AS IMPLICAÇÕES DA EXPOSIÇÃO EXCESSIVA ÀS TELAS AO NEURODESENVOLVIMENTO E À SAÚDE GLOBAL DE INDIVÍDUOS PEDIÁTRICOS: UMA REVISÃO LITERÁRIA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7149619


Autores:
Alvaro Sidney Dias Filho1
Henrique Soares de Lima1
Lara Ascencio Dangoni1
Matheus Geraldo Sécolo1
Sandro Alves Ribeiro1
Yasmin Ferreira Teixeira1
Maria Assunta Caruccio Campos2


RESUMO

A consolidação da era tecnológica tem se manifestado de formas distintas no âmago das relações humanas, inclusive no que diz respeito ao controle das práticas exercidas pelo homem, fato que repercute até mesmo sobre as crianças. A exposição exacerbada deste grupo às telas, em razão do protagonismo que os dispositivos eletrônicos assume na vida das pessoas, representa uma questão importante a se discorrer, haja vista as implicações que tal evento pode desencadear tanto ao desenvovimento quanto à saúde infantil. Além de comprometer o processo de neurodesenvolvimento, o uso indiscriminado das telas também resulta em acometimento visual, físico, emocional, psicológico e comportamental. Esta revisão literária propõe-se a elucidar as repercussões negativas da exposição às telas durante a infância, destacando as implicações multissistêmicas sobre o desenvolvimento e a saúde da criança e a existência de diretrizes que visam conter tais malefícios. Utilizou-se manuais informativos e de orientação divulgados por entidades competentes e publicações científicas indexadas, entre 2015 e 2021, nas bases de dados PubMed, SciELO e LILACS. Pode-se depreender que a questão em pauta é de suma relevância e, nesse sentido, requer a devida orientação dos profissionais aos pais e responsáveis de crianças, de modo que estes atentem-se às recomendações disponíveis. 

PALAVRAS-CHAVE: Comportamento social; Crianças; Saúde; Transtornos do Neurodesenvolvimento. 

ABSTRACT 

The consolidation of the technological age has manifested itself in different ways in the heart of human relationships, including with regard to the control of practices carried out by man, a fact that has repercussions even on children. The exacerbated exposure of this group to screens, due to the role that electronic devices assume in people’s lives, represents an important issue to be discussed, given the implications that such an event can trigger both for child development and health. In addition to compromising the neurodevelopmental process, the indiscriminate use of screens also results in visual, physical, emotional, psychological and behavioral impairment. This literary review proposes to elucidate the negative repercussions of exposure to screens during childhood, highlighting the multi-system implications on children’s development and health and the existence of guidelines that aim to contain such harm. Information and guidance manuals published by competent entities and indexed scientific publications were used, between 2015 and 2021, in the PubMed, SciELO and LILACS databases. It can be inferred that the issue in question is of paramount importance and, in this sense, requires proper guidance from professionals to parents and guardians of children, so that they pay attention to the available recommendations. 

KEYWORDS: Social behavior; Children; Health; Neurodevelopmental Disorders.

INTRODUÇÃO

Com o advento da globalização e desenvolvimento de ferramentas digitais de organização e comunicação aparelhos eletrônicos se disseminaram grandemente em países desenvolvidos e subdesenvolvidos ao redor do mundo. Enquanto no começo tais tecnologias eram restritas ao ambiente adulto e relacionadas ao trabalho, atualmente vê-se uma transição das mesmas para o ambiente de lazer e com grande uso por parte de crianças nas diversas faixas etárias. Com a pandemia da Covid-19 a utilização de computadores, tablets, console de jogos e celulares como forma de acessar o conteúdo escolar fez com que o tempo de utilização de telas aumentasse consideravelmente em relação a valores que já vinham aumentando ao longo do tempo. Atualmente as crianças crescem saturadas da exposição a telas, sendo expostos a elas de maneiras e em contextos distintos1. O aumento do tempo de telas está relacionado a ambientes familiares nos quais durante a pandemia foram acometidos por dificuldades financeiras, assim como o estresse materno está relacionado ao maior uso de telas. A falta de imposição de um limite de consumo de telas dentro do convívio familiar também está ligado à utilização das mesmas por maiores períodos semanais. Tanto para os pais quanto para as crianças o uso das telas se mostra como um mecanismo de escape da realidade vivida.

