PERSPECTIVAS DA EQUIPE DE ENFERMAGEM FRENTE AOS CUIDADOS PALIATIVOS NA TERAPIA INTENSIVA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7086493


Autoras:
Linda Gandy Meléndez Dávila Ribeiro1
Fátima Regina Cividini2
Sandonaid Andrei Geisler3


Resumo

O objetivo deste artigo é analisar a perspectiva dos profissionais de saúde frente aos cuidados paliativos em terapia intensiva. Para isso, foi realizada uma revisão de literatura do tipo narrativa, que traz reflexões acerca do tema, com o foco na construção do conhecimento baseado em evidências encontradas na literatura. Entende-se que os cuidados paliativos proporcionam ao paciente que não possui possibilidade de cura conforto e dignidade diante do prognóstico da doença. Além disso, a atuação do enfermeiro estende-se no conforto de familiares frente à morte e na aceitação do processo de evolução da doença. Por fim, ressalta-se que o enfermeiro deve atuar, junto a equipe multidisciplinar, com estratégias para a realização de um cuidado que respeite o ser humano em sua integridade e em suas escolhas de como conviver com a doença.

Palavras-chave: Cuidados Paliativos. Unidade de Terapia Intensiva. Enfermagem.

Abstract

The objective of this article is to analyze the perspective of health professionals regarding palliative care in intensive care. For this, a narrative-type literature review was carried out, which brings reflections on the subject, with a focus on the construction of knowledge based on evidence found in the literature. It is understood that palliative care provides the patient who does not have the possibility of cure comfort and dignity in the face of the prognosis of the disease. In addition, the nurse’s role extends to the comfort of family members in the face of death and to the acceptance of the disease evolution process. Finally, it is emphasized that the nurse must work, together with the multidisciplinary team, with strategies for carrying out care that respects the human being in its integrity and in its choices of how to live with the disease.

Keywords: Palliative Care. Intensive care unit. Nursing.

Resumen

El objetivo de este artículo es analizar la perspectiva de los profesionales de la salud sobre los cuidados paliativos en cuidados intensivos. Para ello, se realizó una revisión bibliográfica de tipo narrativo, que trae reflexiones sobre el tema, con foco en la construcción del conocimiento a partir de las evidencias encontradas en la literatura. Se entiende que los cuidados paliativos brindan al paciente que no tiene posibilidad de curación comodidad y dignidad frente al pronóstico de la enfermedad. Además, el papel del enfermero se extiende al confort de los familiares ante la muerte ya la aceptación del proceso de evolución de la enfermedad. Finalmente, se destaca que el enfermero debe trabajar, junto al equipo multidisciplinario, con estrategias para realizar un cuidado que respete al ser humano en su integridad y en sus elecciones de cómo vivir con la enfermedad.

Palabras clave: Cuidados Paliativos. Unidad de terapia intensiva. Enfermería.

Introdução

Este estudo tem como objetivo analisar a perspectiva dos profissionais de saúde frente aos cuidados paliativos a pacientes em terapia intensiva. Os Cuidados Paliativos (CP) se referem a ações realizadas por uma equipe multiprofissional voltada a pacientes que não conseguirão adquirir a cura da sua doença Segundo Lima, Nogueira e Werneck-Leite (2019), dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) define que CP consiste em uma assistência realizada por uma equipe multidisciplinar onde o objetivo é melhorar a qualidade de vida do paciente e sua família. Diante desse conceito destacamos o manejo da dor, a compreensão da morte como um processo natural, não se apressa nem se adia a morte, integram aspectos psicológicos e espirituais, são aplicáveis e recomendados desde o estágio inicial da doença, juntamente com modificações da patologia e tratamentos e terapias que prolongam a vida (HERMES; LAMARCA, 2013; PESSINI, 2016).

A importância de treinamentos e educação de profissionais no CP pode levar a uma diminuição de permanência de internação e uma melhor qualidade no atendimento (MORITZ et al., 2011). Segundo a Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP, 2020) através de dados da Organização Mundial da Saúde apenas um em cada dez pessoas no mundo que necessitam de CP realmente recebem esse tratamento. No Brasil, os índices apresentam aproximadamente cerca de um milhão de óbitos por ano, sendo que 650 mil são ocasionados por doenças crônicas e cerca de 70% destes em hospitais, sendo a grande parte em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) (GOMES; OTHERO, 2016). Apesar da literatura preconizar diferentes conceitos de uma boa morte e os limites de intervenções que os profissionais intensivistas devem reconhecer e respeitar, se têm uma necessidade de intensificar o conhecimento sobre Cuidados Paliativos frente à Terapia Intensiva (LIMA; NOGUEIRA; WERNECK-LEITE, 2019).

