no decorrer da manipulação dos alimentos, por consequência da higienização ineficiente do manipulador, dos utensílios e do ar, armazenamento inapropriado e processamento impreciso, beneficiando a  intercorrência de enfermidades veiculadas por alimentos. Entre agentes que produzem gastrenterites provocadas por alimentos, os mais relevantes são os microrganismos do gênero Salmonela (JAY, 1994).

Conceitualmente as doenças ocasionadas por alimentos é uma enfermidade provocada, trazida ou transmitida às pessoas pelo alimento ou pelos contaminantes que eles carregam (GERMANO, 2008). O risco do surgimento de doença desencadeadas por alimentos tem abalado a indústria de alimentos, a gravidade das doenças transmitidas pelos produtos contaminados pela bactéria Salmonella, um grupo de bactérias que pode causar doença gastrointestinal e, geralmente, é evidenciada em alimentos de procedência animal, como carnes, laticínios, ovos, entre outros (FRANCO; LANDEGRAF, 2004).

Vale destacar que os baixos índices de notificações das enfermidades desencadeadas por alimentos pelos serviços de vigilância sanitária é uma constatação global. Somente 10% do atual das enfermidades de procedência alimentar são publicadas no Brasil (FORSYTHE, 2002).

As doenças desencadeadas por alimentos permanecem como uma das primordiais causas de letalidade nos países latinos. No Brasil, correspondem a 9,2% do total de episódios que resultam em letalidade, sendo as regiões do Norte e do Nordeste os mais afetados (CEMEPI/ FUNASA, 2004). A salmonelose é uma das zoonoses mais impactantes em todos os continentes, manifestando-se pelos seus aspectos de endemicidade, nível alto de mortabilidade e acima de tudo, pela adversidade do emprego de ações no seu controle. A vigilância desta efermidade é de suma relevância para a economia das nações em que prevalecem  esses episódios. (TAITT; SHUBIN ; ANGEL, 2004).

A grande maioria destes microrganismos são patogênicos para o ser humano e para a classe animal , embora haja diferenças relacionadas às propriedades e intensidade da enfermidade que provocam (GERMANO, 2008). São fontes de febre intitulada tifóide, entéricas, septicemia e enterocolites (FRANCO; LANDGRAF, 2004).

O objetivo deste trabalho é avaliar os casos de Salmoneloses no Brasil e suas implicações em saúde pública.

2. METODOLOGIA

 2.1 Tipo de estudo

Realizada uma revisão de literatura utilizando a central de sistema de dados, Scielo, Google acadêmico, Pubmed, Periódico capes, Bvsalud, LILACS dos trabalhos publicados nos últimos tempos.

A pesquisa quantitativa tem a centralidade da objetividade, as cepas do gênero Salmonella em equivalência com a sua propagação de doenças, respostas bioquímicas e configuração antigênica, o que prepondera na atualidade. Embora transcorra divergências em alguns entendimentos, pode-se compreender que os hemótipos de Salmonella referem-se a dois tipos: Salmonella bongori, a qual contém 18 diferente variedade de uma espécie (sorovares), e Salmonella entérica, a qual contém 2.460 ou mais variedades, divididos em 6 categorias taxionômicas: Salmonella entérica, Salmonella salamae, Salmonella arizonae, Salmonella diarizone, Salmonella houtenae e Salmonella indica.

2.2 COLETA DE DADOS

As informações utilizadas para a elaboração desta base de dados incluíram publicações cientificas, e trata-se de estudo transversal na qual foi aplicada a importância das boas maneiras de fabricação na contenção das doenças desencadeadas por alimentos, onde a chave da segurança dos alimentos implica no controle do tempo e temperatura em todo fluxo de fabricação do alimento, desenvolvimento de boa higiene pessoal, prevenção de cruzamentos (contaminação cruzada) e compra de suprimentos alimentícios de fornecedores qualificados. Torna-se importante para o estabelecimento estabelecer procedimentos operacionais padronizados que estejam centrados nessas áreas.

2.3 ANÁLISE DE DADOS

A análise foi dividida em dois momentos: o primeiro foi uma pesquisa de classificação do grupo de Salmonella e os tipos de patologias que cada tipo implica. O segundo foi elencar os métodos de precaver o consumo de produtos infectados.