Um estudo feito nos EUA com 1600 crianças encontrou que crianças de 8 -12 anos de idade usavam telas por uma média de quase 5h por dia, sendo crianças de 13 18 anos, 7h por dia. Ambos valores incluíam o tempo utilizado para a realização de tarefas escolares. Estudos indicam que crianças de 1 a 3 anos consomem mais de 1h diária de conteúdo de telas por dia, o que vai contra as recomendações da Organização Mundial da Saúde para esta faixa etária1.

OBJETIVOS

O presente trabalho propõe-se, como objetivo geral, a elucidar as repercussões negativas que o uso excessivo das telas exerce sobre a infância. Especificamente, objetiva discorrer sobre tais repercussões, relacionando o neurodesenvolvimento, a saúde visual, física, emocional, psicológica e comportamental à exposição aos dispositivos eletrônicos, para, finalmente, evidenciar as recomendações atuais no sentido de reverter o cenário em voga.

MATERIAIS E MÉTODOS

O presente estudo trata-se de uma revisão de literatura. Foram utilizados portais específicos de Pediatria, bem como manuais informativos e educativos disponibilizados por entidades competentes e artigos indexados nos bancos de dados PubMed, SciELO e LILACS. Os descritores utilizados foram “Social behavior”, “Children”, “Health” e “Neurodevelopmental Disorders”, em associação ao operador booleano “AND”. Foram encontrados 6660 artigos, cuja leitura dos títulos e resumos resultou em 213artigos para análise. As buscas se restringiram a artigos publicados nos últimos 7 anos, ou seja, entre 2015 e 2021, nos idiomas inglês e português. Como critério de exclusão adotou-se a não abordagem de forma específica das implicações à criança decorrentes da exposição às telas.

Assim, chegou-se ao número de 36referências para composição deste trabalho.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

1. Uso de telas e o neurodesenvolvimento

A primeira infância, que compreende a fase do zero aos seis anos, é um período de intenso amadurecimento das funções e das estruturas cerebrais, ou seja, de uma maior plasticidade cerebral. Isso implica, por consequência, em uma maior susceptibilidade infantil as experiências, as influências e aos estímulos externos5. Nesse meio, o uso de mídia eletrônica demonstrou ter um impacto no neurodesenvolvimento infantil, relacionado a alterações neurobiológicas que resultam em uma redução da capacidade cognitiva e produtiva, em implicações nas habilidades motoras e na linguagem e em uma diminuição na capacidade de concentração6,7. Quando se fala nos anos iniciais de desenvolvimento infantil, estudos mostraram que efeitos negativos são proporcionais a prematuridade do uso e ao tempo. Nesse sentido, Sheri Madigan et al., com base em um estudo de coorte longitudinal, concluiu, que em testes de triagem quanto a progressão do desenvolvimento infantil, houve uma piora nos resultados das crianças ao longo dos anos. Ou seja, um maior tempo de tela nos dois primeiros anos foi associado a um pior desempenho nos testes de triagem realizados aos três anos e assim sucessivamente8. Além disso, foi observado em pesquisa que crianças com atraso no desenvolvimento tendem a passar mais tempo vendo telas se comparadas a crianças sem atraso no desenvolvimento9.

No que se refere as alterações neurobiológicas estudos baseados em imagens por ressonância magnética mostraram existir uma correlação entre o tempo de tela em crianças, de oito a doze anos, e mudanças neuro estruturais. Essas alterações englobam tanto atrofia em regiões do córtex cerebral, quando uma menor conectividade funcional corticostriatal e um aumento na espessura cortical em áreas que não estão relacionadas a linguagem. Esses efeitos se contrapõem aos achados de imagens referente aos impactos que a leitura exerce a nível neuronal, demonstrando existir uma correlação positiva entre o ambiente de leitura em casa e a ativação do cérebro em regiões correspondentes a linguagem, a cognição, a imaginação e as habilidades socioemocionais6. Esses estudos mostraram que a exposição a leitura foi fortemente correlacionada com o aumento da linguagem receptiva e expressiva, com o domínio de conceitos, impressões e atitudes e com um melhor desempenho escolar6,7.

