ADEUS PROFESSOR, ADEUS PROFESSORA? NOVAS EXIGÊNCIAS EDUCACIONAIS E PROFISSÃO DOCENTE

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7121522


Autoria de:
Maria da Piedade Andrade do Rosário1

1Mestranda em Educação (PPGED/UFS). Pós-graduada em Pedagogia Histórico-Crítica para as Escolas do Campo (UFBA). Graduada em Letras Vernáculas pela Faculdade de Ciências Humanas e Sociais AGES. Professora do Ensino Básico da rede municipal de Antas/BA. Membro dos Grupos de Pesquisa GEES/GEPED/UFS.
E-mail: piedade.andrade@hotmail.com


1 Notas introdutórias

Com o objetivo de refletir as novas exigências de formação de professores, mediante as novas realidades contemporâneas, com o foco nos requisitos para uma educação de qualidade é que o professor e escritor José Carlos Libâneo escreveu a obra Adeus Professor, adeus Professora? Novas exigências educacionais e profissão docente. O autor nasceu em Angatuba, cidade do interior do estado de São Paulo, no ano de 1945 e cursou o ensino fundamental e médio no Seminário Diocesano de Sorocaba (SP). Graduou-se em filosofia na PUC (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), em 1966. Em 1984 tornou-se Mestre da educação escolar brasileira e Doutor em educação, posteriormente. Desde 1997 é Professor Titular aposentado da Universidade Federal de Goiás e Professor Titular da Universidade Católica de Goiás, onde, além de ensinar nos cursos de graduação e pós-graduação na Linha de Pesquisa Teorias da Educação e Processos Pedagógicos sendo vice-coordenador do Mestrado em Educação. Escreveu seis livros: Aceleração Escolar – Estudos sobre educação de Adolescentes e Adultos; Democratização da Escola Pública – A Revisão Crítico-Social dos Conteúdos, destacando-se; Didática; Adeus professor, adeus professora? novas exigências educacionais e profissão docente; Pedagogia e pedagogos, pra quê? e Organização e gestão da escola. É, também, co-autor em treze livros.

O livro apresenta requisitos para que o professor atenda as novas demandas exigidas pela sociedade. Esses requisitos são orientados por meio da abordagem Crítica-Social dos conteúdos, em que contextualiza o tema com a prática da realidade. Nessa lógica, Libâneo faz refletir sobre como deve ser a prática do professor para acompanhar essas mudanças. Compete, então, ao docente mediar a relação entre professor-aluno-tecnologia para que o educando possa desenvolver a autonomia, criticidade e criatividade tão exigidas na sociedade atual.

É notório o impacto causado pelas transformações técnico-científica na sociedade moderna. Diante dessas transformações, a escola precisa atender às novas exigências educacionais, e para isso, é necessário melhorar a qualidade de ensino, sendo assim, o autor dividi seu livro em três capítulos.

Na primeira parte, Libâneo argumenta sobre a necessidade urgente de uma escolarização básica de qualidade, devido às mudanças econômicas, políticas, éticas, sociais, culturais e tecnológicas. Frente à globalização, o mercado de trabalho exige pessoas preparadas para atuarem. Por conta disso, a escola deve atender às exigências do sistema produtivo e preparar o aluno para o mundo do trabalho e participação social, bem como, formá-lo crítico e ético.

Ainda, nessa primeira parte, o escritor defende que é indispensável o papel do professor e da escola na sociedade tecnológica da comunicação e da informação. Cabe ao professor mudar a postura diante das mídias e multimídias, adequar sua didática ao novo aluno. E mais, destaca dez novas atitudes que o docente deve adotar em virtude das realidades do mundo contemporâneo.

No segundo capítulo, José Carlos Libâneo discuti sobre a relação entre as Novas Tecnologias da Comunicação e Informação – NTCI, a escola e o professor, mostrando a importância da educação e comunicação, que conforme o autor, ambas andam juntas. Ele faz uma leitura pedagógica dos meios de comunicação e destaca que a intencionalidade é um traço característico dos processos comunicativos presentes nas NTCI. Cabe ao professor ajudar ao aluno a sintetizar as informações recebidas pelas mídias, desenvolvendo nele a criticidade para que não seja alienado por ela.

Para concluir o capitulo, o escritor pensa sobre os desafios enfrentados pelos professores com a integração dos meios de comunicação na escola. Os educadores têm uma certa resistência à tecnologia, o que, no contexto atual, exige dos mesmos, um saber ser comunicador escolar com mídias e multimídias para que possa ensinar o aluno a pensar e aprender a aprender.

No terceiro capitulo, o autor destaca a qualidade do ensino que está atrelada à formação inicial e continuada de professores, esta deve ser capaz de formar um professor crítico-reflexivo, possibilitando-o usar a teoria para melhorar sua prática. Sugere-se, então, que o professor faça uma reflexão de sua prática e construa sua própria identidade profissional.

Para finalizar o capítulo, o escritor esclarece que a desvalorização da carreira docente é um fator que pode, também, comprometer a qualidade do ensino. Ele presume que se houver valorização da profissão, aumenta a procura de cursos, a formação melhora e a profissão ganha qualidade. E, para isso, vai analisando o sistema de formação e dando ideias de como reorganizar as práticas de formação.

O livro tem uma linguagem simples, tornando a leitura mais agradável e compreensiva para os leitores. O autor, faz uso de algumas citações que nos ajuda a compreender melhor a problemática e seus posicionamentos no decorrer da obra.