RESULTADO E DISCUSSÃO

3.1 – SINTOMATOLOGIA E TRANSMISSÃO DA SALMONELLA

A maioria dos hemótipos de salmonelas são patógenos para o ser humano, sendo assim os indícios das manifestações clínicas podem ser classificados em três grupos (CONNOR; SCHWARTZ, 2005).

A febre intitulada como tifóide, provocada por S. typhi, que somente agride o ser humano não possuindo reservatórios em animais. Comummente a  difusão do contágio é de pessoa para pessoa e por meio da água e produtos infectados com aparato fecal do homem. Os sinais mais relevantes são: septicemia, hipertermia, desaranjo intestinal e vômitos. Passado o processo inflamatório (infecção), os pacientes podem tornar-se condutores assintomáticos por anos, instituindo um canal de infecção. A febre denominada tifóide é capaz de provocar a morte. O intervalo para incubação é estimado entre 7 e 21 dias e a duração da enfermidade pode atingir oito semanas.

Os episódios de febre entérica, são desencadeados pelo agente etiológico Salmonella paratyphi A, B e C, os indícios dos transtornos são mais moderados, podendo progredir para septicemia e provocar um sintomas como  desconforto gástrico, hipertermia e fortes náseas. Intervalo de incubação entre 6 e 48 horas e a extensão da enfermidade pode chegar a três semanas. São fontes de causa da enfermidade, a ingestão de água e produtos alimentícios, tais como: mariscos, ovos, laticínios, hortaliças e legumes.

 Uma constatação de inflamação gastrointestinal pode ser desencadeado em consequência de outras Salmonellas, também conhecidas como salmoneloses. Os indícios clínicos surgem entre 12 e 36, sendo capaz de alcançar até 72 horas. Conhecida como a exteriorização mais popular de infecção por Salmonella e o evento comummente sofre solução no espaço de dois a três dias, normalmente não há prescrição de antibióticos para o tratamento. Os alimentos implicados são aves, carne bovina, suíno e ovos “in natura”.

3.2 – PATOGENICIDADE E TERAPÊUTICA DA SALMONELLA

O hemótipo prevalecente agente de manifestações alimentares mudou nos últimos anos de S. agonaS. hadar e S. typhimurium para S. enteritidis, sendo a S. enteritidis o agente preeminente de salmoneloses em inúmeros países. A maior relevância na contemporaneidade é a contenção de hemótipos do gênero Salmonella multirresistentes a antibióticos (PINTO; CARDOSO; VANETTI, 2004).

Outras variantes refere-se a espécie de Salmonella em evidência e o produto alimentício implicado, haja visto que as espécies ajustadas ao ser humano carecem de porções  infectantes inferiores com relação as não ajustadas para causar os mesmos sintomas peculiares da enfermidade. No entanto, pode ser letal em idosos, crianças ou pacientes com baixa resistência às infecções (PINTO; CARDOSO; VANETTI, 2004).

Tão breve seja evidenciada a enfermidade, a prescrição de antimicrobianos deve ter início para o tratamento da febre denominada tifóide ou da febre entérica e a prescrição deve ser mantida por pelo menos sete dias após a temperatura ter estabilizado, para que seja alcançada a Salmonella em sua estrutura intracelular (MIMS; PLAYFAIR;  ROITT , 2005). Exceto os episódios provocados pela S. typhi e S. paratyphi, as demais salmonelas normalmente retratam indícios clínicos autolimitantes com regresso espontâneo em até 48 horas, nestes casos a prescrição de antimicrobianos é dispensada, pois acentua o intervalo de excreção do contaminante, típico do paciente sem sintomas (assintomático), além de propiciar o desenvolvimento de salmonelas multirresistentes (SURESH; HATHA, 2006). 

3.3 – PREVALÊNCIA E INCIDÊNCIA DA SALMONELOSE NO BRASIL 

A incidência das doenças desencadeadas por alimentos vem crescendo em todo mundo, sendo importante causadora da morbidade e mortalidade do ser humano. A bactéria Salmonella spp. é um dos microorganismos mais relevantes nos surtos, o que constitui um problema econômico e de bem-estar da população (Machado, 2013; Ministério da Saúde, 2010). Há várias causas que colaboram para a Salmonelose ser um agravo à saúde pública como por exemplo, o progressivo crescimento das populações, a constatação de classes populacionais suscetíveis, a urbanização desordenada, também a demanda de produzir alimentos em larga escala. 