A respeito das repercussões para o neurodesenvolvimento provocadas por essas alterações, foi visto qu e a infância, por se tratar de uma fase na qual a qualidade do estímulo é um fator crucial para o aprendizado e aprimoramento das habilidades cognitivas, o uso de mídias digitais em detrimento de outras atividades do dia a dia representa uma limitação5,7. Isso porque, a tela funciona como um fator fortemente estimulante que exige pouco esforço infantil. A criança que passa muito tempo em frente a uma televisão, computador ou celular deixa de interagir com o ambiente a sua volta, ou seja, engatinhar, andar, sentir, tocar os objetos, se comunicar, o que são atividades desafiadoras e fundamentais no processo de maturação neuronal, motora, verbal e funcional5. Nesse contexto, com relação ao desenvolvimento cognitivo estudos mostram que crianças utilizam mídias eletrônicas com a frequência de um a três dias por semana tem declínio ma ior das tarefas cognitivas do que aquelas que raramente utilizam, esses resultados foram atribuídos um menor tempo demandado para atividades como estudos, socialização, leitura e atividade física 10. Além disso, foi visto que um declínio de trinta minutos por dia no uso de artefatos digitais foi associado a aumentos de 2,8 e 4,9 meses no desenvolvimento típico esperado para a memória operacional visual e espacial em pré-escolares11.

Com relação as habilidades motoras grosseiras, por sua vez, estudos comprovam que existe uma relação inversa entre o uso precoce e recorrente de artefatos digitais e o aprimoramento motor grosseiro. Esses resultados são atribuídos ao fato de que mídias interativas oferecem um repertório diminuído de interação com os dos espaços físicos ambientais, por consequência, quando as crianças estão observando telas sem um componente interativo ou físico, elas se movimentam menos, deixando de praticar com maior recorrência atividades como caminhar, correr, agachar, engatinhar, o que pode, portanto, comprometer o desenvolvimento nesta área 8,12.

Por outro lado, com relação as habilidades motoras finas, existe uma divergência quanto aos resultados. Estudos sugerem que há um benefício entre o uso ativo de telas sensíveis ao toque e o aprimoramento precoce de habilidades motoras finas entre crianças que utilizam ativamente esses aparelhos, na faixa de 12 a 15 meses, idade dentro dos marcos do desenvolvimento esperada para empilhamento de dois ou três blocos. Isso porque, sugere-se que exposição a um dispositivo responsivo e estimulante antes do desenvolvimento dessas habilidades pode encorajar a experimentação de controle dos dedos das mãos. Além disso, em crianças mais velhas e em adultos associou-se o uso do telefone com tela sensível ao aumento da somatossensibilidade da ponta do dedo e da destreza manual12,13. Entretanto, em estudos experimentais comparativos, ao longo de 24 semanas, pesquisadores encontra ram que a precisão motora fina e a destreza manual tiveram resultados mais negativos em crianças, em idade pré-escolar e sem atrasos no desenvolvimento, que usaram o tablet se comparadas com aquelas que não usaram. Uma explicação plausível foi que as ações envolvidas ao usar uma tela de tablet são diferentes daqueles necessários para as atividades típicas da vida diária. Dentro disso, levanta -se a hipótese de que a manipulação de brinquedos ou objetos (agarrar, desenhar, manusear, pinçar) envolve um feedback cinestésico e tátil mais intenso sobre os músculos intrínsecos dos dedos e das mãos se comparado ao estímulo provocado pelo manuseio das telas interativas, já que exigem maior força muscular e um melhor desempenho na coordenação e na destreza 12,14.