2 Principais teses desenvolvidas pelo autor

Na sociedade pós-moderna, percebemos muitas transformações em diversos campos: econômico, social, cultural, nos meios de produção, e, principalmente, na educação, uma vez que a escola precisa atender às novas exigências educacionais e pensar novos métodos e teorias que possam revolucionar a educação. A obra em análise, faz alguns questionamentos sobre problemas e desafios enfrentados pelos docentes. Analisa os meios de comunicação e informação, mostrando a importância de integrá-los na sala de aula e o papel imprescindível do professor diante das novas tecnologias. Bem como, a necessidade de cursos de formação inicial e continuada para os professores que atendam às necessidades desse novo profissional, mediador de conhecimentos.

Neste sentido, é importante que o professor perceba as transformações e as novas exigências educacionais e procure se inovar, vencendo os obstáculos da resistência tecnológica, pois o autor garante que o professor não será substituído pela máquina, desde que se atualize, busque conhecer e utilizar a tecnologia. Fica evidente, que interagir com as mídias e multimidias é algo necessário para desenvolver o método inovador do “aprender a aprender” no aluno. Dessa forma, o professor não será engolido pela tecnologia.

O professor precisa entender que a sua função hoje não é a mesma que ele exercia há tempos atrás: a de transmitir conteúdo. Nos tempos de hoje, ele assume um papel mais complexo: precisa mediar, ajudar o aluno a construir, por meio de uma perspectiva crítica, o seu próprio conhecimento; a sistematizar as informações advindas dos mais variados meios de comunicação que o aluno traz, levando em conta as diferenças sociais, culturais, intelectuais; a atualizar-se constantemente, participando de cursos, debates, oficinas e a conectar-se ao mundo digital, pois é por meio deste que ele conseguirá melhorar a relação com os alunos que muitos deles já chegam na escola com esse conhecimento informatizado. Então, como afirma o escritor, é indispensável uma preparação para ser o novo profissional que a sociedade contemporânea exige.

A escola que precisamos é aquela que forma o aluno culturalmente e cientificamente para ser um sujeito capaz de desenvolver sua vida pessoal, profissional e cidadã, de maneira autônoma, crítica e criativa. Para isso, o autor elucida que é primordial reavaliar os cursos de formação inicial e continuada de professores, para que estes possam desenvolver bem o seu papel. Os cursos precisam formar professores críticos-reflexivos, capazes de avaliarem suas práticas e modificá-las, a fim de, formarem seus alunos, também, desse modo. Libâneo ressalta a necessidade de valorização da profissão, por meio de melhoria nas condições de trabalho e salários mais justos.

O aluno do novo século tem muitas habilidades com o computador, que permite levá-lo a vários lugares e se abastecer de muitas informações. Aqui, entra o papel indispensável da escola e do professor, os quais devem auxiliar o aluno a definir, filtrar, sistematizar essas informações e utilizar somente aquelas que ajudarão no seu desenvolvimento enquanto cidadão e ser humano.

Por isso, é comum vermos professores cada vez mais inseguros quanto ao uso das novas tecnologias em sala de aula, pois além de alguns alunos chegarem à escola com mais intimidade com a tecnologia que o próprio professor, vivermos num país excludente, onde a exclusão social existe e consequentemente, a exclusão digital. A maioria dos alunos não tem acesso a informática nem em casa e nem na escola. A escola precisa promover essa acessibilidade digital para que o aluno tenha acesso pelo menos na escola.

3 Conclusões finais

A função da escola, o novo papel do professor, a qualidade do ensino e a formação inicial e continuada de professores, diante da inserção das novas tecnologias de comunicação e informação no espaço escolar são pontos relevantes para se analisar.

A escola e o professor não podem ignorar mais o uso das tecnologias da comunicação e informação. Pois educação e comunicação caminham juntos, como afirma Libâneo. O professor exerce o papel de mediador do conhecimento, junto com o aluno fazem leituras críticas e selecionam aquelas que ajudarão a formar um cidadão crítico-reflexivo. Assim, o professor deve reconhecer a relevância do seu trabalho na sociedade informatizada.

O professor precisa sair de sua zona de conforto e querer inovar suas práticas, pois a sociedade não tem mais espaço para o profissional desqualificado, que não sabe e não se permite aprender a utilizar as novas tecnologias da comunicação e informação. Este está sujeito a ser substituído, não pela máquina, mas por outro profissional, aquele que valoriza o “aprender a aprender” e a “comunicação midiatizada, os quais permitem uma formação de qualidade.

Mas, não podemos responsabilizar somente a escola e o professor pelo ensino de qualidade. É preciso observar a estrutura dos cursos de formação docente. Será que eles atendem às necessidades reais dos professores? Será que conseguem relacionar teoria e prática? Ensinam a utilizarem as tecnologias da comunicação e informação? Os professores dos cursos vivenciam ou já vivenciaram a prática em sala de aula? Tudo isso, deve ser repensado para que, de fato, as formações tenham significado para o professor, possibilitando a este desenvolver habilidades requeridas pelas novas exigências educacionais e contribuir para uma educação emancipatória. É preciso também lutar pela dignificação da carreira docente, que é bastante desvalorizada. Reivindicar salários mais justos, melhores condições de trabalho, acesso aos recursos materiais e tecnológicos nas escolas. Só assim, possibilitaremos uma aprendizagem de qualidade.

Referência

LIBÂNEO, José Carlos. Adeus professor, adeus professora? novas exigências educacionais e profissão docente. 8ª ed. São Paulo: Cortez, 2004.