Além disso, as condições de saneamento ineficientes, a qualidade imprópria da água para consumo humano, as práticas inadequadas de asseio pessoal somadas à falha na fiscalização dos órgãos competentes na garantia da segurança dos alimentos ofertados à população predispõem a ocorrência dessa doença (Ministério da Saúde, 2010). 

Atualmente no Brasil, somente de 5 a 10% dos casos das doenças desencadeadas por alimentos são conhecidos e registrados pelas autoridades sanitárias em função da subnotificação, ausência ou falhas na investigação dos surtos, e ainda, a não conclusão da investigação dos surtos (Ranthum, 2002). 

Outra problemática que envolve a enfermidade, é o uso exagerado de fármacos antimicrobianos, tanto na medicina humana quanto na medicina veterinária que vem se tornando uma preocupação para os pesquisadores e para as agências de saúde no mundo todo. As bactérias patogênicas, inclusive a Salmonella spp. demonstram utilizar diferentes mecanismos que as fazem mais resistentes (Moreira et al., 2013). Para tanto é fundamental que o uso de antibióticos seja feito somente quando necessário (Ministerio da Saúde, 2019). 

No país, a vigilância epidemiológica das DTAs (VE-DTA) faz a monitoração das enfermidades desencadeadas por alimentos. Os dados fornecidos pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan, 2019), são notificados, em torno de 700 surtos, com o envolvimento de 13 mil acometidos e 10 mortes, por ano, no país (Ministerio da Saúde, 2019). Conforme o SINAN, a região brasileira mais acometida pelas doenças desencadeadas por alimentos é a Sudeste, seguida de Sul, Nordeste, Centro-Oeste e Norte, com predomínio do local de contaminação nas residências, assim como foi demonstrado no trabalho de Luca & Koerich (2009), sendo a Salmonella o principal agente envolvido. Faz-se necessária, portanto, a adesão de um planejamento contínuo de monitoramento e supressão da doença (Shinohara, 2008) e de planejamento de educação à população com treinamento de boas maneiras de manipulação de alimentos, tanto para os trabalhadores de estabelecimentos comerciais, quanto para manipuladores domésticos (Kottwitz, 2010) visando desse modo a consumação de alimentos microbiologicamente seguros.

3.4 – TAXONOMIA E CARACTERÍSTICAS

Biossistemática (taxonomia) e aspectos, Segundo Franco e Landgraf (2004), a espécie Salmonella faz parte da família Enterobacteriaceae e constituem bacilos Gram negativos não esporulados. Composto por bastonetes de 0,5 a 0,7 por 1 a 3 micrômetros. Confrontados com fatores extrínsecos são anaeróbios facultativos, liberam gás em consequência da glicose (exceto Salmonella Typhi) e podem utilizar o citrato como sua exclusiva fonte de carbono. Movimentam-se devido aos flagelos peritríquios, exceto à Salmonella pullorum e à Salmonella gallinarum, que não se locomovem. Sua biossistemática está relacionada com a constituição de suas moléculas (antígenos) de superfície, que são os antígenos somáticos (O), os flagelares (H) e os capsulares (Vi) (FRANCO; LANDGRAF, 2004). 

As moléculas desconhecidas no organismo (antígenos) do tipo O são intitulados por números arábicos (1, 2, 4, etc.). As moléculas do tipo H são intitulados por letras minúsculas do alfabeto e por números arábicos. Existe somente um único tipo imunológico de molécula  (antígeno) Vi, evidenciado exclusivamente na Salmonella typhi, Salmonella Dublin e Salmonella hirschfeldii. Moléculas do tipo O e Vi  são resistentes as altas temperaturas, como por exemplo, exposição a 100º C por duas horas, denominando-se termorresistentes. As moléculasdo tipo H são suscetíveis a destruição pelo emprego de calor, classificando-se como  termolábeis. Para deliberação do hemótipo de uma Salmonella, as moléculas H que revestem a célula necessitam ser excluídos pelo aquecimento (FRANCO; LANDGRAF, 2004). 