No que diz respeito ao desenvolvimento da linguagem alguns estudos associaram o tempo de exposição a tela a um atraso na fala, principalmente se esse contato é prologado (mais de 6,5 horas por dia) e anterior ou próximo aos dois anos de idade15. Outros estudos mostram que crianças que começaram a assistir televisão com menos de 12 meses de idade durante mais de duas horas por dia eram aproximadamente seis vezes mais propensos a desenvolver atrasos de linguagem 16. Esses resultados negativos associaram um maior tempo de tela a uma menor interação verbal entre as crianças e seus cuidadores 15. Sugere-se que os pais de crianças que estão mais expostas a era digital são menos motivados a promover ativamente o desenvolvimento da linguagem nos filhos17. Além disso, atribui-se a televisão o poder distrair a criança e interferir na sua vontade de interagir como brinquedos e com os familiares. Essa relação se confirma com resultado que mostraram que crianças assistissem à televisão sozinhas, tem aproximadamente nove vezes mais probabilidade de ter atraso de linguagem em comparação com crianças que interagiram com seus cuidadores durante assistir televisão16.Em contrapartida, outras pesquisas apontam que o uso de mídias interativas, diferentemente da televisão, como jogos, aplicativos e dispositivos educacionais interativos podem contribuir para o desenvolvimento de habilidades promissoras durante o processo de alfabetização e para o aumento do vocabulário, já que permitem uma relativa comunicação entre a criança e o dispositivo. Esses mesmos estudos, entretanto, salientam que os benefícios dependem da forma e da qualidade dos recursos aos quais as crianças são expostas. Nesses sentidos, essas pesquisas vão de encontro demanda atual no cuidado da população pediátrica, no que se refere à construção de parâmetros que indiquem a qualidade e tempo de uso das mídias12.

2. Uso de telas e a visão

O cenário atual – pleno auge da era tecnológica -, em que cada vez mais crianças são expostas precocemente aos recursos digitais, tem refletido em aumento de problemas relacionados à visão nesse contingente populacional. Tal fato atribui-se à maior susceptibilidade das crianças no âmbito da saúde ocular18. Nesse sentido, a exposição exacerbada às telas tende a culminar, além de desconforto e fadiga v isual, em lacrimejamento, ardor, vermelhidão, ressecamento dos olhos e turvação da visão 18,19.

Constatou-se, a partir de estudos, que crianças entre 1 e 13 anos de idade apresentam maior propensão à miopia, sobretudo quando expostas a dispositivos eletrônicos por longos períodos de tempo19,20. Nos últimos 60 anos, em especial no Leste e Sudeste Asiático, o índice de crianças míopes tem aumentado dramaticamente em razão de seu contato precoce e demasiado com telas de computador, tablet e smartphones, o q ue promove crescimento excessivo do olho na direção longitudinal e, portanto, configura uma miopia axial. Embora alarmante por representar uma questão de saúde pública, estimativas sinalizam que essa problemática tende a se agudizar ainda mais nos próximos anos e atingir diversos países do mundo21.

O uso indiscriminado de videogames pode, especificamente, resultar em acometimento da estereopsia. Um outro distúrbio observável no que tange a esses dispositivos, em determinados casos, é a diplopia transitór ia, caracterizada pela duplicidade da visão20.

É consensual na literatura que a exposição aos mais variados tipos de tela pode acometer a capacidade visual, porém evidencia-se, do ponto de vista dimensional, que quanto menor a tela, maior o esforço visu al e a necessidade de aproximação do rosto, demandando maior trabalho da visão para perto. Oportuno à ocasião e conforme recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), insta salientar que a exposição a telas, por mínima que seja, é totalmente contraindicada desde recém- nascidos a bebês de um ano de idade e, na medida do possível, também deve ser evitada em crianças maiores. Nesse ínterim, Andrea Zin, médica oftalmologista do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), orienta que crianças abaixo dos 3 anos não devem ser expostas a nenhum tipo de atividade relacionada ao uso de telas, independentemente da finalidade, visto que a exposição nessa fase pode prejudicar o desenvolvimento ocular da criança22,23.

Apesar de ainda não representar uma correlação consolidada, estudos sugerem que a absorção de vitamina D, decorrente da radiação ultravioleta pelo aumento de atividades ao ar livre, representa, associada à liberação de dopamina na retina por estímulos luminosos, importante fator protetor em relação à miopia7.