O estudo de Rodrigues (2017), sobre Cuidados Paliativos na Unidade de Terapia Intensiva, fala que o planejamento de cuidados paliativos com domínio é necessário, que a equipe multiprofissional juntamente da família deve planejar o cuidado em relação às necessidades humanas relacionadas ao paliativíssimo, deixando um pouco de lado os recursos tecnológicos, estando atentos e preparados para atender o paciente em fase terminal.

Um dos problemas com os cuidados paliativos é que, muitas vezes, ele é iniciado de forma tardia. Às vezes, a equipe, o paciente ou a família rejeitam essa alternativa porque acreditam que dessa forma o paciente está desistindo ou que não existe mais esperança. Isso não é verdade. Se o paciente melhorar ou se a doença entrar em remissão, ele terá alta e continuará a realizar o tratamento. Mas o que os cuidados paliativos oferecem é uma vida de qualidade, possibilitando que o paciente viva melhor a cada dia durante os últimos estágios da uma doença avançada. De acordo com o tema proposto para o estudo, tem-se o seguinte problema de pesquisa: qual a perspectiva de profissionais de enfermagem frente ao cuidado paliativo na unidade de terapia intensiva?

Materiais e Métodos

Para a realização deste trabalho será utilizado estudo descritivo e revisão narrativa de literatura, teórico qualitativa, exploratória. Este método tem como principal objetivo desenvolver este artigo, de revisão literária a partir de artigos publicados na literatura científica. O estudo de natureza teórico trata da pesquisa que é dedicada a reconstruir teoria, conceitos, ideias, ideologias, polêmicas, tendo em vista, em termos imediatos. Para Gil (2005), a abordagem quanti e qualitativo, propicia o aprofundamento do estudo, pois permite entrar mais fundo nas questões relacionadas à hipótese em estudo, busca a máxima valorização do contato direto com a situação estudada, buscando perceber a individualidade e os significados múltiplos.

Realizado por meio de sites de busca como SciELO, artigos, manuais, revistas e livros. Para tal, foram usadas como descritores as palavras: cuidados paliativos, sendo encontrados vários periódicos relacionados, sendo selecionados 29 artigos para construção deste estudo.

Foram incluídos artigos na língua portuguesa apenas ligada ao tema proposto, ano de publicação não foi determinado como critério de exclusão, tendo em vista a necessidade de antecedentes históricos importantes, contudo, referências atuais foram priorizadas. Havendo assim a exclusão, os títulos e resumos que não possuíam texto completo acessível, não estavam escritos em língua portuguesa e não contemplavam os objetivos propostos pelo estudo.

De posse dos artigos, passou-se à leitura na íntegra de cada artigo, visando ordenar e sistematizar as informações necessárias para o preenchimento do instrumento de coleta de dados elaborado para essa finalidade, com a seguinte classificação: ano de publicação, periódico, estado federativo, autores da pesquisa, foco da pesquisa, abordagem metodológica e principais considerações da pesquisa. Os maiores números foram encontrados por meio do site de busca aplicados ao site SciELO, correspondendo à 29 artigos. Relativo aos aspectos históricos dos cuidados paliativos, todos os autores analisados que dissertaram sobre o assunto confirmam sua associação com o termo Hospice e sua relação com a medicina.

Concepções sobre Cuidados Paliativos sob a perspectiva da Enfermagem

Os cuidados paliativos na unidade de Terapia Intensiva (UTI) é o serviço hospitalar destinado a usuários em situação grave ou de risco que necessitam de cuidados intensivos, assistência ininterrupta e monitorização contínua. É nessa unidade que encaramos com frequência as realidades humanas mais temidas, como dor, sofrimento e morte. Nesse contexto, os cuidados paliativos trazem uma abordagem que visa melhorar a qualidade de vida de pacientes e seus familiares quando enfrentam problemas inerentes a uma doença com risco de vida.

O tema é relevante porque os cuidados paliativos se centram na qualidade e não na duração da vida. Oferecem assistência humana e compassiva para os pacientes que apresentam doença que não tem mais cura, os cuidados paliativos promovem conforto e bem-estar para o paciente e família. (CNES) (BRASIL, 2010).

