TRATAMENTO DE ANSIEDADE ATRAVÉS DE ACUPUNTURA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7226465


Autoria de:

Almir Martins Brivio1


RESUMO 

 De acordo com o Ministério da Saúde (2011), a ansiedade desencadeia a pessoa a agir, mas o excesso faz com que ela tome essa ação e a impede de avançar. Segundo Maciocia (2014), a ansiedade envolve estados emocionais de medo e preocupação, que são duas das sete emoções da medicina chinesa. O grau de ansiedade ou medo dependerá da causa. Portanto, com o entendimento de que a ansiedade é um sintoma, é possível criar paralelos entre o conhecimento ocidental e a medicina chinesa, comparando os sintomas descritos com o que os suplementos clássicos chineses chamam de agora chamado ansiedade e, portanto, seguindo os princípios da medicina chinesa para o tratamento (Silva, 2010). Assim, nosso objetivo é discutir a ansiedade na medicina ocidental e chinesa e os pontos utilizados no tratamento através da acupuntura. O método utilizado foi o da revisão bibliográfica, idiomas além da língua portuguesa foram considerados. Na conclusão foi acordado pelas pesquisas relacionadas à ansiedade, que esta é um sintoma comum que pode causar sérios danos à vida de uma pessoa, onde a acupuntura pode ajudar a reduzir, desde que a pessoa seja capaz de identificar e expressar os sinais que a ansiedade causa. Embora a acupuntura faça parte da política de Prática Integrativa e Complementar Nacional do SUS (PNPIC), esse problema ainda não é visto como um grande vilão. 

Palavras-chave: Ansiedade, acupuntura, psicologia, auricoloterapia. 

ABSTRACT 

 According to the Ministry of Health (2011), anxiety triggers people to act, but excess causes them to take this action and prevents them from moving forward. According to Maciocia (2014), anxiety involves emotional states of fear and worry, which are two of the seven emotions of Chinese medicine. The degree of anxiety or fear will depend on the cause. Therefore, with the understanding that anxiety is a symptom, it is possible to create parallels between Western knowledge and Chinese medicine, comparing the symptoms described with what classical Chinese supplements now call anxiety and, therefore, following the principles of Chinese medicine (Silva, 2010). Thus, our goal is to discuss anxiety in Western and Chinese medicine and the points used in the treatment of acupuncture. The method used was the bibliographic review, languages in addition to the Portuguese language were considered. In the conclusion it was agreed by research related to anxiety, that this is a common symptom that can cause serious damage to a person’s life, where acupuncture can help to reduce it, as long as the person is able to identify and express the signs that anxiety causes. Although acupuncture is part of the National Integrative and Complementary Practice policy of SUS (PNPIC), this problem is still not seen as a major villain. 

Keywords: Anxiety, acupuncture, psychology, auricolotherapy.

1. INTRODUÇÃO 

Segundo o Ministério da Saúde (2011) para ansiedade, existem alguns termos não técnicos, tais como: sofrimento, angústia, perturbação no espírito causada pela incerteza, contato com todas as conexões de perigo, etc. Onde precisamos entender que este é um fenômeno que pode nos beneficiar e prejudicar, dependerá do poder e das circunstâncias que podem se tornar patológicas, isto é, prejudiciais às funções mentais (mentais) e somáticas (corporais). 

Segundo Maciocia (2014), a ansiedade envolve estados emocionais de medo e preocupação, que são duas das sete emoções da medicina chinesa. O grau de ansiedade ou medo dependerá da causa. Textos clássicos da medicina chinesa mostram a doença mental como um desequilíbrio relacionado ao coração (Xin), que é Shen ou a mente; ou anexo ao fígado (Gan), responsável pelo fluxo de Qi e emoções. As síndromes mais importantes incluem insônia, ansiedade, mania, depressão, histeria e psicose, com base nas alterações de Shen (mente), coração (Xin) e fígado (Gan). As doenças mentais são de complexidade humana, qualquer tentativa de categorização excessiva diante de seu verdadeiro estado, com a análise individual facilitando a compreensão dos elementos essenciais de sua síndrome (CAMPIGLIA, 2004, p.119). 

Para Campileia (2004), as patologias do fogo geralmente têm dificuldade em limitarse, o fogo associado ao movimento de abertura é o eixo da doença emocional e mental, ou seja, é o lar de um Shen. E a ansiedade é uma resposta à falta de raízes no coração (Xin). 

Silva (2010) relata que qualquer disfunção ou patologia pode ser tratada com acupuntura, mas realizar um tratamento de ansiedade apenas com acupuntura é mais complexo, uma vez que a medicina chinesa não tem referência a essa patologia específica, que geralmente é ocidental. E a própria ansiedade é um fenômeno mal compreendido no Ocidente, porque apresenta sintomas não específicos e pode ser entendido como sintoma de outras patologias. Portanto, com o entendimento de que a ansiedade é um sintoma, é possível estabelecer paralelos entre o conhecimento ocidental e a medicina chinesa, comparando os sintomas descritos com os suplementos clássicos chineses. 

1.1. OBJETIVOS 

Este estudo tem como objetivo discutir a ansiedade na medicina ocidental, medicina chinesa e identificar os pontos utilizados no tratamento através da acupuntura. 

1.1.1. O OBJETIVO PRINCIPAL 

Identificar os pontos usados durante o tratamento da ansiedade através da acupuntura sistêmica e da auricoloterapia. 

1.1.2. PROPÓSITO ESPECÍFICO 

a) Discutir a ansiedade na medicina ocidental;  

b) Discutir a ansiedade na medicina chinesa. 

1.2. METODOLOGIA 

O estudo será uma revisão bibliográfica onde foram consultados artigos e relacionados ao tema. As palavras-chave utilizadas foram: ansiedade, acupuntura, auricoloterapia, psicologia. 

2. RESULTADOS 

2.1. ACUPUNTURA 

A acupuntura é um antigo tratamento de saúde baseado na medicina tradicional chinesa, que foi extraído e avaliado pelo Ocidente. Consiste no uso de agulhas em pontos do corpo capazes de regular as funções orgânicas. A acupuntura é conhecida no Ocidente por sua eficácia no tratamento da dor músculo-esquelética. No entanto, muitas outras condições clínicas podem se beneficiar do tratamento (MEDEIROS, 2009). 

