O ADOECIMENTO PSÍQUICO E A IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA DE PSICOTERAPIA DURANTE O PERÍODO DE GRADUAÇÃO

ACADEMIC LIFE: THE PSYCHIC ILLNESS AND THE IMPORTANCE OF THE PRACTICE OF PSYCHOTHERAPY DURING THE UNDERGRADUATE PERIOD. 

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7249107


Guilherme Azevedo Lopes1
Sama Costa Guedes Bastos2
Helen Rimet Alves de Almeida3


RESUMO 

O adoecimento psíquico e a importância da prática de psicoterapia para os acadêmicos durante o período na graduação no curso de Psicologia é o tema de estudo dessa pesquisa. Trata-se de uma revisão bibliográfica de natureza descritiva que busca fazer um levantamento de publicações recentes com essa temática. Com objetivo de identificar os indicadores que favorecem o sofrimento psíquico e assim evidenciar a importância da psicoterapia no período de graduação, compreendendo a saúde mental no contexto acadêmico. De abordagem quantitativa, os procedimentos se deram pela seleção dos artigos a partir de 2017 a 2022. A coleta e a análise dos dados buscou responder a problemática de identificar de que forma o contato com o sofrimento psíquico de outras pessoas e/ou os conteúdos acadêmicos mais diretamente relacionados com a subjetividade humana apontam evidências de sofrimento psíquico no próprio estudante. Utilizando como fontes publicações, no idioma português na base de dados coletados no Google Acadêmico: SCIELO, PEPSIC e LILACS. A finalidade é de aprimoramento e atualização do conhecimento, através de uma investigação científica de obras já publicadas. Espera se contribuir para o aprofundamento dessa pesquisa. 

Palavras-chave: A importância da Psicoterapia. A saúde mental. O adoecimento psíquico. 

ABSTRACT

Psychic illness and the importance of psychotherapy practice for academics during the undergraduate period in the Psychology course is the subject of study of this research. This is a bibliographic review of a descriptive nature that seeks to survey recent publications on this topic. With the objective of identifying the indicators that favor psychic suffering and as well as highlighting the importance of psychotherapy in the undergraduate period, including mental health in the academic context. From a quantitative approach, the procedures were based on the selection of articles from 2017 to 2022. Data collection and analysis sought to answer the problem of identifying how contact with other people’s psychic suffering and/or academic content more directly related to human subjectivity point to evidence of psychic suffering in the student himself. Portuguese in the database collected on Google Scholar: SCIELO, PEPSIC and LILACS. The purpose is to improve and update knowledge, through a scientific investigation of already published works. It hopes to contribute to the deepening of this research. 

Keywords:The importance of Psychotherapy. The mental health. Psychic illness.

1. INTRODUÇÃO 

O ingresso acadêmico coloca os estudantes, em sua maioria nas fases da adolescência e ou da juventude, diretamente expostos a conteúdos ligados a subjetividade humana. Com essa prática, podem ocorrer encontros com a dor e angústia de existência e vivências em sociedade e no contexto acadêmico. O adoecimento psíquico e a importância da prática de psicoterapia para os acadêmicos durante o período na graduação no curso de Psicologia, é o tema de estudo dessa pesquisa. 

No Brasil em 1962, com a regulamentação da profissão, a Psicologia na sua formação passou a ser objeto de reflexão e debates envolvendo o Ministério da Educação e o Ministério da Saúde. 

Papalia e Feldman (2010, p. 4) afirmam que “o ingresso no ensino superior ocasiona  mudanças difíceis na vivência experienciada pelo estudante no período de sua graduação”.  

Considera-se como um marco na vida deste indivíduo, pois ocorre o acesso a um novo universo repleto de normas, metodologias e pessoas desconhecidas. Contudo, esse processo é repleto de ansiedade, idealizações, ansiedade e conflitos (MARTINCOWSKI, 2013). 

Conforme reforçam Mercuri e Polydoro (2004, p. 241), “o universitário e sua consequente trajetória de formação compreendem variados aspectos psicológicos”.  Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) a definição de saúde envolve  não apenas como a ausência de doença, mas como o estado de bem estar social, mental e físico em situação de perfeição. Assim, a saúde mental do indivíduo passa a ser prioridade, que ao perceber seu próprio potencial, lida com os conteúdos normais de sua vida, desempenhando seu trabalho de forma produtiva contribuindo para com a sociedade (OKU, OKU, OWOAJE; MONJOK, 2015). 

  • As mudanças que acontecem na vida do universitário fazem parte da realidade da juventude no que tange aos fatores: biológicos, psicológicos e sociais, além das pressões familiares e os compromissos da graduação. É um período de grande vulnerabilidade desses jovens que visam um lugar no mercado de trabalho, nesse período da vida em que passam por mudanças de rotina e personalidade (BASTOS, et al 2019, p. 17683).  