Segundo Lima et al, (2019), dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) define que CP consiste em uma assistência realizada por uma equipe multidisciplinar onde o objetivo é melhorar a qualidade de vida do paciente e sua família. Diante desse conceito destacamos o manejo da dor, a compreensão da morte como um processo natural, não se apressa nem se adia a morte, integram aspectos psicológicos e espirituais, são aplicáveis e recomendados desde o estágio inicial da doença, juntamente com modificações da patologia e tratamentos e terapias que prolongam a vida (PESSINI, 2016).

Estudo publicado em 2015 identificou 68 serviços brasileiros de CP, constatando que metade desses serviços atuantes estão localizados na cidade de São Paulo. De acordo com a pesquisa a amostra mais prevalente é do tipo ambulatorial (53%) entre oncológicos e não oncológicos (57%) predomina assistência a adultos (88%) e idosos (84%) e o modelo de financiamento mais comum é o público (50%) (GOMES; OTHERO, 2016).

A avaliação clínica realizada pelo enfermeiro permite a identificação de diagnósticos de enfermagem, sendo de tamanha importância que durante essa avaliação o profissional esteja totalmente focado na interação dos cuidados, onde até os menores detalhes não passem despercebidos, estando atentos à linguagem verbal e não verbal do paciente e de quem os acompanha (ANGELO; FRANCK, 2018).

A enfermagem utiliza o processo de enfermagem (PE) e diagnósticos de enfermagem (DE), onde através da coleta do histórico e exame físico são identificados os problemas relacionados ao diagnóstico (XAVIER, et al, 2019). O diagnóstico de enfermagem, diante das condições de terminalidade, reconhece a necessidade dos cuidados de enfermagem, no que se refere ao conforto, condição psicológica, espiritual, social, autocuidado e o apoio a família. A dor aguda, conforto prejudicado, mobilidade física prejudicada, déficit no autocuidado para banho, higiene íntima, vestir-se, alimentar-se, eliminação urinária, risco de solidão, de sofrimento espiritual, de tensão do papel do cuidador e pesar são alguns desses diagnósticos (LUZ, et al, 2018).

Na terminalidade, as intervenções de enfermagem são fundamentais, sendo os principais cuidados a realização de uma avaliação completa da dor, observar fatores não verbais de desconforto, avaliar a eficácia de medidas para controlar a dor, proporcionar um ambiente seguro, calmo, limpo e de apoio, avaliar nível de mobilidade e limitações dos movimentos, nível de consciência e capacidade para colaborar, discutir necessidade de mobilidade com paciente e família, monitorar a necessidade do paciente de dispositivos de adaptação para higiene pessoal, vestir-se, higiene íntima e alimentação. Encorajar paciente a realizar suas atividades diárias conforme seu nível de capacitação, ensinar familiares a encorajarem a independência (LUZ, et al, 2018).

Monitorar surgimento de sinais e sintomas de infecção urinária, observar sinais e sintomas de diarreia, constipação e impactação usar comunicação terapêutica para estabelecer confiança, monitorar problemas de interação na família relacionados ao cuidado do paciente, encorajar a família sobre os sentimentos de perda e orientar as fases do processo de luto, são algumas dessas intervenções. (LUZ, et al, 2018).

Conforme a constituição brasileira é um direito básico ao ser humano a dignidade na hora da morte, o que se alinha com a retirada do suporte de vida. Ninguém, mesmo em circunstância que ameace a vida, pode ser obrigado a aceitar um tratamento médico ou cirúrgico (DADALTO, et al, 2013). O CP numa UTI irá proporcionar à família e ao paciente em sua terminalidade um ambiente mais confortável e uma melhor conscientização a esse fim de vida, não apenas promovendo tratamento agressivo, mas sim os ajudando na tomada de decisões importantes (COELHO; YANKASKAS, 2017). A prioridade não deixa de ser a vida, porém mudando um olhar quantitativo (longevidade), para um olhar qualitativo dando um novo sentido à vida, otimizando o tempo, buscando o alívio das dores e sofrimentos (CAVALCANTI, et al, 2019).

O paciente tem total direito de receber toda e qualquer informação e documentação quando referente ao seu estado de saúde, decidindo livremente sobre seu tratamento médico, sempre que em plena condição mental (PRATA, 2017). Segundo a resolução 1.805/2006 do Conselho Federal de Medicina (CFM), tem-se o direito ao suporte na suspensão de tratamentos fúteis para doença terminal incurável, sendo aceita pelo paciente ou seu representante legal (BRASIL, 2006).