A palavra “acupuntura” é derivada do latim, da palavra acus (agulha) e punctus (punção). É um tratamento reflexo, nele a estimulação de um ponto atua nas regiões usando estimulação nociceptiva (Scognamillo-Szabó; Bechara, 2001). A acupuntura não se limita apenas à agulha, a estimulação da acupuntura pode ser feita de várias maneiras diferentes: temperatura, pressão e outras. A acupuntura faz parte de um conjunto de conhecimentos teóricos e empíricos da medicina tradicional chinesa, que inclui: técnicas de massagem (Toi-na), exercícios respiratórios (Qi-gong), diretrizes alimentares (Xu Xia) e farmacopeia chinesa (SCOGNAMILLO-SZABÓ, 2001). 

Os pontos de acupuntura espalhados pelo corpo podem ser perfurados ou aquecidos com o calor produzido pela queima da erva, Artemisia vulgaris, uma técnica conhecida como Moxabustão, usada quando usada para aumentar a energia humana. Os pontos também podem ser estimulados por pressão, estímulos elétricos e, mais recentemente, também pelo laser terapêutico (Doria, 2010). 

O reconhecimento dos principais pontos da acupuntura não foi puramente uma descoberta experimental, mas decorre de todo o conceito de Yin e Yang, do princípio dos cinco elementos, dos Zang Fu, e dos fundamentos da filosofia chinesa (YAMAMURA, 2001). 

Segundo Boleta-Ceranto, Alves e Alende (2008), a técnica de acupuntura baseia-se na busca da harmonia corpo-alma através de canais conhecidos como “meridianos energéticos” que correspondem às linhas imaginárias que percorrem todo o corpo, conectando órgãos e seu ambiente, através do qual a energia do corpo, chamada “chi”, passa. O tratamento é feito através da inserção de agulhas muito finas em certos pontos dos canais, chamados pontos de acupuntura, localizados em áreas específicas dos meridianos. Estimular esses pontos permitem a ativação ou relaxamento da energia que circula ao longo do meridiano correspondente. 

A medicina tradicional chinesa tem uma visão muito diferente do corpo humano, sua relação com o ambiente externo e consigo mesmo. As doenças são causadas principalmente por causas externas e internas, que impedem o funcionamento normal dos órgãos e vísceras (Zang Fu) e o fluxo de Qi (energia) e sangue (Xue) por todo o corpo, principalmente pelos canais e colaterais (Jing Lu), onde estão localizados os pontos de acupuntura (SILVA FILHO, 2007). 

Segundo Yamamura (2001), a medicina chinesa enfatiza fenômenos anteriores de alterações funcionais e orgânicas que causam o aparecimento de sinais e sintomas. O fator causal nesses processos nada mais é do que o desequilíbrio da energia interna, causado pelo ambiente, origem externa ou por alimentos desordenados, sentimentos armazenados, fadiga, ou de uma fonte interna. Para Penã e Vidal (2008) na medicina tradicional chinesa, existem vários sistemas microscópicos: mão, pé, rosto e ouvido, que podemos usar para diagnosticar, tratar e curar várias doenças. Em seu trabalho, eles exploraram o sistema auditivo. A auricoloterapia é uma técnica na qual várias doenças são diagnosticadas e tratadas usando os pontos de reação encontrados no pavilhão auricular, segundo os autores atualmente são conhecidos mais de 200 pontos de atividade biológica, a pesquisa do ouvido aparece no texto mais antigo da medicina tradicional chinesa, Nei Jing (Livro do Imperador Amarelo), que remonta a mais de 2.000 anos. 

Segundo Giapones e Leão (2007), Paul Nogier, um neurocirurgião francês, em 1957, fez um estudo minucioso das orelhas e artérias, desenhando a imagem de um embrião invertido em forma de orelha e encontrou vários pontos de estimulação e terapia neurais. Dentre várias doenças, ressaltam-se dois pontos que têm uma das funções de “acalmar o espírito”, ajudando a reduzir a ansiedade e o estresse: um “dente da mãe”, usado como ponto analgésico, sedativo e anti-inflamatório e o ponto do tronco cerebral, cuja função da sedação, estimula a consciência e acalma o espírito. 

2.2. ANSIEDADE NA MEDICINA OCIDENTAL 

Goldgrove (2010) afirma que a primeira teoria da ansiedade de Freud versa sobre o aspecto fisiológico, onde a primeira expressão é através do coração e da ação respiratória, de forma que o primeiro sinal da ansiedade será tóxico, puramente orgânico. Em seguida, vem a ansiedade realista, o segundo aspecto, que tem uma função adaptativa, o que significa que irá preparar o organismo para o medo ou para uma situação perigosa e vale lembrar que todo indivíduo possui um mecanismo de reação para diferentes situações. A ansiedade neurótica é que seria inadequada e prejudicial, podendo ser definida como: 

  • Ansiedade flutuando ou esperando livremente; 
  • Fobias, que impedirão certas situações, objetos, animais, pessoas, lugares que são considerados ameaçadores; 
  • Histeria e “outras formas de neurose grave” onde nenhum perigo externo é identificado. 

A segunda teoria da ansiedade de Freud é o oposto da primeira teoria, na qual a ansiedade é a causa da faceta fisiológica, ou seja, a ansiedade causa expressões no coração e na respiração (Goldgrub, 2010). Segundo o Ministério da Saúde (2011), a ansiedade desencadeia a pessoa a agir, onde o excesso faz com que ela tome essa ação e impede a pessoa de avançar. 

Biaggio (2000) define ansiedade como um senso difuso de medo, de algo que não é exatamente conhecido e que não tem a resposta exata, onde pode deixar a pessoa sem resposta e, em níveis elevados, levar ao estresse. Abordando assim o medo, o estresse e a ansiedade. 

Biaggio (2000) ainda distingue o medo e a ansiedade pelo tipo de resposta que produzem, o medo em alta excitação leva à fuga e a ansiedade é um estado constante de medo. A ansiedade é criada através da indecisão, conflito, pressão externa, a expectativa de que algo ruim vai acontecer. 