As rotinas de estudos mobilizam sentimentos muito particulares tais como: angústias, insegurança e dúvidas, desencadeadas, em alguns casos, pelo próprio curso durante o período da graduação. O caminhar dos acadêmicos é o desafio que inspira atentar para a importância na formação pessoal e profissional diante do equilíbrio no estado de bem estar (NUNES; SOUZA, 2018). “Os aspectos comunitários, subjetivos, socioeconômicos, biológicos e ambientais também interferem para o conceito de saúde mental, pois são fatores que afetam de forma direta para o surgimento de adoecimento psíquico” (MELO; BROMOCHENKEL, 2021, p. 2).

Estudar Psicologia se constitui numa experiência psiquicamente mobilizadora. O processo formativo coloca estudantes, em sua maioria, ainda adolescentes, ou jovens, precocemente expostos a conteúdos acadêmicos diretamente ligados à subjetividade humana e a cenários de práticas que envolvem o encontro com a dor e angústia de existir e viver em sociedade (AQUINO, et al. 2020). 

Sendo assim, atravessado por experiências, o estudante pode vir a ser afetado em sua saúde mental promovendo sofrimento psíquico. Pode-se dizer que, as causas do desequilíbrio entre saúde mental e bem-estar pode ocorrer por vários fatores, podem ser: pressões internas e externas, dificuldades de adaptação a rotina e demais experiências vividas pelo acadêmico no processo de graduação (MELO; BROMOCHENKEL, 2021). 

Canguilhem (2000) considera o adoecimento psíquico como uma forma singular de estar e de se relacionar no mundo, caracterizado pela dificuldade de tolerar as infidelidades do meio. Enquanto alguns estudantes se apresentam capacitados ou preparados para responder às exigências do ensino superior, outros carecem de apoios específicos para responderem de forma adequada e eficaz as dificuldades sentidas (NHACHENGO; ALMEIDA, 2020). 

O desafio da formação do psicólogo é fazer com que o entendimento do autocuidado seja uma constante. Assim, o serviço de psicoterapia dentro da graduação é de considerável relevância, sendo o apoio psicológico que permitirá a geração  de novos significados para a vivência acadêmica. 

Não se pode distinguir a formação profissional do psicólogo da pessoal, pois ambas estão em estreita relação. A psicoterapia pessoal para a formação do aluno é uma experiência importante, e que traz um impacto de grande aprendizagem na relação consigo mesmo e com o outro, através das atitudes daí decorrentes contribuindo de forma ímpar para a vida profissional. 

A problemática desse estudo de pesquisa é identificar de que forma o contato com o sofrimento psíquico de outras pessoas e/ou os conteúdos acadêmicos mais diretamente relacionados com a subjetividade humana podem apontar evidências de sofrimento psíquico no próprio estudante, e será o atendimento da psicoterapia no período da graduação relevante ao permitir a geração de novos significados para a vivência acadêmica?  

A experiência acadêmica de estudante no curso de Psicologia é psiquicamente provocadora. E a razão pela qual se torna importante a busca do entendimento dessa pesquisa é que esse processo de formação acadêmica coloca os estudantes, independentemente da fase de desenvolvimento humano que os mesmos se encontram, ligados a conteúdos e a vivências acadêmicas que mobilizam o acadêmico ao enfrentamento por sua adaptação. 

Aquino et al. (2020), ressaltam que os cenários de práticas, diretamente  ligados à subjetividade humana, envolvem o encontro com a dor, com a angústia de  existir, o conhecimento dos processos mentais como os pensamentos, os sentimentos, a razão e o comportamento que os estudantes são atravessados afetam de alguma forma sua saúde mental os levando ao sofrimento psíquico. 

Cestari et al. (2017), afirmam que, para adaptar-se a novas experiências de vida, imputando se a compromissos, acompanhar o aprendizado regularmente, cumprir com prazos, participar  de aulas práticas e estágios torna-se essencial o auto cuidado da saúde mental dos estudantes do ensino superior, tendo em visto o seu desenvolvimento humano e sucesso academico (MELO; BROMOCHENKEL, 2021). 

Diante das demandas impostas ao acadêmico de Psicologia, como o anseio em auxiliar o próximo, o conflito entre sua subjetividade e a do outro, e aos desafios do início da carreira, entende-se ser relevante trazer à tona o processo de formação acadêmica e o cuidado à saúde mental desse futuro psicólogo através da psicoterapia como extensão de sua graduação (NUNES; SOUZA, 2018). 

Sendo assim, contribuindo para transformações positivas na formação superior do profissional de psicologia, a demanda por serviços de atendimento psicológico com vistas a minimizar o sofrimento psíquico destes alunos não pode ser descuidada ou ter as providências a respeito adiadas (ANDRADE et al, 2016).   

Nessa pesquisa, o objetivo é identificar os indicadores que favorecem o sofrimento psíquico, bem como evidenciar a importância da psicoterapia no período de graduação de Psicologia. 

2. O ADOECIMENTO PSÍQUICO 

Direta ou indiretamente a vida acadêmica influencia a saúde mental dos estudantes. O prejuízo causado à saúde mental são decorrentes de uma volubilidade de fatores do cotidiano e associados. Sobretudo no ano inicial e de conclusão da graduação, as causas tendem a desencadear sofrimento psíquico atingindo os negativamente sua vida pessoal e acadêmica (FRATESCHI, 2020). 