A ação da atividade de água (Aw) exerce forte influencia no crescimento do microrganismo, mesmo que o limite mínimo seja de 0, 94, as salmonelas podem perdurarem por anos em produtos alimentícios com níveis baixo de Aw (GERMANO, 2008).

O pH ideal para o desenvolvimento das salmonelas é próximo de 7,0, no entanto faixas acima a 9,0 e menores que 4,0 são considerados bactericidas. De acordo com as propriedades do ácido empregado, o pH mínimo pode elevar-se para 5,5. O ácido acético, o ácido propiônico e o ácido butírico são potencialmente mais inibitivos do que o ácido clorídrico ou o ácido acético, para um mesmo pH. As salmonelas apresentam intolerância a condensações de sal acima de 9%. O nitrito é inibitivo e sua ação é intensificada pelo pH ácido.

 A temperatura ótima para o crescimento da Salmonella é obtida na faixa de 35-37º C, sendo estimada como mínima de 5º C e como máxima de 47º C. No entanto, as faixas denominadas máximas ou mínimas estão relacionadas diretamente ao hemótipo. (FRANCO; LANDGRAF, 2004).

Nos últimos tempos, transcorreram significativos surtos emergentes de enfermidades procevientes dos alimentos na população mundial, que advertiram os órgãos sanitárias sobre a imprescindibilidade  de aplicar parâmetros para evadir o perigo de difusão, motivando a retificação de políticas, regulamentos e procedimentos de inofencibilidade para assegurar que os alimentos ingeridos mantenham seus padrões microbiológicos seguros, para favorecer o comércio internacional (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE, 2001).

Um mecanismo acessível para prevenção da febre tifóide é a vacinação, empregada essencialmente para funcionários de alto risco, como colaboradores que mantém comunicação com esgotos, para indivíduos que adentram locais de elevada endemicidade, por ensejo de viagem ou quem vive em regiões com ocorrências significativas (CRUMP; LUPY ; MINTZ, 2004).

Sugere-se tratativas educacionais em saúde, prevalecendo as normas de asseio pessoal, primordialmente a correta higienização das mãos, monitorando as ponderações ao manipular as  preparações, estocagem e consumação dos produtos. Os fundamentos básicos para medidas preventivas são: classificação dos gêneros alimentícios, perfeita higienização de utensílios e equipamento; distribuição de água potável e condizente sistematização no descarte de resíduos (lixo) e esgoto; aplicar de boas maneiras na produção e imersão no sistema APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle); isolamento de indivíduos assintomáticos das áreas produtivos e procedimentos de precaução e de mobilidade apropriados. Todas as tratativas estão em conformidade com as regulamentações técnicas para manutenção da saúde das pessoas no âmbito mundial (ICMSF, 2002).

As medidas para frear os episódios de Salmonelose incluem o monitoramento frequente no fluxo de beneficiamento e disposição dos produtos, porque um plano efetivo viabiliza benefícios na preparação de alimentos com segurança desejável e atenuação dos custos.

A segurança dos alimentos apresenta como primordial determinação a instrução de procedimentos para o processamento, armazenamento e dispensação dos alimentos dentro de parâmetros críticos de confiança microbiológica, englobando não só o manuseio dos insumos alimentícios, mas a inserção de utensílios e máquinas adequados, uso de gêneros de boa derivação, aplicação de boas maneiras de higiene e asseio pessoal e preservação das áreas de preparo em similaridade com as regulamentações sanitárias (SILVA, 2005). 

Para visualizar a suma relevância do manuseio no preparo de alimentos, foi efetivado uma investigação para aferir o grau de capacitação e execução de boas maneiras de manipuladores, onde foi evidenciado que 47% não sanitizavam de modo correto as mãos e 70% não concretizaram a higienização adequada das bancadas de contato dos alimentos. Os autores salientaram que o não cumprimento destas regras básicas  acentuam os índícios de infecção provocadas por alimentos (JAY JM, 2005).

