OS IMPACTOS DA PANDEMIA DE COVID-19 NA SAÚDE DOS POVOS ÍNDIGENAS DO BRASIL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7255788


Jasmin Danhana Ortega de Lima¹  
Francisca Marta Nascimento de Oliveira Freitas²  
José Carlos de Sales Ferreira³ 


RESUMO 

Introdução: Os cuidados realizados pela equipe de nutrição, tendo a função de seguir os protocolos de cuidados e comandos, integrar os profissionais enquanto equipe, assegurar a qualificação e aperfeiçoamento do indivíduo visando oferecer um atendimento com qualidade. Esta pesquisa teve como Objetivo: Relatar os impactos do COVID-19 nos povos indígenas. Metodologia: Trata-se de um estudo de revisão integrativa da literatura dos artigos publicados entre os anos de 2017 a 2021 na Scientific Electronic Library On-line (SciELO), Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). Resultados: Verificou-se com o estudo que à importância da equipe multidisciplinar na colaboração do cuidado prestado aos Povos Indígenas. Conclusão: Portanto, o planejamento e a integralização da equipe com cuidado humanizado remetem a aceitação dos povos indígenas. No momento do atendimento demonstrar respeito a cultura e motivando ao indígena a receber os cuidados necessários, diferenciado e acolhedor, onde o olhar holístico deve colaborar para o cuidado seguro e caloroso ao seu paciente. 

Palavras-chave: Covid-19, Povos Indígenas, Pandemia. 

ABSTRACT 

Introduction: The care provided by the nutrition team, with the function of following care protocols and commands, integrating professionals as a team, ensuring the qualification and improvement of the individual in order to offer quality care. This research aimed to: Report the impacts of COVID-19 on indigenous peoples. Methodology: This is an integrative literature review study of articles published between 2017 and 2021 in the Scientific Electronic Library Online (SciELO), Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS). Results: It was verified with the study that the importance of the multidisciplinary team in the collaboration of the care provided to Indigenous Peoples. Conclusion: Therefore, the planning and integration of the team with humanized care refers to the acceptance of indigenous peoples. At the time of care, demonstrate respect for the culture and motivating the indigenous person to receive the necessary, differentiated and welcoming care, where the holistic look must collaborate for the safe and warm care of your patient. 

Keyword: Covid-19, Indigenous, Peoples, Pandemic. 

1. INTRODUÇÃO  

A pandemia do novo coronavírus, intitulado Sars-CoV-2 e causador da doença denominada COVID-19, gera respostas diferenciadas dos países em termos de estratégias epidemiológicas e de políticas econômicas, impactando assim em assimetrias claras nos resultados humanos, tanto, na difusão do vírus na população, quanto, na difusão da recessão econômica dentro de cada nação (MARANHÃO, 2020; MARANHÃO e SENHORAS, 2020). 

Quanto as múltiplas consequências acentuadas pelo contexto pandêmico, é possível citar: a diminuição da renda familiar, o aumento da taxa de desemprego, a piora no estado de saúde geral, bem como o aumento de casos de depressão, ansiedade e nervosismo (ALMEIDA et al., 2021). Contudo, tais implicações não estão restritas apenas à moradores de grandes centros urbanos, estendendo-se, também, aos povos interioranos e aos subgrupos historicamente vulneráveis, como por exemplo: populações indígenas de terras brasileiras (MATTA, 2021). 

O espectro clínico da infecção por coronavírus é muito amplo, podendo variar de um simples resfriado até uma pneumonia severa (LIMA, 2020). No entanto,  o espectro do novo coronavírus não está estabelecido completamente, necessitando de mais investigações e tempo para caracterização da doença (BRASIL,2020). Segundo os dados mais atuais, os sinais e sintomas clínicos referidos são principalmente respiratórios, entretanto, estes podem ser bem diversificado. O paciente infectado pode apresentar: febre, tosse, fadigas, dispneia, mal estar, mialgia, além de sintomas respiratórios do trato superior e sintomas gastrointestinais (BRASIL, 2020). 