Vanzin et al. (2019), afirmam que as próprias atividades acadêmicas diárias, por vezes são consideradas estressoras; carga horária de estudos elevadas; cobranças e pressões internas e externas excessivas; insatisfação com o curso, os conflitos de relacionamento nas relações interpessoais, dificuldade de conciliar o estudo e o lazer, o distanciamento do núcleo familiar, falta de apoio social, situação econômica desfavorável também são considerados fatores de risco para a prevalência de adoecimento entre outros motivos. 

Melo e Bromochenkel (2021, p. 74), afirmam que ‘’a saúde mental possui vários significados, não se pode dizer que é causada apenas por fatores mentais, as causas econômicas, ambientais, subjetivas, podem influenciar no desempenho do acadêmico’’.  

No processo de formação os jovens alunos encontram obstáculos que podem ser vistos como fatores de estressores, pode-se citar algumas situações como: avaliações, trabalhos complementares, além do acadêmico estar sempre dedicado ao seu propósito (SILVA, et al. 2019). 

As experiências vividas principalmente no curso de psicologia, o acadêmico ainda terá que lidar com o cuidado com o outro, o jovem passa a ser um interlocutor dos sentimentos demonstrados pelo seu paciente, além de conciliar os conflitos éticos e morais do curso (MELO; BROMOCHENKEL, 2021). 

Os fatores acadêmicos influenciam de forma significativa na saúde mental dos estudantes, os meios que os estudantes utilizam como estratégias de enfrentamento para melhorar sua saúde mental e qualidade de vida. Algumas atividades podem auxiliar nesse equilíbrio como por exemplo: praticar esportes, sair com os amigos, passar um tempo com a família, deixar o celular de lado, jogar videogame, assistir filmes. Destaca-se de modo particular a psicoterapia pessoal, que é um processo ao qual os estudantes podem recorrer como um momento para se autoconhecer e lidar melhor com os diversos fatores acadêmicos encontrados na faculdade (SANTOS, 2022, p. 14). 

A partir do momento em que ocorre o desequilíbrio entre o patrimônio interno e as exigências ou vivências externas, os problemas na saúde mental podem surgir resultando em uma luta para lidar com os desafios e responsabilidades da vida. A vivência estudantil na academia, ainda é uma questão pouco investigada e discutida, especialmente nos cursos de Psicologia, assim como o sofrimento que pode acompanhá-la (AQUINO, et al. 2021). 

Se faz necessário um acompanhamento adequado dos alunos, focando nos fatores psíquicos e na saúde mental. O profissional deve levar em conta que o estudante nesse período passa por uma grande vulnerabilidade psicológica e é de extrema importância a participação da instituição no processo de superação desses jovens (LORETO, 1985 p. 3). 

Dos Santos et al. (2022). afirmam que ao pensar em saúde mental dos estudantes de Psicologia, é necessário levar em consideração que esse curso se encontra dentro da área da saúde, e que de acordo com Carlesso (2019, p. 3), “os estudantes da área da saúde enfrentam, diariamente, forte pressão, ocasionada por um alto nível de cobrança por parte da sociedade e do próprio curso, e pelo fato de estar em contato próximo com pacientes doentes, com prognósticos ruins e/ou deprimidos”. 

Em todo o mundo nota-se que as taxas de doenças mentais como depressão, crise de pânico, distúrbios do sono e risco de suicídio, são maiores entre acadêmicos da graduação. Portanto, a forma como os estudantes subjetivam e introjetam as experiências vividas durante os anos  de formação podem levar ao desenvolvimento de sofrimento mental. Assim sendo, pode-se afirmar, então, que a jornada acadêmica é, ao menos potencialmente, uma experiência estressora para estes alunos (COSTA E NEBEL, 2018, p. 74). 

Melo e Bromochenkel (2021) declaram que em todas essas circunstâncias podem favorece uma  condição de maior vulnerabilidade, podendo originar crises situacionais. Tal fato leva  a reflexão de que esta população pode ser vista como um possível grupo de risco para o desenvolvimento de sofrimento psíquico. 

2.1 SAÚDE MENTAL 

Estudos têm revelado alta prevalência de transtornos mentais entre estudantes universitários, quando comparados a população geral. Ainda destacam a importância de aprofundar o conhecimento acerca da vulnerabilidade e bem-estar psicológico desse grupo, em razão dos sinais e sintomas indicadores de estresse, burnout, ansiedade e depressão normalmente evidenciados. Desde o ingresso na instituição, o estudante precisa de recursos cognitivos e emocionais complexos para lidar com as demandas do novo ambiente (PENHA, et al. 2020). 

Tardivo et al. (2013), afirmam que as dificuldades descritas no âmbito da graduação trazem consequências diretas na prática profissional exercida posteriormente pelos psicólogos que atuam nos diversos dispositivos de saúde mental. Estudos demonstram que os psicólogos inseridos na rede têm grandes dificuldades na proposição de ações em conformidade com as demandas sociais e sob a ótica da clínica ampliada. 

