REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7241772
Dériga Alves de Paula
RESUMO
Trabalhos decorrentes de emergências sanitárias e sociais enfrentados pela maioria dos brasileiros e confinamentos relacionados, para distanciamento, como alguns problemas de emergência social, à medida que são sensíveis ao impacto da COVID-19, fazem com que a população fique prejudicada. A distância ou isolamento social representa um aumento da incapacidade da síndrome de Burnout, que tem demonstrado ser um problema que prejudica a saúde mental. A justificativa do COVID-19 não tem impacto no estudo da população, determinada por preconceitos das pessoas, afetando o bem-estar dos transtornos psicológicos e prevenindo o aumento de Burnout, pois como epidemias costumam aumentar os níveis de contaminação e o estresse. O objetivo deste artigo é destacar o impacto do COVID-19 no aumento da síndrome de Burnout entre diversos tipos de profissionais e a população em geral. Trata-se de uma revisão de literatura, pesquisada em bases de dados vinculados. A conclusão é que a pandemia, a incerteza econômica e a situação de profissionais em um ambiente profissional podem contribuir com o desencadear de um esgotamento psicológico que fomenta a miséria, a desesperança e a síndrome de Burnout.
PALAVRAS-CHAVE: Síndrome de Burnout. Covid-19. Esgotamento físico. Estresse. Enfermagem.
ABSTRACT
Work resulting from health and social emergencies faced by most Brazilians and related confinements, for distancing, such as some social emergency problems, as they are sensitive to the impact of COVID-19, cause the population to be harmed. Distance or social isolation represents an increase in the disability of Burnout syndrome, which has been shown to be a problem that impairs mental health. The justification of COVID-19 has no impact on the study of the population, determined by people’s prejudices, affecting the well-being of psychological disorders and preventing the increase in burnout, because as epidemics usually increase contamination levels and stress. The aim of this article is to highlight the impact of COVID-19 on the increase of burnout syndrome among different types of professionals and the general population. This is a literature review, researched in linked databases. The conclusion is that the pandemic, economic uncertainty and the situation of professionals in a professional environment can contribute to the triggering of a psychological exhaustion that promotes misery, hopelessness and Burnout syndrome.
KEYWORDS: Burnout syndrome. Covid-19. Physical exhaustion. It’s stress. Nursing.
INTRODUÇÃO
O mundo está sendo considerado uma grande epidemia global, do vírus SARS-CoV-2. Como resultado, os países tomaram medidas de realocação quanto a forma como as atividades de trabalho são realizadas. No Brasil, assim como em outros países, é recomendável realizar diversos tipos de trabalho em casa, na forma de home office, atentando-se para as peculiaridades de cada um.
Esse processo de distanciamento social, necessário devido a rapidez com que o vírus se espalha fez com que empresas diversas desenvolvessem recursos em prol de se preservar a vida sem deixar de manter as atividades dos negócios praticados. Em alguns casos, esse entendimento tem causado conflitos, debates e até mesmo desentendimentos entre os países relacionados ao enfrentamento à Covid-19. Ainda assim, o trabalho mediado pelas redes sociais e internet, a partir da sua amplitude, tem se mostrado como um recurso eficaz na comunicação interpessoal e na praticidade de um home office, que torna relevante o isolamento e as várias alterações impostas à doença do coronavírus.
Justifica-se a abordagem dessa temática pelo fato de que, a maioria dos brasileiros enfrenta emergências sanitárias e a situação social é a de confinamento, o que contribui com a manifestação da síndrome de Burnout, pois todas as fases de problemas profissionais são diretamente causadas pela vulnerabilidade psicológica da Covid-19, entendendo -se, portanto, que a população está se comportando como já foi observado em outras pandemias. Trata-se de uma revisão de literatura, na qual na etapa, a pesquisa é delineada a partir da pergunta: Quais são as hipóteses iniciais que justificam o aumento durante o isolamento social nos casos da síndrome de Burnout na pandemia da Covid-19?