3. Uso de telas e a saúde física

No decorrer dos últimos anos, têm-se associado cada vez mais o tempo de tela ao risco de desenvolver obesidade e patologias correlatas. O uso excessivo de telas é fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares como pressão alta, obesidade, baixos níveis de HDL, resistência à insulina, síndrome metabólica, níveis inflamatórios elevados e distúrbios da regulação do estresse como a desregulação dos níveis séricos de cortisol e maiores níveis de ativação simpática. Além disso, h á estudos que indicam uma correlação direta com redução da densidade mineral óssea e distúrbios da visão 25,26.

Dentre esses distúrbios, a obesidade é o mais bem documentado, com estudos clínicos randomizados explicitando a correlação entre o tempo de tela e o ganho de peso em crianças. Possivelmente essa interação se deve a um aumento da ingesta de alimentos durante a visualização das telas, aos distúrbios de sono e à exposição ao marketing de alimentos altamente calóricos e com baixo valor nutricional, interferindo nas preferências alimentares das crianças27.Assim, os impactos do uso de telas são capazes de afetar, inclusive a visão de mundo das crianças a nível cerebral, tornando-as mais propensas ao desenvolvimento de vícios alimentares e de sono ruins, o que, por sua vez, pode levar a transtornos que permanecem não apenas durante a adolescência, mas perduram também na vida adulta 28.

Os distúrbios de sono costumam surgir como decorrência direta entre o número de horas em frente às telas e o número de telas disponíveis dentro dos quartos. Nesse quadro, há divergências entre os estudos no que tange os efeitos sobre a duração ou a qualidade do sono. Para casas em que há duas ou mais telas disponíveis dentro do quarto na hora de dormir, há maiores im pactos na eficiência do sono, porém não em sua duração27,28. Já para o uso de computadores e videogames durante o dia com duração maior do que 3 horas, há impacto direto tanto na qualidade quanto na duração do sono, ocasionando sonos com pequenas durações e menor grau restaurador ao acordar. Esses achados são especialmente importantes na análise do desenvolvimento físico da criança, pois é no período do sono que há a regulação metabólica necessária para o crescimento adequado, bem como há correlação entre a regulação do sono e uma maior adequação do sistema imune e ativação de inibidores do crescimento tumoral25,29.

Sobretudo para crianças nos primeiros anos da infância, a interação social e a atividade física são extremamente importantes para firmar a s bases do crescimento e desenvolvimento, sendo que a não realização dessas atividades podem levar ao aparecimento de queixas físicas diversas, desde dores de cabeça frequentes até dores nas costas25,30.Ademais, a Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza a necessidade de pelo menos 1 hora diária de exercícios físicos moderados a vigorosos para pessoas de 6 até 17 anos de idade. Não apenas em termos de crescimento físico, mas o desenvolvimento motor é dependente do estímulo direto causado pela atividade física propiciada por brincadeiras comuns da infância. O desenvolvimento cerebelar depende desses estímulos para permitir um adequado desempenho tanto na coordenação motora tanto fina quanto grosseira, bem como o senso de propriocepção e equilíbrio 29.

No entanto, existem estudos promissores correlacionando o uso de mídias sociais a favor da interação social e das atividades físicas, mudando o fator de influência nas crianças a fim de criar hábitos de vida mais saudáveis a fim de reduzir ou prevenir a obesidade28.

4. Efeito das telas na saúde emocional e psicológica

A companhia de aparelhos eletrônicos, como tablets, celulares, computadores e televisões, no dia a dia das famílias pode acabar substituindo as brincadeiras tradicionais, que não dependem das telas como a amarelinha, o pique-esconde. Essa permutação pode resultar em elevados riscos de surgimento de doenças, diante do uso inapropriado desses utensílios, uma vez que influenciam negativamente no desenvolvimento das crianças. Dentro desse aspecto, pode-se destacar a insensibilização dos sentimentos, a tendência a vícios, a sexualidade precoce, o prejuízo do rendimento escolar, o isolamento social e familiar, interferindo na vida adulta desses indivíduos. Pode-se ressaltar, também, o fato de que o uso exacerbado desses dispositivos tecnológicos provoca dificuldade de concentração, desmotivação e propensão a apresentar comportamentos mais agressivos31.