Os principais fatores de proteção para o sofrimento psíquico em estudantes nos cursos de saúde, foram os aspectos mais associados à presença de fatores como violência no ambiente universitário, trote, bullying, discriminação social, além de estruturas pedagógicas e curriculares dos cursos podem causar efeitos negativos na saúde dos estudantes universitários (PEREZ, et al. 2019, p. 362). 

Perez et al. (2019) falam que a formação de nível superior também é percebida como um momento de transição entre a vida estudantil e a vida profissional o que coincide com sentimentos de insegurança e sentimento de incerteza sobre o futuro. Nem sempre o aluno encontra apoio em suas redes, sejam elas familiares, sociais ou até mesmo entre os colegas na universidade. Não dar conta das demandas impostas e não suportar a pressão do contexto são fatores entendidos como fraqueza e, de certo modo, como uma inabilidade para a carreira acadêmica. 

Somam-se a estas angústias também aquelas referentes à primeira experiência clínica no contexto de entrevistas, possibilitando aos alunos vivenciarem um devir psicólogo clínico, com suas respetivas fantasias e ansiedades diante esta nova função. Tendo em vista as problemáticas encontradas na formação de psicólogos para uma atuação mais condizente com as atuais demandas de saúde mental brasileiras. Faz-se importante a discussão sobre a forma como os conteúdos de saúde mental vêm sendo abordados nos cursos de graduação (TARDIVO, et al. 2013). 

Franco (2001) afirma que, durante a formação acadêmica, o aluno de Psicologia poderá viver momentos de ansiedade pela carga emocional desencadeada pelo próprio curso. No início da graduação as leituras técnicas e os estudos de caso analisados em sala de aula poderão mobilizar alguns alunos. Já nos últimos anos, os estágios e o seu contato com os pacientes tendem a aumentar a ansiedade pelas exigências que este período impõe a eles de que assumam uma postura profissional e integrem o que foi aprendido na teoria com a prática. Na verdade, em ambas as situações na teoria ou na prática, durante todo o período do curso, existem fatores que podem acarretar angústias e conflitos, associados à história de vida de cada um (MEIRA; NUNES, 2005). 

De acordo com Valle, em entrevista a Anzolin e Silveira (2003), o desafio da formação do psicólogo é fazer com que o entendimento do autocuidado seja uma constante. O autor considera que o profissional da Psicologia trabalha com situações limites e é imprescindível que cuide de sua saúde mental, razão porque afirma: 

O psicólogo precisa pensar na sua saúde mental e na necessidade de fazer terapia pessoal, o que não pode ser imposto. Mas deve-se associar o tratamento pessoal a um valor tão forte que o próprio aluno busque sua terapia e entenda que, para se colocar como um psicólogo, para trabalhar no crescimento das pessoas e nos relacionamentos, é preciso que ele mesmo se desenvolva pessoalmente (ANZOLIN; SILVEIRA, 2003, p.13). 

2. 2 A IMPORTÂNCIA DA PSICOTERAPIA NO PERÍODO DE GRADUAÇÃO 

Durante a graduação, a trajetória pessoal dos acadêmicos pode influenciar no aparecimento de angústias, insegurança e dúvidas, desencadeadas, em alguns  casos, pelo próprio curso, devido a rotinas de estudos que mobilizam sentimentos muito particulares, desafio que instiga atentar para a importância da formação pessoal e profissional estarem alinhadas (NUNES; SOUZA, 2018). 

É importante lembrar da preocupação apresentada por Bardagi e Hutz (2009) em relação ao fato de muitos alunos estarem insatisfeitos com sua experiência acadêmica, em boa parte da graduação. 

 No Brasil, o marco inicial do atendimento em saúde mental a universitários, se deu a criação, no ano de 1957, na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco, do primeiro Serviço de Higiene Mental e Psicologia Clínica, com a finalidade de oferecer assistência psicológica e psiquiátrica aos estudantes universitários (CERCHIARI, et al. 2005, p. 835). 

De acordo com Aquino et al. (2020) é sugerido desde o início do curso que se faça acompanhamento psicoterápico individual simultaneamente com a faculdade, pois em muitos momentos somos expostos a conteúdos e falas de pacientes que podem falar de nós mesmos. Sendo assim, é extremamente importante que se possa acolher e trabalhar nossas questões em outro espaço. 

A partir da importância do que Ramos et al. (2018) abordam da necessidade de acolher à demanda trazida pelo estudante a respeito do contexto acadêmico, com a finalidade de promover o apoio psicológico na universidade. Tal ação visa contribuir na minimização de adoecimentos e agravos, além de estimular o desenvolvimento de habilidades. Aprender a ser psicoterapeuta é resultado da visão de mundo e modo de agir do indivíduo, independente da técnica desenvolvida pelo acadêmico (AQUINO, et al. 2020). 

A conclusão de Kichler e Serralta (2014, p. 58) foi que “o tratamento pessoal foi considerado de primordial importância para a consciência e resolução de problemas pessoais que pudessem interferir no processo terapêutico”. 

E assim, ressalta-se a importância da psicoterapia pessoal já durante a graduação com o intuito de se colocar no lugar de paciente, tanto para conhecer o setting terapêutico quanto para tratar suas demandas psíquicas (NUNES; SOUZA, 2018). 