Os povos indígenas vivem em situações complexa de dinâmica e saúde, pois envolvem os processos históricos socioculturais e ambientais atreladas ao crescimento econômico da sociedade (JUNIOR; SANTOS; CARDOSO, 2020). O contanto indígena com o homem branco, vem mudando o comportamento de saúde entre eles, principalmenteem relação às doenças com maior teor de transmissibilidade, como doenças respiratórias, malária, coqueluche, varicela, disenteria, IST e COVID-19 (BRITO, 2019). 

A origem das doenças entre esses povos, é explicado como uma relação com as crenças religiosas e representando uma vida de sofrimento até possivelmente a morte (XERENTE et al., 2020). Na cultura, os indígenas classificam as causas de doenças em dois grupos: mistas e naturais., quando sendo  mistas o sofrimento é causado pela quebra de tabus, possessões espirituais e alteração da alma, já quando os fatores relacionados às mudanças ambientais são chamadas de causas naturais, que podem originar da chuva, temperatura, estações do ano ou estresse, debilitação física e alimentação (BRASIL,2017). 

Considerando-se esse cenário e constatando-se os potenciais de disseminação da epidemia de Covid-19 nos territórios indígenas e suas consequências para essas comunidades, ficou evidente a necessidade de esforços específicos voltados não somente para uma atenção qualificada e oportuna a esses povos, mas também para a sistematização e divulgação de um conjunto particular de informações em saúde (APIB, 2020; ROSA et al., 2021). 

Diante do exposto, o objetivo da presente pesquisa é descrever os impactos da Pandemia de COVID-19 na saúde dos povos indígenas, identificar e compreender como o vírus se desenvolve. Portanto, ressalta-se a necessidade do conhecimento técnico científico em saúde, para que possibilitem uma assistência de qualidade. 

2. METODOLOGIA  

2.1 Tipo de estudo 

Este trabalho caracteriza-se como um estudo exploratório através da revisão narrativa da literatura,  para discutir o estado da arte de um determinada temática (VOSGERAU e ROMANOWSKI, 2017). A visão metodológica é de abordagem qualitativa que segundo Guerra (2018), com objetivo de  aprofundar-se na compreensão dos fenômenos que estuda ações dos indivíduos, grupos ou organizações em seu ambiente ou contexto social, interpretando-os segundo a perspectiva dos próprios sujeitos que participam da situação, sem se preocupar com representatividade numérica, generalizações estatísticas e relações lineares de causa e efeito. 

2.2 Coleta de dados  

Para a busca dos artigos foram utilizadas as bases de dados: BVS (Biblioteca Virtual em Saúde) e SciELO (Scientific Eletronic Library Online), a partir  dos seguintes descritores: Covid-19, Povos Indígenas, Pandemia. Também foram consultados livros de referência e manuais técnicos e diretrizes do Ministério da Saúde sobre o tema. 

2.3 Análise de dados 

Os artigos selecionados para a revisão foram submetidos a uma análise criteriosa e leitura minuciosa. Serão trabalhadas as informações extraídas dos estudos selecionados, organizadas e sumarizadas de maneira concisa, formando um banco de dados de fácil acesso e manejo, utilizando ferramentas do Microsoft Word® 2016. Para melhor discussão, os resultados serão divididos em categorias. 

Esta revisão foi composta por 8 artigos publicados entre 2019 e 2021, onde três (21,43%) foram publicados em 2019, dois (14,29%) foram publicados em 2020 e seis (42,86%) foram publicados em 2021. Quanto a base da dados 8 (57%) artigos foram publicados na base de dados da MEDILINE, três 

(21,43%) foram publicados na LILACS e três (21,43%) foram publicados na SCIELO. Da amostra selecionada dois eram revisões de literatura, oito eram estudos exploratório descritivo, dois eram estudos qualitativos compreensivos e dois eram estudos observacional. 