Uma vasta diversidade de produtos podem ser infectado com a Salmonella spp.,  tais como: carne de origem bovina, suínos, frangos, ovos, laticínios, frutos do mar e sobremesas elaboradas, em virtude do índice elevado de atividade de água  (umidade), alto nível proteico e de carboidratos, sendo mais predispostos à deterioração (VO ATT; DUIJIKEREN; FLUIT, 2006). Outras classes de alimentos como vegetais e frutas processadas  podem transmitir salmoneloses (UKUKU, 2006)., e essa intercorrência   deve-se  a manutenção ineficiente das condições de temperatura, da aplicação deficiente de boas maneiras de fabricação ou pelo impacto entre o cruzamento de  alimentos “in natura” e produtos prontos (PAIVA ; BORGES ; PANETTA, 2000).

As ocorrências de salmonelose representa um índice elevado em todo mundo, porém poucas são as divulgações científicas relacionadas a temática, por não ser de publicação obrigatória no Brasil, exceto nos episódios de hipertermia denominada tifóide, (BRASIL MINISTÉRIO DA SAÚDE; FUNDAÇÃO NACIONAL DA SAÚDE (FUNASA), 2002), dados estatísticos comummente são extraídos de países com assistência médica avançada (RADIEL, 2005). A razão das inúmeras subnotificações no país são: casos não diagnosticados, empecilhos no acesso aos centro de dados de saúde, uso indevido e antecipado de antimicrobianos, viabilizando a manifestação de microrgamismos  resistentes (FUMASA, 2002).

Pacientes diagnosticados com febre do tipo entérica, denominados protadores crônicos  permanecem a expelir S. typhi nos dejetos por semanas. Caso não seja dispensado um tratamento eficiente, a enfermidade pode estender-se por mais de trinta dias, culminando em conjuntura de morte em 10% dos pacientes, em consequência  das complicações no quadro apresentado (lesões gástricas). No entanto, estes índices  são maiores com a associação de certos hemótipos com a existência de vida avançada dos indivúduos, com intercorrência de S. enteritidis em enfermidades com idosos internados, onde a letalidade pode atingir cerca de 4% (JAY, 2005).

 Em regiões endêmicas, afeta com maior incidência pessoas de 15 a 45 anos. No Brasil, verificou-se uma disposição de declívio nos índices de morbimortalidade por febre do tipo tifóide; mesmo assim, estes índices devem ser observados com prudência no que diz respeito à sua visibilidade e confiabilidade, pois 20% das mortes têm causa ignorada, há impasses de verificação nos laboratórios para reconhecimento do agente precursor da enfermidade e incertezas na série de dados de informação (FUNASA,  2002).

No Brasil, a criação de aves, apresenta imensuráveis alterações nos últimos tempos, em consequência da evolução do mercado e crescimento das exportações, associados ao fato da carne de aves ser um alimento vigoroso e de custo exequível para o consumo humano. No entanto, pode transfigurar-se como alimento de  transmissão de microrganismos patogênicos; incluindo a Salmonella spp., bactéria presente em virtude da operacionalização indesejada, das inúmeras fases do beneficiamento de aves. Conforme autores, a emissão e aplicação de um sistema de APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle) no fluxo de processamento têm como finalidade alcançar uma descrição minuciosa das propriedades do alimento e dispensação da cadeia de produção, verificando o grau de interferência de perigos extrínsecos e intrínsecos para o bem-estar do consumidor e parametrização da regulamentação vigente (CARVALHO ; COSTA ; CARVALHO, 2002).

No final de década de 1970,  enfermidades desencadeadas por alimentos provocadas por Salmonella enteritidis passaram a ser declaradas na América do Norte e em outros países da Orientais como o hemótipo prevalecente. Em 1993, no Brasil este hemótipo declarou-se dominante, sendo os episódios vinculados ao uso de alimentos como ovos “in natura”  ou mal cozidos (PERESI; ALMEIDA; LIMASI,1998).

Após verificação de 68 arcabouços de frango congeladas, oriundas de matadouros do Estado de São Paulo, efetuou-se análises microbiológica para Salmonella enteritidis, identificando em treze (19,1%) dos ensaios analisadas (TESSARI; CARDOSO; CASTRO, 2003), o que decorrente da regulamentação o patógeno deveria estar ausente. As enfermidades provocadas por alimentos implicam na atualidade um impacto negativo para a organização de saúde mais difundidas e um considerável fator de encolhimento da produtividade, enfatizando a imprescindibilidade no monitoramento sanitário que busque eliminar ou minimizar os índices de infestação de arcabouços de frango por S. enteritidis (FLOWERES, 1988).