Destaca-se, nesse quesito, a contribuição de Carl Gustav Jung (2018, p. 67): “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.” 

Material e Métodos 

Trata-se de uma revisão bibliográfica de natureza descritiva que busca fazer um levantamento de publicações recentes com essa temática. Com objetivo de identificar os indicadores que favorecem o sofrimento psíquico e assim como evidenciar a importância da psicoterapia no período de graduação, compreendendo a saúde mental no contexto acadêmico. 

De abordagem quantitativa, os procedimentos se deram pela seleção dos artigos a partir de 2017 a 2022. A coleta e a análise dos dados buscou responder a problemática de identificar de que forma o contato com o sofrimento psíquico de outras pessoas e/ou os conteúdos acadêmicos mais diretamente relacionados com a subjetividade humana apontam evidências de sofrimento psíquico no próprio estudante. Utilizou-se como fontes publicações no idioma português na base de dados coletados no Google Acadêmico: SCIELO, PEPSIC e LILACS.

Resultados 

Os artigos analisados foram publicados entre os anos de 2017 a 2022: 1 artigo (10%) em 2022, 2 artigos (20%) em 2021, 4 artigos (40%) em 2020, 1 artigo (10%) em 2019, 1 artigo (10%) em 2018 e 1 artigo (10%) em 2017. Evidenciam-se produções com ápice de publicações em 2020. Os títulos, autores, anos e objetivos de publicação dos estudos analisados são contemplados na Figura 1. 

Figura 1: Estudos analisados sobre os indicadores de adoecimento psíquico e fatores de cuidado à saúde mental favoráveis para a prática da psicoterapia para o acadêmico no período da graduação de Psicologia. 

Texto Titulo Autor (es) Ano Objetivo 
  01   Saúde Mental no contexto Universitário: uma revisão narrativa com ênfase em estudantes de psicologia.   Dos Santos, Eduarda Luana, Krynski, Bereta e Bombarda.   2022 Compreender, descrever e discutir a saúde mental no contexto universitário, com ênfase na saúde mental dos estudantes da graduação em Psicologia. 
  02   Saúde Mental e Desempenho Acadêmico: um Estudo com Estudantes de Psicologia.   Melo, Bromochenkel   2021 Analisar a saúde mental de estudantes do curso de psicologia, correlacionando os dados obtidos ao desempenho acadêmico dos alunos avaliados, a partir do histórico acadêmico destes. 
  03   Sofrimento Psíquico e sua relação com o Processo de Produção de Saúde no ambiente Universitário. Marcella,  Gregório Vieira; De Paula Andyara Dias; De Souza; Jefté Moraes.   2021 Analisar e reconstruir teorias e estudos, conhecendo e aprimorando fundamentos e discussões pertinentes a saúde mental dos jovens no decorrer da sua formação acadêmica. 
  04   A percepção da saúde mental de uma estudante de psicologia: narrativa autobiográfica.   Aquino, Daltro, e Muniz.   2020 Relatar a vivência acadêmica e seu impacto na saúde mental de uma estudante universitária, a partir de uma narrativa autobiográfica. 
 05 Adaptação Acadêmica de Alunos de Psicologia ao Ensino Superior: 
proposta de intervenção e 
avaliação
 Brun e Teixeira. 2020Realizar intervenções grupais de terapia comunitária, psicodrama e psicologia positiva que objetivaram promover a adaptação acadêmica de estudantes universitários, em sua maioria de primeira geração.  
06Sintomas Depressivos, de 
Ansiedade e de Estresse em Acadêmicos de Psicologia.
Chaves, 
Almeida, 
Oliveira e Vagner.
2020Avaliar os níveis de solidão, sintomas depressivos e 
suporte social.
07Saúde Mental do Estudante de 
Psicologia: possíveis implicações para sua atuação profissional. 
Mesquita, 
Ralph Ribeiro et al.
2020Verificar se as vivências acadêmicas do estudante de Psicologia da Universidade 
Estácio de Sá, campus Nova Iguaçu, que está em contato com o sofrimento psíquico e conteúdos acadêmicos relacionados a subjetividade humana, afetam sua saúde mental gerando transtornos mentais menores; e como isso pode, potencialmente, trazer implicações para a prática profissional do psicólogo.
08Sofrimento psíquico de universitários: uma revisão 
integrativa 
Bastos, Maia, Oliveira e Ferreira. 2019Propõe a compreender o estado da arte sobre a o sofrimento de estudantes universitários.
09A Terapia como Extensão na 
Formação do Acadêmico em Psicologia.
Nunes e Souza.2018Conhecer algumas características   de acadêmicos que estão realizando o estágio profissionalizante  em 
Psicologia, identificando fatores favoráveis à prática da psicoterapia, aspectos que desfavoreçam sua adoção durante o período de graduação.
10A importância da psicoterapia pessoal para estudantes de 
psicologia
Dos Anjos, 
Sarmento, 
Maciel, Silveira, Ferrazzo e Bossle.
2017Apresentar a importância da psicoterapia pessoal para estudantes de Psicologia. 