Segundo Baggio (2000), Freud considerou a ansiedade diferente de outros estados emocionais, nos quais os sintomas podem incluir tremores, palpitações cardíacas, sudorese, inquietação e distúrbios respiratórios relacionados ao nervosismo.  

 A ansiedade tende a ser mais agravante em algumas situações, especialmente nas situações em que essa pessoa é valorizada. Mesmo uma pessoa com baixo traço de ansiedade pode estar em um estado de alta ansiedade diante de uma condição muito séria para ele, e uma pessoa com alto traço de ansiedade pode ficar calma diante de uma situação difícil. O importante é tentar manter o estado de ansiedade sob controle, sendo capaz de reduzir o traço de ansiedade. 

Biaggio (2000) diz que a ansiedade é importante na vida das pessoas, mas que é de um grau moderado a moderado, porque se tivermos um prédio que está prestes a entrar em colapso e tivermos uma pessoa quieta, essa pessoa não se preocupará em deixar esse prédio e nem levará seu filho, seus familiares ou pertences, e no caso de uma pessoa extremamente ansiosa, podem não responder e ser incapazes de agir. 

O Ministério da Saúde (2011) afirma que os transtornos de ansiedade estão ligados à função corporal e às experiências de vida. Algumas pessoas não conseguem fazer nada por causa de seu desconforto, para evitar essa ansiedade. Quando os sintomas dos transtornos de ansiedade são diferentes da ansiedade diária, como: 

  • Preocupações, tensões ou medos excessivos (a pessoa não pode relaxar); 
  • Sensação contínua de que um desastre ou algo muito ruim acontecerá; 
  • Preocupações excessivas com saúde, dinheiro, família ou trabalho; 
  • Medo extremo de um objeto ou situação em particular; 
  • Falta de controle sobre pensamentos, imagens ou atitudes, que se repetem independemente da vontade; 
  • Medo excessivo de ser humilhado publicamente; 
  • Ansiedade após uma situação muito difícil. 

Margis et al. (2003) relatam que eventos estressantes podem provocar sintomas de ansiedade anos antes de definir o transtorno de ansiedade. Estudos realizados com adolescentes mostram que quanto maior o nível de estresse ao qual o jovem é exposto, maiores os sintomas do nível de ansiedade. A ansiedade em adultos parece estar em diferentes situações, como criar filhos, relacionamentos interpessoais, relacionamentos de casal, manutenção de emprego, aposentadoria, considerando como eventos estressantes, traição, ameaça de separação e agressão física, quando as pessoas envolvidas em condições conjugais degradantes sofrem mais sintomas do que as pessoas que os controlam. Na terceira idade, os maiores casos de ansiedade se relacionam à morte do cônjuge ou de um membro da família. 

Zminiani e Banko (2005) definem a ansiedade como um estado emocional desagradável, acompanhado de desconforto somático associado ao medo; esse desconforto é geralmente descrito por sensações físicas como frio no abdômen, coração tenso, nó na garganta, mãos suadas e também paralisante. É definido como um fenômeno clínico quando é a atividade social, profissional e acadêmica de uma pessoa, ou quando é um grau de sofrimento considerado significativo para a pessoa, ou quando as respostas de evasão levam um tempo considerável durante o dia. 

Zminiani e Banko (2005) apresentam similaridade de ansiedade e medo, mas com estímulos diferentes, onde o medo é estimulado pela condição e ansiedade incondicionada, onde serão apresentadas as seguintes alterações: aumento do pulso, com alterações na respiração e pressão arterial, sudorese, tremores, falta de ar ou estrangulamento, dor no peito ou desconforto, náusea, desconforto abdominal, tontura, desmaio, sensação de formigamento. 

Para Baptista et al. (2005) medo e ansiedade podem ser definidos multiplicando cada um dos três sistemas de resposta: o que você faz, através do comportamento, o que pensa ou diz, através da linguagem e o que sente diante de uma ameaça real ou imaginada, a fisiologia. E como parte do sistema de defesa, o medo e a ansiedade são desencadeados por situações ameaçadoras ou perigos reais. 

Baptista et al. (2005) descrevem o medo e a ansiedade como a linguagem mais usada na vida cotidiana e na literatura psicológica, o termo angústia é menos usado e substituído pelo termo pânico, após a publicação da terceira edição do Guia de Classificação e Diagnóstico da Associação Americana de Psiquiatria (APA, 1980). Medo e ansiedade podem parecer sinônimos, mas o medo é considerado quando há um estímulo externo que causa comportamento ou evitação, enquanto a ansiedade é o estado emocional assustador, sem gatilhos claros que podem ser evitados. 

Silva (2010) relata vários estudos realizados nas áreas de psicologia, psicanálise e medicina para entender a ansiedade. Quando a ansiedade não é necessariamente considerada um fenômeno patológico, é uma função do organismo em que permite que alguém esteja pronto para uma pessoa responder melhor a uma condição nova ou já conhecida, que é interpretada como um potencial perigoso. No entanto, se a ansiedade atingir níveis muito altos e sucessivos, poderá prejudicar o organismo, pois o deixará em constante estado de alerta, causando uma condição patológica. 

Atualmente, os transtornos de ansiedade são muito comuns e são caracterizados por estados de inquietação, estresse e ansiedade, com tendência ao cronismo e que têm implicações no cotidiano das pessoas, levando a um aumento de estudos sobre essa doença que afetam a população em cada ciclo de vida (Goyatá et al., 2016). 

Biaggio (2000) menciona algumas técnicas que ajudam as pessoas a lidar melhor com a ansiedade, isso é chamado de terapia cognitiva e comportamental. Como espelhar outras pessoas, se você tem medo de nadar, vá à piscina e observe outras pessoas entrarem na piscina e nadar, como um incentivo que você também pode entrar na piscina e nadar. Uma criança que tem medo de animais pode diminuir sua ansiedade quando vê outras crianças brincando com filhotes, filhotes de gatos e outros animais. Existe a técnica para reações fisiológicas, que consiste em uma respiração profunda e calma, para relaxar os músculos. Exercícios como caminhar, nadar e outros também ajudam a relaxar. 