Com isso, o objetivo geral deste artigo é o de compreender como os efeitos da pandemia da Covid-19 interferem no fator psicológico dos profissionais, ocasionando o aumento de casos de síndrome de Burnout na população como um todo. Pretende-se, de forma específica: Abordar sobre a psicologia da saúde e suas características; mencionar sobre o estresse e suas causas em trabalhadores; compreender sobre a síndrome de Burnout e os seus efeitos em tempos da pandemia da Covid-19.
A metodologia utilizada para a construção deste trabalho é um estudo qualitativo baseado em normas bibliográficas, orientado por Gil (2010), por meio de obras e autores sobre temas relacionados. Na pesquisa bibliográfica, este modelo de pesquisa é realizado por meio de investigação e registros. Tendo em vista os conceitos propostos, este trabalho baseou-se na pesquisa bibliográfica, discussão e análise de documentos publicados entre 2009 e 2021 na forma de: revistas, textos, artigos e livros.
Entende-se que, a abordagem do tema é relevante para a comunidade científica, haja vista que permite aos graduandos o entendimento acerca dos efeitos da síndrome de Burnout e as formas técnicas com o qual essa síndrome deve ser trabalhada com os indivíduos. É relevante ainda para a sociedade como um todo, pois trata-se de uma forma de compreender os cuidados que devem ser observados com a referida síndrome, buscando assim a preservação da qualidade de vida no trabalho e a manutenção do bem-estar profissional.
DESENVOLVIMENTO
A contribuição proposta na promoção da Psicologia da Saúde é importante para a terapia medicamentosa, a fim de mitigar o impacto negativo da epidemia e promover a possibilidade de recuperação após a infecção. Mesmo citando exemplos teóricos, a Psicologia da Saúde prevê medidas que podem evitar erros antes feitos, além de indicar a aplicação de medidas adotadas a partir de estudos e comprovação científica, visando minimizar erros.
Com isso, também foi iniciado o aprendizado e a geração de conhecimento para uma resposta inicial, a intervenção na forma de início de prevenção de saúde e o apoio das autoridades de prevenção, buscando assim um cuidado mais eficaz para os pacientes, profissionais de saúde, comunidades, onde mobilizam recursos comunitários diversos, contratando mais psicólogos, de maneira a ofertar um atendimento específico aos profissionais com altos níveis de estresse e com a síndrome de Burnout. Dessa forma, vale mencionar sobre ambos os processos.
1.1. Estresse Ocupacional e a síndrome de Burnout
Guimarães e Freire (2014) atentam para o fato de que o estresse não é uma doença ou um tipo de distúrbio, mas sim um elemento que precisa ser combatido e evitado dentro das empresas. A principal forma de combatê-lo é zelar pelo bem-estar físico dos trabalhadores observando reações e sintomas que acabam caindo em rotina como: dores de cabeça constantes, palpitações, alergias, dores no corpo e outras reações que podem ocasionar problemas ao trabalhador.
O estresse é capaz de provocar transtornos psicossomáticos e psicológicos. Como uma das principais reações causadas no organismo, está o aumento muitas vezes excessivo de peso. Isso acontece devido à tentativa do indivíduo de controlar sua ansiedade através da ingestão de alimentos que muitas vezes não acontece de forma balanceada, fazendo uso de grande quantidade de comida provocando assim o aumento de peso (LIPP; MALAGRIS, 2011).
Outro fator que traz o indicativo de estresse é a insônia. A tensão profissional ocasionada pelos diversos compromissos e atividades profissionais pode ser um dos fatores que altera o horário de sono do indivíduo, podendo intervir de forma negativa na qualidade de vida dele. O aumento dos níveis de hormônio cortisol no corpo também podem representar sinais claros de estresse (LIPP; MALAGRIS, 2011).
Esse aumento pode ter uma reação negativa no corpo físico, pois desperta o sistema de alarme voltado para os sintomas de ansiedade, podendo ser elevado ao surgimento da diabetes, artrites e outras doenças prejudiciais ao corpo humano. O estresse pode provocar a debilitação do sistema imunológico no organismo, pois muitas vezes o indivíduo não consegue se recuperar de forma rápida de algum tipo de resfriado, gripe ou vírus que tenha surgido (LIPP; MALAGRIS, 2011).