Os 10 artigos selecionados foram organizados por categoria e ano de publicação, objetivando que se pudesse visualizar, de forma clara, como a temática vem sendo abordada recentemente. Levou-se em consideração a proximidade dos temas abordados pelos textos científicos, de modo a permitir a apresentação e discussão que elucidando o objetivo proposto nessa pesquisa e respondendo a problemática elaborada. 

Ao final da divisão elencaram-se as seguintes categorias: 1) indicadores que favorecem o sofrimento psíquico; 2) A importância da psicoterapia para o período de graduação. 

Discussão 

1) Indicadores que favorecem o sofrimento psíquico 

O sofrimento psíquico, são dificuldades enfrentadas ao lidar com exigências, emoções e tarefas, além de conflitos vivenciados no decorrer da sua existência, dentre outros. O estudante ao matricular-se em uma faculdade, encontra-se em um ambiente que até o momento é desconhecido por ele, exigindo-lhe competências e aptidões que possivelmente ainda não foram descobertas (MARCELLA, et al. 2022). 

Permeado por uma série de enfrentamentos e sobretudo afetando sua saúde mental, Marcella et al. (2022), afirmam que o estudante é constantemente desafiado em sua permanência no ensino superior, ao ingressar na academia, envolvendo se em diversas manifestações emocionais estressoras, prejudicando seu desempenho acadêmico, sobretudo afetando sua saúde mental. 

Dos Santos et al. (2022) ressaltam que ao ingressar no ensino superior, o estudante é acompanhado de diversas transformações. Especificamente em relação aos graduandos em Psicologia, o olhar e o cuidado destinado a essa população é de extrema importância, visto que ao exercer as atividades profissionalizantes, entra em contato com a subjetividade do outro através do eu, enquanto ser que também é subjetivo, devido a isso têm uma probabilidade extra de sofrimento, para além dos estressores que já são característicos no público universitário, tais como: mudanças de localidade, distanciamento do círculo social e familiar, convívio e adaptação a novos grupos e conhecimentos. Todas essas mudanças podem ser acompanhadas de angústia e sofrimento. 

Assim, pode-se salientar a importância das instituições desenvolverem estratégias psicoeducativas e que envolvam a ética do cuidado em relação aos estudantes e, em especial ao estudante de Psicologia, que está em contato constante com vulnerabilidades sociais e psicológicas (DOS SANTOS, et al. 2022). 

Nas pesquisas de Melo e Bromochenkel (2021)  foram ressaltadas questões sobre a  vida universitária como fator estressor, pois os estudantes demonstraram sentir-se fracassados, incapazes e inferiores; incompetentes, insuficientes, tristes e desesperados; além de afirmar que, ao final do semestre, com o período de provas, encurtamento de prazos e cobranças dos professores, experienciam agitação psicomotora e mudanças no padrão de sono vigília, vinculando a emergência destes sentimentos à graduação. 

Essas problemáticas estressoras relacionam-se com a necessária adaptação dos estudantes, a novas rotinas e tarefas universitárias, uma vez que, o aluno passa a assumir responsabilidades e vivência pressões cotidianas que até então não existiam, o que implica em fatores estressores relacionados à vida acadêmica. Apontam também para a importância de um estudo sobre os aspectos socioeconômicos e como estes podem impactar nas vivências acadêmicas. Tal fato permitiria pensar em projetos assistenciais que tenham o intuito do amparo à saúde mental e às experiências vividas durante o período de formação, proporcionando aos discentes instrumentos e meios de experienciar a jornada acadêmica de maneira menos sofrida (MELO; BROMOCHENKEL, 2021). 

Marcella, et al. (2022) apontaram, de forma clara, a presença do sofrimento psíquico pela dificuldade do aluno em se adequar ao curso e cumprir as exigências curriculares, que muitas vezes podem levar ao desenvolvimento de algum transtorno mental, o que confirma a hipótese de que todos esses acontecimentos estejam associados ao sofrimento psíquico, pois, as relações acadêmica e o mundo exterior se estabelecem nos sujeitos em toda a sua trajetória  e estes a percebem enquanto processo. 

Assim, expondo fatos e vivências que indicam a presença de uma possível situação de risco que futuramente pode vir a promover o desencadeamento de transtornos mentais, daí a importância da criação de estratégias para cuidar do bem estar dos jovens no ambiente universitário (MARCELLO, et al, 2022).

Em pesquisa sobre a percepção da saúde mental de uma estudante de psicologia: narrativa autobiográfica, Aquino et al. (2022)  demonstraram que o espaço acadêmico pode constituir-se como um potente território de mudança na vida da pessoa. A vivência acadêmica se coloca como espaço de desenvolvimento de corpo e mente, isso porque permite aprender sobre a importância de se posicionar frente a uma perspectiva ética, de reconhecimento de si e do outro, respeitosa e colaborativa. Proporciona experiências que possibilitam não só formação profissional, mas também o autoconhecimento e formação de identidade. 