Foram realizados ensaios microbiológicos em  aproximadamente quinze padrões de amostras de carne moída bovina, provenientes de supermercados da zona oeste de São Paulo (SP). Identificou-se-se existência de Salmonella spp. em uma amostra e Staphylococcus  aureus em outro ensaio. Desta forma, é de suma relevância salientar que as coletas das amostras foram efetuadas em supermercados com alta performance comercial e supostamente de alta confiabilidade, sendo imprescindível uma fiscalização mais rigorosa pelos órgãos competentes (MOTTA; BELMONTE ; PANETTA , 2000).

CONCLUSÃO

A segurança dos alimentos abrange, portanto, na aplicação de tratativas de precaução e de contenção, como a adesão aos sistema APPCC, que demonstra ser um instrumento absoluto para extração de agentes determinantes de enfermidades, com o intuito de conceder proteção minuciosa no combate de enfermidades  desencadeadas por alimentos, promovendo a minimização dos custos e assegurando a consumação de alimentos sadios microbiologicamente.

As notificações epidemiológicas representam uma considerável via de referência para que os  órgãos competentes possam avaliar quais são os agentes patogênicos e classes de alimentos implicados nas doenças provocadas por alimentos.  

Um outro ponto primordial refere-se ao fator de ordem econômica, pois decorre um crescimento da aptidão de produção da população economicamente ativa, em virtude da segurança alimentar assegurada por uma alimentação que não promova episódios de salmoneloses 

O estudo das enfermidades provocadas por alimentos, permite o aporte para o planejamento de ações políticas e a priorização de pesquisas científicas e análise de programas de contenção de enfermidades epidêmicas

REFERÊNCIA

1. BRASIL. Ministério da Saúde. Análise Epidemiológica dos Surtos de Doenças Transmitidas por Alimentos no Brasil. Brasília, DF, 08/08/2008. 

2. FORSYTHE, S.J. traduzido por GUIMARÃES, M.C.M., LEONHARDT, C. Microbiologia da segurança alimentar. Porto Alegre: Artmed, 2002. 76p.

3. FORTUNA, J. L.; FRANCO R. M. Pequeno dossiê epidemiológico da Salmonella, como causadora de infecções alimentares. Revista Higiene Alimentar. São Paulo v.19, nº.128, p.33-44, jan./fev.2005.

4. FRANCO, B. D. G. M.; LANDGRAF, M. Microbiologia dos Alimentos. São Paulo. 

5. SANTOS LR, NASCIMENTO VP, FLORES ML. Salmonella enteritidis isoladas de amostras clínicas de humanos e de alimentos envolvidos em episódios de toxinfecções alimentares, ocorridas entre 1995 e 1996, no estado do Rio Grande do Sul. Higiene Alimentar 2002; 16(102/103): 93-99

6. ICMSF. Microorganismos de los alimentos. Acribia: Zaragoza; 2002. 3. Forsythe SJ. Microbiologia da segurança alimentar. Porto Alegre: Artmed; 2002 

7. GERMANO PML. Prevenção e controle das toxinfecções de origem alimentar. Higiene Alimentar 1993; 7(27): 6-11 

8. CARDOSO L, ARAÚJO WMC. Parâmetros de qualidade em produtos prontos para consumo imediato e congelados artesanais comercializados no distrito Federal no período de 1997- 2001. Higiene Alimentar 2003; 17(109):40-44.

9. SILVA CC, RODRIGUES, MM, MARTINS BR. Toxinfecção alimentar por Salmonella em São Paulo/SP. Boletim Epidemiológico Paulista [periódico na Internet]. 2004 10. SERV SAFE. Princípios básicos de segurança alimentar. Rio de Janeiro: Instituto de Hospitalidade, 2000, 379p.

10. SHINOHARA, Neide Kazue Sakugawa et al. Salmonella spp, importante agente patogênico veiculados em alimentos. Ciência & Saúde Coletiva, [s.I.] v. 13 n 5, p1675-1683, out.2008. FapUNIFESP (SciElo). 