Goyata et al. (2016), afirmam que os tratamentos utilizados principalmente para transtornos de ansiedade eram farmacológicos e psicoterapêuticos. Os benzodiazepínicos são os medicamentos mais promissores do mundo, com uma função ansiosa e hipnótica. No entanto, esse medicamento é motivo de grande preocupação, pois pode causar dependência física, química e psicológica, principalmente se utilizados de maneira abusiva e prolongada. 

Para Baptista et al. (2005) As opções de tratamento para ansiedade são benzodiazepínicos, antidepressivos tricíclicos e inibidores de serotonina. Nos casos de redução da ansiedade, o tratamento é feito através de psicoterapia. 

Prado et al. (2012) descrevem a ansiedade como um sentimento persistente de medo, apreensão e desastre se aproximando, estresse ou inquietação. E que o termo transtorno de ansiedade é usado em várias condições, como síndrome do pânico, fobias, transtorno obsessivo-compulsivo, ansiedade generalizada, estresse pós-traumático ou como resultado de qualquer condição clínica. Lá, para superar esses estados emocionais, as pessoas buscam tratamentos alternativos como forma de terapia, porque são eficazes, como a auricoloterapia. 

Goyata et al. (2016), afirma que muitas discussões foram realizadas para mudar o foco do cuidado por meio do uso de terapia terapêutica complementar pelo Sistema Único de Saúde (SUS), quando em 2006, no Brasil, foi aprovado pela Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares. (PNPIC), como nova estratégia de promoção, manutenção e recuperação da saúde. Destacando a acupuntura. 

2.3. ANSIEDADE NA MEDICINA CHINESA 

Para Silva (2010), a palavra ansiedade é uma palavra ocidental descrita pela psicologia e pela medicina ocidental como uma condição somato-psíquica, de modo que na literatura da medicina chinesa não é possível encontrar descrições de tratamento da ansiedade. A medicina chinesa não tem separação de mente, corpo e espírito. 

Silva (2010) observa que os distúrbios emocionais ou mentais são demonstrações de distúrbios no espírito do indivíduo (Shen), nos quais a palavra Shen pode ser “espírito” e “rim”, e está no coração (xin) do espírito (Shen). Ou seja, metaforicamente, o espírito (Shen) é incapaz de encontrar condições para povoar sua casa e, portanto, é perturbado, e esse distúrbio se reflete nos sintomas típicos de ansiedade descritos pela psicologia e pela medicina ocidentais. 

Em Ross (2003), a ansiedade associada aos canais do coração (Xin) e rins (Shen), pode estar relacionada a sentimentos como agitação, pânico e histeria; em oposição à mania, a ansiedade causa sensação desagradável, enquanto a mania causa bem-estar e euforia. A ansiedade também pode aparecer com outros sinais do coração (Xin), como palpitações cardíacas, insônia, palidez e membros frios. 

A ansiedade é ligada ao coração (Xin) e é baseada no medo dos rins (Shen), com sentimentos de apreensão que a ansiedade apresenta com sinais físicos de tremor, frequência urinária ou doença do intestino solto (Ross, 2003). 

O medo pode causar ansiedade e raiva, envolvendo os rins (Shen), coração (Xin) e fígado (Gan), e cada um causa tensão mental, emocional e física, de modo que a pessoa sente e se sente estressada e tensa. No caso de envolvimento do fígado (Gan) / vesícula biliar (Dan), sentimentos adicionais como incerteza, indecisão, irritabilidade, sensibilidade e hipersensibilidade, além de dores de cabeça, rigidez ou tremores nos músculos faciais, podem ocorrer rigidez do pescoço, ombros, costas e membros (ROSS, 2003). 

Ross (2003) ainda diz que, além das preocupações e medos do canal renal, a ansiedade pode estar ligada às preocupações presentes e futuras e à antecipação de problemas que não ocorrem e, em casos graves, torna-se tão intenso que se perde em pensamentos obsessivos, ansiosos que não refletem os acontecimentos do mundo exterior. 

O canal do pulmão (Fei) estará envolvido nos canais do rim (Shen) e do coração (Xin) em situações em que há enorme insegurança e medo de perda (Ross, 2003). Segundo Ross (2003), para a medicina chinesa a ansiedade é uma expressão de um distúrbio do coração (Xin), que pode resultar de excesso, deficiência ou estagnação. 

O excesso que causa irregularidade é o fogo. O fogo no coração (Xin) faz com que ele se torne mais irregularmente ativo, levando à ansiedade ou comportamento maníaco. O fogo no coração (Xin), com a queima do fígado (Gan) e estômago (Wei) frequentemente associados, pode resultar da supressão de emoções ou de um estilo de vida perturbado, estressado e especialmente inquieto. E o fogo fleuma do coração é uma forma de excesso que pode levar à ansiedade e confusão de pensamento, linguagem e comportamento, resultante da deficiência e estagnação do baço (Pi) combinada com o fogo do coração (Xin), que pode ser causado por estresse emocional ou fumo excessivo, álcool e alimentos gordurosos Com inatividade física (Ross, 2003). 

Ross (2003) afirma que a estagnação pode causar ansiedade através da estagnação do Qi, que resulta de um acúmulo de fleuma e impede o livre fluxo sanguíneo, por exemplo, estagnação do Qi do coração (Xin) e Qi do fígado (Gan), devido à estagnação emocional. Causar distúrbios no espírito do coração (Xin) e hiperatividade do fígado (Gan). 

Quando há uma deficiência de Qi do coração e do rim, Yin do coração e do rim e sangue (Xue) do coração e baço (Pi), haverá ansiedade, porque Qi, Yin e sangue são necessários para manter um espírito saudável. E a ansiedade aumenta quando a energia é reduzida, de modo que a deficiência no sono, descanso, excesso de trabalho, estresse, doença, má nutrição, entre outros fatores que podem prejudicar a saúde, causará uma deficiência corporal (Ross, 2003). 

Maciocia (2016) discute a ansiedade nos seguintes tópicos: 

  • Entidades Chinesas de Doenças Adequadas à Ansiedade; 
  • O Qi rebelde do vaso penetrante (Chong Mai); 
  • “Palpitações cardíacas” no diagnóstico chinês; 
  • Diferenças entre o cérebro deslocado e o cérebro bloqueado pela ansiedade. 