Na medida em que os desafios diários de vivências grupais e individuais, dentro e fora do contexto acadêmico impulsiona aos questionamentos e às reflexões acerca do local de estudante acadêmica, adulta, que se pretende ser, assim como da responsabilidade quanto à construção do saber e da responsabilidade sobre o cuidado de si e o cuidado com o outro. No processo de construção da identidade de psicóloga reconhecer a angústia como parte do processo pode ser promotor ou potencializador de sofrimento psíquico, mas também pode ser um caminho de ressignificação potente (AQUINO, et al. 2022).  

Na intervenção e avaliação sobre a adaptação acadêmica Brun e Teixeira (2020) citam que, devido ao aumento do número de Instituições de Ensino Superior no país, passou se a investir nesta esfera permitindo aos alunos  antes excluídos (curso de Psicologia,78% eram o primeiro da família a estudar neste  nível de educação e 73% eram trabalhadores) começassem a ocupar o espaço que era preenchido pelas classes mais favorecidas. Portanto, as instituições passaram a ter alunos com realidades social, educativa e emocional muito diferente do que se tinha no passado. Em especial, atenção tem sido dirigida aos alunos que estão no primeiro ano da Faculdade e os de primeira geração, cujos pais não tem curso superior. 

O desafio maior para o setor da educação é o de identificar e monitorar os alunos que estão em risco de evadir das IES, pois os mesmos frequentemente, se veem privados de suportes adequados capazes de facilitar os desafios a que são submetidos em situações de desenvolvimento pessoal. Nesse sentido, os estudos apontam para um aumento significativo de problemas comportamentais e emocionais e relacionais e que apresentaram índices elevados de ansiedade e  indicadores de depressão nos acadêmicos.  

Desta forma, é possível constatar que as  intervenções de terapia para àqueles alunos que precisavam de auxílio para suas dificuldades emocionais puderam fazer uso positivo destas intervenções (BRUN; TEIXEIRA, 2020).

Nas contribuições de Chaves et al. (2018), os estudos mostram que, para muitos indivíduos, o ingresso no ensino superior está relacionado a sair de casa ou mudar de cidade, implicando na separação da família e gestão de seus recursos financeiros, sentimentos de indecisões, incapacidade, incompetência, insegurança e emoções como medo, raiva e tristeza. Por tempo prolongado dessas emoções  podem desencadear o aparecimento do adoecimento psíquico, prejudicando o desempenho acadêmico. 

O estudo possibilitou a constatação de que sintomas clínicos podem causar inúmeros prejuízos e que merecem uma atenção especial por parte da  instituição, a fim de encontrar formas de auxiliar os acadêmicos em suas dificuldades. Especificamente nesse período que exige maiores responsabilidades, adaptação a novos contextos, currículos e formação de novo círculo de amizades, aos quais nem  sempre o indivíduo encontra-se preparado (CHAVES, et al. 2018). 

Mesquita et al (2020), afirmam que a vida acadêmica é marcada por mudanças significativas e muitos desafios para todos os sujeitos. Alguns desses desafios dizem respeito à adaptação a novos saberes, à responsabilização no processo de construção do conhecimento e as expectativas quanto à inserção no mercado de trabalho. Para uma parcela significativa de estudantes, as dificuldades financeiras podem também estar presentes ao longo do processo de formação.  Entre os sintomas mais comuns estão: esquecimento, dificuldade na concentração e  tomada de decisões, insônia, irritabilidade, fadiga e queixas somáticas. 

As instituições formadoras desses profissionais precisam direcionar seu olhar para esse fato, preocupando-se em contribuir com algum suporte ou apoio a existência dos serviços de ajuda a estudantes, pois é escassa. Psicólogos são profissionais de saúde mental, sendo assim, é importante que seja direcionado uma atenção também para a saúde mental dos mesmos, tendo em vista que seus transtornos podem atingir, diretamente, seu trabalho (MESQUITA, et al. 2020). 

Bastos et al. (2019) relataram que o contexto academico é favorecedor de condições de adoecimento psíquico. Um aspecto relevante está relacionado à questão do desenvolvimento da individualidade relacionando aprendizagem e formação discente. As mudanças vivenciadas pelos estudantes fazem parte da realidade de mudanças biopsicossociais, por ser considerado um período de grandes vulnerabilidades e ampliam-se a vivência de novos conflitos diante da inserção a um espaço com outros valores culturais e sociais. Sendo necessária a construção de novos hábitos, e consequentemente sua identidade vai passar por transformações e preparação técnica para o mercado de trabalho. 

Outro fator, diz respeito ao trabalho docente ao levar em conta que o aprendizado tem relação com à tríade: estudante, professor e aprendizagem, pois tal aspecto impacta na aprendizagem. É necessário o acompanhamento psicológico com o objetivo de reduzir o insucesso acadêmico que desencadeiam diversos problemas psíquicos. Este apoio anímico seria uma estratégia para auxiliar os alunos a encontrarem respostas adequadas para suas diferentes emoções pois, a timidez, notas e avaliações de desempenho, cobranças familiares, preocupação com rendimento acadêmico é fator de adoecimento psíquico (BASTOS, et al. 2019). 