11. SILVA, V.M.;BITELLO, A.R. Verificação da presença de salmonela spp em alimentos minimamente processados em Município do interior do Rio Grande do Sul. Revistas Destaques Acadêmicos, Lajeado, v.8, n. 3, 2016.

12. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. FUNASA. CENEPI. Mortalidade Brasil 2004. Brasília: CENEPI/FUNASA; 2004.

13. MAJILA R, RANTA J, SEUNA E. The efficiency of the Finnish Salmonella Control Programme. Food Control 2005; 16(8):669-675..

14. MREMA N, MPUCHANE S, GASHE BA. Prevalence of Salmonella in raw minced meat, raw fresh sausages and raw burger patties from retail outlets in Gaborone, Botswana. Food Control 2006; 17(3):207-212.

15. PENA MEC, IGLESSIAS ALH, JIMENEZ MAH. Brote por Salmonella enteritidis em trabajadores de um hospital. Salud Pública México 2001; 43(3):211-216.

16. SURESH T, HATHA AAM, SCREENIVASA D. Prevalence and antimicrobial resistance of Salmonella enteritidis and other salmonellas in the eggs and egg-storing trays from retails markets of Coimbatore, south India. Food Microbiology 2006; 23(3):294-299.

17. TESSARI ENC, CARDOSO ALSP, CASTRO AGM. Prevalência de Salmonella enteritidis em carcaças de frango industrialmente processadas. Higiene Alimentar 2003; 17(107):52-55.

18. PELCZAR JM, CHAN ECS, KRIEG NR. Microbiologia, conceitos e aplicações: doenças transmitidas por água e alimentos São Paulo: Makron Books; 1996.

19. TRABULSI LR, ALTERTHUM LF. Microbiologia São Paulo: Atheneu; 2004.

20. LOURENÇO MCS, REIS EFM, VALLS R. Salmonella entérica subsp houtenae sorogrupo O:16 em um paciente HIV positivo: relato de caso. Revista Instituto de Medicina Tropical de São Paulo 2004; 46(3):169-170.

21. GUERIN PJ, VOLD LAA, VITSLAND P. Communicable disease control in a migrant seasonal workers population: a case sudy in Norway. Eurosurveillance 2005, 10(1-3):48-50.

22. TAITT CR, SHUBIN YS, ANGEL R.  Detection of Salmonella enterica Serovar Typhimurium by using a Rapid, Array-Based Immunosensor. Applied and Environmental Microbiology 2004, 70(1):152-158.

23. BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Projeções do Agronegócio. Mundial e Brasil Brasília: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; 2005.

24. CONNOR BA, SCHWARTZ E. Typhoid and paratyphoid fever in travellers. The Lancet Infectious Diseases 2005; 5(10):623-628.

25. JAWETZ M, ADELBERG E. Microbiologia médica Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2006.

26. MIMS C, PLAYFAIR J, ROITT I. Microbiologia médica Rio de Janeiro: Elsevier; 2005.

27. TORTORA GJ, FUNKE BR, CASE CL. Microbiologia Porto Alegre: Artmed; 2005.

28. HAIMOVICH B, VENKATESA MM. Shiguella e Salmonella: death as a means of survival. Microbes and Infection 2006; 8(2):568-577.

29.  SILVA EM, DUARTE A. Salmonella Enteritidis em aves: retrospectiva no Brasil. Revista Brasileira de Ciência Avícola 2002; 4(2):85-100.

30. D’AOUST JY. Salmonella and international trade. International Journal of Food Microbiology 1994; 24(4):11-31.

31. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. FUNDAÇÃO NACIONAL DA SAÚDE (FUNASA). Guia de Vigilância Epidemiológica Brasília: Ministério da Saúde; 2002.

32. UKUKU DO. Effect of sanitizing treatments on removal of bacteria from cantaloupe surface, and re-contamination with Salmonella Food Microbiology 2006; 23(3):289-293.

33. SILVA JR EA. Manual de controle higiênico-sanitário em serviços de alimentação São Paulo: Varela; 2005.

34. MITAKAKIS T, SINCLAIR M, FAIRLEY C, LIGHTBODYL P, LEDER K, HELLARD M.  Food safety in family homes in Melbourne, Australia. Journal of Food Protection 2004; 64(4):818-822.