O uso descomedido de telas faz com que as crianças abandonem os exercícios físicos em virtude do uso de aparelhos eletrônicos31. A atividade física exerce papel indispensável na redução de sintomas depressivos e comportamentos sedentários fundamentados no uso desmedido de telas e a prática física, quando realizado vigorosamente, minimiza ansiedade e sedentarismo em crianças e adolescentes32. Indivíduos que praticam atividade física na infância, têm predisposição a desenvolver maior autoestima, confiança e melhor relação com os pais no dia-a-dia 31.

O uso exorbitante de computadores, por exemplo, tende a levar o indivíduo a desenvolver comportamentos obsessivos e, somente por volta de 15 a 16 anos de idade é que o adolescente atinge autocontrole para se esquivar da sedução que favorece esse tipo de comportamento. A temática da exposição exagerada à televisão envolve a redução da pessoa a um estado de semiconsciência, posto que há o risco de que esse indivíduo conceitue o que é exposto na TV como representação ideal do real. Em caso de jogos eletrônicos, é possível observar a redução da criança a um ser que irá reagir sem pensar, de maneira mecânica, sempre da mesma forma, devido aos repetitivos comandos de máquina com os quais estão envolvidos 33.

5. Efeito das telas na saúde comportamental

O tempo de tela terá impacto, também, na saúde comportamental de crianças e adolescentes, como na influência na qualidade do sono, sendo ele um importante fator no processo de crescimento físico, desenvolvimento biológico, mental e também é considerado fonte de revitalização das funções orgânicas e associado a indicadores de saúde em crianças e adolescentes34. Com isso, um dos fatores moduladores será o relógio circadiano mestre que será sincronizado pelas transições claro-escuro que serão percebidas pelos olhos, assim, poderá ser desregulada por mudanças no padrão claro – escuro causadas pela iluminação artificial de televisões e celulares35. Outrossim, a melatonina é um importante hormônio que será desregulada ao tempo de tela excessivo, com isso, a melatonina é um hormônio que sinaliza a noite para o corpo humano e importante para o controle do ritmo circadiano, sendo ela secretada de forma cíclica ao longo do dia, principalmente durante a noite em que tem altas concentrações em comparação a o longo do dia 34.Além disso, a exposição a luz afeta o ciclo sono-vigília, como também, o tempo de sono REM que é controlado pelo relógio circadiano, assim, todos esses fatores desregulados, pelo tempo de tela excessivo, farão com que as crianças possam desenvolver retardos no desenvolvimento físico e mental35.

Além do impacto na qualidade do sono, o tempo de tela tem relações com a qualidade da alimentação de crianças e adolescentes, a Academia Americana de Pediatria preconiza que o tempo em frente à TV pelos jovens não podem ultrapassar de 1 a 2 horas por dia, uma vez que, o número de horas diante da TV/celular está diretamente relacionado ao consumo de alimentos não saudáveis ao longo do dia, os chamados petiscos. Sendo assim, as consequências do tempo excessivo em frente às telas é um fator de risco para o desenvolvimento de hábitos alimentares não saudáveis36.

Com isso, há uma relação direta com um maior consumo de alimentos obesogênicos durante o tempo gasto diante da televisão, além disso, a distração provocada pelas telas pode influenciar nos sinais fisiológicos de fome e saciedade, fazendo ter um consumo exacerbado de alimentos por conta dessa influência . Ademais, a popularização dos fast-foods no decorrer dos anos se dá aos altos investimentos em propagandas direcionadas às crianças, direcionando os hábitos alimentares para alimentos com alto teor calóricos e ultraprocessados, que futuramente poderão desenvolver doenças crônicas nessas crianças 36.

6. Recomendações

A Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou novas diretrizes que se referem às atividades passivas com dispositivos eletrônicos, como assistir a desenhos animados em vez de conversar com membros da família em crianças de até 5 anos de idade. O organismo das Nações Unidas quer que os meninos e meninas desta faixa etária troquem as telas eletrônicas pelas atividades físicas ou por práticas que não envolvam necessariamente exercícios, mas incluam interações no mundo real, como a leitura  e contação de histórias com cuidadores2. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), coloca que os primeiros 1000 dias são importantes para o desenvolvimento cerebral e mental de qualquer criança, assim como os primeiros anos de vida, a idade escolar e durante toda a fase da adolescência. São diferentes estruturas e regiões cerebrais e circuitos sensoriais que amadurecem como o toque de prazer, apego, os estímulos do tato, aconchego, visuais, luz, sons, que modelam a arquitetura e a função dos ciclos neurobiológicos para produção d os neurotransmissores e conexões sinápticas. Da mesma forma, o olhar e a presença da mãe, pai, família é vital e instintivo como fonte natural dos estímulos e cuidados do apego e que não podem ser substituídos por telas e tecnologias3.