Essas reações são ocasionadas pelo enfraquecimento das defesas do organismo contra esses sintomas (SARDÁ et. al, 2014). O sistema imunológico enfraquecido representa uma situação de risco para o corpo, pois está propenso a ser contaminado com bactérias e vírus diversos.
Os sentimentos provocados pela depressão causam transtornos imensos ao organismo, pois quando uma pessoa passa por sensações de tristeza o estresse surge trazendo consigo sentimentos de irritabilidade, angústia, impotência e o desiquilíbrio emocional que pode ser um fator primordial para o total descontrole do corpo humano, caso não seja devidamente tratado.
As emoções também podem interferir diretamente no fluxo de menstruação, alterando o ciclo. Esse fator acontece devido a um alto nível de estresse, podendo provocar até mesmo a diminuição da fertilidade (McEWEN; LASLEY, 2013). As doenças cardiovasculares e o surgimento de úlceras são fatores que podem ser provocados por uma intensa carga emocional devendo ser evitada para que assim não causem danos maiores ao corpo.
O estresse Ocupacional é aquele que mexe diretamente com os sentimentos do trabalhador em relação ao seu local de trabalho (BORTOLOZO; SANTANA, 2011). É imediatamente sentido quando não há uma valorização e respeito devidos, fazendo assim com que a equipe esteja desmotivada e sem ânimo para seguir em frente contribuindo assim com o desenvolvimento de uma empresa.
Como tem sido mencionado no presente estudo, à qualidade de vida nas unidades de trabalho faz com que o colaborador tenha uma visão totalmente positiva acerca da empresa, contribuindo assim para o seu crescimento profissional. Desse modo, a motivação é o caminho certo para proporcionar as primeiras ações de qualidade de vida na empresa e o combate ao estresse ocupacional. Para Maximiano (2010), esse recurso é o verdadeiro termômetro dentro das empresas, pois expressa livremente os sentimentos dos trabalhadores acerca do seu ambiente de trabalho. Trata-se da prova viva dos resultados que estão sendo alcançados, contribuindo para que a empresa esteja no caminho certo.
As organizações estão trabalhando esse ponto com maior intensidade, no intuito de combater a alta rotatividade de funcionários que entram e saem das empresas a todo o momento. Da mesma forma, tem feito com que o fator ocupacional seja evidenciado de modo a combater a baixa produtividade, buscando formas inovadoras de modo a agregar valores à organização (CHIAVENATO, 2010).
Bortolozo e Santana (2011) afirmam que existem alguns fatores motivacionais e de manutenção que são capazes de elevar a autoestima profissional dos colaboradores. Como fatores motivacionais, os autores citam os seguintes: a realização do trabalhador (pessoal e profissional); o seu reconhecimento profissional; as responsabilidades; a capacidade de se desenvolver profissionalmente; a criatividade e a inovação das atividades; e a participação no crescimento da empresa. Já os fatores de manutenção são: as políticas da organização; o relacionamento entre supervisores subordinados; as condições de trabalho; os honorários e benefícios; o relacionamento interpessoal; o respeito à vida pessoal; status; segurança; e comunicação.
Portanto, os fatores motivacionais dos colaboradores estão diretamente ligados a esses detalhes citados de acordo com os autores acima, cabendo assim à empresa em cuidar para que sejam frequentemente observados, evitando assim o estresse de seus colaboradores (CHIAVENATO, 2010).
A síndrome de Burnout no local de trabalho é uma exaustão física e mental constante que afeta o bem-estar e a produtividade dos funcionários. Este tópico se tornou mais proeminente, principalmente devido às mudanças na pandemia de Covid-19. Isso porque o confinamento traz muitos problemas à saúde mental das pessoas, que se refletem no trabalho (BORTOLOZO; SANTANA, 2011).
Ao contrário do que muitas pessoas pensam, não é apenas o estresse ou a sobrecarga que causa a síndrome de Burnout no local de trabalho. Toda a experiência de trabalho, incluindo distribuição de trabalho, salário, reconhecimento e cultura organizacional, caso os colaboradores não sintam a ligação e a atenção da empresa, esses fatores terão um impacto negativo no bem-estar dos colaboradores. Segundo Pérez (2002), os principais motivos que geram essa síndrome são os seguintes: injustiças no trabalho, sobrecarga de atividades, problemas na comunicação com os líderes, e falta de suporte da gestão.