2.4. ENTIDADES CHINESAS DE DOENÇAS ADEQUADAS À ANSIEDADE 

A medicina chinesa não tem um termo que corresponda à ansiedade, mas muitas doenças chinesas antigas parecem ansiedade, e as duas principais são: medo e palpitações cardíacas (Jing Ji), um pulso de pânico (Zheng Chong). Onde o medo e as palpitações cardíacas são geralmente causadas por eventos externos, como medo ou choque, eles vêm e vão, na maioria das vezes pertencendo à natureza do excesso. O pulso de pânico não é causado por eventos externos, é persistente e geralmente de natureza inexistente e é mais grave que o primeiro. Em casos crônicos, o medo e as palpitações cardíacas podem se tornar ataques de pânico (Maciocia, 2016). 

2.4.1. REBELIÃO DE QI DO VASO PENETRADOR (CHONG MAI) 

Para Maciocia (2016), esta é a terceira condição chinesa que pode corresponder à ansiedade e, principalmente aos ataques de ansiedade, esse estado de invasão de Qi do vaso penetrador (Chong Mai) que causa o sintoma de “urgência interna” (Li Ji). 

“Urgência interna” significa sentimento de ansiedade e agitação; em casos graves, podem ocorrer ataques de ansiedade com palpitações cardíacas, que também podem ser acompanhadas por uma sensação de dor abdominal (Maciocia, 2016). 

Maciocia (2016) afirma que, ao representar o caminho do vaso penetrante (Chong Mai), podemos listar os possíveis sintomas do Qi rebelde do Chong Mai, começando na região inferior: 

  • Apreensivo; 
  • Plenitude, desordem ou dor no abdome inferior; 
  • Plenitude hipogástrica, distorção ou dor; 
  • Menstruação dolorosa, menstruação irregular; 
  • Plenitude, depressão ou dor na região do umbigo; 
  • Plenitude epigástrica, comportamento ou dor; 
  • Sensação de opacidade no processo xifóide; 
  • Sensação de aperto no peito; 
  • Palpitações cardíacas; 
  • Um senso de intervenção mamária em mulheres; 
  • Falta de ar; 
  • Suspiros; 
  • Um nó na garganta; 
  • Uma sensação de calor por dentro; 
  • Dor de cabeça; 
  • Ansiedade, agitação mental, “urgência interna” (Li Ji). 

Para diagnosticar o Qi rebelde do Vaso Penetrador, são necessários pelo menos três ou quatro sintomas em níveis diferentes, e o que faz com que o Qi penetrante se rebele e suba é um fato de dois estados. Onde o Qi penetrante pode subir por conta própria devido à pressão emocional que faz com que o Qi suba ou congele (por exemplo, raiva, raiva deprimida, preocupação, frustração ou ressentimento), neste caso, Qi é rebelde e cresce sozinho e a condição é excessiva, conhecida como o principal rebelde Qi (Maciocia, 2016). 

Um certo aspecto do Qi rebelde do Vaso Penetrador (Chong Mai) é caracterizado por uma sensação de calor no rosto e pés frios. Essa sensação de calor no rosto não é calor excessivo, nem falta de calor, mas apenas o resultado da desarmonia do Qi rebelde do Vaso Penetrador (Maciocia, 2016). 

2.4.2. PALPITAÇÃO NO DIAGNÓSTICO CHINÊS 

Macciocia (2016) explica que o termo “palpitações cardíacas” denota uma sensação desconfortável do batimento cardíaco no peito e que nada tem a ver com a sensação relatada pelo paciente ocidental ao se referir à velocidade ou frequência cardíaca. 

2.4.3. A DIFERENÇA ENTRE MENTE DESANCORADA E CONSCIÊNCIA BLOQUEADA 

Para diferenciar entre uma mente desancorada e uma consciência bloqueada, a ansiedade e os ataques de ansiedade podem ser usados para ilustrar, porque quando uma pessoa está ansiosa, ela fica inquieta, mas a mente (Shen) não é bloqueada e o insight não é afetado. E quando a mente (Shen) fica bloqueada, há uma perda de discernimento e racionalidade, como pode ocorrer em ataques de ansiedade severos (Maciocia, 2016). 

Oliveira e Mejia se referem ao estresse e a depressão relacionados à ansiedade na medicina chinesa sendo controlados pelo coração (Xin) e pela mente (Shen), juntamente com os meridianos circulação-sexualidade, fígado (Gan), estômago (Wei) e intestino grosso (Da Chang), em que a matriz emocional é associada ao estresse e a ansiedade e à frustração. 

Maciocia (2016) refere-se ao estresse emocional como a principal causa etiológica da ansiedade, seguida da tendência constitucional, nutrição irregular, deficiência de sangue e carga de trabalho. 

O estresse emocional pode vir de preocupações, medo, euforia, choque, culpa, vergonha ou pensamentos excessivos que podem causar estagnação do Qi, tal estagnação depois de um tempo produz calor e, com o tempo, leva à deficiência de sangue (Xue) e Yin. Portanto, o calor pode estimular a mente (Shen) que causa ansiedade e, por outro lado, a deficiência de sangue (Xue) e Yin privam a mente de sua residência e também geram ansiedade (Maciocia, 2016). 

Segundo a experiência de Maciocia (2016), a tendência constitucional é um fator etiológico frequente para a ansiedade crônica, onde as pessoas simplesmente tendem a se preocupar e não têm ansiedade por nenhuma razão externa aparente, com a existência de prevalência familiar. Um sinal importante que pode indicar ansiedade e uma tendência constitucional para o estresse emocional é a palpitação (Xin) da língua. 

A alimentação irregular, por outro lado, causa uma deficiência de Qi e do Yin do Baço (Pi) e do Estômago (Wei), que podem afetar o coração (Xin) e produzir falta de Yin do coração (Xin) e ansiedade. A ingestão excessiva de alimentos que produzem umidade estimula a formação de muco, o que pode dificultar a mente (Shen) e agravar os transtornos de ansiedade e pânico (Maciocia, 2016). 