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO  

3.1 COVID-19 

A covid-19 é uma patologia desenvolvida a partir da infecção por um RNA vírus envelopados, encontrados geralmente em humanos, outros mamíferos e aves, capazes de causar doenças de características respiratórias, entéricas, hepáticas e neurológicas (ZHU et al., 2020). Foi identificado como coronavírus por apresentar capsídeos pleomórficos e ter projeções radiais superficiais como uma coroa (CASCELLA et al.,2020). Esse vírus, chamado provisoriamente de 2019-nCoV, foi identificado pela primeira vez em Wuhan, na província de 

Hubei, China, em pessoas expostas em um mercado de frutos do mar e de animais vivos. Até o momento, são seis as espécies de Coronavírus conhecidas que causam doenças em humanos. Quatro dessas (229E, OC43, NL63 e HKU1) causam sintomas comuns de gripe em pessoas imunocompetentes, e duas espécies (SARS-CoV e MERS-CoV) provocam síndrome respiratória aguda grave com taxas elevadas de mortalidade (CUI; LO; SHI, 2019). A exemplo dos surtos causados por dois outros coronavírus respiratórios humanos que surgiram nas últimas duas décadas (SARS-CoV, MERS-CoV), o novo coronavirus COVID-19 causa doença respiratórias potencialmente grave em alguns indivíduos (ZHU et al., 2020 e PERLMAN, 2020). 

O período médio de incubação da infecção por coronavírus é de 5.2 dias, com intervalo que pode chegar até 12.5 dias. A transmissibilidade dos pacientes infectados por SARS-CoV é em média de 7 dias após o início dos sintomas. (BRASIL,2020). No entanto, dados preliminares do novo coronavírus (2019-nCoV) sugerem que a transmissão possa ocorrer, mesmo sem o aparecimento de sinais e sintomas, até o momento, não há informação suficiente que defina quantos dias anteriores ao início dos sinais e sintomas uma pessoa infectada passa a transmitir o vírus (PONTES, 2021). 

O diagnóstico do novo coronavírus é feito com a coleta de materiais respiratórios (aspiração de vias aéreas ou indução de escarro), há um diagnóstico laboratorial para identificação do vírus por meio das técnicas de proteína C reativa em tempo real e sequenciamento parcial ou total do genoma viral. Orienta-se a coleta de aspirado de nasofaringe ou swabs combinado (nasal/oral) ou também amostra de secreção respiratória inferior (escarro ou lavado traqueal ou lavado broncoalveolar (LIMA,2020). Para confirmar a doença é necessário realizar exames de biologia molecular que detecte o RNA viral, onde os casos graves devem ser encaminhados a um hospital de referência para isolamento e tratamento. Os casos leves devem ser acompanhados pela atenção primária em saúde e instituídas medidas de precaução domiciliar (BRASIL,2020). 

O coronavírus causa infecções respiratórias e intestinais em humanos e animais; sendo que a maioria das infecções por coronavírus em humanos são causadas por espécies de baixa patogenicidade, levando ao desenvolvimento de sintomas do resfriado comum, no entanto, podem eventualmente levar a infecções graves em grupos de risco, idosos e crianças. (SECRETÁRIA ESPECIAL DE SAÚDE ÍNDIGENA, 2020). Os sintomas mais comuns apresentados são: : febre, tosse, fadigas, dispneia, mal estar, mialgia, além de sintomas respiratórios do trato superior e sintomas gastrointestinais (BRASIL, 2020). 

São fatores de risco mais preponderantes pra casos mais graves as doenças cardiovasculares, metabólicas, pulmonares, hepáticas e renais (VILLEGAS-CHIROQUE, 2020). Estatísticas epidemiológicas mostram que 80% da população infectada apresenta quadros de pneumonia atípica de leve a moderada, 15% evoluem para uma pneumonia grave e 5% dos casos podem desenvolver a Severe Acute Respiratory Syndrome (SARS, Síndrome Respiratória Aguda Grave). Na fase crítica da doença, muitos desenvolvem sepse (infecção generalizada no organismo humano), entram em choque e morrem (VELAVAN e MAEYER, 2020; VILLEGAS-CHIROQUE, 2020). 