35.  EVANGELISTA J. Tecnologia de alimentos São Paulo: Atheneu; 2002.

36. BASTI AA. Bacterial pathogens in fresh, smoked and salted Iranian fish. Food Control 2006; 17(3):183-188.

37.  SILVA JA, AZEVEDO GA, BARROS CMR. Incidência de bactérias patogênicas em carne de frango refrigerada. Higiene Alimentar 2002; 16(100):97-101.

38. SCHNEITZ C. Competitive exclusion in poultry 30 years of research. Food Control 2005; 16(8):657-667.

39. JAY JM. Microbiologia de alimentos Porto Alegre: Artmed; 2005.

40. RIEDEL G. Controle sanitário dos alimentos São Paulo: Atheneu; 2005.

41. CRUMP JA, LUPY SP, MINTZ ED. The global burden of typhoid fever. Bulletin of the Word Health Organization 2004; 82(5):346-353.

42.ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. HACCP: instrumento essencial para a inocuidade de alimentos Buenos Aires: OPAS/INPPAZ; 2001.

43. MOTTA MRA, BELMONTE MA, PANETTA JC. Avaliação microbiológica de amostras de carne moída comercializada em supermercados da Região Oeste de são Paulo. Higiene Alimentar 2000; 14(78/79):59-62.

44.  FLOWERES FL. Salmonella Food Technology 1988; 42(4):182-185.

45. PINTO UM, CARDOSO RR, VANETTI MCD. Detecção de Listeria, Salmonella e Klebsiella em serviço de alimentação hospitalar. Revista de Nutrição 2004; 17(3):319-326.

PAIVA PC, BORGES RG, PANETTA JC. Freqüência de quadros gastroentéricos em aeronautas: Pressupostas ligação com toxinfecções alimentares. Higiene Alimentar 2000; 14(75):13-23.

ANVISA. (2018). Guia de Alimentos e Vigilância Sanitária. In Agência Nacional de Vigilância Sanitátia. https://www.saude.gov.br/images/pdf/2018/janeiro/17/Guia-de-Alimentos-e-VigilanciaSanitaria.pdf 

MACHADO, A. S. R. (2013). Caracterização fenotípica e genotípica de salmonelas isoladas de área rural e urbana de Manaus, Amazonas. Dissertação (Mestrado em Saúde, Sociedade e Endemias na Amazônia) – Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 2013. 

MINISTÉRIO DA SAÚDE. (2010). Manual integrado de vigilância, prevenção e controle de doenças transmitidas por alimentos. Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2010. 

RANTHUM, M. A. (2002). Subnotificação e alta incidência de doenças veiculadas por alimentos e seus fatores de risco: causas e consequencias no município de Ponta Grossa-Paraná. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública)-Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2002. 

LUCA, A. N. B., & Koerich, G. M. D. (2009). Perfil Epidemiológico dos Surtos de DTA Causados por Salmonella sp. em Santa Catarina, Brasil, Notificados no SINAN NET de 2006 a 2008. Monografia (Especialização)-Curso de Especialização Em Microbiologia, Departamento de Microbiologia.

SHINOHARA, N. K. S., Barros, V. B., Jimenez, S. M. C., Machado, E. C. L., Dutra, R. A. F., & Lima Filho, J. L. (2008). Salmonella spp., importante agente patogênico veiculado em alimentos. Ciência & Saúde Coletiva, 13, 1675–1683. 

Kottwitz, L. B. M., Oliveira, T. C. R. M., Alcocer, I., Farah, S. M. S. S., Abrahão, W. S. M., & Rodrigues, D. P. (2010). Avaliação epidemiológica de surtos de salmonelose ocorridos no período de 1999 a 2008 no Estado do Paraná, Brasil. Acta Scientiarum. Health Sciences, 32(1), 9–15. 


1Graduando (a) do Curso de Bacharelado em Nutrição do Centro Universitário FAMETRO.

2Orientadora do TCC, Doutora em Biotecnologia pela Universidade Federal do Amazonas. Docente do Curso de Bacharelado em Nutrição do Centro Universitário FAMETRO.