A perda excessiva de sangue, como ocorre durante o nascimento, pode causar deficiência de sangue (Xue), já que o coração (Xin) controla o sangue (Xue), e essa deficiência pode levar à deficiência de sangue (Xue) e do coração (Xin) e ansiedade (Maciocia, 2016). 

E por fim,  a carga de trabalho, pois trabalhando horas demais e com descanso insuficiente por muitos anos, ocorrerá deficiência do rim (Shen), após um período tal deficiência afeta o coração (Xin), causando ansiedade crônica, no entanto apenas a deficiência  de rim (Shen) pode causar ansiedade crônica sozinha, sem afetar o coração (Xin) (Maciocia, 2016). 

De acordo com a experiência de Maciocia (2016), os principais órgãos envolvidos na ansiedade são coração (Xin), pulmão (Fei), fígado (Gan) e rim (Shen), onde são descritas suas características e sintomas. 

2.5. CORAÇÃO (XIN) 

  O principal sintoma coração (Xin) são as palpitações cardíacas (Maciocia, 2016). O paciente que sofre de desarmonia no coração terá palpitações cardíacas e sentirá a sensação de aperto no peito. Esse sintoma pode parecer uma sensação de pressão ou desconforto. Em casos de excesso, pode haver uma sensação de pressão no peito ou, em casos de deficiência, a sensação de coração “em suspensão” (Maciocia, 2016). 

A pessoa que sofre de ansiedade na desarmonia do Xin parecerá perturbada e levemente “assombrada”, ficará agitada, inquieta e tenderá a se mover rapidamente (Maciocia, 2016). Insônia e outros sintomas dependerão se a condição é devido ao excesso ou deficiência do coração (Xin). Como a deficiência de sangue (Xue) é mais comum em mulheres mais ansiosas, elas tendem a se sentir tristes e chorar (Maciocia, 2016). 

2.6. PULMÃO (FEI) 

O pulmão (Fei) é afetado pela tristeza e pela angústia geralmente causadas pela perda. O paciente ficará triste e propenso a chorar, o suspiro também é um sintoma típico dos padrões mentais e emocionais do pulmão (Fei), o paciente tenderá a ficar pálido e a falar fracamente (Maciocia, 2016). 

Maciocia (2016) descreve que tristeza e angústia provocam estagnação do Qi e, por esse motivo, produzem uma deficiência do mesmo, especialmente no pulmão (Fei) e no coração (Xin. No entanto, após algum tempo, a deficiência de Qi no pulmão também pode causar estagnação de Qi nessa área, afetando o coração (Xin) e o próprio pulmão (Fei). Quando o pulmão (Fei) é afetado pela estagnação do Qi, pode aparecer uma ansiedade leve.  

2.7. RIM (SHEN) 

A emoção do rim (Shen) é o medo, que combinado com a preocupação, é o mais próximo da ansiedade que podemos encontrar. Pacientes com ansiedade renal aguda (pânico), podem apresentar sangramento em tons escuros. Em relação a situações da vida, tais pessoas podem se tornar profundamente pessimistas (Maciocia, 2016) . 

De acordo com a experiência de Maciocia (2016), o medo e a ansiedade crônica do rim (Shen) fazem com que o Qi suba ao topo, fazendo com que pareça quente e se sinta um pouco perturbado e ansioso. E o rim (Shen) também é afetado pela culpa, que pode causar deficiência ou estagnação do rim. Nos dois casos, a pessoa pode estar ansiosa, buscando constantemente a culpa. 

2.8. BAÇO (PI) 

A emoção do baço (Pi) é a preocupação ou excesso de pensamento. Essa condição é encontrada em pessoas que “andam em círculos” ou têm “discussões mentais”, em casos graves pode ser obsessiva e, em casos crônicos, pode causar ansiedade por conta de suas próprias discussões mentais. Mas também pode estar relacionado ao elemento da terra, como ser superprotetor de seus próprios filhos, ignorar suas próprias necessidades e colocar os outros em primeiro lugar ou mesmo sofrer com a falta de cuidado (Maciocia, 2016). 

2.9. FÍGADO (GAN) 

A ansiedade relacionada fígado (Gan) aproxima-se da preocupação de que pessoas do elemento madeira tendem a se preocupar com facilidade, geralmente são tensas e às vezes perfeccionistas. Além disso, o fígado (Gan) que preenche a alma etérea responsável por nossas idéias, planos, projetos, sonhos de vida e visão. A ansiedade do fígado também está associada à insatisfação com nossas realizações (Maciocia, 2016). 

2.10. PONTOS DE ACUPUNTURA PARA TRATAR A ANSIEDADE 

  Silva Filho (2016) abordam os seguintes pontos através do tratamento das três agulhas: 

  • Yintang (ponto extra), localizado entre as duas sobrancelhas. 
  • C7 (Shenmen), localizado no aspecto anteromedial do braço, radialmente diretamente ao tendão do músculo flexor do carpo ulnar, na prega palmar do punho. O ponto de origem (yuan) do coração (Xin) com grande capacidade de regular as funções do órgão (Zang), tonifica o coração (Xin) e acalma a mente (Shen), uma função já indicada pelo ponto, que é o “portal” da mente (Shen) ”.  
  • BP6 (Sanyinjiao), localizado na face tibial da perna, posterior à borda medial da tíbia, 3 cones superiores à protuberância do malolo medial. Um ponto de encontro dos 3 yin a pé, ele tem a capacidade de estimular o Yin Qi do corpo e prefere a função regular do coração (shin). 

 Silva Filho (2016) diz que os pontos C7 (Shenmen) e BP6 (Sanyinjiao) precisam ser perfurados perpendicularmente. E o ponto Yintang deve ser diagonalmente puncutado para uma profundidade de 0,3-0,5 Kun. Ele tem a função tradicional de acalmar a mente (Shen) e nutrir o yin do coração. Destina-se principalmente a casos de ansiedade, além de insônia, mania, estresse e excitação mental (Silva Filho, 2016). 