Portanto, a micro gestão da equipe ao esperar que entreguem cada vez mais conteúdos em menos tempo pode ter o efeito contrário, pois as pessoas com síndrome de Burnout apresentam maior absenteísmo, maior participação e vínculo com o trabalho. Menos, isso pode também abrem um maior distanciamento emocional e mais profissionais de suas atividades (CHIAVENATO, 2010).
Em relação ao trabalho remoto, motivos relacionados à ergonomia e aos cuidados com o corpo podem estar relacionados ao aparecimento de burnout. Para especialistas ouvidos pela revista Gama, o principal fator que torna o trabalho em casa mais cansativo durante a pandemia é o tempo passado em frente ao computador e o acúmulo de tarefas domésticas e responsabilidades laborais. Além disso, alimentação inadequada, falta de exercícios físicos, redução do sono e do tempo de lazer podem prejudicar a resistência do corpo e da mente, aumentando assim a depressão e o estresse (HALL, 2011).
Para evitar a síndrome de Burnout no ambiente de trabalho, os próprios funcionários podem tomar algumas medidas preventivas em seu trabalho diário, mas as empresas também devem tomar medidas para prevenir e ajudar os funcionários que se encontram nesta situação. As medidas preventivas que podem ser tomadas incluem pausas regulares de 3 minutos a cada 1 hora de trabalho; realização de exercícios respiratórios para aliviar a tensão; bloqueio da luz azul na tela com a ajuda de programas como f. Lux e outros programas para evitar fadiga ocular; desligamento do trabalho no final do dia e quando o trabalhador estiver sobrecarregado, aconselha-se conversar com o gerente (LIPP; MALAGRIS, 2011).
Porém, as duas últimas técnicas só são eficazes quando a empresa está comprometida com o bem-estar dos funcionários, pois se o gerente enviar mensagens a qualquer momento é padrão, dificilmente a equipe deixará de verificar os e-mails após o trabalho. Para isso, o departamento de recursos humanos das empresas pode fornecer aos líderes treinamento para gerenciar suas equipes sem afetar seu bem-estar. Um dos métodos cada vez mais adotados pelo ambiente corporativo é a comunicação não violenta, que ajuda a manter um relacionamento harmonioso e ao mesmo tempo atento às necessidades individuais. Os 4 princípios básicos são (CHIAVENATO, 2010): não julgar, reconhecer emoções desconfortáveis, identificar necessidades não atendidas, e ativar a coexistência.
Para evitar sobrecarga de trabalho, sua empresa também pode utilizar ferramentas de gerenciamento de tarefas como o Runrun.it, que também possui uma função de indicador de capacidade que pode medir o tempo das tarefas pela disponibilidade de sua equipe, para que você possa delegar tarefas de forma justa (LIPP; MALAGRIS, 2011).
1.2. Impactos da Covid-19 no trabalho e a sua correlação com a Síndrome de Burnout
A pandemia global que se seguiu ao novo coronavírus atingiu vários continentes, causando doença e morte de milhares de pessoas, impactando e impondo transformações na vida de indivíduos que, devido à grave ameaça, foram obrigados a enfrentá-la com maior ou menor desgaste e lágrima, dependendo do contexto social, cultural, político e econômico em que estão inseridos. Este foi o cenário instalado para o enfrentamento da pandemia de Covid-19, tendo sido apresentado à população de cada país, bem como a cada indivíduo (JACKSON FILHO et al, 2020).
A falta de tratamentos eficazes e seguros para a doença, aliada ao seu curso acelerado e medidas de controle insuficientes, tem gerado muitas incertezas, afetando a dimensão psíquica dos indivíduos, favorecendo intenso sofrimento e adoecimento mental. As consequências secundárias para a saúde mental são muitas vezes subestimadas ou negligenciadas, o que implica dificuldades em lidar com elas, contribuindo assim para agravar e aumentar a situação de saúde dos afetados (CARVALHO et al, 2020).