Nesse caso sugerem-se as Diretivas Antecipadas de Vontade (DAV) que se referem a um documento relatando a vontade da pessoa quanto ao tratamento médico que deseja ou não ser submetida em seu processo de fim de vida, onde esteja incapaz de expressar livremente sua vontade, nomeando um procurador dos seus cuidados em saúde (PRATA, 2017). As mesmas somente podem ser redigidas, alteradas ou revogadas pela própria pessoa. Ele é constituído por dois elementos: testamento vital (TV) e o mandato duradouro (MD) (CORADAZZI, et al, 2019).

 Apesar de inúmeros e variados conceitos filosóficos sobre a condição da vida humana e do tempo que vivemos, a realidade é que o ser humano está vivendo mais, onde os avanços científicos e tecnológicos são parte responsável na diminuição do índice de mortalidade no planeta. Grande parte dos idosos com doenças de alta gravidade, como as crônico-degenerativas ainda assim não conseguem se privilegiar de recursos mais modernos existentes na medicina, sendo que os profissionais da saúde têm total consciência que qualquer medida curativa aplicada ao tratamento de uma doença crônica em fase aguda terá um resultado quase negativo (BRASIL, 2008).

Isso faz com que a equipe de enfermagem tenha frequentemente o contato com os cuidados de um paciente em fim de vida (POERSCHKE, et al, 2019). Os profissionais de saúde estão constantemente suscetíveis a encarar a morte de pacientes sob seus cuidados, mesmo tendo esse enfrentamento na sua rotina de trabalho ainda se torna um problema enfrentar essa situação, associando como um fracasso no atendimento prestado (BELLATO, et al, 2007).

Ao discutir a terminalidade da vida torna-se fundamental ter total consciência de todos os fatores envolvidos ao se tomar uma decisão sobre ter seu ciclo de vida abreviado, morrer em seu tempo natural ou ter sua vida prolongada por medidas artificiais. Focando na qualidade de vida do paciente, discute-se sobre as melhores formas de tratamento (FÉLIX, et al, 2013).

Dilemas já existentes envolvendo as práticas da eutanásia, distanásia e ortotanásia estão ganhando destaque nos últimos tempos se tratando dos métodos artificiais de prolongamento do fim de vida. Vale lembrar que cada país tem sua própria legislação e que na literatura existem várias discordâncias e concordâncias sobre essas práticas (SANTOS, et al, 2014).

Artigo 41, Parágrafo único: “Nos casos de doença incurável e terminal, deve o médico oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis sem empreender ações diagnósticas ou terapêuticas inúteis ou obstinadas, levando sempre em consideração a vontade expressa do paciente ou, na sua impossibilidade, a de seu representante legal” (Código de Ética Médica, 2010, p. 39).

O enfrentamento da morte terá melhores resultados quando acompanhados de um vínculo com a equipe de saúde, infelizmente diante de um adoecimento agudo, a dificuldade de aceitação é muito grande sendo assim, sem tempo para o preparo da mesma. Haverá famílias mais solicitantes que outras, dependendo da espiritualidade e das experiências já vividas relacionadas à morte, sendo necessário identificar como lidam com o enfrentamento desse fim de vida, conversando abertamente, respeitando seus limites, iniciando pelo próprio paciente que deverá ter sua autonomia e desejos respeitados (KIRA, 2018).

Desde o momento da internação do paciente os CP e os curativos são de tamanha importância, buscando um atendimento de qualidade. O principal fator a ser questionado entre a equipe multiprofissional, não é se o paciente necessita de CP, mas sim o foco do tratamento, se é a cura e o restabelecimento de suas funções vitais ou o conforto e a qualidade de vida. Para que isso aconteça, alguns fatores devem ser analisados como os biológicos (gravidade, prognóstico, tratamentos disponíveis para a doença), os éticos (acordo entre justiça, malefícios e benefícios), pessoais e culturais (autonomia, valores e preferências do paciente) (MORITZ, et al 2011).

Normalmente a necessidade da aplicabilidade dos CP em pacientes era estimada a partir das causas da morte, porém recentemente tem-se utilizado métodos alternativos que se referem a ferramentas que estimam a probabilidade do óbito em determinado período, sendo um mecanismo capaz de mostrar pacientes que necessitarão de CP, este fator facilitaria o planejamento de fim de vida, melhoraria a qualidade de vida e ajudaria gestores a organizar recursos de forma eficiente. A NECPAL (Necessidades Paliativas) trata-se de uma escala desenvolvida em um Centro Colaborador da Organização Mundial de Saúde, onde se tem uma ideia antecipada da mortalidade de pacientes crônicos, permitindo assim o planejamento dos cuidados no último ano de vida (ORZECHOWSKI, et al, 2019).