Outro método com três agulhas, segundo Silva Filho (2016), foi descrito como: 

  • VG24 (Shenting), localizado na cabeça de 0,5 cun, superior à linha do cabelo frontal, na linha média frontal. Um ponto conhecido como “quintal da mente (Shen)”, como a figura do próprio Shen, traduzida como cérebro ou espírito, esse ponto estimula a mente. 
  • VB13 (Benshen), localizado na cabeça 0,5 cun, superior à linha do cabelo frontal, 3 cubos laterais à linha média frontal. Como o ponto VG24 (Shenting) possui o caráter Shen, esse ponto é conhecido como “Raiz da Mente (Shen)” ou “Fonte da Mente (Shen)”, tem o mesmo papel que o VG24 (Shenting) para estimular a Mente (Shen). 
  • Sishenzhen ou Si Shen Cong, que são um grupo de quatro pontos que ficam localizados no topo da cabeça, a 1,5 cun anterior, posterior e laterais ao ponto VG20 (Baihui). Este ponto tem em sua nomenclatura o termo Shen, que já indica o papel do ponto, que é estimular a mente (Shen). 

As agulhas nos pontos VG24 (Shenting) e VB13 (Benshen) devem ser inseridas horizontalmente com a inserção de 1-1,5 cun na direção anterior ou posterior. O ponto Shishenzhen precisa ser punctuado na horizontal e inserido a 1-1,5 cun com as quatro extremidades da agulha a apontar para VG20 (Baihui). As agulhas ao redor devem ser suavemente manipuladas sem sedação ou tonificação, exceto por estimulação pontual e devem ser estimuladas 2-3 vezes durante 30 minutos de tratamento (Silva Filho, 2016). 

O papel tradicional desses pontos é estimular a mente, nutrir o coração, tonificar a essência para o benefício da mente. Destina-se principalmente a alterações de memória e, além de perda de inteligência, dificuldade de compreensão, doenças psicológicas, distúrbios emocionais, neurostenia, insônia, epilepsia, dor de cabeça anterior, falta de concentração (Silva Filho, 2016). 

Mejia e Oliveira definem os seguintes pontos para tratar a ansiedade e o estresse: um par de vasos grandes que são BP4 (Gongsun) e PC6 (Neiguan), VG20 (Baihui), IG4 (Hegu), C3 (ShaoHai), E23 (Taiyi), E36 (Zusanli) ), F2 (Xingjian), Yintang. Eles também observam que muitos pontos no canal Pericardio (XinBao) afetam profundamente o estado mental, enfatizando o uso dos pontos PC6 (Neiguan), que incentivam o humor e reduz a depressão, PC7 (Daling), acalma a mente e a ansiedade, PC5 (Jianshi), resolve o problema da fleuma destruindo a mente. 

Para aprimorar o tratamento, Mejia e Oliveira apontam para o uso da terapia com ventosas, que consiste em liberar o Qi, aumentar a irrigação e oxidação dos tecidos, eliminar fatores patogênicos (vento, frio, calor e umidade), o tratamento da ventosa pode ser fixo ou móvel. 

Rossetto (2012) afirma que o tratamento da ansiedade consiste no relaxamento do coração (Xin), utilizando os pontos back Shu dorsal e Mu frontal, sendo os principais pontos utilizados: B15 (Xinshu), VC14 (Juque), C7 (Shenmen), PC6 (Neiguan). Usados juntos têm propriedade de controlar o Qi e o sangue (Xue) do coração (Xin). 

Pontos como VC6 (ChiHai), que fortalecem o Qi, B20 (Fisho) e B21 (Visho), têm como alvo a função do baço (Pi) e do estômago (Wei), que são a base do Qi e do sangue (Xue). 

Os pontos E40 (Fenglong) e VB34 (Yanglingquan) eliminam a fleuma de fogo no estômago (Wei). E os pontos VC4 (GuanYuan), VC17 (Danzhong), E36 (Zusanli), juntamente com a moxabustão, fortalecerão o baço (Pi), estimularão o Yang e elevarão fluidos nocivos, e o ponto B22 (Sanjiaoshu) regulará o Jiao superior, médio e inferior no transporte de água (Rossetto, 2012). 

Ross (2003) aborda suas respectivas síndromes e pontos: 