Este cenário é propício ao desenvolvimento da síndrome de Burnout, que, no Brasil, foi caracterizada como doença ocupacional pelo inciso II do artigo 20 da Lei nº 8.213/1991, podendo, inclusive, dar origem ao direito à percepção de benefício previdenciário, com fruto de acidente de trabalho, após o afastamento do trabalho por mais de 15 (quinze) dias. Também no Decreto nº 3.048/1999, em seu Anexo II, a síndrome de Burnout é tratada – desta vez, incluída como transtorno mental e de comportamento (ALVES; LEÃO, 2021).
A visibilidade da doença aumentou, já que a classificação feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2019 como um fenômeno ligado ao trabalho entrou em vigor a partir do dia 1 de janeiro de 2022, cujos sintomas são sensação de esgotamento, sentimentos negativos ou cinismo relacionado ao trabalho, e redução na eficácia profissional. Trata-se, pois, de um quadro de estresse crônico associado ao trabalho. A partir de então, a síndrome de Burnout integra a CID 11, atribuindo uma interpretação da responsabilidade direta da empresa pelo seu desenvolvimento (WHO, 2022).
Em pesquisa realizada pelo International Stress Management Association – ISMA-BR, o Brasil ocupa o 2º lugar no ranking mundial da doença, ficando atrás somente do Japão (DINO, 2022). Originalmente, a expressão síndrome de Burnout foi utilizada pela primeira vez por Herbert Freundeberger, um psicólogo familiar que utilizou o termo associado ao estresse causado por atividades realizadas durante o dia. Em linhas gerais, portanto, pode-se caracterizá-lo como um termo psicológico que se encontra relacionado ao ambiente laboral, resultando em graves consequências para o organismo humano, conduzindo-o ao esgotamento emocional e físico (ALVES; LEÃO, 2021). Em outras palavras, a síndrome de Burnout corresponde ao efeito de recursos de enfrentamento insatisfatórios diante dos níveis de estresse ou de seu fracasso, que vão surgindo gradativamente.
Existem três dimensões a serem observadas nessa síndrome: despersonalização, esgotamento emocional e redução da realização profissional (JACKSON FILHO et al, 2020). A despersonalização é descrita como um efeito de comportamentos negativos, que geralmente exibem atitudes de cinismo e indiferença em relação aos indivíduos com os quais se relacionam, sendo seu objetivo comercial. Também podem manifestar repulsa ou resistência em relação ao trabalho, configurando assim o desapego mental (RIBEIRO; VIEIRA; NAKA, 2020).
A exaustão ou esgotamento emocional corresponde a uma forte tensão, que produz sentimentos de cansaço e introduz a sensação de não ter os recursos emocionais e a energia necessários para lidar com as necessidades do trabalho, revelando assim a dimensão individual desta síndrome (RIBEIRO; VIEIRA; NAKA, 2020).
A redução da realização profissional corresponde à diminuição da produtividade no trabalho e ao sentimento de incompetência, sentindo-se impotente, retirando a atribuição de valor até mesmo aos objetivos já alcançados (JACKSON FILHO et al, 2020).
Estas dimensões podem se manifestar em conjunto com sintomas considerados secundários, mas que, na realidade, são um agravamento das condições de saúde do indivíduo, como o sofrimento psíquico e o humor depressivo, revelando nestes os principais motivos, atualmente, de afastamento do trabalho. Há evidências de que mudanças na saúde do profissional afetam tanto a produção quanto à qualidade dos serviços prestados. No entanto, o aumento refletido na taxa de trabalhadores com síndrome de Burnout não se refere à inadequação dos comportamentos dos funcionários, mas sim ao caráter do trabalho e à presença de mudanças nas relações e nos espaços de trabalho como um todo (RIBEIRO; VIEIRA; NAKA, 2020).
O prolongamento da duração da pandemia de Covid-19, considerada uma doença de alta periculosidade, com risco elevado de mortalidade, tem contribuído para o aumento dos níveis de Burnout, principalmente nos profissionais de saúde (ORNELL et al., 2020). Esses mesmos efeitos foram experimentados em surtos anteriores, como a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS) e a SARS. No entanto, isso não descartou o surgimento da Síndrome de Burnout na pandemia do coronavírus, agravada pelo esgotamento emocional vivenciado por esses profissionais (RIBEIRO; VIEIRA; NAKA, 2020). Os mais afetados foram os trabalhadores da saúde, para os quais houve um aumento de 21% no total de diagnósticos de síndrome de Burnout comparando-se com a média registrada no período anterior à pandemia. Verificou-se, também, que 26% dos trabalhadores perceberam uma piora no equilíbrio entre a qualidade de vida e o trabalho (BARBOSA et al., 2021).