A pesquisa sobre o adoecimento psíquico em estudantes de graduação de Psicologia busca conhecer os indicadores mais citados como possível causa de sofrimento psíquico, com referências nos artigos selecionados. Considerando a necessidade do estudo de como a saúde mental dos estudantes pode ser impactada pela vivencia acadêmica. 

2) A importância da prática de psicoterapia durante o período de graduação. 

Na sociedade as mudanças ocorridas são constantes e dinâmicas e aliadas à subjetividade humana, estão sempre necessitando de atenção e intervenções. Desta maneira se ater a necessidade e importância para prática da psicoterapia é essencial, pois interferem nas práticas individuais e coletivas. 

Kichler e Serralta (2014, p. 58) afirmam que “o tratamento pessoal foi considerado de primordial importância para a consciência e resolução de problemas pessoais que pudessem interferir no processo terapêutico”. O equilíbrio entre  diferentes exigências decorrentes de novas formas de vivências nos diferentes ambientes leva os estudantes a conciliar responsabilidades pessoais, acadêmicas e profissionais, ocasionando mudanças no comportamento de seus papéis nos grupos sociais, nas famílias e nas organizações o que reforça a busca pela psicoterapia como extensão durante a formação (NUNES; SOUZA, 2018). 

Nunes e Souza (2018) destacaram que a escolha do curso de Psicologia é considerada como mais importante para entender o outro do que a si mesmo. Essa motivação, aliada às demandas impostas pela vida acadêmica, como cursos de extensão, horas complementares e possíveis estágios extracurriculares ou obrigatórios, levam o estudante a seguir o fluxo, no anseio de conhecer e dominar técnicas. 

É importante fazer psicoterapia enquanto acadêmico de Psicologia, ainda que não seja obrigatório, a formação inclui transformações e mudanças, entre elas o autoconhecimento, o reconhecimento de suas limitações e potencialidades e a necessidade de ter suas demandas atendidas. Entende se que as demandas apresentadas por pacientes, grupos ou instituições se encontrarão, pelo menos em algum momento, com as demandas internas do futuro psicólogo (NUNES; SOUZA, 2018). 

Dos Anjos et al (2017) explicam, em suas pesquisas, que a questão do autoconhecimento é um dos frutos que a psicoterapia pode oferecer, e afirma que quando o indivíduo se conhece, ele pode com mais facilidade prever e controlar seu comportamento em todos os âmbitos da vida, inclusive na prática profissional. Apesar de muito benéfica para o desenvolvimento pessoal e  profissional dos graduandos, a psicoterapia ainda é buscada mais no final do curso atrelando-se a chegada do estágio profissional e aos conflitos internos decorrentes desse processo. 

Acredita-se que a procura por apoio psicológico seja buscada por um desejo de cada pessoa para se conhecer melhor, pois isso poderia refletir no fortalecimento do futuro profissional, cujos indivíduos poderiam lidar melhor com os seus próprios problemas pessoais. Para se construir uma carreira sólida e satisfatória torna-se imprescindível a prática de psicoterapia pessoal, a qual servirá de suporte para os anseios e conflitos, que podem emergir durante o processo terapêutico (DOS ANJOS, et al. 2017).

A pesquisa apresentada por Dos Anjos et al. (2017), possibilitou a constatação de que a quantidade de alunos de psicologia que se encontram em atendimento psicológico é, consideravelmente, menor do que aqueles que não tornaram a psicoterapia como parte de sua rotina habitual. E, que apesar da indicação teórica e também acadêmica, esta prática é deixada para um segundo momento, normalmente, no período de estágio profissional, que demanda mais do aluno, em todos os sentidos. Infelizmente, a prática de psicoterapia pessoal por parte desses acadêmicos não é uma realidade majoritária. 

Contudo, é esperado que essa situação seja revertida, sabendo que a psicoterapia pessoal é um instrumento de grande valia para o crescimento do estudante, tanto pessoal quanto profissional. Portanto, os estudantes que fazem psicoterapia têm mais chances de obterem sucesso no tratamento com seus futuros pacientes e também terão mais facilidade para separar a sua vida pessoal da profissional (DOS ANJOS, et al. 2017). 

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

A partir dos resultados do presente estudo, verifica-se o adoecimento psíquico em todos os textos analisados. Eles confirmam que o contato com o sofrimento psíquico de outras pessoas e os conteúdos acadêmicos mais diretamente relacionados com a subjetividade humana causam sofrimento psíquico numa parcela significativa de estudantes. E ainda apresentam outros fatores, já expostos no texto, causadores de sofrimento para o estudante. 

Assim, também chama a atenção para a necessidade de acompanhamento da psicoterapia no período da graduação. Ao aderir o tratamento pessoal como extensão de sua formação,   coloca-se o aprendizado teórico em prática. Desta forma, é importante considerar a formulação e a possibilidade de realização de mais estudos com esta temática. 

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1, 2Acadêmicos de Psicologia. Artigo apresentado a Faculdade Interamericana de Porto Velho-UNIRON, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Psicologia, Porto Velho, 2022.

3Prof.ª Orientadora Dra. Professora de Psicologia.