Constitui-se de uma ferramenta que mostra parâmetros clínicos, como o declínio funcional, nutricional, presença de comorbidades e síndromes, condições geriátricas com necessidade de cuidado, indicadores clínicos de severa e progressiva patologia crônica como as oncológicas, pulmonares, cardíacas e neurológicas. Deve sempre ser usada juntamente com a avaliação subjetiva da equipe assistente. A primeira pergunta da escala, que é a pergunta surpresa é questionada ao médico do paciente, quanto à expectativa de vida do paciente. Para que seja considerado NECPAL positivo, o paciente precisa apresentar ao menos um dos critérios como indicadores clínicos gerais de severidade e progressão, comorbidades, utilização de recursos de saúde e indicadores de doença específicos além da pergunta surpresa (ORZECHOWSKI, et al, 2019).

Outra ferramenta usada para identificar pacientes que necessitam de CP é a avaliação de capacidades básicas de vida diária (ABVD), sendo utilizada para pacientes dependentes em algumas atividades. São elas: incontinência urinária e fecal, alimentação por sondas ou incapacidade de se alimentar sem auxílio e imobilização no leito ou poltrona. Temos também a escala de performance Karnofsky, desenvolvida para pacientes com câncer, seu objetivo é registrar o declínio clínico e avaliar a capacidade de realizar atividades básicas. Quando o resultado for inferior a 70%, a indicação de CP é que aconteça precocemente e performance de 50% indica terminalidade, reafirmando que esse paciente é elegido ao cuidado (RODRIGUES, 2018).

No Brasil os critérios para paliação devem ser adaptados ao país, pois não há uma definição de como oferecê-los. A maior demanda de pacientes é oncológica segundo a Academia Nacional de Cuidados Paliativos, porém esse tratamento não é somente indicado para pessoas com câncer, mas sim para qualquer paciente com doença sem possibilidade de cura. As dificuldades na avaliação, na identificação o pouco conhecimento sobre princípios de CP, além da falta de comunicação entre a equipe multiprofissional e a equipe médica podem comprometer a assistência ao doente (RODRIGUES, 2018).

Considerações Finais

Os dados obtidos neste estudo apontam a realidade das UTIS, onde traz essa vivência dos profissionais frente ao cuidado paliativo, evidenciando que cada instituição possui um protocolo individualizado para atendimento ao paciente na sua terminalidade, pois afirmam que são aplicados, mas que não existem protocolos. Os protocolos são importantes, pois direcionam os profissionais, padronizam rotinas, tendo um “caminho a seguir” diante do paciente que necessita desse cuidado.

A partir das narrativas apresentas, é possível conhecer a perspectiva dos profissionais da enfermagem frente o cuidado paliativo na terapia intensiva, entender o nível de conhecimento desses profissionais e a comunicação entre as equipes, se existem protocolos em suas instituições de trabalho e conhecer os sentimentos manifestados pelos mesmos, frente o cuidado a esse paciente sendo de total importância nos mostrando que uma boa assistência prestada na paliação pode ter muitos benefícios para o paciente e sua família, assim como protocolos para esse cuidado.

Os profissionais perante o cuidado paliativo ressaltam a importância para um cuidado digno no fim de vida, assim como uma comunicação efetiva entre a equipe multidisciplinar, para que se estabeleçam condutas mais uniformizadas. O CP é um cuidado único, com foco no paciente e sua família, trazendo a proteção, o carinho, o cuidado, o respeito e atenção que qualquer pessoa/paciente merece.

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1Graduanda em Enfermagem pelo Instituto de Ensino Superior de Foz do Iguaçu (CESUFOZ)
2Enfermeira. Doutora em Sociedade, Culturas e Fronteiras (UNIOESTE)
Docente pelo Instituto de Ensino Superior de Foz do Iguaçu (CESUFOZ)
E-mail: fatima.cividini@docente.suafaculdade.com.br
ORCID: 0000-0003-4129-7915
3Biólogo, Mestre em Biologia Celular e Molecular – UEM Docente pelo Instituto de Ensino Superior de Foz do Iguaçu (CESUFOZ) ORCID 0000-0001-93466624 contato biologiasnag@hotmail.com