Em seus dois primeiros anos de vida um estímulo prioritário e muito forte pode prejudicar o que se chama fenômeno de habituação, capacidade do bebê em se desvencilhar de um estímulo excessivo e que não lhe agrada, como prazer e dor, ou que lhe amedronta, como medo e insatisfação. Uma das principais características do mundo digital é o seu poder de super estimulação visual em detrimento de todos os outros sentidos. A luminosidade que emana, seu supercolorido e os movimentos de seus objetos e personagens, impõem a criança uma dificuldade maior também para se desligar dessa super estimulação. Há outra importante influência das telas quanto ao sono, pois o brilho das telas, devido à faixa de onda de luz azul presente na maioria das telas, contribui para o bloqueio da melatonina e para a prevalência cada vez ma ior das dificuldades de dormir e manter uma boa qualidade de sono à noite na fase de sono profundo, com aumento de pesadelos e terrores noturnos. Ao acordar, aumento da sonolência diurna, problemas de memória e concentração durante o aprendizado com diminuição do rendimento escolar e a associação com sintomas dos transtornos do déficit de atenção e hiperatividade3,4.

As orientações da organização internacional determinam que crianças de um a quatro anos de idade devem estar ativas por pelo menos 180 minutos ao longo do dia. A OMS aconselha que meninos e meninas nessa faixa etária passem três horas em atividades como caminhar, engatinhar, correr, pular, se balançar, escalar, dançar, pedalar, pular corda e outros passatempos. Dos três aos quatro anos de idade, 60 minutos dessas atividades devem ser “de intensidade moderada a vigorosa”, de acordo com as diretrizes da agência da ONU. Existem as recomendações segmentadas por faixa etária da OMS e da SBP, considerando o tempo de tela, sendo a da OMS, bebês com menos de um ano, nenhum momento de exposição à tela, crianças de um a dois anos de idade, também não se recomenda nenhum período em atividades sedentárias em frente a uma tela, para aquelas com dois anos de idade, o tempo sedentário em frente às telas não deve ser superior a uma hora, quanto menos, melhor. Nas crianças de três a quatro anos de idade o tempo dedicado a atividades sedentárias em frente às telas não deve exceder a uma hora. A SBP tem as recomendações bem parecidas, sendo evitar a exposição de crianças menores de 2 anos às telas, crianças com idades entre 2 e 5 anos, limitar o tempo de telas ao máximo de 1 hora/dia, sempre com supervisão de pais, cuidadores ou responsáveis. Crianças com idades entre 6 e 10 anos, limitar o tempo de telas ao máximo de 1 -2 horas/dia, sempre com supervisão de pais ou responsáveis2,3,4.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 A exposição exacerbada das crianças às telas pode acarretar em uma série de agravamentos ao neurodesenvolvimento e à saúde nos diversos âmbitos possíveis. Esse fenômeno implica atraso em diferentes funções a serem desempenhadas a partir da primeira infãncia, dada a estagnação de determinadas capacidades cerebrais pela inibição que o uso descontrolado dos dispositivos eletrônicos promove ao atuar em contrapartida aos estímulos adequados. Salienta-se que a implicação supracitada percalça as demais alterações que incidem sobre a saúde do indivíduo pediátrico, tais quais o componente visual, físico, comportamental, psicológico e emocional. Diante disso, infere-se a importância do pleno conhecimento e esclarecimento acerca das recomendações preconizadas tanto pela OMS quanto pela SBP no sentido de minimizar e até reverter as consequências incidentes sobre as crianças em razão do uso excessivo das telas.

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1Discente da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso/ FM-UFMT 

2Docente da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso/ FM-UFMT