Em relação as medidas profiláticas para a prevenção e o controle da velocidade de contágio do novo coronavírus, as principais recomendações são o distanciamento físico, o confinamento domiciliar, a prática de higiene das mãos, o uso de máscaras e a detecção precoce de pessoas infectadas (ADHIKARI et al., 2020; DUAN E ZHU, 2020). Existem evidências de que essas medidas são métodos efetivos para reduzir a morbidade e a mortalidade por infecções respiratórias. Tais medidas são recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para o enfrentamento da COVID-19 (GARCIA e DUARTE, 2020) 

3.2 POVOS INDÍGENAS  

Segundo foi definido no estatuto dos índios são considerados “Índio ou Silvícola” todo indivíduo de origem e ascendência pré-colombiana que se identifica e é identificado como pertencente a um grupo étnico cujas características culturais o distingue da comunhão nacional. Neste mesmo documento, ainda é definido que “Comunidade Indígena ou Grupo Tribal” é um conjunto de famílias ou comunidades índias quer vivendo em estado de completo isolamento em relação aos outros setores da comunhão nacional, quer em contatos intermitentes ou permanentes, sem, contudo, estarem neles integrados (VITORELLI, 2016) 

Conforme os dados do Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010, a população indígena somente no território brasileiro é de aproximadamente 900 mil pessoas, constituindo 305 povos, falantes de 274 línguas indígenas, apesar desse total que constituir apenas 0,4% da população nacional, trata-se de uma das mais expressivas socio diversidades nativas da América Latina (IBGE, 2012).  

Apesar da carência e fragmentação de registros históricos sobre a trajetória de contato dos povos indígenas com outros grupos populacionais no Brasil, sabe-se que os reflexos dessa interação sobre os perfis de adoecimento e morte foram significativos e resultaram em importante redução numérica dos grupos nativos que vivem no país (BASTA; ORELLANA; ARANTES, 2012). Segundo Rocha e Porto (2020) a relação entre a sociedade brasileira e os grupos étnicos e raciais politicamente subalternizado, dos quais incluem os povos indígenas, possui um contexto histórico e que algumas constantes como: racismo, violência e negligência em relação ao bem-estar daqueles que estão em desvantagem em uma estrutura social desigual assente em três eixos de discriminação: classicismo, racismo e etnocentrismo.  

Ainda diante disso, durante as últimas décadas do século XX, observou-se de maneira consistente e em várias regiões do país uma importante recuperação populacional dos grupos indígenas. Como consequência do sustentado e progressivo aumento populacional desses povos, diversos desafios vieram à tona, em especial para a área de saúde, expressando-se por meio de sensíveis transformações nos perfis de adoecimento e morte (BASTA; ORELLANA; ARANTES, 2012).  

Segundo a FUNAI (2013), o ritmo de crescimento foi quase seis vezes maior que o da população em geral. O percentual de indígenas em relação à população total brasileira saltou de 0,2% em 1991 para 0,4% em 2000, totalizando 734 mil pessoas, houve um aumento anual de 10,8% da população, a maior taxa de crescimento dentre todas as categorias, quando a média total de crescimento foi de 1,6%. 

As políticas de saude publica evoluindo segundo Nicacio et al. (2019), houve avanços em relação à forma de se vincular saúde e população indígena, a criação de órgãos de proteção ao índio em seus aspectos biopsicossociais e específicos à saúde bastante contribuiu para se estabelecer uma relação de confiança entre as raças, levantando a pauta do respeito às diferenças dos povos. Porém, ainda que a atenção a saúde indígena venha alcançando destaque, políticas voltadas para a população indígena estejam sendo cada vez mais difundidas entre os órgãos responsáveis pela gestão do Sistema Único de Saúde no Brasil, as pesquisas ainda mostram relatos óbitos em decorrência de enfermidades diretamente ligadas a questões sociais e sanitárias (NICACIO et al.,2020).  

Mesmo no período anterior à pandemia de Covid-19, as infecções respiratórias agudas já se situavam entre as principais causas de morbidade e mortalidade em populações indígenas no Brasil, afetando sobretudo o segmento infantil (FARIAS et al., 2019).  

Ademais, a introdução de vírus respiratórios em comunidades indígenas apresenta elevado potencial de espalhamento, resultando em altas taxas de internação e com potencial de causar óbitos (CARDOSO et al., 2019).  