Um dos fatores que contribuiu para o desenvolvimento da doença nestes profissionais foi a falta de disponibilidade adequada de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) adequados, expondo assim os trabalhadores a infecções, aumentando os níveis de Burnout em enfermeiros e médicos (FISCHER et al., 2020; ORNELL et al., 2020), afetando de forma mais pontual os trabalhadores da linha de frente da doença (BARBOSA et al., 2021).
Os mesmos resultados foram encontrados por Fischer et al. (2020), que, em estudo realizado no final de 2020, verificou que aproximadamente 77% dos profissionais de saúde apresentaram sintomas relacionados à doença. Destes, mais de 80% atuavam diretamente no enfrentamento da pandemia, podendo apontar para um cenário de agravamento da doença no cenário pandêmico. Além dos riscos à saúde destes trabalhadores, os autores apontam, ainda, os reflexos na prestação da assistência à saúde à população, já que o estado de esgotamento profissional poderia dar ensejo a erros, gerando, assim, danos aos pacientes e às instituições de saúde.
CONCLUSÃO
Devido a projetos e prazos cada vez mais curtos, demanda do mercado, competição interna dentro da organização e mudanças econômicas e financeiras, a maioria das pessoas está em um estado de rigidez muscular e exaustão mental. Este estado ocorre repetidamente e esgota o corpo do indivíduo. Alguns exemplos disso podem ser observados na queda da produtividade, refletida na redução da jornada de trabalho, absenteísmo frequente, desperdício de materiais de trabalho e alto custo da assistência médica.
Outro aspecto importante que deve ser considerado é o enorme desconforto físico e emocional sofrido por essas pessoas. Na contemporaneidade, as organizações buscam cada vez mais não só dar suporte financeiro aos seus funcionários, mas também atuar como agentes que promovem seus funcionários para a melhoria de sua qualidade de vida.
Um sintoma importante de estresse é a fadiga, frequentemente mencionada. O cansaço do trabalhador é sempre causado por uma série de fatores mentais e físicos, que causam tensão e se combinam com as condições do ambiente de trabalho. A Análise das informações contidas no artigo apresentou uma variedade de conceitos relacionados com a pesquisa sobre o tema, com base na síndrome de Burnout, abrangendo diversos temas e situações de trabalho que produzem entre os profissionais da análise junto da Covid-19.
A pandemia mudou as relações e o trabalho. Empresas e funcionários em pouco tempo foram obrigados a se acostumar com o home office, acabando com o happy hour diário, tendo o horário de trabalho alterado para horas e horas em casa, em frente ao computador, equilibrando a labuta com a lição de casa.
Alguns casos, como práticas de integração e algumas soluções, podem ser complementares para os tempos de pandemia que podem ser favoráveis, muitas vezes nestes tempos. Assim, considerando o cenário econômico incerto, pandemia, pico taxa de desemprego, aumento da competitividade e a busca de uma definição no ambiente profissional, atividades mentais contribuem para lidar de melhor forma com a ansiedade e a depressão na síndrome de Burnout.
É um cenário perturbador para especialistas possivelmente espalhado por meio da pandemia e seus efeitos provocados pelo isolamento/distanciamento social. Embora a ciência tenha avançado no combate da Covid-19, a realidade profissional poderá se mostrar favorável à continuidade do trabalho remoto, o que poderá exigir ainda mais de trabalhadores que melhor se identificam com o trabalho presencial. Com isso, terão de fato de rever conceitos e oportunidades profissionais, tudo em prol da manutenção da qualidade de vida no trabalho e bem-estar pessoal, zelando pela saúde, mesmo que seja necessário mudar de área de atuação profissional, evitando assim os efeitos da síndrome de Burnout.
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