  • Fogo do coração (Xin): VG20 (Baihui), VC17 (Shanzhong), C8 (Shaofu), PC8 (Laogong), R1 (Yongquan), C3 (ShaoHai), PC3 (Quze); 
  • Fogo do Coração (Xin) + Fogo do Fígado (Jardim): VG20 (Baihui), VC17 (Shenzong), C8 (Shaofu), PC8 (Laogong), R1 (Yongkwan), C3 (Shawhai), PC3 (Kwaza),  F2 (Xingjian), sangria em F1 (Dadun); 
  • Fogo do coração (Xin) + Fogo do Estômago (Wei): VG20 (Baihui), VC17 (Shanzong), C8 (Shaofu), PC8 (Laugong), R1 (Yongkwan), C3 (Shawhai), PC3 (Quaza), E44, sangria em E45; 
  • Fogo do Coração (Xin) + Estagnação de sangue do Coração (Xin): VG20 (Biahui), VC17 (Shanzong), C8 (Shaofu), PC8 (Laogong), R1 (Yongkwan), C3 (Shawhai), PC3 (Kwaza) , PC6 (Neiguan),  C5 (Tongli), PC3 (Quze),  C3 (ShaoHai); 
  • Estase Qi do coração (Xin): VC6 (Qiai), VC12 (Zhongwan), VC17 (Shenzong), PC6 (Neiguan), BP4 (Gongsun), BP21 (Dabao); 
  • Estagnação do Qi do coração (Xin) + estagnação do Qi do fígado (Gan): VC6 (qiai), VC12 (Zhongwan), VC17 (shenzong), PC6 (neiguan), BP4 (gongson), BP21 (Dabao), F3 (Taichung), F14 (Qimen); 
  • Estagnação do Qi do Coração (Xin) + Hiperatividade do Fígado (Gan): VC6 (Chihai), VC12 (Zhongwan), VC17 (Shenzong), PC6 (Neiguan), BP4 (Gongsun), BP21 (Dabao), F3 (Taichung), VB34 (Yanglingquan); 
  • Estagnação do Qi do coração (Xin) + fleuma do coração (Xin): VC6 (Qiai), VC12 (Zhongwan), VC17 (Shenzong), PC6 (Niiguan), BP4 (Gongson), BP21 (Dabao), C5 (Tongli), PC4 (Ximen); 
  • Deficiência de Qi do coração (Xin): VC4 (GuanYuan), VC17 (Shanshung), C7 (Shaman), E36 (Zusanli), R3 (Taixi), B15 (Xinshu), B20 (Pishu), B23 (Shenshu) , B64 (Ginggo), ID3 (Houxi); 
  • Deficiência de Qi do coração (Xin) + deficiência de Qi nos rins (Shen): VC4 (guanyuan), VC17 (shenzong), C7 (sham), E36 (zusanali), R3 (taixi), B15 (shinshu), B20 (Pishu), B23 (Shenshu), B64 (Jinggu), ID3 (Houxi), R27 (Shufu);
  • Deficiência de Qi do coração (Xin) + deficiência de Qi do fígado (Gan) / vesícula biliar (Dan): VC4 (GuanYuan), VC17 (Shanzong), C7 (Shaman), E36 (Zusanelli), R3 (Taixi), B15 (Xinshu), B20 (Pishu), B23 (Shenshu), B64 (Jinggu), ID3 (Houxi), VB40 (Qiuxu); 
  • Deficiência de Qi e Sangue do coração (Xin): VC4 (GuanYuan), VC12 (Zhongwan), VC17 (Shanzhong), C7 (Shenmen), E36 (Zusanli), BP6 (Sanyinjiao). B15 (Xinshu), B20 (Pishu), B43 (Gaohuangshu); 
  • Deficiência de sangue do coração (Xin) + deficiência de sangue do Baço (Pi): VC4 (GuanYuan), VC12 (Zhongwan), VC17 (Shanzhong), C7 (Shenmen), E36 (Zusanli), BP6 (Sanyinjiao). B15 (Xinshu), B20 (Pishu), B43 (Gaohuangshu), BP10 (Xuehai); 
  • Deficiência de Yin do coração (Xin): VC4 (GuanYuan), BP6 (Sanyinjiao), R6 (Zhaohai), VC14 (Juque), VC17 (Shanzhong), C7 (Shenmen); 
  • Deficiência de Yin do coração (Xin) + ansiedade intensa: VC4 (GuanYuan), BP6 (Sanyinjiao), R6 (Zhaohai), VC14 (Juque), VC17 (Shanzhong), C7 (Shenmen), VG20 (Baihui), VC24 ( Chengjiang); 

2.11. PONTOS AURICULARES NO TRATAMENTO DA ANSIEDADE 

Prado et al. (2012) refere-se ao tratamento da auricoloterapia ou acupuntura auricular como parte da medicina chinesa, onde acredita-se ter sido desenvolvido em conjunto com a acupuntura sistêmica, que agora é reconhecida como uma das práticas orientais mais populares em vários países como prevenção e cura. 

Lembra ainda o Clássico de Medicina Interna do Imperador Amarelo, publicado há mais de dois milênios, que fala sobre auricoloterapia e orelha, onde o órgão auricular está associado a todas as partes do corpo humano e seus meridianos. Em 1957, Paul Nougier, um neurocirurgião francês, realizou um estudo no qual projetou um embrião invertido que correspondia ao formato da orelha, encontrando pontos diferentes para a estimulação nervosa e o tratamento de várias doenças. 

Os mesmos autores identificaram como pontos mais efetivos, o ponto occipital e o ponto tronco cerebral. O ponto Shenmen, localizado na fossa triangular da orelha, é utilizado para analgesia, sedação e ação anti-inflamatória. E o ponto do tronco cerebral fica na borda superior do inter-trago, com uma função sedativa, estimulando o cérebro e relaxando a mente. 

Em um estudo de Moura et al. (2015) demonstraram que várias práticas integrativas e complementares, como a acupuntura, tornaram-se eficazes no tratamento da ansiedade, em vez de usar drogas psicotrópicas, mais especificamente a auricoloterapia. 

Como a medicina chinesa considera o homem como um todo, isto é, a mente, o corpo e o espírito estão interconectados e o organismo humano é considerado um campo de energia para a seleção de pontos, que equilibrará a energia do corpo. Os resultados obtidos pelo estudo de Moura et al. (2015) apresentaram pontos Shenmen, fígado e pulmão. Havia também o uso de um ponto de relaxamento, mas não em combinação com o Shenmen, fígado e/ou pulmões.  

Mejia e Oliveira definem alguns pontos para o tratamento da ansiedade e do estresse, tais como: ansiedade I e II, fígado e coração. Também reforça que, se o paciente é do sexo masculino, deve-se utilizar o pavilhão auricular localizado à esquerda e se for do sexo feminino, à direita. 

Yamamura (1991) aborda os seguintes pontos na punção úrica: rim, occipital, coração, estômago. 

CONCLUSÃO 

Ao conduzir o estudo, pode-se concluir que a ansiedade é um sintoma que afeta muitas pessoas, apresentando características e pontos fortes diferentes para cada indivíduo e em diferentes faixas etárias. 

Por meio de acupuntura e auricoloterapia ou punção uricular, os sintomas podem ser aliviados e, em alguns casos, geridos de maneira a não interferir na vida de uma pessoa. Percebe-se que há escassez de pesquisas relacionadas ao tema em questão, pois a ansiedade agora é um problema de saúde pública que está sendo mais bem abordado nas Unidades Básicas de Saúde, mas ainda não é totalmente praticado. 

Existem várias formas de tratamento, protocolos de redução da ansiedade, pontas das orelhas, pontas das agulhas, acupuntura sistêmica, terapia psicológica, ansiedade, flores, todas procurando uma solução para esse problema que afeta milhares de pessoas. 

Portanto, o método mais eficaz seria a solução para esta doença que atualmente afeta milhares de pessoas e é vista como um sintoma prejudicial à saúde humana e não como um sintoma simples que dura uma hora, no entanto como não há uma situação pontual que seja capaz de decretar o fim de tal enfermidade, o aperfeiçoamento de práticas alternativas se torna uma interessante ferramenta no combate aos sinais e sintomas. 

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1Artigo científico apresentado como exigência final do Curso de Pós-graduação em Acupuntura Clínica e Racionalidade de Medicina Tradicional Chinesa da Faculdade São Judas Tadeu (FSJT)