3.3 IMPACTOS DA COVID -19 NA SAÚDE DOS POVOS INDÍGENAS  

A transmissão da Covid-19 inicialmente esteve concentrada em alguns grandes centros urbanos. Contudo, rapidamente observou-se um processo de interiorização em alguns estados, como no Amazonas. Principalmente na região Norte, que apresenta expressivo contingente populacional indígena, esse fenômeno teve grande impacto nos povos indígenas (CARDOSO, 2020). O estado amazonense já chegou a atingir o marco de segundo maior em número de casos confirmados da COVID-19 e o maior em número de óbitos, ocupando atualmente a nona posição em casos confirmados e a sétima em total de óbitos dentre outras unidades federativas nacionais (COTA, 2020).Segundo Silva et al. (2020) percebe-se que as populações indígenas espalhadas pelo Brasil sofrem as consequências de diversos fatores, que as colocam em situações de maior vulnerabilidade durante a pandemia, pondo em risco não só sua saúde, como também o patrimônio cultural e conhecimentos de gerações passadas 

Apesar de alguns povos indígenas serem considerados isolados, vários deles estão conectados com áreas urbanas e mantêm vínculos econômicos e de serviço, havendo, portanto, alto potencial de espalhamento do vírus entre esses indivíduos (CODEÇO et al., 2020, 2020; RAMALHO et al.,2020). A diversidade de culturas de cada povos indígenas dos países impacta a existência e continuidade da população indígena no planeta, sendo a pandemia mais um dos fatores que contribui para a mortandade, a exemplo no Brasil, povos indígenas e comunidades tradicionais ficaram muito vulnerabilizados devido ao vírus, passaram a sofrer uma acentuação da sua situação no momento da pandemia mediante a falta de acessibilidade aos cuidados específicos e tratamento adequado do vírus, pois esses grupos tratam as doenças conforme a orientação cultural (MONDEDARDO, 2020). 

Neste artigo, foi relatado no quadro 1, estudos no quais foram encontrados os impactos que a covid-10 trouxe aos povos indígenas. Quadro 1 – Impactos encontrados aos indígenas   

Referência Impactos  
Santos; Pontes; Coimbra (2020) Alta transmissibilidade da doença, vulnerabilidade social de populações isoladas e limitações relacionadas com a assistência médica e logística de transporte de enfermos 
Marinelli; Albuquerque; Souza (2020) Resistência de aderir tratamento e dificuldade de registrar os casos aos indicadores, pela cultura de cura dentro da comunidade 
Pereira et al. (2020) Promover Educação em Saúde tendo o cuidado para não gerar pânico e/ou menosprezar a gravidade da situação. Considerar as especificidades culturais por meio da língua tradicional e/ou por meio da linguagem que os contemple, bem como da organização social e lideranças indígenas. 
Oliveira et al. (2020).  A possibilidade de subnotificação das populações indígenas e a falta de vigilância dos vetores de dispersão da doença podem impactar seriamente a capacidade de controlar a transmissão da Covid-19 
Ribeiro e Rossi (2020) Devido as crenças e culturas, a resitência a vinculação de informações para explicar como estava sendo acometida a COVID19 no mundo. 
 Faro et al. (2020) Identificar   riscos, problemas emergentes e ajustar a resposta às suas necessidades na forma de práticas espirituais e uso de plantas medicinais por exemplo eram mais aceitos pelos indígenas do que o convencimento da procura do SUS, tornando o tratamento tardio com agravo de mais riscos. 
Gonçalves et al. (2020) Apesar de difundida nos últimos anos, a implementação da medicina tradicional indígena no sistema oficial de saúde ainda é precária e carente de iniciativas mais eficientes 

4. CONCLUSÃO  

A população indígena diante de um cenário pandêmico encontra-se em vulnerabilidade e com aumento do risco de mortalidade. Portanto, é essencial o planejamento e a integralização da equipe multidisciplinar com cuidados humanizados.  

No momento do atendimento demonstrar respeito a cultura e motivando ao indígena a receber os cuidados necessários, diferenciado e acolhedor, onde o olhar holístico deve colaborar para o cuidado seguro e caloroso ao seu paciente indígena. 

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1 Graduanda do Curso de Bacharelado em Nutrição do Centro Universitário FAMETRO.

2Orientadora do TCC, Doutora em Biotecnologia pela Universidade Federal do Amazonas. Docente do Curso de Bacharelado em Nutrição do Centro Universitário FAMETRO

3Co-orientador do TCC, Mestre em Ciências do alimento pela Universidade Federal do Amazonas. Docente do Curso de Bacharelado em Nutrição do Centro Universitário FAMETRO