REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7187080
Autores:
Henrique Bosio Zemel1
Dionei Freitas de Moraes1
Matheus Rodrigo Laurenti1
Ricardo Lourenço Caramanti1
RESUMO
Introdução: Os aneurismas de veia de galeno são raramente encontrados, sendo mais comuns em crianças, somando o equivalente a um terço das malformações vasculares nesta faixa etária. No presente trabalho, é apresentado um caso de Malformação Aneurismática da Veia de Galeno diagnosticada intra útero.
Relato de Caso: Paciente, 25 anos, veio encaminhada ao ambulatório de Medicina Fetal devido a anomalia congênita compatível com aneurisma de veia de galeno detectada na ultrassonografia de 3 trimestre. Realizou-se uma Ressonância Magnética(RM) fetal onde foi encontrada dilatação de seio reto comunicante com formação sacular de linha media na topografia de Veia de Galeno. Ao nascimento, visto paciente não apresentar alterações no exame neurológico, optou se por acompanhamento ambulatorial com programação de intervenção posteriormente. O paciente recebeu alta hospitalar após 3 dias do nascimento. Após 7 meses de acompanhamento uma nova RM mostrou aumento do aneurisma e presença de hidrocefalia, sendo necessária a realização de Derivação ventrículo-peritoneal (DVP) com posterior embolização do aneurisma. Durante o procedimento não houveram intercorrências.
Conclusão: Apesar dos recentes avanços no diagnóstico e abordagem dos Aneurismas da Veia de Galeno, ainda são escassos estudos sobre sua patologia e manifestações. Faz-se necessaria a orientação pré e pós natal e acompanhamento rigoroso desses pacientes para escolha do melhor momento da abordagem, condução efetiva dos casos e prevenção de complicações.
Palavras-chave: Aneurisma da Veia de Galeno; Diagnóstico Intraútero; Embolização.
INTRODUÇÃO
Os aneurismas de veia de galeno são raramente encontrados, sendo mais comuns em crianças, somando o equivalente a um terço das malformações vasculares nesta faixa etária. Em geral ocorrem devido a dificuldade na fusão das veias cerebrais internas, evidenciando um quadro clinico com retardo de desenvolvimento neuropsicomotor, convulsões, insuficiência cardíaca de alto debito e hidrocefalia. No presente trabalho, é apresentado um caso de Malformação Aneurismática da Veia de Galeno diagnosticada intraútero durante rotina de pré natal.
RELATO DE CASO
Paciente, 25 anos, G2P1A0, préviamente hígida, assintomática, com pré-natal regular, sorologias negativas, veio encaminhada ao ambulatório de Medicina Fetal devido a anomalia congênita compatível com aneurisma gigante de veia de galeno detectada na ultrassonografia de 3 trimestre realizada na unidade básica de saúde. Realizou-se uma Ressonância Magnética(RM) fetal onde foi encontrada dilatação de seio reto comunicante com formação sacular de linha media na topografia de Veia de Galeno medindo 2.8×2.0x1.7cm (figura 1) além de aumento de área cardíaca. Com 37 semanas e 6 dias foi feita cesariana eletiva concebendo um menino com peso de 3120g, perímetro cefálico de 36, sem anomalias ao exame físico e neurológico iniciais. Na avaliação neurocirúrgica optou se por acompanhamento ambulatorial com programação de intervenção posteriormente. O paciente recebeu alta hospitalar após 3 dias do nascimento. Após 7 meses de acompanhamento uma nova RM mostrou aumento do aneurisma e presença de hidrocefalia( figura 2 e 3), sendo necessária a internação do paciente com realização de Derivação ventrículo-peritoneal (DVP) com posterior embolização do aneurisma. Durante o procedimento não houveram intercorrências.
DISCUSSÃO
Os aneurismas de veia de Galeno correspondem a 1% do total das malformações vasculares em geral, sendo mais comuns entre a população pediátrica, somando entre 30 e 35% dos casos. As principais manifestações clinicas envolvem insuficiência cardíaca congestiva, hidrocefalia com macrocefalia, crises convulsivas, cefaleia, déficits motores, atraso de desenvolvimento e exoftalmia. O diagnóstico pode ser feito intra útero, geralmente entre a 6 e 11 semanas de gestação, pelo ultrassom de rotina, sendo complementado por ressonância magnética intra útero, ou no pós natal com a investigação do quadro por exames de imagem e pelo Gold standard que é a arteriografia. A terapia de eleição na maioria dos casos é a embolização com micro molas. Como sugerido pela literatura, o paciente desse estudo foi submetido a embolização transarterial da lesão aneurismática, sendo essa considerada a melhor abordagem para esse tipo de lesão, deixando-se a cirurgia aberta para casos reservados devido à alta morbi-mortalidade do procedimento. As complicações do procedimento podem incluir hemorragia cerebral, isquemia cerebral, hidrocefalia, isquemia em membros e perfuração de vasos.O paciente evoluiu bem após a embolização e a passagem da DVP, recebendo alta hospitalar sem novas manifestações clínicas ou neurológicas.
CONCLUSÃO
Apesar dos recentes avanços no diagnóstico e abordagem dos Aneurismas da Veia de Galeno, ainda são escassos estudos sobre sua patologia e manifestações. Faz-se necessaria a orientação pré e pós natal e acompanhamento rigoroso desses pacientes para escolha do melhor momento da abordagem, condução efetiva dos casos e prevenção de complicações.
IMAGENS
Figura 1: Ressnância Magnética fetal evidenciando imagem sugestiva de malformação Aneurismática da Veia de Galeno.
Figura 2: Ressonância Nuclear Magnética evidenciando aumento do volume aneurismático e de hidrocefalia.
Figura 3: Venorressonância encefálica evidenciando aumento de volume aneurismático de aneurisma de Veia de Galeno.
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1Departamento de Neurocirurgia, Hospital de Base de São José do Rio Preto.
E-mail: henriquebz@terra.com.br